Crise

CRISE

uma janela de oportunidade para Deus na vida do homem e para o homem nas mãos de Deus

                A crise pode ser real ou artificial. A crise pode ser maior ou mais pequena consoante os olhos de quem a vê e as finanças de quem a sente. A crise pode ser um expediente político e mediático de quem se usa dela para atingir os seus próprios fins, perpetuando ou até ampliando os seus lucros ou para alcançar vantagens eleitorais.

Como cristãos não temos razão para nos admirarmos com o facto de vivermos num mundo instável, injusto, corrupto, desigual, em que a crise irrompe e na sua voragem deixa um rasto de dor, miséria, revolta e violência. A Bíblia desde sempre nos desvenda um mundo que está no maligno (I João 5:19). Ter expectativas em relação a este mundo de justiça e equidade, é sonhar o impossível.

Mas o cristão não é refém do desespero e do fatalismo. Ele vive segundo uma outra realidade, natureza, essência, propósito e sentido. Fazemos parte da nova realidade que Deus está a implantar. Acreditamos num outro reino, que não o da maldade e do egoísmo, da ganância e da injustiça. Esperamos o reino de Deus, mas sabemos que ele já está em nós, que fazemos parte dele e que somos participantes da sua construção. Um reino de santidade, em que o valor da vida e do homem são respeitados. Um reino fraterno em que Deus é Senhor absoluto, sendo o Servo por excelência que nos serviu a vida e a vitória sobre a morte e o absurdo do pecado.

Por isso é positivo que o homem perca as suas ilusões e reconheça que só Deus pode introduzir uma nova realidade. E é importante que os que já nasceram nela vivam de acordo com os princípios de amor e solidariedade que a regem.

Não se trata meramente de reivindicar dos poderes políticos que cumpram os desígnios do milénio, que erradiquem a pobreza, que acabem com a corrupção, a desigualdade e a injustiça. Trata-se de viver os valores do evangelho olhando para os que mais necessitam e fazer o bem. “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.” (Gálatas 6:9,10)

Olhando a história verificamos que foi em momentos de crise, de catástrofe, de mudanças sociais em que as trevas foram mais marcantes, que também surgiram movimentos cristãos que fizeram a diferença e ainda hoje permanecem.

Pode ser que seja mais fácil dar ouvidos a Deus quando os castelos de cartas das ilusões humanas se desmoronam. Na história que Jesus contou do rico e do Lázaro, do ponto de vista da eternidade era o rico que mais precisava do pobre do que o pobre do rico. Não é nem a pobreza nem a riqueza que nos salva, mas a salvação que nos vem de Jesus Cristo move-nos à prática das boas obras.

Pode parecer difícil acreditar num Deus soberano e amoroso que permite que no mundo subsistam e proliferam as injustiças e a crueldade, mas só o Deus soberano e amoroso que se nos mostrou em Jesus Cristo como redentor, pode alimentar a esperança de uma nova realidade, um novo futuro em que os sofrimentos do tempo presente serão larga e sobejamente compensados. Se tal não existe então viva o “bicho homem”, comamos e morramos que amanhã morreremos. Que importa os outros se apenas a morte, o nada e o silêncio eterno prevalecerão? De facto não é assim! O sofrimento e a morte expiatória de Jesus Cristo valeram a pena. Há esperança. A injustiça não prevalecerá. Esperamos novos céus e nova terra e até lá devemos olhar pelos que mais precisam. “Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado.” (Efésios 4:28)

Samuel R. Pinheiro
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