A EXPIAÇÃO

SamuelPiresA Expiação

 

Samuel David de Jesus Pires

MONTE ESPERANÇA INSTITUTO BÍBLICO
Convenção das Assembleias de Deus em Portugal

 

Trabalho para a disciplina de

Metodologia do Trabalho Científico

do Professor Arq. Samuel Pinheiro

FANHÕES

2013

 

           

ÍNDICE

INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………………………………………. 2

I. A EXPIAÇÃO, SEU SIGNIFICADO………………………………………………………………………. 3

1. O sentido linguístico do termo…………………………………………………………………….. 3

2. O sentido etimológico do termo………………………………………………………………….. 3

3. O sentido teológico do termo……………………………………………………………………… 3

II.  NECESSIDADE DE EXPIAÇÃO…………………………………………………………………………. 5

1. A pecabilidade do homem………………………………………………………………………….. 5

2. A santidade de Deus………………………………………………………………………………….. 6

III.  a causa da expiação…………………………………………………………………………………. 8

1. A justiça de Deus………………………………………………………………………………………. 8

2. O amor de Deus………………………………………………………………………………………… 9

IV. A EXPIAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO……………………………………………………… 10

1. O efeito substitutivo dos sacrifícios do Antigo Testamento…………………………… 10

2. A expiação ao longo do Antigo Testamento………………………………………………… 11

V. A EXPIAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO…………………………………………………………… 16

1. Cristo como substituto……………………………………………………………………………… 16

2. A obediência de Cristo…………………………………………………………………………….. 17

3. O poder da cruz………………………………………………………………………………………. 17

VI. RESULTADO DA EXPIAÇÃO………………………………………………………………………….. 20

1. Propiciação……………………………………………………………………………………………… 20

2. Substituição…………………………………………………………………………………………….. 21

3. Redenção……………………………………………………………………………………………….. 21

4. Reconciliação………………………………………………………………………………………….. 21

CONCLUSÃO…………………………………………………………………………………………………………. 23

BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………………………………………………… 24

ABREVIATURAS…………………………………………………………………………………………………… 25

 

INTRODUÇÃO

Esta monografia surge no âmbito da disciplina de Metodologia do Trabalho Cientifico,  lecionada pelo professor Arq. Samuel Pinheiro, tendo sido proposto aos discente Samuel Pires que fosse feita uma análise á doutrina da Expiação.

A expiação é uma das doutrinas transversais da Bíblia, ela estende-se desde o Génesis ao Apocalipse. A expiação é a doutrina em que assenta toda a Escrituras, Deus, em sua eterna misericórdia, estabeleceu um plano que expiasse o pecado da Humanidade.

A expiação surge como resposta de Deus à condição espiritual em que o Homem se encontra. Deus delineia o plano e por toda a Bíblia, Ele demonstra como esse plano se desenvolve, até concluir com o sacrifício de Cristo na cruz. Este trabalho procurará ver esses passos para a expiação do Homem.

Neste trabalho irá ser analisado o que significa a expiação, e como ela se desenvolve desde no Velho Testamento. Será efetuada uma investigação de como o conceito de expiação surge em outras culturas ou religiões. Outro aspeto a investigar é a expiação da Humanidade através do sangue de Cristo. Será analisado ainda, os resultados da expiação, tais como a propiciação, redenção, regeneração, justificação, reconciliação e santificação.

A metodologia utilizada será uma metodologia centrada na Bíblia, aplicando-se o método sistemático. Procurar-se-á analisar os textos chave acerca da expiação e como estes têm sido interpretados e aplicados.

O âmbito da investigação será com base em enciclopédias, dicionários, comentários bíblicos, teologias sistemáticas, onde se analisará a forma como cada autor explica, analisa e valoriza a obra da expiação.

I. A EXPIAÇÃO, SEU SIGNIFICADO

            1. O sentido linguístico do termo

Em termos da língua portuguesa, o Dicionário da Língua Portuguesa define expiação como sendo um “s. f. acto ou efeito de expiar; cumprimento de pena ou castigo; penitência; pl. preces para aplacar a cólera celete.”[1].

            2. O sentido etimológico do termo

Em termos etimológicos, a Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, refere que Expiação “vem do latim, ex (completamente) + piare, significando, aplacar. “[2] A Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã indica que “‘expiação’ interpreta corretamente a ação do verbo heb. ﬧפּﬤ, a raiz significando ‘cobrir’”[3]. O Novo Dicionário da Bíblia indica que a “palavra ocorre no AT para traduzir palavras do grupo kpr, e é encontrada uma vez no NT para traduzir o vocábulo katallage (vocábulo este, que é mais apropriadamente traduzido por ‘reconciliação’)”[4].

            3. O sentido teológico do termo

A expiação, segundo o Novo Dicionário da Bíblia, “é empregado em teologia para denotar a obra de Cristo ao tratar do problema do pecado apresentado pelo pecado humano, levando os pecadores à relação correta com Deus”[5]. A Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã refere que Expiação refere que:

A palavra expiação significa um relacionamento harmonioso ou aquilo que promove tal relacionamento harmonioso ou aquilo que promove tal relacionamento, isto é, a reconciliação. É usada principalmente em referencia à reconciliação entre Deus e o homem efetuada pela obra de Cristo. A necessidade desta reconciliação entre é a brecha no relacionamento original entre o Criador e a criatura, ocasionada pela rebelião pecaminosa do homem.[6]

 

Grudem define expiação como “a obra que Cristo realizou em sua vida e morte para obter nossa salvação”[7]. Pearlman define o ato de expiar o pecado como “ocultar o pecado de Deus de modo que o pecador perca o seu poder de provocar a ira divina”[8].  Expiação é a “tradução da palavra hebraica Kippur, uma forma intensiva que significa ‘cobrir com um preço’”[9].

Podemos concluir que expiação se refere ao sacrifício perfeito de Cristo na cruz, o qual aplacou a ira de Deus, resultante do pecado da humanidade, sendo que o Seu sangue cobriu as transgressões do homem permitindo agora à humanidade, por meio de Cristo, ser reconciliada com Deus.

 

II.  NECESSIDADE DE EXPIAÇÃO

A expiação é necessária devido a “dois fatos: santidade de Deus e a pecabilidade do homem”[10].

            1. A pecabilidade do homem

O pecado do homem, colocou-o numa posição de separação e inimizade para com Deus. O homem não consegue fazer nada por si mesmo para conseguir alterar esta situação. A expiação, como veremos de seguida, é necessária devido a três espetos: “a universalidade do pecado, a seriedade do pecado, e a incapacidade do homem resolver o problema do pecado”[11].

 

a) A universalidade do pecado

Deus criou Adão, coloca-o no jardim e dá-lhe uma simples ordem “da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás” (Génesis 2:17 ARC). Myer Pearlman expica que Deus ao permitir-lhe escolher estava a:

(…) prover um teste pelo qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira desenvolver o seu caráter. Sem vontade própria o homem teria sido meramente uma máquina.[12]

 

Deus queria que o homem livremente o amasse e servisse. No entanto, Adão desobedece (Génesis 3), e conforme Deus lhe tinha dito antes, ele ficou condenado à morte (Génesis 2.17).

A desobediência de Adão não tem apenas como consequência a sua expulsão do jardim do Éden ou a sua própria morte, mas a sua desobediência altera a condição de toda a humanidade perante Deus, pois “quando Adão pecou, Deus considerou todos os que descenderiam de Adão pecadores”[13].

Paulo explica que, por um só homem, Adão, e pela sua transgressão, toda a humanidade está sujeita ao pecado (Romanos 5:12-21 ), pois “Deus entendeu que todos nós pecamos quando Adão desobedeceu”[14]. Deste modo, fica claro que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23 ARC).

 

b) A seriedade do pecado

O pecado não é algo que devemos considerar de uma forma leviana, pelo contrário, ele é demasiado grave para Deus, que qualquer desobediência a Deus é abominável aos seus olhos, pois Deus é tão puro, que não pode ver o mal (Habacuque 1:13), que pelo nosso pecado, antes de termos sido reconciliados com Deus, éramos seus inimigos (Colossenses 1:21). A condição de pecador do homem fá-lo esperar um juízo de Deus para com os seus adversários (Hebreus 10:27).

c) Incapacidade do homem de resolver o problema do pecado

O homem não consegue em momento algum purificar-se a si mesmo  (Salmos 20:9), “nenhuma obra da lei será capaz de tornar o homem justificável idóneo para com Deus (Rm 3.20; Cl 2.16). Se tiver de depender se si mesmo, o homem nunca será salvo”[15].

 

            2. A santidade de Deus

Deus é santo, logo Ele é “justo em caráter e conduta”[16]. No âmbito da sua relação com o homem, Ele estabeleceu leis que “são a transcrição da natureza divina”[17], e que “unem o homem ao seu Criador pelos laços de relação pessoal e constituem a base da responsabilidade humana”[18].

A relação de intimidade que existia entre Deus e homem “foi perturbada pelo pecado que é um distúrbio da relação pessoal entre Deus e o homem”[19]. O pecado impede que Deus e o homem possam relacionar-se, pois é “um ataque contra a honra e santidade de Deus”[20].

Como vimos, o pecado é uma afronta direta a Deus. Deus não o suporta, como é claro em Isaías 59:2. A santidade de Deus e o pecado do homem são incompatíveis. A sua santidade está estritamente ligada à sua justiça. A afronta à santidade de Deus exige a sua justiça. Myer Pearlman refere que:

(…) se Deus permitisse que sua honra fosse atacada então ele deixaria de ser Deus. Sua honra pede a destruição daquele que lhe resiste; sua justiça exige a satisfação da lei violada; e sua santidade reage contra o pecado sendo essa reação reconhecida como manifestação da ira.[21]

 

Segundo a Enciclopédia Bíblia Cultura Cristã, “o pecado é rebelião contra Deus, e ele inevitavelmente deve reagir com ira. o pecado de fato cria uma terrível responsabilidade e a inexorável exigência da justiça divina deve ser satisfeita”[22]. Paulo escreve que “do céu se manifesta a ira de Deus sobre a impiedade e injustiça dos homens (Romanos 1:18 ARC).

A Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, relativamente à ira de Deus, refere que:

(…) não foi castigo que Cristo sofreu na cruz, e sim a ira. A punição é algo contra o ofensor; mas a ira que foi descarregada contra Cristo foi contra a ofensa, o pecado. Cristo suportou aquela ira que o ser e a natureza de Deus sempre e eternamente sentirão contra o pecado. o pecador não pode aproximar-se de Deus, mas deve morrer, deve perecer em sua presença santa – não porque Deus lhe vote ódio, mas porque Deus é santo. Por essa razão essa razão é que Cristo morreu – e foi abandonado à ira de Deus, porque tomou sobre si mesmo os nossos pecados, sobre seu próprio corpo no madeiro.[23]

 

 

 

 

III.  a causa da expiação

A expiação era necessária pois, como vimos anteriormente, o homem estava em pecado e o seu pecado é incompatível com a santidade de Deus, impossibilitando o relacionamento entre Deus e o homem.

Wayne Grudem refere que “o amor e a justiça, foram a causa última da expiação”. Nem uma, nem a outra são mais importantes, porque sem amor Deus não teria tomado a decisão de nos resgatar e sem a sua justiça, a exigência que existia no pagamento da pena pelo pecado, e que só poderia ser cumprida em Cristo, nunca teria acontecido[24].

 

            1. A justiça de Deus

A justiça de Deus “clamou pelo castigo pelo pecador, mas sua graça proveu um plano para o perdão. Ao mesmo tempo ele faz justiça a seu caráter como Deus Justo e reto”[25].

A justiça de Deus “requeria que Deus encontrasse o meio para que a penalidade que nos era devida por causa de nossos pecados fosse paga”[26]. Romanos 3:25 refere que Deus, o Pai, “propôs [a Jesus] para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados” (ARC).

Paulo escreve em 2 Coríntios 5:21 que “aquele [Jesus] que não conheceu pecado, [Deus] o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (ARC). A Enciclopédia Bíblica Cultura Cristã refere, relativamente a este texto que:

(…) Cristo não foi feito pecador no sentido de ser poluído interiormente. Em vez disso foi considerado pecador; o pecado do homem lhe foi imputado, assim como sua justiça foi imputada aos homens. Ele levou sobre si a condenação do pecado, de maneira que agora não há mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus (Rm.8:1). Ele foi feito “maldição por nós”, a fim de que nele fôssemos feitos justiça de Deus (Gl 3.13).[27]

Com esta ação Deus, não abdicou nem da sua santidade, nem da sua justiça, pelo contrário, demonstra-as, assim como ao seu imenso amor, deste modo “o castigo do pecado foi pago no Cálvário, e a lei divina foi honrada; dessa maneira Deus pôde ser benévolo sem ser injusto, e justo sem ser inclemente”[28].

 

            2. O amor de Deus

A expiação é a maior expressão de amor alguma vez feita. Deus “amou o mundo de tal maneira deu seu Filho unigénito, para que todo aquele que crê não pereça mas tenha a vida eterna” (João 3:16 ARC). A Enciclopédia Bíblica Cultura Cristã explica que:

(…) a expiação encontra sua explicação definitiva num desejo insondável de Deus em relação às suas criaturas pecaminosas e alienadas. ele se agradou, por razões que só ele conhece, em demosntrar seu amor àqueles que são indignos. O Senhor amou os homens com amor eterno (Jr 31.3), e no tempo devido demonstrou este amor no fato de que Cristo morreu por eles quando ainda eram pecadores (Rm 5.8). Essa, é a razão final para a expiação.[29]

 

Na obra da expiação é que compreendemos o amor de Deus, mesmo nós não amando a Deus, Deus envia seu Filho para que por ele fosse feita propiciação pelos nossos pecados (1 João 4:10). Nunca ninguém vai descobrir nela própria “nenhum valor ou dignidade que justifique o amor divino, ainda assim Deus as ama porque ele é amor”[30].

IV. A EXPIAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

O uso de sacrifícios existem em várias culturas desde os séculos, pois “apesar de serem perversões do modelo original, os sacrifícios pagãos baseiam-se em duas ideias fundamentais: adoração e expiação”[31]. O modelo original é o que é explicado por todo o Antigo Testamento, o qual passaremos a explicar.

No Antigo Testamento, os sacrifícios, segundo a Enciclopédia Bíblica Cultura Cristã:

(…) dão testemunho da rutura na comunhão entre Deus e o homem pecador, reconhecem a justiça de juízo divino sobre o homem como pecador e, finalmente, constituem a provisão para o pecador e, finalmente, constituem a provisão para o perdão do homem e a sua reconciliação com Deus, o que foi divinamente apontado.[32]

 

Millard Erickson refere que “antes da morte sacrificial de Cristo, era necessário oferecer sacrifícios regularmente, para compensar os pecados cometidos”[33]. Os sacrifícios do Antigo Testamento “tiveram o seu cumprimento na morte de Cristo”[34].

 

            1. O efeito substitutivo dos sacrifícios do Antigo Testamento

Os sacrifícios tinham efeito substitutivo, pois a vitima estava em lugar do pecador, conforme indica Millard Erickson, estes: “foram livrados da punição pela imposição de algo entre o pecado deles e Deus. Deus, portanto via o sacrifício expiatório em lugar do pecado.[35]” Para poder verificar-se este efeito substitutivo, era ainda precisos que fossem cumpridos outros requisitos.[36] A vitima a sacrificar “sempre tinha que ser sem defeito, o que indica a necessidade de perfeição”[37]. A vítima a sacrificar “não era barata, pois o pecado nunca deve ser considerado coisa banal”[38].

A vitima em si, não tinha valor expiatório, pois, conforme indica o Novo Dicionário Bíblico, “a expiação era obtida não por qualquer valor inerente na própria vitima oferecida, mas sim porque o sacrifício é o meio divinamente apontado para fazer explanação.”[39]

Estando estes aspetos cumpridos, Millard Erikson refere que:

(…) a pessoa por quem a expiação estava sendo feita devia apresentar o animal e colocar as mãos sobre ele (Lv 1.3,4). A imposição de mãos sobre o animal simbolizava uma transferência da culpa do pecador para a vítima. Depois, a oferta ou sacrifício era aceite pelo sacerdote.[40]

 

Em todo este processo de expiação a “morte da vitima era a parte mais importante”[41] pois era nesse momento que, a vitima, através do derramamento de sangue espiava os pecados do pecador.

Apesar de ser necessário que sangue fosse derramando para cobrir os pecados o seu efeito só aconteceria se o pecador se aproximasse de Deus com fé e arrependimento, situação que fica clara em Hebreus 11, pois todos os heróis descritos, foram justificados pela fé. Todos os que são descritos com maior pormenor, são todos aqueles que viveram no período anterior à lei.

Davi no Salmo 51, quando arrependido do seu pecado, refere nos versículos 16 a 18 que:

(…) te não comprazes em sacrifícios, senão os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus… Então te agradarás de sacrifícios de justiça dos holocaustos e das ofertas queimadas; então, se oferecerão novilhos sobre o teu altar.[42]

 

Davi compreendeu o significado dos sacrifícios, pois, como refere F. B. Meyer relativo a este Salmo:

Não há sacrifício mais agradável a Deus do que um coração contrito, nem oferta mais preciosa que um espírito quebrantado.[43]

 

 

            2. A expiação ao longo do Antigo Testamento

Veremos de seguida como a expiação é surge em todo o Antigo Testamento.

 

            a) A expiação no Éden

No Jardim do Éden, após a queda de Adão, Deus “ofereceu um vislumbre da solução que viria por meio de seu único Filho (cf. Gn 3.15)”[44].  O Novo Comentário Bíblico AT, com recursos adicionais – a Palavra de Deus ao alcance de todos, refere que:

Gênesis 3.15 é chamado por muitos teólogos de proto evangelho, porque neste texto Deus promete o vindouro Salvador, o nosso Senhor Jesus Cristo, que destruiria Satanás de seu poder e desfaria sua má obra, assim como um homem ao esmagar a cabeça de uma serpente debaixo de seus pés. o Senhor estava mostrando misericórdia mesmo quando Ele julgava (Gn 4.15).[45]

 

Deus cobriu Adão e Eva de vestes feitas de peles de animais (Génesis 3:20). Deus veste-os pois com a sua queda, pois, como refere Myer Pearlman:

(…) se tornaram conscientes da nudez física – o que era uma indicação exterior da nudez da consciência. Seus esforços em se cobrirem exteriormente com folhas e interiormente com desculpas foram em vão.[46]

 

Franklin Ferreira indica que “o princípio de se ter sacrifícios para apagar os efeitos do pecado é estabelecido logo em seguida pela morte de animais, com o intuito de providenciar a vestimenta do primeiro casal (Gn 3:21).[47]

 

Segundo o Novo Comentário Bíblico AT, com recursos adicionais – a Palavra de Deus ao alcance de todos, Génesis 3:21:

(…) é a primeira vez que é mencionada na Bíblia a matança de animais para o uso humano. O derramamento de sangue destes animais foi, de certa forma, percursor do sistema de sacrifícios de inúmeros animais, conforme a Lei revelada no Sinai a Moisés. e todos os sacrifícios que aparecem no Antigo Testamento já apontavam para o fato de que um dia haveria o maior sacrifício de todos: a morte vicária de Jesus, para o perdão de todos os nossos pecados e a nossa libertação do jugo de Satanás.[48]

 

Como podemos concluir, o primeiro sacrifício é instituído por Deus, e executado por Ele, mas o último e derradeiro é o Seu próprio Filho a ser sacrificado por toda a humanidade, trazendo expiação aos pecados de todo o homem.

 

            b) Os sacrifícios nos patriarcas

Após a instituição dos sacrifício pelo próprio Deus no Éden, essa prática é verificável em todo o Génesis, até à sua regulamentação quando Deus dá a lei a Moisés.

O sacrifício que Abel apresentou a Deus, descrito em Génesis 4:4, foi aceite por Deus. O sacrifício de animais apresentado foi aceite, porque esse tinha sido o método indicado por Deus.

Algumas linhas de interpretação indicam que o referido sacrifício, apenas foi um sacrifício de adoração[49]. No entanto, Hebreus 11:4, o capítulo que explica a justificação pela fé, refere que “Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo que alcançou testemunho de que era justo” (ARC). F. B. Meyer esclarece que:

Abel, profundamente consciente de pecado, sentia que era necessário um sacrifício; portanto, sua fé o salvou; por ela, ele se acha ligados a todos os que crêem. (Ver Hebreus 11.4).[50]

 

Outro grande exemplo de sacrifício, verificamos em Génesis 22:1-19, quando Deus pediu a Abraão para sacrificar Isaac, o filho da promessa. Este foi um sacrifício estranho, pedir a um homem para sacrificar o seu filho, mas em ato de fé e obediência, Abraão estava disposto a fazê-lo, e isso era apenas o que Deus queria que ele fizesse.

Deus nunca quis que Abraão sacrificasse seu filho, pois para Deus retirar a vida a alguém é algo para Deus abominável. Deus demonstra em Génesis 4:8-16 quão terrível é a condenação por homicídio, quando ao questionar Caim da morte do seu irmão, castigou-o, e determina que aqueles que o matasse seriam ainda mais severamente castigados. Também outros textos, revelam que Deus abomina o sacrifício humano, tais como Levítico 18:21, Levítico 20:2, Deuterenómio 12:31 e Salmos 106:35-38.

Deus nunca aceitaria sacrifício humano, pois este nunca, como vimos antes, seria impuro, imperfeito. Dai sempre era necessário um substituto. Os comentários da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal referem para termos atenção ao:

(…) paralelo entre o sacrifício oferecido no altar, como substituto de Isaque, e Cristo oferecido na cruz como nosso substituto. Embora Deus tenha impedido Abraão de sacrificar o seu filho, Ele não poupou seu próprio Filho, Jesus, da morte de cruz. Se Jesus não tivesse vivido, toda a humanidade morreria. Deus enviou seu único Filho para morrer por nós a fim de que pudéssemos ser poupados da morte eterna merecida e ganhar a vida eterna (Jo 3.16).[51]

 

Outro episódio importante para a compreensão dos sacrifícios, e que é descrito em Éxodo 12, é a instituição da primeira Páscoa. Os hebreus estavam oprimidos no Egito, e Deus envia Moisés para os libertar.

Deus ordena ao povo para sacrificar um cordeiro ou cabrito sem mácula, e espargir as ombreiras das portas, e assim quando o anjo da morte passasse, eles fossem salvos. Os comentários da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal indicam que:

Ao mataram o cordeiro, os israelitas estariam derramando sangue inocente, e o animal sacrificado servia de substituto do primogénito que seria morto naquela casa. Desse ponto em diante, o povo hebreu entenderia com clareza que, para ser poupado da morte, uma vida inocente deveria ser sacrificada em seu lugar.[52]

 

            b) Os sacrifícios na lei

O capítulo 16 de Levítico explica como tinham que ser efetuados os sacrifícios expiatórios. Percebemos neste capítulo que, não bastava apenas efetuar um sacrifício pelos pecados, era necessário fazer confissão dos mesmos.

A Enciclopédia Bíblica Cultura Cristã explica da seguinte forma como se desenrolava o Dia da Expiação:

A cerimónia envolvia muitos detalhes, alguns dos quais não são bem compreendidos, embora fique totalmente claro que naquele dia havia o mais elevado exercício da função mediadora do sumo sacerdote. Sendo ele próprio um pecador e representante de um povo pecaminoso, despia suas vestes sacerdotais, banhava-se e se vestia com roupas destituídas de qualquer tipo de ornamento, apropriadas para alguém que suplicava por perdão. Essa roupa era totalmente branca, simbolizando a pureza requerida daqueles que entrariam na presença do Santo de Israel. Assim preparado e vestido, o sumo sacerdote oferecia os sacrifícios que eram o climax de todo o sistema de purificação de Levítico. por meio desses sacrifícios, que envolviam a confissão do pecado (o sacerdote impunha suas mãos sobre a cabeça do bode expiatório, confessava as transgressões de Israel, colocando-as sobre a cabeça do bode, Lv 16.21), e a aspersão do sangue sete vezes no propiciatório, onde habitava a presença de Deus, o sacerdote fazia a expiação dos pecados do povo. Assim, por meio de um ato cerimonial no santuário central, a paz e a comunhão com o Deus da aliança eram restauradas. Simbolicamente, operava-se a total remoção da causa da alienação de Deus, pela entrega da vida de um animal e pelo envio de outro animal para o deserto.[53]

 

Estes sacrifícios envolviam sempre sangue, pois segundo Levítico 17:11, era por meio de sangue que se fazia expiação de pecados. F. B. Meyer explica que “quando o sangue produz expiação, aprendemos que ele assim opera porque representa a vida do animal imolado. Uma vida dada por outra vida, uma alma dada por outra.”[54]

 

            b) A Expiação nos Profetas

O capítulo 53 de Isaías, é em termos do Antigo Testamento, o capítulo chave acerca da expiação. Este capítulo refere que o Messias iria tomar sobre si as nossas transgressões, que Ele seria ferido e quebrantado pelas nossas transgressões, pois Ele estava assumindo sobre Ele o castigo que nos daria a reconciliação com Deus.

Uma expressão difícil de entender surge no versículo 10. “… ao SENHOR agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação…” (ARC). Este versículo demonstra claramente, a forma como a ira  de Deus contra o pecado da humanidade tinha que ser satisfeita. Earl Radmacher explica da seguinte forma este versículo:

Ao pai agradou que o Filho morresse, porque esse ato encobrirá os pecados de muitos e os reconciliará com Deus (v. 11) a expiação e representada na oferta de expiação, o sacrifício de um cordeiro para garantir o perdão divino (Lv 5.6,7,15; 7.1; 14.12; 19.21). Aqui o profeta Isaías descreve o Servo do Senhor como uma oferta de expiação.[55]

 

Este texto demonstra como seria a obra do Messias prometido, e da sua entrega expiatória pelos pecados, tendo-se cumprido na sua integridade com o sacrifício de Cristo na cruz.

V. A EXPIAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

Todo o Antigo Testamento estava a preparar o caminho para a chegada do Messias, o Ungido tão esperado. No entanto, os planos de Deus eram muito diferentes dos estabelecidos pelos judeus para o Messias prometido.

Deus tinha estabelecido que o Messias viria para fazer expiação pelos pecados, não apenas fazer sacrifícios, mas antes, ser Ele próprio o sacrifício.

Hebreus 10:5-18 é sem dúvida o texto chave da expiação. Este texto demonstra que nenhum sacrifício de animais era suficiente para Deus. Estes nunca poderiam tirar os pecados. Deus esperava o maior de todos os sacrifícios, o qual tinha sido preparado desde sempre. O sacrifício de Cristo foi o sacrifício perfeito. Matthew Henry explica desta forma este texto:

Com base na prontidão e disposição que Cristo manifestou para se engajar nessa obra, quando nenhum outro sacrifício seria aceito (vv. 7-9). Quando nenhum sacrifício menor seria apropriado a justiça de Deus do que o do próprio Cristo, então Cristo voluntariamente veio: “Eis aqui venho, para fazer, o Deus, a tua vontade. Que a tua maldição caia sobre mim, mas deixa que estes sigam o seu caminho. Pai, deleito-me em cumprir os teus planos, e minha aliança contigo por eles; deleito-me em realizar todas as tuas promessas, em cumprir todas as tuas profecias.[56]

 

 

            1. Cristo como substituto

No Antigo Testamento eram usados animais como substitutos em lugar do homem. Jesus Cristo surge como substituto de toda a humanidade, pois tal como disse João Batista, Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29 ARC). Myer Pearlman explica que “Cristo, na cruz, fez por nós o que não podíamos fazer por nós mesmos, e qualquer que seja a nossa necessidade, somos aceitos ‘por sua causa’”[57].

Cristo ocupou o lugar do homem na cruz, pois só alguém perfeito poderia ocupar essa posição de substituto. Wayne Grudem, ao definir expiação refere que esta “é a obra que Cristo realizou em sua vida e morte para obter nossa salvação”[58]. A ação substitutiva de Cristo só é possível pois toda a sua vida foi perfeita. Se Cristo alguma vez tivesse pecado, ele estaria a morrer pelos seus próprios pecados, e desse modo a sua morte não possuiria qualquer ação expiatória.

 

            2. A obediência de Cristo

Cristo em tudo demonstrou obediência ao Pai. Mesmo sendo Deus, pela obediência ao Pai, abandona a glória em prol da humanidade que antes tinha desobedecido a Deus. Jesus, humilha-se, assumindo a forma da criatura, a humanidade, para obedecer ao Pai, morrendo por ela.

A humanidade procura ser igual a Deus, elevando-se em soberba, desobedece a Deus e caí. Jesus, vem em humilhação, obedece ao Pai, sofrendo a maior de todas as humilhações, padecendo na cruz, mas por suas obras gloriosas, o Pai o exalta acima de todas as coisas, e Nele são levantados todos os que estavam caídos (Filipenses 2:5-8). F. B. Meyer explica que neste texto o apóstolo Paulo:

(…) nos pede para avaliar a dimensão da descida do Filho de Deus quando veio até nós para socorrer-nos. Observemos os sete degraus: ele tinha a forma de Deus, isto é, na mesma medida em que foi servo, ele era Deus; “subsistindo em forma de Deus… assumindo a forma de servo”. Com toda a certeza ele era servo e igualmente Deus. Mas não tentou agarrar-se á sua condição divina, porque essa já lhe pertencia. Ele se esvaziou, isto é, recusou-se a tirar proveito dos seus atributos divinos, para que pudesse ensinar-nos o significado de sermos totalmente dependentes do Pai. Como servo, ele obedeceu às leis que ele próprio tinha criado. Ele se tornou homem – um homem humilde, que morreu na cruz. E foi sepultado. Mas os significado de sua descida foi o de sua ascensão, e, a todos os seus nome ilustres, está agora acrescentado o de “Jesus-Salvador”.[59]

 

 

            3. O poder da cruz

Em 1 Coríntios 1:8 refere que “a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” Todos os que não crêem em Deus não compreendem o poder transformador da cruz.

A cruz era o destino de Cristo desde a fundação do mundo. Jesus, desde o início do seu ministério aqui na terra, até ao momento da sua crucificação, sempre ensinou, que a sua vinda só tinha um objetivo, a cruz (cf. Mateus 16:21; 20:17-18; Marcos 8:31; 9:31; Lucas 9:22).

Todo o processo depois da última ceia até à crucificação é muito doloroso. Jesus é sujeito a violência extrema, e a escárnio e rejeição constante.

O momento que marca o início da caminhada final para a cruz, é quando Jesus ora no Getsemani. A dor de Jesus é tão agonizante que soa gotas de sangue. O sofrimento é tanto que pede “Pai, se queres, passa de mim este cálice” (Lucas 22:42 ARC).

O cálice que Jesus se refere, não tem haver com qualquer medo de morrer, mas sim algo pior que isso, algo que ele nunca havia experimentado em toda a eternidade, “a separação total do Pai, que o Filho teria de experimentar, ao tomar sobre si na cruz os pecados da humanidade”[60]. Jesus iria experimentar o sabor amargo e venenoso do pecado, algo que, sendo Ele perfeito, nunca conheceu, mas que, para resgate da humanidade, teve que conhecer, ao assumir sobre si o pecado de todos os homens.

Quando Jesus é pregado à cruz, naqueles momentos de desespero, Ele clama ao Pai: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27:46 ARC). A separação entre Deus, o Pai e Deus, o Filho, nunca tinha antes acontecido. Uma eternidade de comunhão entre ambas as pessoas da trindade, tinha sido interrompida nesse momento. Essa separação acontece porque Jesus estava a sentir toda a ira de Deus pelo pecado, “a agonia física era terrível, mas pior era o período de separação espiritual de Deus. Jesus sofreu tanto para que nunca tivéssemos de experimentar a separação eterna de Deus”[61].

Quando Jesus está prestes a expirar, Ele declara “Está consumado” (João 19:30 ARC). Com esta expressão Jesus está a cumprir “toda a vontade do Pai e toda profecia das Escrituras, Jesus morreu voluntariamente. Seu brado não foi de exaustão, mas de missão cumprida. Jesus fez o que tinha que fazer.”[62] Tudo estava cumprido, a salvação estava agora disponível a toda a humanidade.

No momento da sua morte, como é descrito em Marcos 15:38, o véu do Templo rasga-se de alto abaixo. Os comentários da Bíblia de Estudo de Aplicação Pessoal esclarecem que:

No Tempo, uma pesada cortina separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo, reservado para o próprio Deus. Simbolicamente, essa cortina separava o deus santo do povo pecador. Esse lugar só podia ser visitado uma vez por ano, no Dia da Expiação, quando o sumo sacerdote oferecia sacrifícios para obter o perdão dos pecados de todo o povo. Quando Jesus Morreu, a cortina se rasgou ao meio, de a baixo, para indicar que a morte expiatória de Jesus abriu o caminho para nos aproximarmos de nosso Deus santo. A cortina completamente rasgada mostra que Deus mesmo foi quem abriu esse caminho de acesso direto a Ele.[63]

 

Com a morte de Cristo, todos os sacrifícios de animais deixaram de ser necessários, pois o sacrifício de Jesus é agora mais que suficiente para expiar os pecados de toda a humanidade (Hebreus 9:23-28).

Tudo o que é referido, em termos do Antigo Testamento, relativamente à expiação é cumprido com o sacrifício de Cristo na cruz. Ele é o sacrifício que foi imolado na cruz. O seu sangue derramado substitui o sangue dos animais, que antes eram sacrificados. O seu sangue foi derramado para propiciação (Hebreus 10:5-8).

O sangue de Cristo derramado na cruz torna-se o preço que foi pago para resgate de toda a humanidade (1 Pedro 1:18-19), pois “Deus nos resgatou da tirania do pecado, não com dinheiro mas com o precioso sangue de seu próprio Filho”[64].

 

 

VI. RESULTADO DA EXPIAÇÃO

A obra da cruz é poderosa para salvar todo o que crê (1 Coríntios 1:18), pois “para os que se curvam humildemente com fé, ela se torna o poder capaz de arrebatá-los da morte e dar-lhes a vida eterna”[65].

Wayne Grudem, relativamente aos efeitos que a expiação tem, ele refere que

(…) a morte de Cristo satisfez quatro necessidades que temos como pecadores:

1. Nós merecemos morrer como penalidade pelo pecado.

2. Nós merecemos suportar a ira de Deus contra o pecado.

3. Nós estamos separados de Deus por causa dos nossos pecados.

4. Nós éramos em escravos do pecado e do reino de Satanás.[66]

 

Vamos analisar de seguida, as necessidades que a expiação satisfez no homem, para tal vamos analisar a doutrina da propiciação, substituição, redenção e reconciliação.

 

            1. Propiciação

Propiciação, segundo Myer Pearlman, pode ser definida como “juntar, tornar favorável ou efetuar reconciliação”[67].

O mesmo autor refere que “um sacrifício de propiciação traz o homem para perto de Deus, reconcilia-o com Deus, fazendo expiação por suas transgressões, ganhando graça e o favor divinos.” Myer Pearlman explica ainda que “propiciar é aplacar a ira de Deus santo pela oferenda dum sacrifício expiatório. Cristo é descrito como sendo essa propiciação.”[68]

Compreendemos que já não estamos debaixo da ira, mas agora somos abrangidos pelo amor de Deus (Efésios 2:3-5).

A propiciação é explicada nas sagradas Escrituras em 1 João 2:4 e 4:10, assim como em Romanos 3:25.

 

 

 

            2. Substituição

Como vimos antes, o sacrifício de Cristo foi substituto, Ele ocupou o lugar que nos era destinado. Millard Erickson refere que “Jesus levou os nossos pecados -os pecados foram colocados sobre ele ou transferidos de nós para ele.”[69]

Esta doutrina é explicada em João 1:29; 1 Pedro 2:24.

 

            3. Redenção

Redimir tem o seguinte significado “tornar a comprar por um preço”[70]. Como expõe Wayne Grudem, “como pecadores estamos em escravidão ao pecado e a Satanás, necessitamos de alguém para proporcionar redenção”[71].

Relativamente à redenção, surge a questão de a quem seria pago esse resgate, o referido autor desenvolve o assunto da seguinte forma:

Embora estivéssemos em escravidão ao pecado e a Satanás, não havia nenhum “resgate” pago seja ao “pecado” seja ao próprio Satanás, porque eles não têm poder de exigir tal pagamento, tampouco Satanás teve sua santidade ofendida pelo pecado e exigiu a penalidade a ser paga pelo pecado. (…) a penalidade foi paga por Cristo e aceite por Deus.[72]

 

O homem pelo sacrifício de Cristo encontra-se agora livre da escravidão do pecado em que ser encontrava.

Esta doutrina surge explicada nas Escrituras em 1 Pedro 1:18-19, Romanos 3:24-25.

 

            4. Reconciliação

Deus, Ele que era quem foi ofendido pela desobediência do homem. O pecado do homem tornou-o inimigo de Deus, mas é o próprio de Deus que prepara o caminho para a reconciliação através da obra expiatória de Jesus Cristo na cruz (2 Coríntios 5:18-19). Myer Pearlman refere que:

Através das Escritura vemos que é Deus, a parte ofendida, quem toma a iniciativa em prover expiação pelo homem. (…) Esse ato de reconciliação é uma obra consumada; é uma obra realizada em beneficio dos homens, de maneira que, à vista de Deus, o mundo inteiro está reconciliado. Resta somente que o evangelista a proclame e que o indivíduo a receba. a  morte de Cristo tornou possível a reconciliação de todo o gênero humano com Deus; cada indivíduo deve torná-la real.[73]

 

Podemos ver esta doutrina explicada na Bíblia em Colossenses 1: 20-21.

 

 

CONCLUSÃO

Com a análise à doutrina da expiação efetuada nesta monografia, podemos compreender quanto o homem estava longe de Deus, e como era necessário expiação pelos seus pecados para poder ter novamente relacionamento com Deus.

Podemos, nesta monografia, compreender como a expiação referida no Antigo Testamento era uma sombra da obra que Jesus viria a fazer na cruz em resgate da humanidade.

Procurou-se abrangir todos os objetivos inicialmente propostos para a análise à doutrina da expiação.

No entanto, devido à limitada extensão da monografia, não foi efetuado inquérito acerca do conhecimento do termo da expiação, quer por cristãos evangélicos, quer por pessoas de outras crenças. Também, pelas mesmas limitações, possibilidade de analisar as diferentes correntes teológicas acerca da doutrina da expiação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

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BEERS, Ronald A. (Editor) (2003). Biblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD.

 

ABREVIATURAS

ARC – João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida

s.f. – Sujeito feminino.

v. . Versículo.

vv. – Versículos.

cf. – Conferir.

Pág. – Página.

Gn – Génesis.

Lv – Levítico.

Jr – Jeremias.

Jo – João.

Rm – Romanos.

Gl – Gálatas.

Cl – Colossences.

 


[1] COSTA, J. Almeida & MELO, A. Sampaio e Melo (Editores). Dicionário da Língua Portuguesa. Pág. 794.

[2] CHAMPLIN, R. N., Ph.D. (Editor). Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Volume 3. Pág.  683.

[3] TENNEY, Merrill C. (Editor). Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã – Volume 2 D-G. Pág. 705.

[4] DOUGLAS, J. D. (Editor). O Novo Dícionário da Bíblia. Pág. 481.

[5] DOUGLAS, J. D. (Editor). O Novo Dícionário da Bíblia. Pág. 481.

[6] TENNEY, Merrill C. (Editor). Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã – Volume 2 D-G. Pág. 709.

[7] GRUDEM, Wayne. Manual de teologia sistemática: uma introdução aos ensinos fundamentais da fé cristã. Pág. 271.

[8] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 132.

[9] MENZIES, William W. & HORTON, Stanley M.. Doutrinas Bíblicas: Uma Perspectiva Pentecostal. Pág. 103.

[10] PEARLMAN, Myer, Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 130.

[11] DOUGLAS, J. D. (Editor). O Novo Dícionário da Bíblia. Pág. 481.

[12] PEARLMAN, Myer, Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 87.

[13] GRUDEM, Wayne. Manual de teologia sistemática: uma introdução aos ensinos fundamentais da fé cristã. Pág. 231.

[14] Idem. Pág. 231.

[15] DOUGLAS, J. D. (Editor). O Novo Dícionário da Bíblia. Pág. 481.

[16] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 130.

[17] ERICKSON, Millard J.. Introdução à Teologia Sistemática. Pág. 328.

[18] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 130.

[19] Idem. Pág. 130.

[20] Ibidem. Pág. 130.

[21] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 130.

[22] TENNEY, Merrill C. (Editor). Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã – Volume 2 D-G. Pág. 712.

[23] CHAMPLIN, R. N., Ph.D. (Editor). Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Volume 3. Pág.  683.

[24] GRUDEM, Wayne. Manual de teologia sistemática: uma introdução aos ensinos fundamentais da fé cristã. Pág. 272.

[25] Idem. Pág. 272.

[26] Ibidem. Pág. 272.

[27] TENNEY, Merrill C. (Editor). Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã – Volume 2 D-G. Pág. 712.

[28] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 132.

[29] TENNEY, Merrill C. (Editor). Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã – Volume 2 D-G. Pág. 711.

[30] Idem. Pág. 711.

[31] PEARLMAN, Myer Pearlman. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 124.

[32] TENNEY, Merrill C. (Editor). Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã – Volume 2 D-G. Pág. 709.

[33] ERICKSON, Millard J.. Introdução à Teologia Sistemática. Pág. 328.

[34] TENNEY, Merrill C. (Editor). Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã – Volume 2 D-G. Pág. 709.

[35] ERICKSON, Millard J.. Introdução à Teologia Sistemática. Pág. 330.

[36] Idem. Pág. 330.

[37] DOUGLAS, J. D. (Editor). O Novo Dícionário da Bíblia. Pág. 481.

[38] Idem. Pág. 481.

[39] DOUGLAS, J. D. (Editor). O Novo Dícionário da Bíblia. Pág. 481.

[40] ERICKSON, Millard J.. Introdução à Teologia Sistemática. Pág. 330.

[41] DOUGLAS, J. D. (Editor). O Novo Dícionário da Bíblia. Pág. 482.

[42] Salmos 51:16-17,19 (ARC).

[43] MEYER, F. B.. Comentário Bíblico Devocional, Velho Testamento. Pág. 288.

[44] FERREIRA, Franklin & MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto actual. Pág. 596.

[45] RADMACHER, Earl D., ALLEN, Ronald B. & HOUSE, H. Wayne (Editores). Novo Comentário Bíblico AntigoTestamento, com recursos adicionais – a Palavra de Deus ao alcance de todos. Pág. 18.

[46] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 124.

[47] FERREIRA, Franklin & MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto actual. Pág. 596.

[48] RADMACHER, Earl D., ALLEN, Ronald B. & HOUSE, H. Wayne (Editores). Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento, com recursos adicionais – a Palavra de Deus ao alcance de todos. Pág. 20.

[49] RADMACHER, Earl D., ALLEN, Ronald B. & HOUSE, H. Wayne (Editores). Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento, com recursos adicionais – a Palavra de Deus ao alcance de todos. Pág. 22.

[50] MEYER, F. B.. Comentário Bíblico Devocional, Velho Testamento. Pág. 15.

[51] BEERS, Ronald A. (Editor). Biblia de Estudo Aplicação Pessoal (Comentários). Pág. 38.

[52] Idem. Pág. 99.

[53] TENNEY, Merrill C. (Editor). Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã – Volume 2 D-G. Pág. 710.

[54] MEYER, F. B.. Comentário Bíblico Devocional, Novo Testamento. Pág. 216.

[55] RADMACHER, Earl D., ALLEN, Ronald B. & HOUSE, H. Wayne (Editores). Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento, com recursos adicionais – a Palavra de Deus ao alcance de todos. Pág. 1093.

[56] HENRY, Mattew. Comentário Bíblico Matthew Henry, Novo Testamento, Atos a Apocalipse. Pág. 793.

[57] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 134.

[58] GRUDEM, Wayne. Manual de teologia sistemática: uma introdução aos ensinos fundamentais da fé cristã. Pág. 271.

[59] MEYER, F. B.. Comentário Bíblico Devocional, Novo Testamento. Pág. 216.

[60] BEERS, Ronald A. (Editor). Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (Comentários). Pág. 1400.

[61] Idem. Pág. 1281.

[62] RADMACHER, Earl D., ALLEN, Ronald B. & HOUSE, H. Wayne (Editores). Novo Comentário Bíblico Novo Testamento, com recursos adicionais – a Palavra de Deus ao alcance de todos. Pág. 278.

[63] BEERS, Ronald A. (Editor). Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (Comentários). Pág. 1333.

[64] Idem. Pág. 1765.

[65] RADMACHER, Earl D., ALLEN, Ronald B. & HOUSE, H. Wayne (Editores). Novo Comentário Bíblico Novo Testamento, com recursos adicionais – a Palavra de Deus ao alcance de todos. Pág. 412.

[66] GRUDEM, Wayne. Manual de teologia sistemática: uma introdução aos ensinos fundamentais da fé cristã. Pág. 279.

[67] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 123.

[68] Idem. Pág. 123.

[69] ERICKSON, Millard J.. Introdução à Teologia Sistemática. Pág. 330.

[70] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 135.

[71] GRUDEM, Wayne. Manual de teologia sistemática: uma introdução aos ensinos fundamentais da fé cristã. Pág. 279.

[72] Idem. Pág. 279.

[73] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Pág. 136.