Criacionismo Bíblico

CRIACIONISMO BÍBLICO

Súmula dos Principais Fundamentos Teológicos e Científicos

Jónatas E. M. Machado·

No princípio criou Deus os céus e a Terra.

Génesis 1:1

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus e Ele mesmo era Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.

João 1:1-3

INTRODUÇÃO

A opinião largamente dominante sobre o Criacionismo Bíblico (CB) é a de que se trata de uma concepção pré-moderna totalmente ultrapassada, própria de um reduto de fundamentalistas cristãos que interpretam a Bíblia literalmente. Ninguém que pretenda ser culto e intelectualmente sofisticado acredita nisso! Nem os maiores teólogos da actualidade! Por ser largamente aceite, este entendimento é socialmente muito mais confortável, pelo que quem tiver na opinião da maioria o seu critério último de verdade já sabe o que tem que pensar. Para esses, o presente artigo acaba aqui.

O problema é que semelhante entendimento assenta numa visão caricatural do CB, que nada tem que ver com a realidade dos factos. Por vezes certas “realidades” afiguram-se de tal maneira indiscutíveis que, ou por medo do ridículo e da pressão dos pares, ou por força de uma espécie de hipnose colectiva, a discussão crítico-racional passa a ser impossível e torna-se muito difícil ver e dizer que “o rei vai nu!”. A visão caricatural do CB, radicada no imaginário da comunidade científica e da generalidade da opinião pública[1], conduz a que muitos cientistas de hoje nem sequer queiram ouvir e discutir os argumentos criacionistas.

O objectivo fundamental deste artigo consiste na desconstrução crítica do mito da modernidade, segundo o qual uma explicação racional do Universo e da vida é necessariamente uma explicação naturalista e materialista. Diferentemente, pretende-se demonstrar que, em última análise, a própria ideia de explicação racional só faz sentido se se estiver perante pessoas racionais, vivendo num Universo racional, criado por um Ser racional. Não tendo o autor formação teológica ou científica, mas apenas jurídica, não pode este artigo ter outro objectivo senão o de fornecer, em termos expositivos, mas tão rigorosos quanto possível, uma visão sinóptica de alguns dos principais argumentos criacionistas que têm sido avançados por especialistas de várias matérias, acompanhada de algumas referências bibliográficas, recolhidas para a sustentação e o controlo das premissas, das considerações e das conclusões do texto.

CIÊNCIA E FÉ NO DEBATE SOBRE CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO

Acaso se ensinará ciência a Deus, a ele que julga os excelsos?

Jó 21:22

Esqueces o Senhor, que te criou, que estendeu os céus e alicerçou a Terra.

Isaías 51:13

Numa recente entrevista na revista Scientist, de Novembro de 2003, Ernst Mayr[2], um dos mais proeminentes biólogos evolucionistas da actualidade, então com 99 anos de idade, afirmou que todas as épocas têm sido marcadas por grandes pensadores. Assim como Lutero e Calvino marcaram a Reforma e Locke, Leibniz e Voltaire o iluminismo, em seu entender, a modernidade foi marcada pelo génio de Charles Darwin, um jovem formado em teologia com gosto pela biologia. Para Ernst Mayr, professor de Harvard, Darwin forneceu as respostas às questões básicas da vida, prescindindo completamente de Deus. A publicação de A Origem das Espécies[3], com a sua teoria da evolução das espécies baseada na selecção natural, veio pôr em causa o argumento de design na natureza, que desde sempre dominou o pensamento judaico-cristão, e que havia sido elaborado na célebre obra de William Paley sobre teologia natural[4]. Ao contestar abertamente os argumentos de design na natureza, Darwin veio dar um forte impulso ao positivismo, ao naturalismo e ao materialismo que têm vindo a influenciar o pensamento moderno pós-iluminista.

Desde a sua obra, e graças ao contributo de nomes como Hutton, Lyell, Spencer, Huxley, Haeckel,  Simpson, Mayr,  Lewontin, Gould e Dawkins, a teoria da evolução (TE) adquiriu um estatuto de cientificidade inatacável, ao passo que o relato bíblico da criação foi totalmente desacreditado e remetido para o estatuto de mito. Abriu-se assim as portas ao entendimento dicotómico que domina e condiciona a abordagem da questão das origens, nos termos do qual a Bíblia é, na melhor das hipóteses, importante do ponto de vista da fé subjectiva e da moral individual, ao passo que a ciência é que fornece a chave de compreensão da realidade objectiva. Para esta visão das coisas, a ciência é inerentemente naturalista, na medida em que visa encontrar explicações naturais para os fenómenos. Falar na possibilidade de criação divina é, por definição, uma questão de fé, e não um problema científico[5]. Ernst Mayr é particularmente claro quanto a este ponto. Para ele, a ciência fornece um quadro objectivo muito diferente do relato do Génesis. Em seu entender[6], podemos conservar e apreciar estas histórias da criação como parte da nossa herança cultural, mas voltamo-nos para a ciência quando queremos aprender a verdade real sobre a história do mundo.

A teologia cristã procurou adaptar-se a esta nova realidade. Traumatizada pela herança inquisitorial e pelo célebre episódio de Galileu – que desafiou a cosmologia aristotélico-ptolemaica (não bíblica!) acolhida pela Igreja do seu tempo –, influenciada pelo espírito racionalista e naturalista da modernidade e esmagada pela força aparente das evidências a favor da TE, muitos teólogos, inicialmente de matriz protestante, procuraram, ao longo do século XIX, encontrar um compromisso entre a Bíblia e a ciência, a fé e a razão. No entanto, essa procura assentou na aceitação tácita a priori dos postulados naturalistas, racionalistas e evolucionistas, dados por muitos como indiscutíveis. De acordo com estes postulados, a religião era vista, em si mesma, como uma fase de um processo evolutivo que começa com o mito e tem como ponto de chegada um estado de emancipação e maturidade racional. Do mesmo modo, os escritos bíblicos eram interpretados em termos histórico-dialéticos, materialistas ou idealistas, ou como documentos forjados no contexto de conflitos políticos, económicos e sociais entre grupos, classes e correntes religiosas, ou, em termos hegelianos, como parte do processo de auto-manifestação do Espírito Absoluto.

Está hoje demonstrado que o preconceito anti-semita levou muitos racionalistas e nacionalistas alemães do século XVIII e XIX a exaltar a Razão e a Nação e a desvalorizar os escritos hebraicos como sendo manifestações de atavismo e primitivismo. Este entendimento integrava-se num contexto espiritual e intelectual marcado pela crítica racionalista do Antigo Testamento, pela afirmação da “morte de Deus”[7] e pela questão judaica, não sendo descabido ver aqui muita da lenha da horrenda fogueira que viria a ser o Holocausto[8]. Nem a teologia cristã mais bem intencionada escapou a estas influências. Sob a inspiração da abordagem crítica,  racionalista e evolucionista de estudiosos da Bíblia como Julius Wellhausen, o teólogo Rudolf Bultmann veio apelar à desmitificação de todo o relato bíblico[9], ao passo que a escola neo-ortodoxa, de Karl Barth e Emil Brunner, enfatizou a dimensão subjectiva e existencialista da fé[10]. Para estes teólogos, a Bíblia fala com autoridade apenas em questões de fé, não tendo qualquer autoridade em questões históricas e científicas. Esta maneira de ver, tipicamente naturalista e materialista, domina ainda grande parte da teologia cristã contemporânea[11]. A sua influência detecta-se facilmente em muitos estudos cristológicos, para não falar das teses anacrónicas e hoje largamente desacreditadas do conhecido movimento hipercrítico “Jesus Seminar”[12]. Em muitos círculos teológicos discuti-la é uma heresia.

Mesmo nas denominações cristãs mais conservadoras predomina, ao menos de forma difusa, a ideia de que a Bíblia não é autoridade em questões científicas, considerando-se que sustentar o contrário é sinal de um irracional fundamentalismo anti-intelectual e anti-científico. Adoptam-se assim teses de compromisso entre a Bíblia e a ciência, como o evolucionismo teísta, o criacionismo progressivo, a hipótese-quadro, a teoria do hiato, a teoria do dia-era, etc. Em muitos círculos cristãos o CB é anatemizado como um escândalo para o homem moderno, que só prejudicará a reputação do cristianismo, dividirá os crentes e afastará definitivamente as pessoas da mensagem cristã.  Se mesmo uma boa parte do cristianismo capitulou perante a TE, deve concordar-se com Ernst Mayr quando diz que Charles Darwin marcou profundamente a modernidade. O que não deixa de ser perturbador, do ponto de vista teológico, na medida em que a autoridade da Palavra de Deus é preterida em favor das ideias de uma mente em última análise doente e desequilibrada[13].

Mas será que Charles Darwin respondeu efectivamente às questões fundamentais da existência? Será verdade que o Universo e a vida podem ser cabalmente explicados sem o recurso a uma inteligência suprema e à doutrina bíblica da criação? Em nosso entender, isso está longe de ter sido demonstrado pelas correntes evolucionistas. Pelo contrário, os factos científicos em si mesmos, longe de provarem a evolução das espécies, corroboram amplamente o relato bíblico da criação. Na verdade, é a TE, e não o CB, que vai contra as leis científicas da termodinâmica, da biogénese e da causalidade, bem como contra as teorias das probabilidades, da informação e do design. O CB apenas entra em colisão com uma visão naturalista e materialista do mundo. O grande obstáculo à aceitação ao CB não é a ciência, mas sim a filosofia naturalista que actualmente vive de forma parasitária à custa dela. Porém, o objectivo deste artigo não consiste em fazer a demonstração desta afirmação, por muitos considerada absurda e incompreensível. Mais modestamente, ele consiste em ir além dos preconceitos e das caricaturas e dar ao leitor de mente aberta a possibilidade de conhecer melhor o CB, tal como existe actualmente, e de examinar livre e autonomamente os seus argumentos teológicos e científicos.

UMA DICOTOMIA ENGANADORA

Onde estavas tu quando eu criei a Terra? Diz-me,  se tens entendimento!

Jó, 38:4

Os céus e a Terra passarão, mas as minhas palavras  não hão de passar.           

Marcos 13: 31

O pensamento moderno sublinha a dicotomia epistemológica entre a Bíblia – do domínio da subjectividade, da fé e da moralidade – e a ciência – com autoridade no plano da realidade objectiva. Para este entendimento, a ciência preocupa-se, acima de tudo, com os factos, ao passo que a fé releva no domínio simbólico da interpretação subjectiva desses factos. Por outras palavras, a ciência seria o domínio por excelência das afirmações de facto, ao passo que a fé seria um campo reservado à interpretação e à formulação de juízos de valor. Repare-se que esta divisão de tarefas é manifestamente assimétrica, na medida em que remete para a ciência a definição do que seja o conhecimento daquilo que objectivamente existe, deixando para a religião uma função meramente especulativa e interpretativa, subjectiva, em torno do significado das coisas.

A ciência tem assim uma natural preponderância sobre a religião.  Aquela é objectiva e sólida, ao passo que esta é subjectiva e precária. A primeira preocupa-se com a realidade e a segunda com sentimentos e crenças. No mundo real elas nunca se encontram, porque estão em esferas diferentes. De acordo com este entendimento, todos teriam racionalmente que aceitar os dados objectivos da ciência, ficando a religião reservada às mentes mais débeis e carentes ou mais dadas a emoções subjectivas[14]. Assim, todos teriam que acreditar na evolução (facto científico objectivo obrigatório), mas os crentes sempre poderiam dizer, à margem de qualquer evidência empírica, que Deus conduziu o processo de evolução, ou até que Deus é a evolução (crença religiosa subjectiva facultativa). 

O CB rejeita liminarmente esta divisão epistémica de tarefas entre a ciência e a fé por ser manifestamente improcedente e falaciosa, particularmente no que toca à questão das origens[15]. Ela dá como demonstrado o que é preciso demonstrar. Com efeito, longe de se esgotar na produção de afirmações de facto, a ciência assenta largamente na interpretação e na especulação (v.g. tudo começou com um Big Bang; a vida surgiu por acaso de uma sopa pré-biótica; as aves evoluíram de dinossauros ou de pequenos répteis). Por sua vez, a religião também pretende fazer afirmações de facto (v.g. Deus é o autor da vida; Deus criou plantas, animais e o ser humano, praticamente ao mesmo tempo e segundo a sua espécie; o dilúvio do Génesis foi real e global) [16]. Vejamos mais de perto esta questão, pensando especificamente no cristianismo e no darwinismo.

Quanto ao primeiro, a Bíblia, desde o Génesis ao Apocalipse, afirma que é a Palavra de Deus verbalmente inspirada, tendo sido sempre considerada como tal pelos judeus (quanto ao Velho Testamento) e pelos cristãos [17]. Jesus afirmou que as suas palavras são mais sólidas e duradouras do que os próprios céus e a Terra. A palavra do Criador é digna de toda a confiança. Porque assim é, a Bíblia nunca se coloca no domínio da pura interpretação subjectiva de factos[18]. Bem pelo contrário,  a validade das mais importantes doutrinas bíblicas apoia-se em factos objectivos (criação; queda; dilúvio global; dispersão; aliança; êxodo; nascimento, morte e ressurreição de Jesus) cuja explicação só pode ser encontrada, não na regularidade das leis naturais, mas na acção extraordinária de Deus, o qual também criou essas leis. Na Bíblia os factos são importantes porque mostram a acção providencial de Deus na história humana e as doutrinas são dignas de crédito precisamente porque se apoiam em factos objectivos e não em mitos ou “fábulas engenhosas”[19].

Na Bíblia é claro que os milagres de Jesus são autênticos e testemunham da Sua qualidade de Criador. A ressurreição física de Cristo é igualmente um facto histórico concreto, sem o qual a fé não tem sentido. Tentar desmitificar ou encontrar explicações científicas para estes e outros milagres que a Bíblia relata é passar totalmente ao lado da verdade fundamental que a Bíblia visa transmitir:  o Universo foi criado por um Deus pessoal que intervém activamente na história do Homem – criado à Sua imagem e semelhança – que, por causa do pecado da humanidade, encarnou na pessoa de Jesus Cristo para redimir o mundo através da Sua morte e ressurreição![20] Se os factos mencionados pelo relato bíblico não são verdadeiros,  a história da salvação deixa de ter sentido. Isto mesmo sustentou o Apóstolo Paulo: “se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé”[21]

Por sua vez, o darwinismo, longe de se apoiar numa análise neutra e objectiva dos factos, é fundamentalmente interpretação[22]. Os registos históricos mais antigos que se conhecem têm cerca de quatro mil e quinhentos anos. São dessa era as civilizações mais antigas. Para além desse limite, a reconstituição historiográfica dos acontecimentos é feita com base em extrapolações, alicerçadas em pressupostos e modelos teóricos pré-concebidos, hoje predominantemente de matriz evolucionista. Sucede que nunca ninguém viu a sopa pré-biótica, nem tão pouco um dinossauro a transformar-se em ave há cerca de 100 milhões de anos atrás. Do mesmo modo, nem os fósseis nem as rochas sedimentares trazem inscrita a sua idade, sendo datados com base nas premissas (evolucionistas) adoptadas à partida. Ora, não existe uma máquina que nos permita viajar no tempo e assim confirmar de forma absolutamente correcta as conclusões que aqui e agora tiramos acerca do passado distante. Mesmo as tentativas de observar o passado a partir das investigações astronómicas supõem a aceitação de premissas sobre a velocidade da luz[23].

Do mesmo modo, as “provas” da evolução deduzidas pela TE da homologia genética ou estrutural e funcional que se observa entre as diferentes espécies de animais, não passam de uma interpretação, sendo certo que o CB utiliza os mesmos factos  para corroborar a sua crença num Criador comum. Aliás, o próprio Ernst Mayr reconheceu expressamente, na entrevista acima mencionada, o amplo lastro interpretativo e especulativo que permeia todo o seu trabalho. Muitos dos “factos” a que a darwinismo faz referência não passam de construções intelectuais feitas a partir de modelos, ou resultantes da assunção de premissas, pré-concebidos. Uma coisa é certa: os factos com que os evolucionistas e os criacionistas se defrontam são exactamente os mesmos. A interpretação desses factos é que difere, em função das premissas e dos modelos explicativos e preditivos de que ambos partem.

Assim, a ideia de que a religião e a ciência constituem dois “magistérios não sobreponíveis” (Stephen Jay Gold)[24], na sua aparente plausibilidade, peca, numa avaliação condescendente, por ser demasiado ingénua e simplista. Em rigor, como veremos adiante, a mesma está longe de ser inocente. Acresce que a referida dicotomia epistémica, além de ser má para a religião, tem também efeitos nefastos para a própria ciência. Com efeito, ao remeter para a religião o exclusivo da reflexão em torno da origem sobrenatural do Universo, aquela delimitação de tarefas vincula a ciência, de forma inexorável, a premissas teóricas e metodológicas de base estritamente naturalista e materialista, as quais se têm vindo a revelar insuficientes para explicar o mundo tal como existe. Se o Universo tiver sido o resultado de um desígnio inteligente, hipótese que a ciência não pode descartar a priori, então uma metodologia estritamente naturalista, no pior sentido da palavra, estará impedida de explicar todas as suas características.

A ciência das origens não pretende responder apenas à questão de saber “como é que o Universo surgiu por acaso?”, mas sim “como é que o Universo surgiu?”. Diante desta questão o acaso é apenas uma das respostas teorética e cientificamente possíveis. A necessidade e o design inteligente são outras. Não há qualquer razão para excluir a priori qualquer destas respostas. Se isso acontecer, a evolução aleatória será estabelecida como verdade estipulativa, por definição, tornando-se imune a qualquer crítica. A TE e o CB pretendem responder à mesma questão a partir da análise dos mesmos factos, mas com base em postulados diferentes. O que está em causa, em última análise, não é um conflito entre ciência e fé, mas sim entre duas religiões ou visões do mundo substancialmente diferentes: a visão naturalista e a visão bíblica[25]. Como veremos, esta última fornece um quadro explicativo e preditivo muito mais consistente com os dados empíricos observáveis.

A FÉ DO CRIACIONISMO E DO EVOLUCIONISMO

Pela fé compreendemos que o mundo foi criado pela Palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê veio do que se não vê.

Hebreus 11: 2

Quem confia na sua inteligência não aceita aquilo que vem do Espírito de Deus. Para esse são coisas sem sentido.

I Coríntios 2:14

Na base de qualquer paradigma científico encontram-se invariavelmente algumas premissas insusceptíveis de prova, nem sempre suficientemente explicitadas e sujeitas a exame crítico. Na verdade, todo o pensamento teorético tem como ponto de partida pressupostos fundacionais indemonstráveis, designados como axiomas, modelos, paradigmas, matrizes discursivas, epistemas, mundividências, crenças, ideologias, etc.[26] Tanto o CB como a TE assentam os seus modelos de interpretação e explicação dos factos em pressupostos fundacionais[27]. A repetição acrítica do slogan de que “a criação é religião e a evolução é ciência”, tem impedido muitos evolucionistas de analisar objectivamente as premissas que eles mesmos aceitam pela fé[28]. Os criacionistas conhecem bem as premissas de que partem. As mesmas assentam na crença na existência de Deus e na fidedignidade da Sua revelação, escrita por mais de 40 autores ao longo de mais de 3500 anos. Para os criacionistas, a doutrina da criação é a primeira e a fundacional doutrina bíblica, servindo de base às subsequentes doutrinas da queda, da corrupção, da aliança, da salvação e da restauração de todas as coisas. Se a doutrina da criação é verdadeira, então não se pode construir qualquer ramo do saber à margem dela. Não se pode edificar as diferentes disciplinas científicas sobre bases epistemológicas naturalistas, materialistas, uniformitaristas e acidentalistas.

Os criacionistas reconhecem que a Bíblia não é um livro técnico-científico, como muitas vezes se ouve dizer. Isso não é um mal em si, na medida em que, de um modo geral, os livros científicos têm erros e ficam rapidamente desactualizados. Acresce que isso não quer dizer que a Bíblia seja cientificamente incorrecta. Mesmo um livro não técnico, dirigido ao público infantil, pode ser cientificamente correcto. Do mesmo modo, quando alguém vai à médica de família, não espera que esta o esmague com os dados científicos da Anatomia de Gray ou da Medicina Interna de Harrison, mas apenas que, em linguagem simples e acessível – mas rigorosa – lhe diagnostique a sua doença e prescreva a medicação em conformidade. O CB parte do princípio de que quando se lê a Bíblia obtém-se, em linguagem simples, um relato rigoroso da criação. Um Deus Criador que se apresenta como o Verbo (Palavra; Razão) é capaz de comunicar, de forma simples, clara e correcta, sobre a origem do Universo. Se Ele não é capaz, quem é?

Para o CB – por mais que chocante que isso possa ser para a inteligência secularizada – a maior autoridade em matéria de Criação é o próprio Criador, a única testemunha ocular desse processo. As Suas palavras valem mais do que toda a especulação humana, por mais “científica” que pretenda ser. O CB admite abertamente, sem quaisquer complexos epistémicos, a aceitação destas premissas pela fé. Embora a Bíblia não seja um livro científico, ela, enquanto Palavra de Deus, contém os axiomas e os postulados a partir dos quais devem ser estruturados os teoremas, as teorias e os modelos científicos. Não sendo um livro científico, a Bíblia é essencial ao conhecimento científico. O reconhecimento de Deus é o princípio de todo o conhecimento.

Porém, contrariamente ao que se pode pensar à primeira vista, as premissas dos evolucionistas também assentam numa base puramente fideísta, em tudo análoga, em termos estruturais-funcionais, à crença religiosa. Há muito que os criacionistas vinham apontando para esta realidade, negada durante décadas por muitos evolucionistas[29]. No entanto, nos últimos anos tem vindo a aumentar o número de evolucionistas que vêm dar a mão à palmatória e a reconhecer a religiosidade intrínseca das suas crenças [30]. Mais uma vez o caso de Ernst Mayr é paradigmático. Na entrevista acima mencionada ele reconhece: ‘todos os ateus que eu conheço são altamente religiosos; isso não significa apenas acreditar na Bíblia ou em Deus. A Religião é o sistema de crenças básicas da pessoa. A humanidade quer respostas para todas as perguntas irrespondíveis”.  Ou seja, em última análise todos têm um sistema de crenças intrinsecamente religioso. Não é por acaso que o Supremo Tribunal norte-americano, no caso Torcaso v. Watkins [367 U.S., 488, (1961)], considerou o humanismo secular como uma religião sem Deus.

O sistema de crenças básicas do evolucionismo naturalista assenta em determinadas proposições de fé, entre as quais  podemos destacar as seguintes [31]:  1) o princípio evolucionista é universalmente válido. Ele observa-se não apenas na biologia mas em todos os outros domínios. 2) A ciência não pode apoiar-se na existência de um Criador, devendo adoptar uma metodologia e uma epistemologia naturalista, recusando liminarmente qualquer causalidade sobrenatural. 3) A matéria é um dado adquirido, na medida em que, dada a lei da conservação da energia e da equivalência entre matéria e energia, nem o Big Bang pode ser considerado uma teoria da criação. 4) A evolução aumenta aleatoriamente a organização dos sistemas, da não vida para a vida, da vida simples para a vida complexa, sem qualquer plano nem propósito. 5) O presente é a chave do passado. A partir do que vemos hoje podemos fazer extrapolações e tirar conclusões seguras sobre o que aconteceu no passado. Nisto se consubstancia o pressuposto do uniformitarismo. 6) A Bíblia deve ser entendida em termos exclusivamente naturalistas, racionalistas e materialistas. Longe de ser Palavra de Deus inspirada e inerrante, ela foi escrita por homens e para homens, no respectivo contexto político, económico, social e cultural.  Ela pode ter sido inspirada pela crença em Deus, no quadro geralmente aceite da evolução do pensamento humano, mas nunca inspirada pelo próprio Deus, cuja existência se questiona.

É esta fé que leva a TE a excluir a priori, qualquer explicação não estritamente materialista para o Universo e a vida. Uma vez pré-programadas as diferentes disciplinas com base nela, não admira que as mesmas conduzam, invariavelmente, a resultados naturalistas e evolucionistas. Como poderia ser de outro modo? Mas, sublinhe-se, também isto é função de um compromisso de fé. O fundamentalismo evolucionista é bem patente nas palavras de Richard Dawkins[32], quando, depois de tecer considerações ridículas e absurdas sobre o Génesis, afirma: “se eu estou correcto, isso significa que mesmo que não exista qualquer prova factual para a teoria de Darwin, é certamente justificável aceitá-la acima de todas as outras teorias.” (o itálico é nosso). Como iremos ver, não existe qualquer prova factual! Embora os evolucionistas mais inflamados sejam geralmente bem sucedidos na estigmatização como pré-modernos, anti-científicos e anti-intelectuais de todos quantos não aceitem aquelas proposições de fé naturalista, a verdade é que nenhuma delas pode ser cientificamente comprovada, nem é indispensável ao conhecimento científico.

É certo que a crença na doutrina da criação também não pode ser experimentalmente comprovada, na medida em que os eventos da criação já aconteceram e não se encontram disponíveis para repetição em laboratório. Assim, a TE e o CB encontram-se à partida em condições epistemológicas semelhantes. A grande diferença entre ambos não está, como vimos, nos factos de que evolucionistas e criacionistas têm conhecimento, ou no grau de conhecimento científico de uns e outros. O que diverge são  as premissas e os modelos de que uns e outros partem para interpretar esses factos. No entanto, não existe uma completa equidistância da TE e do CB relativamente aos factos. Algumas premissas do evolucionismo não são sequer sustentáveis em face dos dados da ciência. Na verdade, o CB refuta todas as afirmações fundamentais da TE sem ter que mobilizar qualquer texto bíblico e recorrendo frequentemente aos escritos dos próprios evolucionistas.

Os factos, em si mesmos, desmentem pura e simplesmente a TE, como tem vindo a ser reconhecido com crescente intensidade, mesmo em círculos não criacionistas. O CB permite uma melhor explicação dos factos, para além de fornecer um quadro muito mais plausível para o sentido da existência e da história humana. Todavia, em virtude de postulados naturalistas, o método científico está viciado, na medida em que, perante um exame cuidadoso dos mesmos factos, só são admitidas como científicas as “explicações” que apontem para a origem acidental de tudo o que existe. As perspectivas criacionistas são rejeitadas liminarmente como não científicas, transformando a evolução na única verdade científica possível, independentemente dos factos. A TE apresenta-se, assim, como dogma imune perante qualquer alternativa, já que qualquer alternativa é, por definição, não científica. Essa afirmação em termos dogmáticos não deixa de ser curiosa, para uma teoria que pretende ser científica. É como se um juiz só considerasse juridicamente admissíveis as provas e as inferências que apontassem para uma explicação meramente casual de um determinado evento e excluísse, como não jurídicas, todas as provas e inferências que sugerissem que o mesmo foi premeditado. Seria esse um procedimento objectivo e imparcial?

O REGRESSO DO CRIACIONISMO BÍBLICO

Obrigo os sábios a recuar, e mostro que o seu saber é estupidez.

Isaías 44: 25

Onde estão os sábios? Onde estão os doutores? Onde estão os entendidos nas coisas deste mundo? Não mostrou Deus que a sabedoria deste mundo não passa de loucura?

I Coríntios 1:20

As premissas evolucionistas tiveram um grande impacto em todos os domínios da vida política, jurídica, económica, social e cultural[33], embora nos preocupemos fundamentalmente com a ciência e a teologia cristã. Esta última foi operando as necessárias transformações e adaptações hermenêuticas e conceptuais em ordem a acompanhar as exigências da modernidade, como que temendo ser apanhada pela lógica inelutável da “sobrevivência do mais apto”. As velhas certezas tiveram que ser repensadas e reavaliadas, num processo extremamente doloroso. A autoridade da Bíblia, e a visão comum da criação que nela se baseava, surgia cada vez mais enfraquecida, levando muitos a abandonar a sua fé e a confiar no novo mundo prometido pela ciência. Alguns viam nisso um sinal de progresso, ao passo que outros procuravam resistir pela fé, ancorados a uma visão das coisas que se afigurava insustentável diante das novas evidências. No entanto, deve dizer-se que o darwinismo foi contestado desde a sua origem pelos próprios cientistas.

Merece especial relevo o nome de Louis Agassiz (1807-1873), um cientista e professor na Universidade de Harvard, que desde logo afirmou que teria todo o gosto em abraçar o evolucionismo, se não fosse a total falta de evidências de evolução no registo fóssil. No entanto, Agassiz não era adepto do CB, considerando ridículas as histórias bíblicas da criação em seis dias, de Adão e Eva e do dilúvio global, preferindo ao invés compreender a Terra como o resultado  de catástrofes e recriações divinas sucessivas. Louis Agassiz era a excepção à regra, juntamente com alguns nomes isolados. O darwinismo propagava-se por toda a parte, de forma avassaladora, tendo conseguido uma importante vitória nos Estados Unidos na sequência do célebre caso judicial “Monkey Trial”, em Dayton, Tenn., em 1925. Paralelamente, à falta de defesas consistentes do CB, a teologia cristã viveu os séculos XIX e XX fazendo um esforço no sentido de harmonizar o relato bíblico com os dados científicos, operando as necessárias mutações de sentido dos textos e seleccionando, de acordo com as suas pré-compreensões, as verdades de entre os mitos.

Este estado de coisas começa a alterar-se substancialmente com a publicação, em 1961, da influente obra sobre o dilúvio global, The Genesis Flood, de John C. Withcomb e Henry M. Morris. A influência deste trabalho deve ser assinalada, na medida em que, pela primeira vez, veio demonstrar a possibilidade de defender o relato bíblico com base em evidências geológicas sólidas[34]. Como premissa fundamental do seu trabalho estava a ideia, totalmente contra a corrente, nos termos da qual a ciência humana falível devia submeter-se ao relato bíblico divinamente inspirado e infalível. Em seu entender, esta premissa, além de ser teologicamente consistente, rejeita liminarmente o naturalismo e o materialismo que estruturam a priori o cientismo moderno, tendo ainda o mérito de permitir elaborar um modelo explicativo e preditivo dos factos científicos muito mais eficaz do que o modelo da TE. Deste modo se lançaram as bases para o crescimento exponencial que o CB tem vindo a conhecer nas últimas décadas. Entre as muitas organizações que se dedicam ao tema salientamos apenas o Institute for Creation Research[35], nos Estados Unidos, fundado em 1970 por Henry M. Morris, e a organização Answers in Genesis[36], na Austrália, onde sobressaem nomes como Ken Ham, Carl Wieland e Jonathan Sarfati. Estas organizações utilizam intensamente a internet para divulgarem os seus materiais. Actualmente o interesse no CB manifesta-se em dezenas de países em todo o mundo. Nos países de língua portuguesa, o CB tem conhecido um assinalável crescimento no Brasil[37].

Refira-se que mesmo fora do CB aumenta a frustração em torno do darwinismo. Um dos principais sintomas disso mesmo é a emergência do “Intelligent Design Movement” (IDM), um movimento científico que tem adquirido grande proeminência nos Estados Unidos[38]. Particularmente relevantes, neste contexto são as obras Darwin on Trial, de Phillip Johnson, The Design Inference, de William B. Dembski, Darwin’s Black Box, de Michael Behe, e Icons of Evolution, de Jonathan Wells. A principal premissa de que se parte é a de que, actualmente, graças aos avanços nas teorias da complexidade, do design, das probabilidades e da informação, é possível demonstrar, para além de qualquer dúvida razoável, a existência de “design inteligente” no Universo, sendo impossível explicar a complexidade da vida com base no mecanismo das mutações aleatórias e da selecção natural. A concepção inteligente do Universo deixou agora de ser uma mera questão especulativa a discutir por teólogos e filósofos, passando a ser uma questão científica a discutir por cientistas, mas com grandes implicações para as relações entre a ciência e a religião[39].

CRIACIONISMO BIBLICO E CIÊNCIA

A tua palavra é a verdade desde o princípio.                                                                  

                                                                                              Salmos 119:160

Porque o Senhor é quem dá sabedoria e dele procedem o saber e o conhecimento.

           Provérbios 2: 6

Um dos preconceitos mais enraizados sobre o CB é a ideia de que este movimento é anti-intelectual, não levando em consideração os dados da ciência. Nada mais absurdo! A desconstrução crítica deste preconceito remete para algumas considerações.

Em primeiro lugar, como se viu, o CB não é hostil ao conhecimento e ao método científicos. Pelo contrário, a visão bíblica do Universo é a mais científica possível, na medida em que nos propõe um Universo ordenado e cientificamente inteligível (porque criado por um Ser inteligente), distinto do Criador (podendo por isso ser objecto de investigação e experimentação, ainda que com limites éticos). Na verdade, se tudo começou com uma grande explosão e tem evoluído de forma aleatória, em que se fundamenta a expectativa científica de inteligibilidade do Cosmos? Do mesmo modo, como podemos estar certos de que as nossas teorias não passam de uma mera ilusão óptica imposta pelos nossos genes egoístas, apenas por imperativos reprodutivos?[40] Tanto a inteligibilidade do Cosmos como a possibilidade de conhecimento fidedigno do mesmo decorrem naturalmente das premissas do CB, mas não dos postulados materialistas, acidentalistas e irracionalistas e da TE.

Deve notar-se que foi justamente onde mais intensamente se assistiu à redescoberta da Bíblia, no Renascimento e na Reforma, que mais cedo floresceu a moderna revolução científica e tecnológica[41]. Não é por acaso que algumas das mais prestigiadas universidades do mundo (Oxford, Cambridge, Harvard, Princeton, Yale, etc.) começaram por ser centros teológicos para o ensino da Bíblia. Os pais fundadores dos principais ramos da ciência moderna eram, na sua maioria, criacionistas (vg. Newton; Maxwell; Pasteur; Lister). Do mesmo modo, o ensino generalizado do criacionismo nas escolas norte-americanas não impediu a ida à Lua, sendo que o director do Programa Apolo, Werner von Braun, era criacionista. Por sua vez, o fundador da famosa revista Scientific American, agora convertida ao evolucionismo, era também ele um fervoroso criacionista. Mesmo que uma ampla maioria de cientistas negue hoje o CB, não se pode legitimamente afirmar que o CB alguma vez tenha constituído um entrave ao progresso da ciência[42].

Em segundo lugar, o CB distingue entre ciência operacional e experimental, por um lado, e ciência das origens, por outro. Na primeira categoria encontramos toda a investigação científica que procura compreender o Universo e a vida (v.g. astronomia, física,  medicina) observando factos repetitivos. É com base na ciência operacional que se curam doenças ou se constróem foguetões, satélites, aviões, automóveis, pontes, computadores ou telemóveis. A ela se deve a grande reputação de que a ciência goza nos nossos dias. Relativamente à ciência operacional não existe qualquer querela entre evolucionistas e criacionistas, sendo certo que nenhuma das observações aí feitas permite demonstrar a macro-evolução. As divergências que possam surgir nesta matéria não têm, em princípio, nada a ver com a posição que se possa tomar no debate entre o CB e a TE. Em todo o caso, os evolucionistas procuram capitalizar a seu favor o sucesso tecnológico da ciência operacional para reforçarem a cientificidade da TE, dando origem a uma espécie de “free rider problem” neste domínio. Os evolucionistas gostam de “viajar sem pagar” à custa dos bons resultados obtidos pela ciência operacional esquecendo, porém, que os sucessos tecnológicos conseguidos, se devem, não ao acaso, mas à aplicação intensiva de inteligência e informação, por sinal dois ingredientes centrais na cosmovisão do CB. Na verdade, não se vê em que é que as premissas acidentalistas e aleatórias da evolução podem influenciar positivamente a investigação científica operacional. Assim, a ligação entre a TE e a ciência operacional está longe de ser natural. Ou seja, não se pode incorrer na falácia da transferência, como muitos evolucionistas fazem, e pensar que o prestígio de que goza a ciência operacional pode aplicar-se, sem mais, à TE.

Com efeito, o CB e a TE, ocupando-se do problema das origens, pertencem ao domínio da reconstrução histórica, na medida em que pretendem formular conclusões sobre o passado inobservável com base nas observações feitas no presente por cientistas do presente. Para isso, a adopção à partida de certos postulados indemonstráveis sobre o mundo na sua totalidade é inevitável, por mais rigorosas que sejam as observações, as análises e as extrapolações empreendidas. Os factos observados serão sempre interpretados à luz de premissas e axiomas aceites a priori. Isso distingue, decisivamente, a ciência das origens da ciência operacional. Na verdade, a criação, tal como referida na Bíblia, não pode ser objecto de reprodução laboratorial e experimentação, na medida em que a mesma resultou de forças e processos que não se encontram em operação actualmente. Para o CB, as leis naturais nada nos dizem sobre a criação, na medida em que elas foram um dos produtos da criação. Por seu turno, a evolução, pretendendo ser um processo aleatório e gradual lentíssimo, de muitos milhões de anos, não pode, por definição, ser objecto de investigação experimental. Mesmo que Miller-Urey tivessem conseguido sintetizar a vida a partir da não vida (e não se tivessem ficado por uns poucos aminoácidos!), isso nunca seria prova da evolução, mas sim de que a vida necessita da verificação e controlo de condições altamente complexas e especificadas para surgir.

Não podendo ser demonstrados por via experimental, o CB e a TE encontram-se em condições de igualdade como modelos explicativos dos factos que hoje podem ser observados. Os criacionistas não recusam a ciência operacional, podendo ser tão bons nesse trabalho como os outros, como o mostra o percurso científico de Werner Gitt, uma das maiores autoridades mundiais em teoria da informação, ou de Raymond Damadian, um dos cientistas envolvidos no desenvolvimento da imagiologia por ressonância magnética nuclear que recentemente se queixou por, alegadamente, ter sido preterido na atribuição do prémio Nobel da Medicina apenas por ser criacionista, facto que suscitou protestos mesmo nos sectores evolucionistas [43]. A ciência operacional é vista pelo CB como uma forma de “pensar dos pensamentos de Deus, depois de Deus” (Newton), ou seja, como uma espécie de reverse engineering, orientada para a descoberta dos princípios que governam a concepção, estrutura e funcionamento do Universo e de todos os seus mecanismos.

Em terceiro lugar, e este é outro preconceito que importa afastar, não é verdade  que o CB explique tudo com um simples “Deus criou!” e dessa forma trave o progresso da ciência. Muitos criacionistas são professores universitários e não aceitam dos seus alunos um simples “Deus criou!” como resposta nos exames! O CB é adepto da expansão do conhecimento, não da sua retracção. O Deus da Bíblia não é apenas um “tapa buracos” para explicar o que a ciência ainda não conseguiu entender. Ele é o Criador de todas as coisas, tanto das visíveis como das invisíveis, das que se entendem e das que não se entendem. Manifestando o Seu poder e a Sua glória na criação, Deus quer um maior conhecimento desta. Nas palavras do Salmista, “os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” [44]. E a verdade é que alguns trabalhos neocriacionistas recentes sublinham precisamente que a Terra parece ter sido colocada no melhor local possível para observar e conhecer o Universo[45]. Ou seja, os próprios dados  científicos corroboram a ideia bíblica de que o Criador deseja a expansão do nosso conhecimento da Sua criação.

A premissa de que o Universo foi criado por um Ser inteligente, longe de atrasar o conhecimento científico, pode acelerar esse conhecimento. Por exemplo, um dos grandes saltos qualitativos da medicina foi dado por Galeno, no século II, o qual, pela primeira vez, baseou o seu trabalho na noção de que o corpo humano é um sistema, em que as partes estão todas precisamente ajustadas umas às outras, tendo funções claramente definidas e interdependentes. A noção de que o corpo humano é um sistema estruturado de forma complexa e especificada é tipicamente criacionista, na medida em que é precisamente isso que seria de esperar como resultado da acção criadora de um Ser dotado de uma inteligência suprema. Longe de travar o progresso da ciência, a mesma pode acelerar esse progresso. Isso mesmo pode ver-se, hoje, a propósito do debate em torno dos órgãos vestigiais e do chamado “junk-DNA”.

A existência de órgãos vestigiais, considerados inúteis porque meros vestígios da evolução humana, foi durante muito tempo apresentada como um dos principais argumentos a favor da evolução. Ainda hoje esse argumento se encontra nalguns livros de biologia, mais preocupados em pregar a fé do evolucionismo do que em transmitir uma visão cientificamente correcta dos factos. No século XIX o número dos órgãos vestigiais chegou a ser quantificado em cerca de 180. A crença no carácter vestigial e não funcional desses órgãos esteve na base de muitos erros médicos e atrasou substancialmente a investigação acerca da função desses órgãos no corpo humano. Ainda assim, o progresso das ciências médicas veio a demonstrar que todos os órgãos aparentemente vestigiais têm afinal uma função bem definida[46]. Os últimos órgãos a abandonarem o seu estatuto vestigial foram o apêndice e o cóccix[47]. Aí está mais um resultado plenamente consistente com o CB, mas que a TE tem dificuldade em compreender. Se se tivesse partido do princípio de que os órgãos humanos tinham uma função, porque resultado de design inteligente, a compreensão dessa função teria certamente sido mais rápida. A uma conclusão semelhante se tem vindo a chegar a propósito do impropriamente designado por “junk-DNA”[48].

Assim, longe de ter órgãos vestigiais de fases recuadas da evolução, o corpo humano é, na sua totalidade, um dos mais notáveis vestígios de um Criador inteligente[49]. Assim como o arqueólogo é estimulado na sua investigação quando encontra vestígios de presença inteligente, a consciência de que Deus criou, longe de travar o avanço da ciência, deve ser um incentivo acrescido à sua progressão, embora alerte sempre para a existência de limites éticos e morais que devem ser respeitados. Assim, o CB está longe de ser anti-científico. Ele apenas não vê nenhuma razão científica que conduza necessariamente à aceitação das premissas naturalistas e materialistas subjacentes ao evolucionismo.

ORIGEM E SINTONIA DO UNIVERSO

A quem podereis comparar-me? Quem seria igual a mim? – pergunta o Deus Santo. Levantem os olhos para o céu e vejam! Quem é que criou as estrelas? Foi aquele que as pôs em movimento, como se fosse um exército bem ordenado. A todas, ele chama pelo seu nome.

Isaías 40-25,26

Eu, o Senhor, é que criei tudo; sozinho estendi os céus. Quando firmei a Terra, quem estava comigo?

Isaías 44:24

A TE, com a sua premissa da universalidade do princípio evolutivo, edifica a sua cosmologia a partir do modelo do “Big Bang”, a teoria mais aceite acerca da origem do Universo. A mesma afirma que tudo se desenvolveu a partir de uma nuvem densa de partículas subatómicas e radiação que explodiu, formando hidrogénio (e algum hélio). Tudo se reduz a um grande acidente! Curiosamente, um astrofísico norte-americano veio recentemente afirmar que só um milagre poderia ter estado na origem do Big Bang. De acordo com esta teoria, o Universo surgiu do nada mediante um estado de flutuação quântica até uma partícula infinitesimal de espaço/tempo que explodiu e “insuflou” o Universo[50]. Sucede porém, que, tomado em si mesmo, o Big Bang consegue gerar mais interrogações do que respostas [51].

Os criacionistas perguntam, a propósito, de onde veio a partícula infinitesimal, ou “ovo cósmico”, que esteve na origem do Big Bang? Será razoável pensar que a mesma surgiu do nada? Quanto tempo é que ela existiu antes do Big Bang? O que é que terá provocado a grande explosão? Sendo a generalidade das explosões destrutivas, será razoável aceitar que uma explosão seja responsável por um Universo ordenado e pleno de mecanismos que nem a totalidade dos cientistas pode compreender? Se uma causa tem que ser maior do que o seu efeito; se tudo o que tem um princípio tem uma causa; se o Big Bang é o princípio do Universo; qual é, então, a causa do Big Bang? Na verdade, o Big Bang vive numa “bolha especulativa” que desafia tudo o que sabemos em termos de causalidade, probabilidades, conservação da energia, entropia e mesmo senso comum[52]. Sintomáticas são, a este propósito, as palavras de Brad Lemly: “não imagines o espaço exterior sem matéria dentro dele. Imagina nenhum espaço e nenhuma matéria. Boa sorte! Para a pessoa normal, deve ser óbvio que nada pode acontecer a partir de nada. Mas para o físico quântico, o nada é, de facto, qualquer coisa”[53]. Não querendo acreditar que Deus criou o Universo, a TE é levada a acreditar que ele “evoluiu” do nada[54]. O problema é que as provas desta intrigante conclusão tardam em surgir[55].

Note-se que está demonstrado que bastaria uma ínfima variação na velocidade de expansão do Universo, para que o mesmo se autodestruisse. Além disso, a probabilidade de uma explosão como a do Big Bang dar origem à vida tal como a conhecemos é tão ínfima, que se torna mais do que razoável duvidar de que esse resultado tenha sido conseguido por acaso. De resto, como conciliar o Big Bang e toda a evolução cósmica com as duas leis da termodinâmica, da conservação da energia e da entropia, que militam justamente em sentido contrário?[56] Os evolucionistas consolam-se com a afirmação de que o estudo das leis naturais impõe uma interpretação naturalista do Universo à qual ninguém racional e inteligente pode fugir. Porém, é sintomático que o Big Bang seja descrito, pelos cientistas, não como uma conclusão óbvia imposta pelo estudo sistemático das leis da física, mas sim como uma violação de todas essas leis, ou seja, como um milagre[57].

Na verdade, a análise das leis naturais da conservação da energia e da entropia aponta claramente para um momento inicial em que uma fonte sobrenatural introduziu energia e ordem no Universo, tal como a Bíblia ensina. A actividade do nosso Universo depende da existência de determinados princípios, exactamente como um computador depende de software. Será razoável pensar que tudo isso surgiu por acaso? Mas o mais surpreendente é a hiper-sintonia do Universo. Na verdade, hoje sabemos que as condições necessárias para a vida dependem de uma cuidadosa e precisa sintonia do Universo [58]. A existência de centenas de coincidências antrópicas continua a intrigar a comunidade científica, mesmo quando a hipótese da criação é liminarmente posta de parte[59].

Quando se vai para além da imagem mítica popular do Big Bang e das muitas dezenas de imaginativas hipóteses explicativas e dos mais ou menos esotéricos modelos matemáticos, astrofísicos e computacionais que esta teoria tem suscitado (todos impossíveis de testar experimentalmente!) e se procura indagar sobre o que os cientistas realmente sabem sobre a origem do Universo, o resultado é bastante decepcionante para quem espera da ciência uma resposta às questões últimas da existência. Na verdade, a própria velocidade da luz continua a intrigar os cientistas que promovem o modelo do Big Bang, como demonstra o interesse e a paixão suscitados na comunidade científica pela obra do português João Magueijo[60]. Para alguns autores, mesmo a utilização frequente de expressões como “anti-matéria”, “matéria negra” e “energia negra”[61], não passa de confissões envergonhadas de ignorância[62].

Do mesmo modo, verifica-se que a origem e a localização das galáxias permanece um mistério, o mesmo sucedendo com a origem das estrelas, da Via Láctea e do nosso sistema solar[63]. Até a origem da Lua continua envolta em acesa discussão[64]. Embora alguns teólogos e cientistas cristãos tenham procurado harmonizar o Big Bang com o relato do Génesis, o CB tem recusado esse modelo, por razões teológicas e científicas. A verdade é que o Big Bang está longe de ser a única cosmologia cientificamente plausível, mesmo dando como bons os dados da teoria einsteiniana da relatividade, também eles objecto de contestação recente[65]. Mais, cientificamente ele conhece hoje uma trepidação cada vez maior[66]. É sintomático que o maior astrofísico inglês, Sir Fred Hoyle, tenha sido, até à sua morte, um dos maiores adversários da teoria do Big Bang[67].

De um modo geral, as pessoas pensam que existem vários métodos independentes para estimar a idade do Cosmos. No entanto, uma análise cuidadosa da questão veio revelar que também aqui se está perante um castelo de hipóteses edificadas sobre premissas indemonstráveis. Os métodos utilizados para proceder à datação do Universo dependem, em última análise, das mesmas premissas evolucionistas e uniformitaristas utilizadas para a datação da Terra. Na verdade, a TE serve de base ao cálculo da idade da Terra, como veremos adiante, verificando-se que é a partir da idade da Terra assim obtida que se vai proceder, sucessivamente, ao cálculo das idades da Lua, de Marte, do Sol, do sistema solar e do Universo [68]. Ou seja, longe de assentar em métodos cronométricos fidedignos,  o “jogo das datações” nada mais é do que a tentativa de encontrar tempo suficiente no Universo para que a TE tenha alguma plausibilidade racional.  Ainda assim, surgem frequentes anomalias neste “jogo”. Por exemplo, embora a idade estimada para o sistema solar seja de cerca de 4,5 a 5 billiões de anos, os modelos evolucionistas existentes sugerem que os planetas Urano e Neptuno não deveriam existir[69], já que precisariam, para a sua formação naturalista, de pelo menos 10 biliões de anos[70]. Isto, para além de que a teoria das probabilidades mostra que se trata ali de uma tentativa falhada.

O estado de coisas acima descrito tem conduzido alguns cientistas criacionistas, inspirados por declarações bíblicas acerca da expansão do Universo e utilizando o instrumentário conceptual da teoria da relatividade geral,  a propor cosmologias que, sendo inteiramente compatíveis com a realidade dos muitos milhões de anos luz que nos separam das galáxias mais longínquas, também se mostram adequadas a uma criação recente do Universo, tendo como ponto de referência  o tempo do planeta Terra. Um dos mais influentes autores neste domínio é o físico e matemático norte-americano Russell Humphreys, do Sandia Laboratório Nacional de Albuquerque, no Novo México, com a sua teoria dos “buracos brancos”[71]. A sua perspectiva sugere que diante de um Deus para quem “mil anos são como um dia”[72], a pergunta a fazer não é tanto a de saber há quanto tempo existe o Universo, mas sim quanto tempo existe nas diferentes partes do Universo. Além disso, baseado na análise da cor mais ou menos avermelhada da luz irradiada pelas galáxias (redshifts), e com base na Lei de Hubble, Russell Humphreys sustenta a tese de que as várias galáxias se encontram posicionadas em círculos concêntricos ideais, precisamente ordenados, e que a nossa galáxia está no centro do Universo[73]. Estes resultados põem em causa as teorias que, com base no princípio cosmológico ou coperniciano, têm procurado convencer-nos de que o nosso sistema solar e o nosso planeta são vulgares entre milhões de milhões de sistemas e planetas idênticos, num Universo sem pontos de referência.

Tais resultados, a par de outras cosmologias neo-criacionistas, têm vindo a ressuscitar o interesse na consideração da Terra como planeta único e privilegiado, mas agora em moldes pós-copernicianos. Mas não se pense, de forma precipitada, que só os criacionistas têm explorado estas novas cosmologias. O desconforto que um  número crescente de cientistas não criacionistas vem sentindo com a teoria do Big Bang, está na origem do acolhimento de princípios idênticos aos propostos por Russel Humphreys num dos mais recentes números da prestigiada revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences[74], por sinal um dos principais bastiões do evolucionismo[75]. A generalização da crença de que tudo foi criado por uma grande explosão diz mais acerca da condição existencial da sociedade que sustenta essa crença, do que da criação propriamente dita. Os criacionistas chamam a atenção para o facto de que o naturalismo evolucionista, desprovido de qualquer explicação convincente para a origem do Universo, tem que ser aceite pela fé.

A TERRA COMO PLANETA PRIVILEGIADO

Deus estendeu a abóbada celeste sobre o vazio, e suspendeu a Terra sobre o nada.

Jó 26:7

Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a Terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro.

Isaías 45:18

Tornou-se um lugar comum, edificando sobre Copérnico, propagar a ideia de que a Terra é apenas um planeta entre milhões e milhões de planetas idênticos, perdidos num Universo sem qualquer sentido e propósito. Este mantra é repetido a uma só voz da forma mais sonante. Tomemos como exemplos alguns dos mais conhecidos defensores da cosmologia evolucionista da actualidade. Stephen W. Hawking e George F. R. Ellis[76] sustentam a ideia de que, desde o tempo de Copérnico fomos relegados ao estatuto de um planeta de tamanho médio, rodando à volta de uma estrela média, no bordo exterior de uma galáxia mediana, que não passa de um num grupo local de galáxias. Na verdade – dizem ainda os autores – somos agora tão democráticos que não pretendemos que a nossa posição no espaço seja de alguma forma especial. Por seu lado, Carl Sagan[77] afirma que o nosso planeta é um grão de areia solitário na escuridão cósmica envolvente. Na nossa obscuridade, nesta vastidão – diz ele – não existe um indício de que qualquer ajuda possa vir de qualquer lado para nos salvar de nós próprios.

Muitos outros exemplos poderiam ser apresentados, embora nos pareça que estes são suficientes para mostrar o que está em causa. Existe apenas um pequeno problema com o entendimento destes autores. É que está por encontrar no espaço um planeta que reuna, como a Terra, as condições necessárias para a vida. As probabilidades de isso vir a acontecer foram matematicamente avaliadas como sendo uma em triliões de triliões de triliões de triliões de triliões, etc. Mesmo nos sectores não criacionistas assiste-se hoje a uma recuperação, em termos  pós-copernicianos, do interesse pela singularidade do planeta Terra[78]. A este propósito os cientistas chamam a atenção para o facto de que a Terra dá mostras de ter sido  precisamente configurada para ter condições necessárias à vida, como por exemplo, água em estado líquido. Exactamente como seria de esperar se a vida tivesse sido intencionalmente desejada e criada. Um pouco mais próxima do Sol, a água evaporaria. Um pouco mais distante, a água gelaria[79]. A Terra tem cerca de 500 milhões de quilómetros cúbicos de água – esse solvente universal – não existindo nem mais uma gota no resto do sistema solar[80].

Isto não exclui liminarmente a existência de água em estado não líquido em Marte, ou noutras partes do Universo, tanto mais quanto é certo que nos primeiros versículos de Génesis se diz que a água desempenhou um importante papel na criação de todas as coisas e que Deus fez desde logo separação entre águas debaixo do firmamento e águas por cima do firmamento[81]. Na verdade, água, na forma de gelo, pode ser encontrada em cometas, anéis planetários, nos pólos da Lua,  provavelmente em Vénus, em luas de grandes planetas, asteróides, etc. Na cosmologia de “buracos brancos” do criacionista Russell Humphreys, acima mencionada, a água desempenha um papel central na explicação da origem do Universo. Porém, dizer que a existência de água é evidência de vida faz tanto sentido como dizer que a existência de metal é evidência da presença de um Airbus A 380.

O importante é notar, por um lado, que o fosso entre H20 e a molécula de DNA – com a espantosa quantidade e diversidade de informação nela armazenada – é abissal, seja na Terra, em Marte ou em qualquer parte do Universo, e, por outro lado, que, muito para além da água, a vida em si mesma necessita de uma sintonia precisa de múltiplas variáveis para subsistir. E se fossem outras as propriedades atómicas da matéria? E se o Sol fosse um pouco menor ou maior? E se estivesse um pouco mais próximo ou mais distante da Terra? E se não existisse a atmosfera com a camada de ozono para filtrar os raios ultravioleta e permitir a entrada da luz solar? E se a luz solar fosse ligeiramente mais avermelhada ou azulada? E se a luz solar entrasse, mas não existisse esse complexo mecanismo, que é a fotosíntese, para converter a luz em energia aproveitável? E se fosse outra a inclinação do eixo de rotação da Terra? Está hoje demonstrado que qualquer pequena alteração destas variáveis colocaria seriamente em causa a vida no planeta Terra. Todas estas perguntas – entre um muitas outras possíveis – mostram que a Terra é realmente um planeta privilegiado, exactamente como seria de esperar à luz da revelação bíblica que afirma que o ser humano é um filho querido e desejado pelo Criador – que preparou a Terra para o receber – e não um acidente cósmico desprovido de sentido e propósito.

Um destaque especial merece a Lua, cuja origem permanece um mistério para a ciência[82]. Ela estabiliza o eixo da Terra, ao mesmo tempo que influencia as marés, impede a estagnação das águas, influencia as estações do ano e assegura alguma luminosidade de noite.  E se houvesse duas luas? E se não houvesse nenhuma? Em qualquer destas hipóteses os efeitos sobre a vida na Terra seriam devastadores. Por seu lado, a interacção gravitacional entre o nosso planeta e a Lua é fundamental para a conservação da vida. Do mesmo modo, a rotação e a translação da Terra asseguram um aquecimento moderado e equilibrado do planeta, fundamental para a vida e para as estações do ano. Refira-se ainda que o Sol é 400 vezes  maior do que a Lua e se encontra a uma distância da Terra também 400 vezes maior que a mesma, facto que dá lugar aos eclipses mais belos e cientificamente mais produtivos que se conhecem[83].

Hoje alguns cientistas não criacionistas vão ao ponto de falar na existência de uma “zona galáctica habitável”, chamando a atenção para o facto de que a hiper-sintonia se estende a todo o Universo. De acordo com este entendimento, a Terra encontra-se numa zona particularmente propícia à sustentação da vida, como não há outras na Via Láctea. Dizer isto não é aderir a uma concepção pré-coperniciana, mas sim pós-coperniciana, baseada numa séria e honesta apreciação das evidências. A ciência naturalista fala a propósito desta precisa sintonia do planeta Terra para a Vida de um altamente improvável “princípio antrópico”[84]. Diferentemente, o CB interpreta os mesmos factos à luz de uma altamente provável criação especial ex nihilo. Os evolucionistas gostam de afirmar que, só por si, as coincidências antrópicas não provam a criação. A verdade, porém, é que em matéria de coincidências antrópicas as probabilidades corroboram o CB e não a TE.   

A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA VIDA

Que a Terra produza toda a espécie de seres vivos… conforme as suas diferentes espécies.

Génesis 1:24

Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, outra a carne dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes.

I Coríntios 15:39

A teoria evolucionista defende a teoria da abiogénese, isto é, do surgimento da vida a partir de não-vida, contra a lei biológica da biogénese. Fala-se frequentemente de uma “sopa pré-biótica”, da qual a vida teria necessariamente de resultar. Tudo por mero acaso, claro! Na verdade, a que outra conclusão se poderia chegar partindo de premissas exclusivamente naturalistas, que recusam a possibilidade de um Criador a priori? Uma vez removida a hipótese da criação especial, a única hipótese que resta, no domínio da fé darwinista, é a geração espontânea, por mero acidente [85]. Outra coisa é saber se existe realmente evidência científica nesse sentido. Também aqui, quando se vai além da adivinhação inspirada e da imaginação criativa dos cientistas, esbarra-se com  uma profunda dose de ignorância especulativa, que, embora seja expressamente reconhecida por muitos evolucionistas[86], escapa à generalidade das pessoas. Existem vários problemas sérios com a TE neste âmbito.

O primeiro tem que ver com a questão das probabilidades. Na verdade, a probabilidade de um sistema simples de replicação se formar por ele mesmo é tão baixa, que deve ser considerada praticamente igual a zero[87]. Ela é muito menor do que uma num número igual a todas as partículas do tamanho de um electrão que caberiam em todo o Universo. Existem muitas formulações deste problema, mesmo em sectores não criacionistas. Por exemplo, Duane Gish mostra que a probabilidade de surgir por acaso um hipotético organismo funcional constituído por 200 nucleótidos ordenados seria a de um em um bilião de triliões, mesmo dando como demonstrada uma idade para a Terra de 4,5 biliões de anos. Do mesmo modo, Fred Hoyle[88], afirmava que, mesmo depois de descontar a necessidade de garantir o concurso simultâneo de um número elevadíssimo de outras variáveis cósmicas, a probabilidade da formação da vida a partir de matéria inanimada é uma num número com 40 000 zeros depois dele. Nas suas palavras, isso é mais do que suficiente para enterrar Darwin e toda a TE.  É sintomático que Fred Hoyle tenha acabado por acreditar na criação.

A probabilidade de uma hipotética proteína funcional com 100 aminoácidos precisamente sequenciados surgir por acaso é de 1×10127, ou seja, 1 em 10 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 [89]. As probabilidades infinitesimais envolvidas na TE transcendem tudo o que a mente humana pode compreender. Talvez ajude se se disser que está calculado ser mais provável uma mesma pessoa ganhar a lotaria nacional todos os dias do século XXI, do que uma “simples” célula surgir por acaso[90]. É que no caso da célula – e no corpo humano existem cerca de 75 triliões! – as probabilidades de geração casual (i.e. de não ter sido criada) foram estimadas em menos de 1 em 10 57800, um número simplesmente incompreensível para a mente humana, particularmente se considerarmos que 1080 é “apenas” o número estimado de átomos existentes no Universo[91].

Se um qualquer dirigente desportivo da nossa praça justificasse a sua fortuna dizendo que tem ganho a lotaria todas as semanas nos últimos dez meses, será que os poderes públicos deveriam aceitar essa justificação como razoável? Ou deviam desconfiar e investigar outras causas muito mais prováveis? Poder-se-á argumentar que sempre que alguém ganha a lotaria isso é altamente improvável do ponto de vista de quem ganha. É verdade. No entanto, também é verdade que numa lotaria é sempre muito provável que alguém tenha o bilhete premiado. Muito mais difícil é acreditar que a mesma pessoa possa ter adquirido a sua fortuna ganhando a lotaria todos os dias ou semanas de um único século por mero acaso. Do mesmo modo, embora seja sempre provável, em abstracto, a ocorrência aleatória de uma qualquer combinação entre muitas combinações possíveis de elementos químicos, já é infinitamente improvável que uma sucessão de combinações aleatórias tenha conduzido à formação da molécula de DNA, de múltiplos aminoácidos, de proteínas funcionais, máquinas e motores moleculares, células e seres vivos,  cuja complexidade estrutural e funcional mesmo a totalidade dos cientistas do mundo está muito longe de conseguir compreender[92].

Para fugir ao problema das probabilidades infinitesimais, a resposta dos evolucionistas tem sido a de ficcionar a existência de múltiplos universos, anteriores ou paralelos, tentando dessa forma aumentar as probabilidades do surgimento da vida por acaso [93]. De acordo com este entendimento, se postularmos a existência de um número extremamente elevado, as probabilidades de nalgum deles existirem condições para a vida aumentam significativamente. Trata-se, porém, de pura especulação, cujo objectivo consiste em evitar, a todo o custo, como disse o conhecido evolucionista Richard Lewontin, a entrada de um “pé divino na porta”[94] da sua ciência materialista. Para além de tornar ainda mais difícil a questão das origens – já extremamente complicada apenas com um Universo – esta estratégia não prova nada, a não ser o facto de que a fé dos evolucionistas é manifestamente irrazoável, embora seja admirável a sua capacidade para acreditar em coisas altamente improváveis. Em todo o caso, esta estratégia só confirma o que os criacionistas vêm dizendo: este Universo tem condições favoráveis para a vida altamente improváveis. Na verdade,  muitos evolucionistas admitem hoje abertamente que a TE, no sentido amplo do termo, só é viável se se acreditar piamente em entidades misteriosas e milagres matemático-probabilísticos – o que não deixa de ser irónico, tendo em conta os seus constantes esforços para desacreditar ou explicar racionalmente os milagres descritos na Bíblia. Para o CB, se a probabilidade de a TE estar correcta quanto à origem acidental da célula é inferior a 1 em 10 57800,é legítimo afirmar, sem qualquer sacrifício do intelecto, que a criação ex nihilo é infinitamente mais provável do que a  evolução.

Um segundo problema tem que ver com a total inexistência de evidências da teoria da abiogénese. O biólogo australiano Michael Denton[95], afirma que, tendo em conta o modo como a sopa pré-biótica é referida em tantas discussões sobre a origem da vida como uma realidade estabelecida, torna-se um choque perceber que não existe absolutamente qualquer evidência positiva da sua existência! No mesmo sentido, Noam Lahav, observa que um número significativo de cientistas tem colocado em questão o conceito de sopa pré-biótica, referindo que, mesmo que tenha existido, a concentração de blocos orgânicos de construção da vida teria sido demasiado pequena para ser significativa para a evolução pré-biótica. Mesmo as teses do “mundo RNA” ou da “vida a partir das rochas” continuam sem resolver o problema da origem da vida. Na verdade, são cada vez mais os autores a notar, como Klaus Dose[96], que mais de trinta anos de experimentação sobre a origem da vida nos campos da evolução química e molecular conduziram a uma melhor percepção da imensidade do problema da origem da vida na Terra, em vez de fornecerem a sua solução.

Nos anos cinquenta do século XX, as famosas experiências Miller-Urey[97], que conseguiram sintetizar uns quantos aminoácidos em condições precárias e extremamente controladas, levaram muitos a prever para breve a resolução do problema da origem espontânea da vida. No entanto, também aqui os resultados não têm sido mais do que uma confissão de ignorância, desde então sem quaisquer progressos significativos, como concluem os especialistas na área [98]. O conhecido cientista Paul Davies, por sinal um agnóstico, considera que os cientistas não estão hoje mais perto do que estavam há quarenta anos atrás de resolver a questão da origem da vida[99]. Coloca-se assim uma questão fundamental: por que razão se sustenta ser intelectualmente imperioso aceitar a TE, de matriz naturalista e materialista, se ela não consegue responder, de forma minimamente satisfatória, à questão primeira e fundacional da evolução que é a da própria origem da vida?  Não é por acaso que muitos evolucionistas, chegados a este beco sem saída, optam por uma retirada estratégica e tentam dissociar a TE da questão da origem da vida.

Um terceiro problema prende-se com a impossibilidade da evolução em face da segunda lei da termodinâmica[100]. Esta afirma que, com o tempo, todos os sistemas, abertos e fechados, tendem naturalmente da ordem para a desordem, do complexo para o simples, da informação para o “ruído”. Quando confrontam a evolução da vida, os evolucionistas sustentam que o oposto aconteceu, isto é, que o tempo mais o acaso criaram ordem e complexidade. Na base do seu argumento está a ideia de que a referida lei só se aplica a sistemas fechados ou isolados, o que não acontece com a Terra, na medida em que obtém energia do Sol, por exemplo. No entanto, um número cada vez maior de cientistas tem notado que a lei se aplica a todos os sistemas, abertos e fechados, e ao Universo no seu todo. Aliás, mesmo os seres humanos, que são sistemas abertos, tendem a deteriorar-se. De resto, não basta a existência de uma fonte de energia para que qualquer coisa possa acontecer num sistema aberto.  A resposta dos evolucionistas é, invariavelmente, de que o Universo no seu todo caminha para a desordem, pelo que a existência de ordem pontual não contraria a segunda lei da termodinâmica. No entanto, está ainda por encontrar e explicar a força cósmica que permite à evolução contrariar, de forma sistemática, a segunda lei da termodinâmica. Nalguns casos, a pretensa solução deste problema apoia-se em noções vagas como as de “evolução cósmica”, “fractais”, ou “estruturas dissipativas”[101].

No entanto, esta orientação não explica como se formou toda a ordem do Universo, nem diz quanta ordem localizada é compatível com a desordem globalizada. Além disso, a mesma peca por confundir ordem (v.g. cristais; flocos de neve) com complexidade especificada e irredutível (v.g. cillium, flagellum bacterianum)[102]. Serão o caos e o acaso os responsáveis pelo cérebro humano e os seus triliões de ligações, por muitos considerado o mecanismo mais complexo que se conhece no Universo? O biólogo não criacionista Michael Denton responde a esta interrogação com um rotundo: não![103] O que se verifica é que sempre que os sistemas “evoluem” de uma estrutura simples para uma mais complexa, é necessária a verificação de condições muito especiais, incluindo, pelo menos, duas coisas: um código com informação pré-estabelecida (v.g. DNA) e um sistema preciso de conversão de energia (v.g. fotosíntese).

Um quarto problema prende-se com a existência, na biologia, de numerosos exemplos de máquinas moleculares irredutivelmente complexas, inexplicáveis com base na operação gradualista de mutações aleatórias e selecção natural. Um dos mais carismáticos expositores da TE, Richard Dawkins[104],   explica que este mecanismo cego, inconsciente e automático é o responsável pela evolução das formas mais básicas e simples de vida para as mais elevadas e complexas, até se chegar a essa maravilha natural que é o cérebro humano. Porém, qualquer leitor atento não deixará de notar os obstáculos insuperáveis com que este entendimento se defronta.

a) Em primeiro lugar, ele é puramente especulativo, já que ninguém alguma vez viu o surgimento de uma característica completamente nova numa espécie existente através daquele processo. As mutações, sendo raras, raramente são benéficas, e quando são benéficas para um indivíduo, raramente são benéficas para uma população[105]. Elas são geralmente responsáveis por deficiências graves e doenças letais. Os criacionistas não negam as mutações, limitando-se a salientar a sua natureza patológica, na origem de defeitos genéticos, doenças e outras formas de variação negativa dentro das espécies. As mesmas tendem a deteriorar a informação genética do genoma, não a aumentá-la.

Do ponto de vista do CB, as mutações remetem naturalmente para o relato bíblico de uma criação perfeita, seguida da queda no pecado e da corrupção resultante. Além disso, as mesmas não criam informação genética nova, que codifique novas estruturas e funções, limitando-se a seleccionar, eliminar, duplicar, trocar ou recombinar informação genética pré-existente, como foi recentemente demonstrado pelo biofísico Lee Spetner, depois de estudar mutações durante várias décadas [106]. Acresce que a selecção natural, como o próprio nome indica, é conservatória e eliminatória, não criando nova informação genética. Isto, não falando no problema das probabilidades infinitesimais envolvidas, que tornam a evolução por mutações aleatórias virtualmente impossível[107]. Pequenas variações em função do meio (microevolução), não podem ser utilizadas como “prova” da evolução (macroevolução)[108], já que as mesmas se apoiam em informação genética pré-existente. Deduzir a macro-evolução da micro-evolução é uma fantasia invertida destituída de sentido!

De nada vale brandir as variações nas dimensões dos bicos dos tentilhões, que Darwin observou nos Galápagos, nem argumentar com o desenvolvimento da resistência dos vírus aos antibióticos[109]. Do ponto de vista do CB, semelhantes variações, além de não criarem informação genética nova, são, na generalidade dos casos,  exactamente o que seria de esperar da criação da vida por um Ser inteligente, dotada de capacidade de adaptação a alterações do meio, tal como os engenheiros que conceberam as sondas espaciais procuraram criar condições para que as mesmas se possam adaptar às irregularidades de Marte.

Mesmo os exemplos de “criação de novas espécies” por cruzamento reprodutivo, tantas vezes apregoados como evidências da evolução, nada mais são do que a recombinação de informação genética pré-existente.  O CB não nega, nem as mutações aleatórias, nem a selecção natural. Do mesmo modo, não nega a existência de exemplos de “especiação”, como seja, por exemplo, o surgimento de 400 variedades de caninos dentro do “género” Canis familiaris[110]. Apenas afirma que nada disso tem que ver com a evolução propriamente dita, na medida em que nada disso implica ou explica a geração da imensa quantidade de informação genética nova, necessária ao processo ascendente de transformação gradual de partículas em plantas, animais e pessoas. As novas espécies assim criadas têm menos informação genética do que as anteriores, pelo o que só dá razão aos criacionistas quando os mesmos afirmam que toda a informação tem que existir no princípio[111].

b) Em segundo lugar, e contrariamente ao que sugere Richard Dawkins, não existe vida simples. Uma “simples” célula é mais complexa do que o mais complexo mecanismo criado pelo homem, além de ser uma maravilha inigualável de miniaturização tecnológica. Os autores que têm estudado enzimas e bactérias ficam maravilhados com a sua complexidade especificada, irredutível às suas partes componentes independentes [112]. Contrariamente ao que pensava Charles Darwin, para quem as células não passavam de protoplasma indiferenciado, a generalidade das estruturas moleculares apresenta-se irredutivelmente complexa, necessitando as suas estruturas do concurso simultâneo de milhões de nucleótidos precisamente sequenciados e ajustados para poderem funcionar, o que não se explica, nem com base em mutações graduais aleatórias, ao longo de milhões de anos, nem com base em episódios pontuais de “evolução por saltos”[113]. O mesmo vale para determinadas estruturas e funções. Por exemplo, para funcionar o joelho necessita da verificação simultânea de 16 características críticas, codificadas através de milhares de instruções precisas no DNA[114]. Quanto forneceu a sua “explicação” sobre a evolução do olho humano – que os menos informados ainda levam a sério – Charles Darwin não fazia a mais pequena ideia, por exemplo, da existência de 400 000 foto-receptores por ml2 da retina.O darwinismo, com a sua ênfase nas mutações aleatórias desprovidas de qualquer propósito ou objectivo sistémico, consegue explicar a complexidade cumulativa, mas não consegue explicar a complexidade irredutível de máquinas moleculares dotadas de múltiplas partes funcionalmente integradas e precisamente coordenadas.

c) Em terceiro lugar, o registo fóssil insiste em não assinalar evidências plausíveis de uma evolução gradual das espécies, como tem sido reconhecido mesmo pelos mais proeminentes evolucionistas[115]. Stephen Jay Gould, o recentemente falecido professor de Harvard, um dos mais empenhados e destacados defensores da evolução, admitiu que “a falta de espécies intermédias no registo fóssil é o segredo profissional dos paleontologistas”. Para este autor, nem sequer se consegue imaginar a existência de elos intermédios plenamente funcionais entre as diferentes espécies [116]. Ora, o processo evolutivo gradual de milhões de anos, tal como imaginado pelo neodarwinismo, deveria ter deixado milhões de fósseis intermédios, e não apenas a mão cheia de exemplos altamente controversos actualmente existente, tanto mais que existem biliões de fósseis de espécies claramente definidas. Os museus de história natural deveriam estar cheios de fósseis intermédios, o que não sucede[117].

Como notou Stephen Jay Gould, o registo fóssil, longe de demonstrar a evolução gradual das espécies, caracteriza-se pela aparição abrupta de uma ampla diversidade de espécies plenamente formadas e pela sua permanência. De resto, também o já mencionado Ernst Mayr concede este mesmo ponto[118]. Os problemas daqui resultantes para a TE são insuperáveis. O próprio Charles Darwin admitiu que a falta de evidência das formas intermédias significaria a refutação da sua tese. Ponderando as vias de solução para esta questão, Niles Eldredge, um conhecido paleontologista evolucionista, sustentou que existem fundamentalmente duas alternativas para os evolucionistas: ou se conserva a teoria neodarwinista tradicional, a despeito da inexistência de evidências, ou se adopta um modelo de evolução através de grandes saltos, a despeito de este assentar em proposições biológicas muito dúbias.

Perante esta encruzilhada, Richard Dawkins manteve-se fiel ao gradualismo neodarwinista, apesar da inexistência de qualquer evidência fóssil nesse sentido, por considerar que a evolução por saltos é biologicamente impossível. Em sentido contrário, o paleontologista Stephen Jay Gould sustentou a evolução por saltos, apesar da inexistência de qualquer fundamento biológico, por considerar que não existe qualquer evidência fóssil de gradualismo[119]. Quanto a esta questão, o CB concorda com Stephen Jay Gould, ao defender a inexistência de qualquer evidência paleontológica séria de evolução gradual, concorda com Richard Dawkins, quando este afirma que a evolução por saltos é biologicamente impossível, mas discorda de Niles Eldredge quando este afirma que o gradualismo e o saltacionismo são as duas únicas alternativas, já que ambas não têm qualquer base empírica. Para o CB, a criação especial é a única via cientificamente plausível.

Um quinto problema diz respeito à impossibilidade, já anteriormente referida, de demonstrar empiricamente a TE. Muitos outros evolucionistas têm admitido a existência aqui de um problema sério. Por exemplo, Keith Stewart Thompson afirma que um dos mais óbvios desafios da TE consiste em provar empiricamente a evolução. Nas suas palavras, existem entre dois a dez milhões de espécies sobre a Terra. Ora, o registo fóssil mostra (na cronologia evolucionista) que as espécies sobrevivem entre três a cinco milhões de anos. Assim sendo, para Thompson deveríamos poder observar um pequeno mas significativo número de novas espécies e extinções em cada década[120]. Sucede que, na avaliação do autor, não existe evidência, nos últimos 10 000 anos, do surgimento de qualquer espécie inteiramente nova. Isto, naturalmente, sem prejuízo da ocorrência de múltiplos fenómenos de especiação a partir de informação genética pré-existente. Este fenómeno é totalmente consistente  com o CB, que postula a dispersão dos casais de animais que sobreviveram ao dilúvio, seguida de uma rápida especiação a partir deles. Em todos estes casos, porém, a informação genética vai sucessivamente diminuindo, e não aumentando.

Como se vê, nada é mais absurdo do que a acusação de que o CB não atende aos dados da ciência. Pelo contrário, a TE é que enfrenta as maiores dificuldades na sua adequação aos factos. Ela apoia-se, não nos factos observáveis, mas na interpretação daquilo que não se pode observar, de acordo com premissas naturalistas indemonstráveis. Como dissemos, o problema da CB não é com a ciência, mas sim, e apenas, com o naturalismo nela pretende abusivamente “viajar sem pagar bilhete”. Pelo contrário, o naturalismo é que tem um problema muito sério com a ciência: se a abiogénese é impossível, o naturalismo também é impossível! As considerações expendidas demonstram que a explicação mais racional dos factos é a que aponta para a criação especial do Universo e da vida por Deus. A TE, com todas as suas pretensões de cientificidade, não explica a origem da vida, não identifica o ancestral comum, não dispõe dos elos intermédios da cadeia evolutiva nem tão pouco conseguiu precisar e especificar o mecanismo de evolução. Mais, a maior parte dos principais argumentos a favor da evolução (v.g. experiência Miller-Urey, homens-macacos, embriões de Haeckel, tentilhões dos Galápagos, Archaeopterix, homologias, fósseis de cavalos), tem sido refutada pela literatura especializada, não criacionista, mais recente[121].

O CB e a TE não se encontram numa posição de equidistância relativamente aos factos. Com efeito, pelo menos quatro coisas são empiricamente observáveis, e todas elas corroboram inteiramente o CB: 1) A vida surge da vida (minor vita ex vita), de acordo com a lei da biogénese. O contrário nunca foi observado por quem quer que seja. 2) As várias formas de vida reproduzem-se de acordo com a sua espécie, com pequenas variações. 3) Não há vida simples. Mesmo a mais simples célula é mais complexa do que o mais complexo dos mecanismos criados pelo homem. 4) Uma multiplicidade de diferentes formas de vida coexiste nos mesmos eco-sistemas. Como se disse, todos estes dados empíricos decorrem naturalmente do modelo CB, sendo previstos por ele, embora não sejam previstos pela TE e necessitem de uma explicação. Neste sentido, também os criacionistas podem dizer que o presente é a chave do passado! Quem diz que a Bíblia não é correcta do ponto de vista científico devia ter em conta o facto de que a biologia bíblica se adequa plenamente a estes dados empíricos, na medida em que postula a criação quase simultânea das várias espécies. Em vez de um ancestral comum, ela parte do princípio da existência de um Criador comum.

UNIFORMITARISMO, CATASTROFISMO  E DILÚVIO GLOBAL

Cobriste-a com o mar profundo, como se fosse um manto, e as águas taparam as montanhas. Mas tu repreendeste-as e elas fugiram. Estremeceram ao ouvir a tua voz de trovão. Subiram montanhas, desceram vales, até ao lugar que lhes determinaste, até aos limites que lhes proibiste ultrapassar, para que o mar não volte a cobrir a Terra.

     Salmos 104 6-9

Não poupou ao mundo antigo, embora preservasse a Noé, pregador da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios.

    II Pedro 2:5

O CB não se limita a afirmar a veracidade do relato do Génesis no mundo da subjectividade e da fé. Ele afirma a sua veracidade em todos os domínios do mundo real. Daí que também no campo da geologia o CB faça afirmações que colidem frontalmente com aquelas teorias científicas que assentam em premissas naturalistas. Importa salientar, antes de mais, que os dados geológicos e o registo fóssil são os mesmos, tanto para evolucionistas como para criacionistas. No entanto, a interpretação geocronológica e biológica que deles é feita por uns e outros é substancialmente diferente, sendo que, também aqui, a interpretação do CB é aquela que melhor permite explicar os dados empíricos. Uma área extremamente interessante é a que diz respeito aos vários métodos através dos quais se tem procurado datar a idade da Terra. O CB tem procedido à análise meticulosa de todos eles. No entanto, não é possível dar conta disso neste momento. Nas linhas subsequentes iremos apenas tecer algumas breves considerações sobre dois temas intimamente relacionados entre si: a coluna geológica e o registo fóssil na sua relação com a evolução das espécies. Finalizaremos com algumas considerações sobre o dilúvio global descrito no livro de Génesis o qual, de acordo com o CB, explica melhor a realidade geológica e o registo fóssil.

A geologia moderna, tem vindo a interpretar as diferentes formações rochosas com base nos postulados naturalistas do uniformitarismo do Lyell e do evolucionismo de Darwin[122]. Para Lyell, um jurista de formação, os processos geológicos observáveis no presente são a chave para a compreensão dos processos ocorridos no passado. São estes postulados que estão na base do modelo da coluna geológica, que vai desde a era pré-Cambriana até ao Pleistoceno, utilizada pela TE para demonstrar a extrema antiguidade da Terra e a existência de um processo de evolução das espécies, desde uma partícula até ao ser humano. Ambas as coisas estão intimamente relacionadas, na medida em que a TE necessita de uma Terra suficientemente antiga para a evolução ter alguma plausibilidade. Na verdade, a despeito de toda a sofisticação intelectual apregoada, a relação da TE com o tempo é espantosamente simplista. Para a TE, o tempo é uma espécie de alcatifa para baixo da qual são varridas todas as dificuldades colocadas pelo mecanismo de mutações aleatórias e selecção natural. Para a TE, desde que haja tempo suficiente, tudo é possível, mesmo um chimpanzé escrever os planos de construção de um Airbus A 380. Para a TE, o tempo é o verdadeiro criador de todas as coisas. Por outras palavras, Deus não tem poder para criar o Universo a partir do nada; só o tempo tem esse poder. Isto, note-se, apesar de a evolução aleatória das espécies ser um milagre matemático-probabilístico, mesmo para uma suposta idade da Terra de 4,5 biliões de anos. O criacionismo em geral é compatível com qualquer idade da Terra, embora o CB postule uma idade recentíssima (cerca de 6 a 7 000 anos).

As rochas sedimentares são o resultado de materiais sólidos transportados pela água e pelo vento e compactados por camadas de depósitos que a elas se sobrepõem. Para calcular a idade das rochas sedimentares, os geólogos não se baseiam, em ultima análise, na respectiva aparência, nos seus conteúdos minerais, nas suas características físicas estruturais, na sobreposição vertical ou na idade das rochas adjacentes[123]. É certo que, num primeiro momento, esses e outros elementos são reconduzidos a um mapa geológico através do qual as rochas são avaliadas nas suas relações de campo[124].

Do mesmo modo, os geólogos medem a espessura das camadas de sedimentos e calculam o tempo que elas teriam levado a formar-se com base nos ritmos de sedimentação actualmente verificados. É uma regra de três simples. Se a formação de uma camada de um centímetro de sedimento demora y, a formação de um metro de sedimento demora 100 x y. Subjacente a este método está a premissa do uniformitarismo[125]. No entanto, esta premissa é falível, já que uma grande espessura tanto pode ser o resultado de pouca água ao longo de muito tempo, como de muita água em pouco tempo. Com efeito, algumas catástrofes naturais têm demonstrado a possibilidade de depósito rápido de várias camadas de rochas sedimentares em espaços de tempo muito reduzidos. Numa única tarde, a erupção do Monte de Santa Helena produziu sete metros de camadas de rochas sedimentares precisamente sobrepostas. Do mesmo modo, o Burlingame Canyon, próximo de Walla Walla, Washington, é uma réplica em ponto pequeno do Grand Canyon, tendo a sua formação sido observada em menos de 6 dias. O mesmo tem 450 metros de comprimento e 35 de profundidade[126]. Daí que, em última análise, os geólogos confiem, para a datação destas rochas, nos chamados fósseis de idade, considerados indicadores seguros de uma dada era geológica. No entanto, estes fósseis não trazem em si mesmos inscrita a sua idade. Eles têm que ser datados pelos geólogos, operação que necessariamente depende das premissas de que se parte[127].

A TE parte da premissa de que os fósseis traduzem um diferente estágio no processo de evolução das espécies. Essa premissa tem sido incorporada pela geologia moderna, desde Lyell. Assim, se 1) a datação das rochas sedimentares é feita com base na idade dos fósseis de idade, e se 2) a datação dos fósseis é feita com base na premissa de que houve evolução, segue-se que 3) a datação das rochas sedimentares é feita com base na premissa de que houve evolução. Ou seja, a idade da Terra tem sido deduzida a partir de métodos que, longe de provarem a sua extrema antiguidade e a existência de evolução, assumem-nas como premissas, dando dessa forma por demonstrado o que é necessário demonstrar. O CB tem chamado a atenção para o que de falacioso e tautológico existe neste raciocínio, sublinhando que não existe realmente aqui qualquer prova da escala temporal evolucionista.  Todavia, os problemas não acabam aqui, já que a continuação das investigações neste domínio tem conduzido à proliferação de fósseis poliestráticos, isto é, presentes num número cada vez maior de estratos de rochas sedimentares[128] e mesmo dos chamados fósseis vivos[129]. Isto, já não falando dos múltiplos exemplo em que rochas alegadamente mais antigas surgem por cima de outras muito mais recentes ou da descoberta de fósseis extremamente complexos nas rochas mais antigas[130]. Todos estes factos encaixam perfeitamente no modelo do CB. No entanto, para a TE o problema é tão sério a ponto de pôr em dúvida a própria existência da coluna geológica[131].

Mas a circularidade continua quando se trata dos métodos de datação por decaimento radioactivo utilizados para datar rochas vulcânicas[132]. É o caso, entre outros, dos métodos potássio/argon, rubídio/estrôncio e urânio/hélio/chumbo. No essencial, estes métodos são relativamente fáceis de compreender. Por exemplo, conhecendo-se o tempo de decaimento de urânio (pai) para chumbo (filho), medido de acordo com a sua “meia-vida”, é possível calcular a idade de uma rocha a partir da quantidade do elemento filho nela encontrada. Muitos utilizam estes métodos como prova da falsidade do relato bíblico da criação sustentando, com base neles, a extrema antiguidade da Terra. Todavia, estes argumentos não colhem. Desde logo, estes métodos de datação assentam em premissas uniformitaristas, insusceptíveis de demonstração. São elas, de um modo geral, as de que 1) o sistema permaneceu sempre fechado; 2) o sistema não continha inicialmente nenhuma quantidade do elemento filho ou continha uma quantidade precisamente determinada (v.g. chumbo); 3) a taxa do processo de decaimento manteve-se sempre constante.

O problema com estas premissas é simplesmente o de que não existem na natureza sistemas fechados, para além de que é impossível saber quais os componentes iniciais de um sistema em tempos pré-históricos. Por outro lado, sabe-se que na natureza nenhum processo se mantém constante [133]. Se existe alguma evidência empírica, ela demonstra que nenhuma das premissas mencionadas pode ser sustentada com segurança. De resto, tem sido observado que sempre que a datação obtida por via do registo fóssil (que pressupõe a evolução), difere da datação radiométrica (que pressupõe o uniformitarismo), os geólogos optam, em última análise pela primeira, sendo que não existe qualquer meio de datação geocronológica independente da prévia adesão fideísta a premissas evolucionistas e uniformitaristas.

Para além do problema das premissas, os próprios geólogos evolucionistas reconhecem que estes métodos podem conduzir a resultados muito díspares entre si, procurando resolver os problemas por via interpretativa. Por exemplo, um pedaço de madeira foi datado como tendo cerca de 100 000 anos, usando o método de Carbono 14, ao passo que a rocha dentro da qual ele se encontrava alojado foi datada, com base no método potássio/argon, como tendo 20 milhões de anos[134]. Além disso, tem havido casos, como os da datação das rochas originadas pelo vulcão do Monte de Santa Helena (Wa.), de 1980, em que rochas com uma idade conhecida, de cerca de 20 anos, foram datadas como tendo alguns milhões de anos[135]. Ora, se os métodos de datação têm dado resultados totalmente desadequados quando utilizados para datar rochas cuja idade é conhecida, como podemos confiar neles quando se utilizam para datar rochas de idade desconhecida?

De resto, foi recentemente demonstrado que nem mesmo as premissas uniformitaristas conseguem salvar estes métodos. No caso do método de decaimento urânio/hélio/chumbo, por exemplo, observou-se muito recentemente que, ao mesmo tempo que o chumbo (206) presente nas rochas graníticas aponta para uma idade de 1,5 biliões de anos, consistente com premissas uniformitaristas, já o hélio encontrado nos zircões, pequenos cristais radioactivos de rochas graníticas, sugere uma idade apenas de cerca de 6 000 anos![136] Estes e outros resultados apontam claramente para a ocorrência, no passado, de decaímento radioactivo acelerado[137].  Os evolucionistas confundem apressadamente a quantidade de isótopos nas rochas com a idade dessas rochas, embora sejam coisas diferentes!

No que diz respeito ao registo fóssil e à teoria da evolução das espécies, é interessante notar que logo quando formulou a sua teoria, Darwin reconheceu que a ausência de fósseis intermédios constituía uma séria objecção à sua teoria da evolução das espécies. Charles Darwin estava convencido que achados posteriores iriam permitir localizar os fósseis intermédios em falta. Como vimos anteriormente, isso não aconteceu. Pelo contrário. Mesmo os fósseis considerados mais antigos, apresentam uma espantosa diversidade, tendo surgido abruptamente, totalmente formados, plenamente funcionais e referenciando formas de vida tão complexas como as que existem actualmente.

Os evolucionistas falam com perplexidade da chamada “explosão cambriana”, alertando para o facto de que aí os fósseis encontrados mostram organismos inteiramente formados e funcionais, sem quaisquer antecedentes evolutivos[138]. Ou seja, depois de não se conseguir apoiar numa teoria da abiogénese claramente fundamentada, a teoria da evolução também não consegue explicar a origem súbita de múltiplas espécies no registo fóssil, por sinal dotadas já de características extremamente sofisticadas, como é o caso, entre outros, dos olhos das trilobitas[139]. Do mesmo modo, quando um fóssil aparece em várias camadas de rochas sedimentares, verifica-se que as suas características permanecem praticamente inalteradas. Já vimos que isto mesmo tem sido amplamente reconhecido pelos evolucionistas. O caso da suposta evolução das aves é paradigmático. Os milhões de elos intermédios que deveríamos poder encontrar deste processo simplesmente não existem[140]. Todavia, embora não tenham qualquer margem de manobra quanto aos factos, ainda assim insistem nas suas “fábulas engenhosas”, as quais, embora denotando uma grande imaginação, não podem confundir-se com os dados empíricos em si mesmos.

Em face do exposto, a geologia moderna não nos diz necessariamente a idade das rochas, mas apenas a idade que as mesmas teriam se fosse correcto o modelo interpretativo uniformitarista e adoptado pela TE. Só que esse modelo é incorrecto. A geologia moderna interpreta os dados geológicos e o registo fóssil como evidências da evolução. Isto, apesar do carácter falacioso da datação das rochas e do facto de o registo fóssil não apresentar quaisquer evidências da evolução das espécies e de o próprio processo de fossilização em larga escala sugerir a ocorrência de eventos catastróficos. Quando morrem, os animais normalmente não se fossilizam, antes se decompõem por acção microbiana ou são devorados por outros. Mas então,  pergunta-se: de que falam os dados da geologia? Qual é a sua mensagem?

Para o CB a resposta é clara. Longe de ter a extrema antiguidade sugerida pela geologia uniformitarista, a Terra é bem mais recente. De resto, nesse sentido apontam evidências significativas, como a detecção de hemoglobina em ossos de dinossauro não fossilizados (!), o efluxo de gases para atmosfera, a reduzida quantidade de hélio na atmosfera, a presença de hélio em zircões, a escassa erosão continental, o influxo de materiais para o oceano, o efluxo de materiais do manto para a crosta da Terra, a quantidade de sal nos oceanos, o decaimento do campo magnético da Terra, a velocidade de recessão da Lua, etc., etc.[141] Igualmente significativo é um estudo recente, levado a cabo por geólogos japoneses, corroborando a tese sustentada pelos criacionistas sobre a possibilidade de rápida petrificação da madeira em condições químicas adequadas, refutando a noção uniformitarista de que também este fenómeno precisaria de milhões de anos para poder ocorrer[142]. Isto, para além de outras evidências, como sejam a recente emergência das civilizações mais antigas, as estatísticas demográficas, etc.[143]

Mas se existem essas evidências de que a Terra é recente e se os fósseis desmentem a TE, como compreender então os dados geológicos e o registo fóssil? A esta interrogação o CB responde com a afirmação de que dados geológicos, com a sua configuração claramente catastrofista e registando a presença de milhões de fósseis de espécies inteiramente formadas, com o esmagador predomínio de invertebrados marinhos, constitui um testemunho eloquente, não da extrema antiguidade da Terra, como sustenta a TE, mas da ocorrência de um dilúvio global, incomparável com qualquer evento geológico anterior ou posterior, acompanhado de numerosas catástrofes locais subsequentes[144]. Não é por acaso que mesmo na geologia não criacionista tem vindo a ganhar expressão o neo-catastrofismo, colocando as maiores dúvidas sobre toda a geo- e biocronologia assente em postulados uniformitaristas.

Para o CB, os factos atestam que o dilúvio de Noé teve um forte impacto geológico, deslocando continentes, criando rochas, erodindo e redepositando sedimentos, elevando montanhas e inundando vales. É significativo o facto de que 75% da superfície terrestre se encontra coberta de água e que nos cumes das montanhas mais elevadas, incluindo o Evereste, se encontram sedimentos das profundezas do mar e fósseis de moluscos. Igualmente significativa é a recente descoberta de fósseis de dinossauros no Alasca e na Antártida, evidenciando alterações climáticas catastróficas.

Os vastos depósitos de sedimentos e fósseis, espalhados por toda a face da Terra, desprovidos de qualquer evidência da evolução das espécies, constituem exactamente o que seria de esperar de um dilúvio global. Na verdade, o que é razoavelmente se esperaria de um dilúvio global? Certamente biliões de espécies animais sepultados em camadas de rochas sedimentares em todo o mundo. É precisamente isso – e não evidencias de evolução! – que se encontra no registo fóssil. Mas para além disso, o dilúvio global tem muito a dizer sobre outros problemas que a geologia moderna ainda não conseguiu resolver cabalmente, como a deriva dos continentes, a tectónica de placas ou a Idade do Gelo[145]. O mesmo sucede com as reservas de carvão e petróleo, que têm a sua origem na subducção de grandes quantidades de matéria orgânica, onde é possível encontrar ainda restos semi-decompostos de plantas e Carbono 14 [146]. Alguns dos mais influentes criacionistas vão ao ponto de sustentar empiricamente uma dimensão cósmica para o dilúvio[147]. A aceitação do dilúvio é uma inferência racional com  base na melhor explicação.

Não deixa de ser significativo o facto de que as mais antigas civilizações conhecidas surgiram cerca de trezentos anos após o dilúvio de Noé, não parecendo muito plausível a explicação evolucionista de que o homo sapiens já existe há cerca de 150 000 anos e que só por mera coincidência é que as primeiras civilizações surgiram cronologicamente tão próximas desse suposto dilúvio e logo,  também por coincidência, com uma toponímia e toponomástica baseada nos nomes dos filhos e netos de Noé[148]. Igualmente digno de nota é o facto de nas mais variadas culturas, em todos os continentes, existirem tradições que aludem à ocorrência de um dilúvio global, com paralelismos espantosos entre si, tendo sido documentadas mais de 250, em contextos culturais tão diferentes como os da Babilónia, Pérsia, Síria, Turquia, Grécia, Roma, Rússia, China, Índia, América do Norte, Centro e Sul, Ilhas Fiji, Havai, Aborígnes na Austrália, etc.

Por sua vez, o relato bíblico aponta de forma inequívoca para um dilúvio global e só assim tem sentido nos seus pormenores (v.g. construção, ao longo de quase 100 anos, de uma embarcação com cerca de 150 metros de comprimento e condições óptimas de estabilidade; inclusão das aves na arca; imobilização da arca nas montanhas de Ararat e não no Golfo Pérsico). A TE rejeita não apenas o relato bíblico mas os demais testemunhos da antiguidade. Todavia, a única razão pela qual muitos rejeitam o dilúvio não é por falta de evidências empíricas, mas apenas pela sua adesão a priori aos postulados da geologia uniformitarista, mesmo contra as evidências. Mais uma vez, não é o CB que ignora os factos. De resto, não é por acaso que um conjunto crescente de autores não criacionistas, inspirado pelas mais recentes descobertas da arqueologia subaquática, vem chamando a atenção para o facto de que a história humana tem sido mal contada pela historiografia dominante, havendo evidências crescentes de que algo de excepcionalmente catastrófico aconteceu há alguns milénios atrás[149].

CRIAÇÃO E NATUREZA HUMANA

Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

Génesis 1:27

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a Lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco abaixo de Deus o fizeste; de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés.

Salmos 8:4-6

A TE tem um profundo impacto na imagem do ser humano, na medida em que, compreendendo a sua existência com base num processo materialista aleatório, cego e sem propósito, retira-lhe qualquer valor e sentido[150]. A racionalidade humana está posta em causa se o ser humano não passa de animal mais elevado, um agregado acidental de genes egoístas. A moralidade não faz sentido se Hitler e Madre Teresa são apenas o produto de reacções químicas aleatórias estruturalmente idênticas. As implicações éticas e jurídicas do evolucionismo foram bem compreendidas por Oliver Wendell Holmes, um dos mais importantes juristas norte-americanos do princípio do século XX – representativo do positivismo cientista e realista – que afirmou abertamente: “[I] see no reason for attributing to man a significance different in kind from that which belongs to a baboon or a grain of sand”[151].

Para uma nova geração de evolucionistas, o ser humano não passa de um “computador de carne”[152] (comparação que não deixa de ser argumentativamente intrigante, de um ponto de vista criacionista, já que os computadores, longe de terem surgido e evoluído por acaso, são das mais sofisticadas criações da inteligência humana e funcionam com base em informação!). Tendo começado com a  identificação do homem um  entre muitos animais, a separação do homem do seu Criador aprofunda-se agora com a sua consideração como uma entre muitas outras máquinas[153].

Em última análise, lançam-se assim as bases de um radical pessimismo nihilista  e de um pragmatismo amoral, uma agenda que não deixa de ser curiosa para uma teoria que se afirma exclusivamente preocupada com questões científicas[154]. Ora, também aqui há mais filosofia do que ciência. Na verdade, todas as afirmações da TE sobre a natureza humana baseiam-se, não em resultados científicos, mas em pontos de partida naturalistas, materialistas e evolucionistas. Para a TE, o estudo das origens é, acima de tudo, a arte de extrair conclusões suficientes de evidências insuficientes. Em sentido diametralmente oposto, o CB sustenta que o ser humano foi criado intencional e directamente por Deus, tal como a Bíblia relata. E todos os factos científicos, longe de refutarem essa afirmação, corroboram-na inteiramente. Quando se analisam mais de perto as evidências empíricas de que os evolucionistas dispõem para  fundamentar a evolução do homem, a única conclusão legítima é a de que eles têm muita imaginação e conseguem contratar bons artistas para lhes fazerem os desenhos dos hipotéticos homens-macaco. Na verdade, para o CB um exame sério das evidências dos primatas alegadamente ancestrais do homem tem permitido concluir que se está, alternativamente, perante situações de 1) fraude, 2) erro, 3) verdadeiros homens, 4) verdadeiros macacos[155].

Como exemplo da situação 1) encontramos, desde logo, o famoso Homem de Piltdown, que subsistiu entre 1912 e 1950. Impressionados pelo carácter aparentemente esmagador das evidências apresentadas, muitos cristãos de boa fé foram induzidos a adoptar posições de compromisso com o evolucionismo. Há cerca de 50 anos a fraude foi detectada e denunciada. Um outro exemplo de fraude 1) é o do homem de Minnesota[156]. Na categoria de erro 2), encontramos os exemplos do Homem de Nebraska, “criado” com base no dente de um porco,  do Ramapithecos, que afinal não passava de um orangotango, e do Homem de Orce, que era apenas o crânio de um burro. Como exemplo de macaco 4) encontramos, com toda a certeza, o Australopithecus. Este foi estudado durante quinze anos por Lord Solly Zuckerman, um dos mais competentes anatomistas da Inglaterra, juntamente com a sua equipa, tendo-se concluído que se estava perante um verdadeiro macaco. O seu discípulo Charles Oxnard, Professor de Anatomia nos Estados Unidos e na Austrália confirmou que não se está perante um ancestral do ser humano. Do mesmo modo, tudo indica que o Homem de Java e o Homem de  Pequim são verdadeiros macacos [157]. Por outro lado, do Homo Erectus pode dizer-se que é um verdadeiro homem[158]. Acresce que actualmente o debate em torno do Homem de Neandertal prende-se com saber se se trata de um verdadeiro homem (3), ou de um verdadeiro macaco (4), sem qualquer relação genética com o homem. A generalidade dos criacionistas, secundados por muitos evolucionistas, propende para o entendimento de que se trata de um verdadeiro ser humano – como sucede com os Pigmeus, os Zulus ou os Aborígenes – sofrendo de artrite e falta de vitamina D, em virtude das alterações climáticas resultantes da idade do gelo pós-diluviana[159]. Os criacionistas podem apresentar muitos outros exemplos que conduzem aos mesmos resultados.

Interessantes, neste contexto, são também os dados das estatísticas demográficas. Para obtermos o crescimento da população actual desde o dilúvio, necessitamos apenas de um acréscimo populacional médio de 0,45% ao ano, duplicando a população mundial cada 155 anos. Um número perfeitamente normal e aceitável, curiosamente semelhante ao crescimento do povo judeu desde o dilúvio até às vésperas do Holocausto, que foi de 0,44% ao ano. Absolutamente implausíveis são as estatísticas demográficas da TE. Se, como afirmam os evolucionistas, o primeiro Homo erectus  realmente surgiu há cerca de 1 milhão de anos atrás, mesmo as estimativas mais conservadoras, supondo um crescimento populacional médio de apenas 0,01% ao ano, dizem que a Terra deveria ter actualmente biliões de biliões de indivíduos, mais precisamente, 1043. Do mesmo modo, como a TE se compraz em especular, se realmente existiu uma Idade da Pedra de pelo menos 100 000 anos (ou, para alguns, 1 milhão de anos) em que os homens enterravam os seus mortos, então deveriam ter sido enterrados dezenas de biliões de cadáveres, juntamente com os seus artefactos. Ainda que aqueles se decompusessem, estes permaneceriam. Mas, onde é que eles estão?[160]

Também por aqui não se percebe por que é que são encontrados tão poucos elos intermédios da cadeia evolutiva. Nesta, como nas outras matérias, a explicação mais racional dos factos é dada pelo CB. Um recente artigo na revista Nature, baseado em estudos feitos por especialistas de matemática da Universidade de Yale e do MIT, na área da estatística populacional, apoiado na utilização de supercomputadores, veio demonstrar que o ancestral comum de todos os seres humanos vivos terá existido apenas há poucos milhares de anos atrás[161], também isso em plena consonância com as previsões do CB, que afirmam que Noé é o nosso ancestral comum. Este resultado foi considerado surpreendente pelos autores do estudo, embora só possa surpreender os evolucionistas. Mais uma vez se vê que quando se desce do plano das especulações antiteístas para o domínio dos factos propriamente ditos o CB tem vantagem sobre a TE.

De resto, outros factos parecem corroborar inteiramente o CB, embora algumas questões permaneçam em aberto e as conclusões não devam ser precipitadas. As investigações em torno do DNA mitocondrial, herdado preponderantemente da mãe (mtDNA), parecem sugerir que todos os seres humanos descendem de uma única mulher. A partir de “relógios moleculares” operando com base em premissas uniformitaristas e evolucionistas sobre as taxas de mutação, os cientistas vêm situando essa mulher num tempo algures entre 55 000 e 425 000 anos atrás[162], embora os métodos que se limitam a observar a taxa das mutações deste tipo de DNA, que é muito mais elevada do que o normal, juntamente com a atenção crescente às suas possibilidades de recombinação, apontem para uma datação muito mais recente, de há cerca de 6000 anos atrás, de longe mais de acordo com as previsões do CB[163]. O mesmo parece valer, com as devidas adaptações, para as investigações feitas em torno do Cromossoma Y, que demonstram que todos os seres humanos descendem de um mesmo homem, exactamente como previsto pelo CB[164]. É interessante que estudos específicos sobre o Cromossoma Y de Judeus e Árabes confirmam o ensino do Génesis sobre Abraão, na medida em que atestam que uns e outros descendem de um mesmo homem[165].

E que dizer da homologia que se verifica no DNA, na anatomia e na fisiologia dos seres humanos e dos chimpanzés, não falando agora dos outros animais? A mesma é utilizada frequentemente como evidência de um ancestral comum[166]. Na verdade, pode dizer-se que este é um do mais importantes argumentos actualmente mobilizados a favor da evolução. Isto, apesar de a evidência não ser sequer conclusiva[167]. Tautologicamente, explica-se a homologia a partir de um ancestral comum e este a partir da homologia. Ou seja, dá-se como demonstrado o que é preciso demonstrar. Para o CB a homologia anatómico-fisiológica entre as diferentes espécies não prova, por si só, a evolução. Desde logo, a mesma nem sempre resulta de processos de desenvolvimento biológico semelhantes, não existindo uma relação biunívoca entre homologias e semelhanças genéticas[168]. Na verdade, são frequentes os casos em que os evolucionistas, desafiando todas as probabilidades, têm que postular uma “evolução paralela” de estruturas totalmente diferentes entre si, mas dotadas de uma mesma função (v.g. olhos).

Além disso, as homologias são o resultado que seria naturalmente de esperar da existência de um Criador comum, o qual – à semelhança do que todos os dias fazem os engenheiros – usou os princípios, materiais e estruturas similares em diferentes criaturas. Na verdade, se não existisse qualquer continuidade genética entre os diferentes animais e plantas poderíamos ser levados a concluir pela existência de diferentes criadores em vez de um só[169], além de que não seria possível a assimilação, pelos animais, de nutrientes a partir da natureza. Os criacionistas não negam as semelhanças genéticas, apenas as interpretam como evidências de um criador comum, ao mesmo tempo que sublinham que as diferenças são mais relevantes do que as semelhanças. Na verdade, mesmo uma diferença genética de 5% entre os homens e os chimpanzés corresponde a 150,000,000 de pares de bases de DNA entre eles. Esta diferença, além de ser impossível de explicar com base nos “relógios moleculares” normais, faz toda a diferença na distinção dos seres humanos de todos os animais.

Para o CB, uma coisa é estudar as diferenças e as semelhanças genéticas entre as várias espécies. Aí, no domínio dos factos, não existe qualquer divisão entre a TE e o CB. Outra coisa é interpretar essas diferenças e semelhanças para tentar “provar” a evolução a partir de um ancestral comum. O problema é que o estudo das homologias não explica, por si só, como surgiu a informação genética necessária para a existência das diferentes espécies, nem permite preencher as lacunas no registo fóssil. Para o CB, é especialmente significativo o facto de que todos os seres humanos terem sequências de DNA extremamente semelhantes, ao ponto os evolucionistas terem de concluir pela origem única recente dos humanos modernos, também por aqui aproximando os factos do relato bíblico [170]. Em matéria de homologias, o CB e a TE têm diferentes interpretações para os mesmos factos.

Os evolucionistas gostam de comparar a inteligência dos chimpanzés com a do homem para daí retirarem ilações sobre a respectiva proximidade evolutiva, ficando obviamente confusos com descobertas como as que revelam que mesmo os corvos evidenciam uma maior capacidade de manipulação de ferramentas do que a dos chimpanzés[171]. Todavia, como se disse, a homologia, só por si, não demonstra a existência de um ancestral comum, tanto mais que as diferenças que distinguem o ser humano dos outros animais são mais significativas do que a homologia. Pense-se na capacidade humana de pensamento abstracto e de criação, no seu interesse pela ciência, tecnologia, arquitectura, literatura, pintura, música, etc. Um chimpanzé não conseguiria ler e compreender uma única frase deste artigo, mesmo que a conseguisse dactilografar por mero acaso. O pensamento abstracto é indissociável da competência linguística humana, que consiste num importante mecanismo de produção, armazenamento e transmissão de informação.

A origem e a evolução da linguagem humana permanece um mistério para a TE[172]. Não existe qualquer vestígio de evolução da fala a partir de grunhidos ou latidos animais. Existem numerosos mecanismos através dos quais os animais comunicam informação mas nenhum deles constitui um antecedente evolutivo da linguagem. Esta supõe a convergência simultânea de um conjunto irredutivelmente complexo de elementos de software (pensamento abstracto; informação) e hardware anatómico e fisiológico[173]. Isto, para além da sua ligação aos demais sentidos. Para além de puras especulações, a TE nada tem a dizer sobre este tema para além da  constatação incontornável de que só os seres humanos é que adquiriram essa capacidade adaptativa única, de origem biologicamente indefinida[174].

Confrontado com a unicidade da linguagem humana, Steven Pinker, ex-Director do Centro de Neurociências Cognitivas do MIT[175] e agora a trabalhar em Harvard, refere-se ao fenómeno como uma “maravilha da natureza”, um “milagre”, com um “design” completamente diferente do das outras formas de comunicação animal. Um criacionista não diria melhor! Mesmo o ateu convicto Noam Chomski reconhece que não existe nada, em nenhuma espécie animal, que se aproxime remotamente da linguagem humana[176]. Apesar de os factos desmentirem a TE também neste domínio, estes autores continuam a achar racional e intelectualmente sofisticado sustentar esta teoria contra as evidências.

A origem e a unicidade da linguagem humana não é um mistério para o CB, que aceita a premissa de que o Homem foi criado à imagem e semelhança de um Deus que se apresenta a si mesmo como Verbo Eterno[177]. Quando Deus criou o Homem falou imediatamente com ele e deu-lhe a possibilidade de entender e de usar a fala[178]. Por sua vez, a origem de múltiplas línguas constitui um mistério acrescido para a TE, na medida em que não existe qualquer explicação evolucionista plausível. A coisa complica-se, para a TE, se se pensar que as línguas da antiguidade (v.g. Sânscrito; Latim; Grego) eram estruturalmente muito mais complexas do que as línguas actuais[179]. Há muito que os evolucionistas se defrontam com a extrema complexidade mesmo das línguas “primitivas”, a despeito do “snobismo cronológico” (C.S. Lewis) com que a modernidade tende a encarar as antigas culturas [180].

Para o CB, esta questão não pode ser entendida a não ser por referência ao episódio de Babel, de dispersão das populações através da multiplicação das línguas [181]. Longe de ser fantasia, também isso é corroborado pelos factos, já que a evidência mostra que todas as línguas e dialectos actualmente existentes constituem subespécies de cerca de vinte línguas básicas, desprovidas de uma língua ancestral comum[182]. Isto, note-se, ao mesmo tempo que a genética corrobora a origem recente e comum da espécie humana, refutando as concepções multi-regionalistas da evolução[183]. Ou seja, só um evento extraordinário como Babel pode explicar como é que de um tronco comum podem surgir cerca de vinte línguas básicas sem qualquer relação umas com as outras. Para o CB, foi Deus, o Verbo Eterno, o originador da “gramática universal” (Noam Chomski) comum a todas as línguas e incorporada na informação genética constitutiva do cérebro humano[184].

Quem pense que as dúvidas sobre a evolução do homem são exclusivas do CB tem apenas que ponderar o trabalho recente dos arqueólogos norte-americanos Michael Cremo e Richard Thompson, que, deixando a comunidade científica em estado de choque, veio sustentar a tese de que a tentativa de impor o darwinismo como ortodoxia indiscutível, em termos quase inquisitoriais, tem levado à alteração, eliminação e manipulação de provas que demonstram, contrariamente ao que defende a TE, que um número muito significativo de vestígios e artefactos humanos foram encontrados em rochas pré-cambrianas (2,8 biliões de anos!) e em sedimentos do Plioceno e Mioceno, muito “anteriores” ao Pleistoceno, e que o ser humano coexistiu durante milhões de anos com espécies animais  geralmente consideradas muito mais antigas e até suas ancestrais. A tese destes autores é a de que o ser humano existe há mais de 30 milhões de anos, e que o macaco “(d)evoluiu” do homem[185].

Note-se que, longe de ser um impostor, Michael Cremo é membro, entre outras organizações, do Congresso Mundial de Arqueólogos e da Associação Europeia de Arqueólogos. Embora também venha chamando a atenção para algumas das evidências referidas, o CB discorda radicalmente desta posição, que peca por aceitar a coluna geológica uniformitarista e desconsiderar a existência de um dilúvio global. Para o CB,  não é o homem que é tão antigo como afirma Michael Cremo, mas sim a Terra que é muito mais recente do que ele pensa, tendo sido fustigada, há cerca de 4700 anos, por uma catástrofe global, sem qualquer paralelo na história, tal como relatado no Génesis. Em todo o caso, torna-se patente que, mesmo em círculos não criacionistas, a interpretação que se faz das mesmas evidências pode conduzir a conclusões diametralmente opostas, o que só atesta a manifesta insuficiência e precaridade dessas evidências.

Para o CB, o homem foi criado imediatamente à imagem e semelhança de Deus, dotado de grande inteligência. O facto de o cérebro humano ter uma complexidade assombrosa, longe de ser apenas mais um dos muitos milagres matemático-probabilísticos da fé evolucionista, constitui o testemunho mais eloquente do lugar central que o Homem ocupa na Criação de Deus, tal como a Bíblia diz [186]. Também aqui os dados empíricos desmentem a evolução e apoiam este entendimento[187]. Com efeito, o CB não tem dificuldade em compreender que o homem antigo tivesse conhecimentos matemáticos, arquitectónicos, tecnológicos e astronómicos hoje considerados espantosos, que lhe permitissem erguer pedras com 20 000 toneladas, construir pirâmides majestosas, elaborar mapas precisos ou navegar em alto mar[188]. Algumas destas capacidades faltam ao homem do século XXI, havendo muitos exemplos, ao longo da história, coexistência de comunidades com graus de desenvolvimento tecnológico muito diverso e mesmo de perda de tecnologias[189].

Estes factos, que atestam a inteligência do homem antigo, só são um mistério para a historiografia evolucionista, na medida em que muitas destas capacidades “surgem abruptamente”, sem qualquer antecedente evolutivo [190]. Não podendo avançar uma explicação plausível para esse facto, alguns evolucionistas vão ao ponto de sugerir que as pirâmides foram edificadas por, ou com a ajuda de, extraterrestres![191] O CB não tem que recorrer a explicações fantasiosas, limitando-se a sublinhar que o desenvolvimento tecnológico do homem moderno não atesta a sua maior inteligência relativamente ao homem da antiguidade, mas apenas do facto de que o mesmo beneficia hoje da capacidade humana inteligente de aquisição, acumulação e transmissão de conhecimentos. As diferenças tecnológicas que nos separam da antiguidade não são distintas das que ainda hoje separam as diversas sociedades. Mesmo hoje verificamos que os seres humanos (“homo sapiens”) do século XXI tanto podem ser encontrados em sociedades tecnologicamente avançadas, como vivendo em florestas tropicais ou em cavernas de regiões montanhosas numa situação de total estagnação científica e técnica. A evolução do conhecimento, apenas atesta a inteligência do homem e a sua capacidade de criação, acumulação e transmissão de informação, num dado contexto cultural e social, nada tendo a ver com o problema da evolução das espécies.

NO PRINCÍPIO ERA A INFORMAÇÃO

Deus fez tudo muito bem e na altura própria. Até colocou a eternidade no coração dos homens, mesmo se eles não conseguem compreender a obra que Deus fez, desde o princípio até ao fim.

Eclesiastes 3:13

Eis que eu sou o Senhor, o Deus de toda a carne; acaso há alguma coisa demasiado difícil para mim?

Jeremias 32:27

Um número cada vez maior de cientistas tem vindo a chamar a atenção, para o facto de que, para além da matéria e da energia, existe um outro elemento sem o qual as características do Universo não são susceptíveis de intelecção, a saber, a informação. Como afirmou Norbert Wiener, “a informação não é matéria nem energia. A informação é informação!”. As implicações que a teoria da informação (TI) tem tido no debate sobre as origens são enormes. Como refere o físico germânico Werner Gitt, os trabalhos de James Watson e Francis Crick puseram em evidência que o problema da origem da vida é indissociável do problema da origem da informação armazenada nas células, pelo que quem quiser explicar a primeira tem forçosamente que explicar a segunda[192].

A informação contida numa dada estrutura (v.g. avião de papel; nave espacial) corresponde ao número de instruções necessárias para especificar todos os seus aspectos de constituição, organização e funcionamento. É com base na presença de informação que conseguimos distinguir entre produtos do acaso e produtos da inteligência, operação que todos os dias somos chamados a realizar nos mais variados domínios (v.g. medicina legal, arqueologia, criptografia, criminologia forense, tutela da propriedade intelectual, investigação de sinistros por seguradoras, projecto SETI, etc.).

A TI foi desenvolvida por Claude Shannon e outros engenheiros nos Bell Telephone Laboratories, nos anos 1940, consistindo na ciência que estuda a transmissão de mensagens[193]. De acordo com aquela teoria, uma ordem exacta de símbolos pretende registar informação e isso aplica-se tanto a uma proteína como a um texto genético ou a uma linguagem humana, pelo que o seu tratamento é matematicamente idêntico. Os princípios da TI aplicam-se às linguagens humanas, ao código Morse e mesmo ao DNA. Na verdade, são muitos os autores, incluindo neodarwinistas, que afirmam a existência de uma identidade estrutural e matemática entre as línguas humanas e o DNA[194]. Assim, a questão da origem da vida é, acima de tudo, a questão da origem da informação contida no DNA[195]. Para a sua resolução torna-se importante perguntar: como pode haver um aumento da informação genética que conduza à evolução de um simples organismo até um homem?

Antes de mais, deve notar-se que a TI constitui um elemento central do anteriormente referido IDM, onde pontificam o conceito de informação desenvolvido por William Dembski e o seu filtro explanatório para a detecção de design inteligente[196].  Para este autor, a informação traduz a existência de complexidade, compreendendo múltiplas alternativas, igualmente prováveis, e especificação, que se manifesta na ocorrência de instruções precisas para a produção de um determinado resultado. Este conceito permite distinguir entre estruturas altamente organizadas e estruturas altamente complexas. Alguns escritos evolucionistas denotam uma confusão entre estes dois conceitos, verificando-se que só recentemente esta confusão tem sido exposta[197]. Ora, uma estrutura altamente organizada pode resultar da simples repetição de uma ou algumas instruções (v.g. cristal; floco de neve). Nesse caso, estamos em presença de especificação, mas não existe complexidade. Por sua vez, uma estrutura altamente complexa (v.g. Airbus A 380) requer uma grande quantidade de instruções para a sua especificação, necessitando de uma grande quantidade de informação. Vejamos mais de perto este último exemplo.

Num projecto para construir um Airbus A 380, com todos os seus componentes, ligações, sistemas e estruturas, cada letra e cada algarismo são importantes. Mesmo um pequeno erro na especificação de um parafuso pode significar a queda do avião. Quando se pretende atingir um determinado resultado extremamente complexo, nada pode ser deixado ao acaso. Diferentemente, numa situação aleatória a probabilidade de surgir uma qualquer letra, frase ou palavra é exactamente igual. Só que uma mera sequência complexa de letras não é informação, na medida em que não tem adstrito um significado especial, de acordo com um código ou uma tabela de correspondências. Assim, mesmo que um chimpanzé conseguisse, por acaso, dactilografar os planos de um Airbus A 380 (a avaliar pelo seu famoso exemplo ‘ME THINKS IT IS LIKE A WEASEL’ Richard Dawkins parece acreditar nisso!)[198], isso não teria qualquer significado do ponto de vista da teoria da informação, sendo, quando muito, uma pura curiosidade estatística.

O texto dactilografado só conduziria à construção de um Airbus A 380 se existisse um código externo que permitisse, a um ser inteligente ou a um mecanismo inteligentemente programado para o efeito, identificar o texto como sendo um projecto para a construção de um Airbus A 380. Depois seriam necessários os materiais, em quantidade e qualidade necessárias, as tecnologias, as fábricas, os laboratórios, as linhas de montagem e o pessoal especializado. Ainda assim, tudo isso seria insuficiente se não fosse observada uma sequência de operações rigorosamente definida e sincronizada e se as partes não fossem compatíveis entre si e devidamente configuradas. As probabilidades infinitesimais aqui envolvidas mostram que a informação que conduz à construção de uma estrutura extremamente complexa e especificada sempre pressupõe inteligência.

Para William Dembski, a detecção e medida da inteligência são hoje questões empíricas e científicas, que não meramente especulativas. Para além da nossa intuição, é hoje cientificamente mensurável, em termos comparativos, a informação envolvida na produção de um bimotor ou de um Airbus A 380. Apenas convém lembrar que uma “simples” célula é extremamente mais complexa do que um Airbus A 380 e que este último seria impossível sem o concurso, directo ou indirecto, do conhecimento acumulado, da investigação, do design e da capacidade técnica de milhares, senão mesmo de milhões de pessoas. Assim sendo, como surgiu uma célula?

Para responder a esta questão importa atentar para o contributo da teoria da informação proposta por Werner Gitt, já que a abordagem de autores como Claude Schannon e mesmo William Dembsky se afigura incompleta, na medida em que se preocupa, em primeira linha, com os aspectos quantitativos, estatísticos e sintácticos da informação. Igualmente insuficientes, por nem sequer passarem da dimensão estatística da informação, são as teorias daqueles que, deslumbrados com a complexidade especificada do DNA, se limitam a justificá-la com base em noções, não demonstradas empiricamente, de auto-organização causada por factores internos e externos[199]. Para Werner Gitt, além dos aspectos estatísticos e sintácticos a informação compreende ainda as dimensões semântica, pragmática e apobética (apobeim=resultado) [200]. Werner Gitt vai mais além do conceito quantitativo de informação proposto por Shannon, chamando a atenção para as suas dimensões qualitativas. Podemos, assim, considerar conjuntamente os cinco elementos que, de acordo com Werner Gitt, caracterizam e definem quantitativa e qualitativamente a informação.

Em primeiro lugar vem a estatística, que diz respeito à frequência da ocorrência dos diferentes símbolos numa dada sequência. Em segundo lugar, a sintaxe supõe a existência de um código, de uma gramática ou de uma tabela de correspondências. Em terceiro lugar, a semântica concerne ao significado convencionalmente assumido por um símbolo ou sequência de símbolos. Em quarto lugar, a pragmática diz respeito à acção que a leitura e tradução da informação pretende desencadear. Em quinto lugar, a apobética tem em vista a prossecução de um objectivo final.

Em face destes elementos, é claro que, como sublinha Werner Gitt, a informação é uma realidade essencialmente imaterial, produto da actividade intelectual, a qual, embora possa ser transmitida mediante vários códigos (vg. inglês, português, BASIC, FORTRAN, COBOL, notação musical) e formas (oralidade; escrita, canto), bem como vertida e armazenada em vários suportes (v.g. barro; papiro; papel; informática; DNA), não se confunde com qualquer desses códigos, formas ou suportes, nem pode a sua origem ser explicada por referência a eles. Para Werner Gitt, é cientificamente correcto dizer que não existe informação sem código, nem sem emissor, nem sem uma origem mental (imaterial) e volitiva. Ou seja, por definição, a informação não pode ser, nem material, nem aleatória [201]. Estes resultados refutam a possibilidade de evolução aleatória do Universo e da vida e corroboram inteiramente o CB. Muitas das características do Universo e da vida só são realmente explicáveis por referência a essa grandeza imaterial que é a informação. Assim, a informação existente no Cosmos tem a sua origem num Ser inteligente e volitivo, sendo condição sine qua non da respectiva inteligibilidade. Ao mesmo tempo que clarifica muitos dos aspectos mais misteriosos da natureza, a teoria da informação aponta claramente para a existência de uma inteligência imaterial. Tanto basta para refutar a plausibilidade científica de uma visão do mundo estritamente materialista, acidentalista e evolucionista.

Apesar das objecções dirigidas pelos evolucionistas à aplicação do conceito de informação à biologia molecular, baseadas na sua mundividência naturalista, o certo é que os cinco elementos que, de acordo com Werner Gitt, conotam de forma quantitativa e qualitativa o conceito de informação estão inegavelmente presentes no código genético contido no DNA. Este é, em si mesmo, um suporte de informação altamente eficaz que os cientistas pretendem utilizar para guardar outros tipos de informação[202]. De resto, muitos evolucionistas acabam por conceder este ponto[203]. Com efeito, a sequência de nucleótidos no DNA (ou de aminoácidos numa proteína) não é uma ordem repetitiva, como a presente num cristal ou num floco de neve. Ela é uma sequência altamente complexa e especificada, dotada de uma estrutura e de uma função idênticas à de uma mensagem escrita.

O DNA tem parágrafos, frases, palavras e letras (ACGT). Isto não resulta de um raciocínio por analogia, antes é literalmente assim. Existe uma identidade estrutural entre as linguagens humanas e o DNA. Além disso, essas sequências têm um significado, o qual não lhes pode ser interno, sendo que mesmo nas línguas humanas uma mesma sequência de letras pode ter significados diferentes (v.g. “embaraçada” no Português e no Espanhol; “gift” em Inglês e Alemão). Do mesmo modo, essas sequências pretendem desencadear operações altamente precisas nas células, que visam atingir objectivos concretos, como seja, por exemplo, a formação de um corpo humano. A reprodução de uma célula requer DNA (informação) e RNA (mecanismo de cópia), ambos tremendamente complexos. O DNA comunica informação à célula, cujo significado depende de um código, ou seja, de uma convenção simbólica com um significado preciso (sintaxe; semântica).

Assim como não existe uma relação necessária entre uma determinada mensagem e as moléculas da tinta que se utiliza para a escrever, também a informação contida no código genético é completamente independente da estrutura química do DNA. As funções desenvolvidas pelas células são minuciosamente controladas por instruções do DNA, tendo em vista a produção de acções orientadas para objectivos bem definidos. O grau de complexidade assim obtido é assombroso. O mais simples organismo vivo tem 482 genes codificadores de proteínas, com um total de 580 000 “letras” de DNA[204]. Mesmo os autores evolucionistas utilizam, a este propósito, expressões como código, programa, padrão, lei, sequência, transcrição, tradução, linguagem, livro, selecção, etc., todas utilizadas para designar operações da inteligência.

O próprio Richard Dawkins nota que cada célula tem uma quantidade de informação várias vezes superior à Enciclopédia Britânica, argumento também ele intrigante, quando vindo de um naturalista empenhado, visto que uma enciclopédia – repositório por excelência da informação mais complexa gerada pela inteligência humana – não se escreve a ela própria[205]. A informação contida numa enciclopédia foi introduzida a partir de fora, sendo uma realidade mental imaterial. Ao comparar o DNA com uma enciclopédia, Richard Dawkins não deixa de estar a reconhecer implicitamente que o mesmo tem as características típicas de um produto da inteligência. A diferença é que aquilo que Richard Dawkins admite implicitamente, o CB afirma expressamente! Também aqui o CB está em sintonia  com as evidências empíricas. De resto, as observações de Bill Gates sobre o DNA são particularmente sugestivas. Em seu entender, “o DNA é como um programa de computador, mas muito, muito mais avançado do que qualquer software que alguma vez criámos”[206]. Ora, se o DNA é estrutural, matemática e informativo-teoreticamente idêntico à linguagem humana, é razoável inferir que a informação codificada no DNA é um produto de uma inteligência. Werner Gitt, vai mais longe e afirma categoricamente que só pode ser o produto de uma inteligência!  Para os evolucionistas nada disso é evidência suficiente da existência de Deus. Provavelmente só acreditarão quando Ele criar o seu próprio “site” na Internet!

CRIAÇÃO ATRAVÉS DA EVOLUÇÃO?

   Desde a antiguidade anunciei as coisas que haviam de ser; da minha boca é que saíram, e eu as fiz ouvir; de repente as pus por obra, e elas aconteceram.

Isaías 48:3

Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da sua boca. Ele ajunta as águas do mar como num montão; põe em tesouros os abismos. Tema ao Senhor a terra toda; temam-no todos os moradores do mundo. Pois ele falou, e tudo se fez; ele mandou, e logo tudo apareceu.

Salmos 33:6-9

Uma boa parte dos teólogos cristãos da ala “liberal” tem sustentado o carácter simbólico do relato bíblico da criação, avançando a ideia de que o mesmo tem por objectivo afirmar que Deus criou, cabendo à ciência, em seu entender,  explicar como Deus criou. Nessa base, procuram harmonizar o relato bíblico com a TE através de várias estratégias, todas desadequadas, como o “criacionismo progressivo”, o “evolucionismo teísta”, a “hipótese quadro”, a “teoria do hiato” (nas versões hard e soft), etc. Muitos cristãos, quando interrogados sobre esta matéria, inclinam-se para este tipo de soluções de compromisso. As mesmas afiguram-se como uma forma razoável e moderna de articular a ciência com a fé. Além do mais, elas adequam-se à “autonomia da ciência”, apregoada por cientistas e teólogos.

Contudo, já vimos que os “dados científicos” da TE são inseparáveis de premissas materialistas e uniformitaristas que negam a priori  o relato bíblico. Além disso, os mesmos estão longe de provar a evolução. Na verdade, não existe nenhum facto científico que, por si só, e à margem das referidas premissas, corrobore a evolução das espécies. Pelo contrário. No entanto, existem outros problemas com que o cristão se defronta quando pretende operar a redução simbólica do relato do Génesis[207].

Em primeiro lugar, basta ler Génesis 1 e 2 para notar que se pretende, não apenas afirmar que Deus criou, mas também narrar como Ele criou[208]. Tem sido observado que o relato do Génesis, sendo incomparável com qualquer outra cosmogonia humana, descreve importantes eventos físicos de forma simples e didáctica[209]. Em segundo lugar, essa redução simbólica significaria que o Criador, apresentado ao longo da Bíblia como o Verbo Eterno, não teria sido capaz de verbalizar correctamente o relato da criação, posição biblicamente insustentável. Além disso, isso significaria que alguém colocou na boca de Deus palavras que Ele realmente não proferiu, sobre factos que realmente não se ocorreram, prática que, como lemos na Bíblia, Deus sempre condenou de forma consistente como falsa profecia[210]. Sucede que a Bíblia, em toda a sua extensão, sempre toma o relato do Génesis como histórico. No Novo Testamento, Jesus e os seus discípulos reafirmaram-no repetidamente[211].

Nem se diga que o objectivo do Génesis foi tão somente o de falar numa linguagem que as pessoas da época pudessem compreender, na medida em que a presença ininterrupta de concepções evolucionistas, nas mais diversas culturas, desde a antiga Suméria até aos nossos dias, constitui evidência mais do que suficiente de que nunca foi difícil ao ser humano compreender a ideia de evolução naturalista. Pelo contrário, parece ser muito mais difícil entender a noção de criação ex nihilo, levada a cabo por um Deus pessoal que intervém na história. Na verdade, não se encontra na Bíblia qualquer indício de evolução. Só no primeiro capítulo do Génesis repete-se dez vezes (como que antecipando dúvidas nesta matéria!) a ideia de que Deus criou as plantas e os animais “conforme a sua espécie”, expressão utilizada por referência aos diferentes “potenciais genómicos”, dotada por isso de um sentido mais amplo do que a moderna concepção de espécie biológica[212]. Do mesmo modo, quando muito mais tarde o Apóstolo Paulo, em Atenas, discutiu com os epicuristas, filósofos naturalistas defensores do evolucionismo, ele reafirmou a doutrina da Criação, sem aceitar qualquer solução de compromisso[213]. Então, como agora, uns aceitaram e outros – escarnecendo – não.

Acresce que uma tentativa de harmonizar a TE com o relato do Génesis, para além de ir contra os elementos literal, gramatical, histórico e sistemático de interpretação, sempre teria que explicar por que é que um Deus bom, omnisciente e todo-poderoso teria escolhido o método mais cruel, irracional e ineficiente que se pode imaginar para criar o Universo e as várias espécies de vida, qualificando-o em seguida de bom e mesmo, referindo-se especificamente ao Homem, de muito bom[214]! A incompatibilidade teológica entre o Deus da Bíblia e a TE tem sido apontada, não apenas pelo CB, mas mesmo por autores ateus como Jaques Monod[215] e Bertrand Russell[216], que se deleitavam em confrontar os teólogos liberais com esta contradição. Quem acreditar nas escrituras e no poder de Deus, compreende que não faz qualquer sentido a ideia de que, existindo um propósito divino claro e definido na criação da natureza e do Homem, Deus iria desperdiçar quantidades infindas de tempo com uma criação essencialmente incompleta [217]. Além disso, a TE, implicando morte, mutações, doenças, sofrimento e crueldade predatória milhões de anos antes do surgimento do homem, retira qualquer significado ao facto de que, desde o Génesis ao Apocalipse, a morte, a crueldade, a doença e o sofrimento – que os evolucionistas erroneamente utilizam como evidência de “mau design” – são sempre tratados como consequências da queda do homem e da subsequente maldição que Deus fez impender sobre toda a natureza[218].

Nas palavras do Apóstolo Paulo, “o salário do pecado é a morte”[219]. É neste pressuposto que assenta e faz sentido a mensagem do Evangelho. Para salvar a humanidade da morte, Jesus Cristo assumiu sobre si o castigo do pecado, ressuscitou com um corpo glorioso – vencendo a morte, o “último inimigo”[220] – e prometeu a criação de novos céus e nova Terra, onde habitará a justiça, onde não haverá mais morte nem maldição[221]. Nesta promessa de recriação de todas as coisas está claramente explicito que a morte, o sofrimento e a crueldade não são, nem nunca foram, aceites como bons pelo Criador. De resto, ao longo de toda a Bíblia eles são colocados nos antípodas do carácter de Deus e da missão do Seu Filho Jesus Cristo que veio para nos dar “vida, e vida com abundância”[222].

Do mesmo modo, está claramente explícito que a queda no pecado não teve apenas consequências espirituais, mas também físicas, afectando toda a natureza criada, nos céus e na Terra[223]. É interessante que a restauração de todas as coisas é descrita como um cenário desprovido de luta predatória pela sobrevivência, já que aí “o leão e o cordeiro pastarão juntos”[224]. Se a morte e o sofrimento são apenas o método que Deus utilizou para criar todas as coisas, incluindo o Homem, então não fazem qualquer sentido as afirmações bíblicas de que a morte é o último inimigo e o salário do pecado. Pelo que também a mensagem do arrependimento, do
perdão e da morte e ressurreição de Jesus não faz sentido. A realidade da criação e da queda é o pressuposto essencial que dá sentido a todo o Evangelho. É por terem começado por duvidar da verdade do relato do Génesis, que muitos acabaram por pôr em causa a verdade de todo o Evangelho.

À margem das encruzilhadas e dos becos sem saída com que se defronta a inteligência secularizada, uma coisa é certa: a fé cristã não é cega nem irracional, antes é uma fé objectivamente fundada em “muitas provas infalíveis”[225], sobre as quais é possível discorrer lógica, empírica e racionalmente. Nas palavras do Apóstolo Paulo, “os atributos invisíveis, o Seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas”[226]. O CB não tem que apoiar-se em probabilidades infinitesimais, desafiar a causalidade e a primeira e segunda leis da termodinâmica, imaginar elos intermédios inexistentes e ignorar a esmagadora aparência de design inteligente na natureza. As evidências da geologia, da paleontologia, da biologia, da antropologia, da arqueologia, da física, da astrofísica, da astronomia, quando despidas de preconceitos naturalistas e uniformitaristas, corroboram inteiramente o relato bíblico nos seus aspectos fundamentais. Paradoxalmente, e para escândalo do homem moderno, a fé cristã biblicamente alicerçada consegue uma melhor prestação em matéria de racionalidade científica do que a TE, radicada em premissas naturalistas indemonstráveis, estruturalmente irracionalistas, acidentalistas e desprovidas de fundamento empírico suficiente.

É certamente por isso que nos círculos evolucionistas ideologicamente mais empenhados e fechados se manifesta uma atitude de clara hostilidade defensiva nas suas relações com o CB. Começando a perceber que perdem com o CB mesmo no confronto directo com os dados empíricos, onde sempre reclamaram uma posição de vantagem metodológica, resta-lhes apenas, em desespero de causa, tentar perpetuar os mitos secularizados nos termos dos quais a ciência e a religião são domínios separados, com perguntas, métodos e respostas diferentes, e “a criação é religião e a evolução é ciência”.

Em vez de confrontarem o CB num encontro livre e aberto no mercado livre das ideias, na boa tradição liberal [227], esses evolucionistas preferem insistir na repartição de mercados, distinguindo entre a verdade religiosa (do foro subjectivo) e a verdade científica (do foro objectivo) e reclamando para si direitos exclusivos sobre esta última, uma técnica proteccionista clássica utilizada por quem teme a concorrência. É com base nesta dicotomia entre ciência e religião, e não com base nos factos em si mesmos, que muitos evolucionistas se comprazem em apregoar em alta voz o total descrédito científico do CB, ao mesmo tempo que propagam livremente a sua ideologia naturalista sob o nome de ciência[228]. Em abono da verdade, deve dizer-se que eles contam com o inadvertido apoio de algumas correntes teológicas cristãs que, começando por tentar harmonizar de diferentes modos o relato bíblico (previamente desacreditado na sua historicidade) com as “provas científicas” da evolução, acabam por sustentar que a fé em Deus é tanto mais louvável quanto mais distante estiver dos factos objectivos do mundo material, dando mostras de um indisfarçável gnosticismo. Trata-se de dois tipos de irracionalismo que o CB rejeita liminarmente. Ambos pretendem distanciar o seu sistema de crenças dos factos objectivamente observáveis.

A adesão generalizada, tanto por cientistas como por muitos teólogos, a uma divisão de tarefas entre ciência e religião, em última análise assente em premissas naturalistas, permite compreender, entre outras coisas, a recusa por parte de muitos evolucionistas em debater com criacionistas, a total ausência da perspectiva criacionista dos currículos escolares e universitários[229], bem como a interdição das publicações científicas a escritos criacionistas (incluindo em muitos casos o mais elementar e equitativo direito de resposta). O CB é descartado a priori por ser uma religião, pelo que a evolução, em si mesma, adquire uma completa imunidade à crítica. É simples: se toda a contestação à evolução tem uma base criacionista e se todo o criacionismo tem uma base religiosa, logo toda a contestação à evolução tem uma base religiosa, pelo que não pode ser admitida nos círculos académicos e científicos. De onde se segue que a evolução, em si mesma, não pode ser criticada e refutada cientificamente de uma forma que ponha em causa a sua subsistência!! O que não deixa der ser curioso, do ponto de vista da filosofia da ciência, na medida em que a imunidade à crítica científica pode pôr em causa a própria cientificidade da TE.

O problema desta estratégia – de considerar religiosa toda a contestação a uma dada teoria científica – é que um número cada vez maior de pessoas, em todo o mundo, começa a perceber que o que tem mantido a TE imune à crítica dos seus fundamentos conceptuais – a despeito da manifesta insuficiência da sustentação empírica – é apenas uma barreira intelectual, artificial e precária, de separação entre a ciência e a religião, erigida no advento da modernidade no contexto de acesas polémicas políticas e ideológicas. Diferentemente, o CB não teme a concorrência, nem necessita, como a TE, de demarcar um território intelectualmente autónomo e impermeável para obter refúgio e garantir a sua subsistência. Ainda assim, o proteccionismo epistémico da TE não a tem protegido das críticas certeiras e contundentes que lhe são dirigidas pelo CB.

DEUS CRIADOR, SUSTENTADOR E REDENTOR

Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também.

I Coríntios 8:6

O Filho liberta-nos e perdoa-nos os pecados. Ele é a imagem do Deus invisível: nascido do Pai antes da criação do mundo. Foi por Ele que Deus criou tudo o que existe no céu e na Terra, o que se vê e o que não se vê, as forças, os domínios, as autoridades e os poderes. Foi por Ele e para Ele que Deus criou tudo.

Colossenses 1:14-16

Quem se aventura para além das frases feitas, do folclore e dos mitos secularizados que sustentam a TE e procura investigar aquilo que realmente se sabe (e não sabe) sobre a origem e a natureza do Universo e da vida, depara com uma inesperada pobreza das evidências e das inferências nelas baseadas. Da TE pode dizer-se com propriedade: “nunca tantos acreditaram tanto em tão poucas evidências”! Em última análise, a TE é aceite pela fé, ou talvez melhor, por uma “fé-negra” ou “anti-fé”, assente na rejeição a priori da possibilidade de uma criação especial ex nihilo por um Ser Supremo, inescrutavelmente localizado para além do espaço, do tempo, da matéria, da energia e da informação, permanecendo oculto por detrás de um insondável horizonte de acontecimentos, subtraído a qualquer investigação empírica e causal. Na verdade, o reconhecimento da falência da TE deixaria o homem moderno diante da única alternativa logicamente possível: a criação especial ex nihilo. Esta, por sua vez, confrontá-lo-ia,  olhos nos olhos, com o Criador e com a sua Palavra. Não é necessário pensar muito para perceber o alcance devastador das implicações filosóficas, científicas, morais, sociais e culturais daqui resultantes: nada mais, nada menos, do que um insuportável “estragar da festa” tradicionalista, naturalista e relativista em que se transformaram, respectivamente, a pré-modernidade, a modernidade e a pós-modernidade.

Tanto a TE como o CB têm inescapáveis implicações de largo alcance, sendo que ambos não podem ser igualmente verdadeiros.  Ou ocorreu uma evolução ao longo de milhões de anos, explicável com base nas leis naturais, ou ocorreu uma criação instantânea sobrenatural, nos termos expostos no relato bíblico. Em causa está um problema fundamental da existência cuja resposta tem importantes implicações sobre a nossa real identidade. A questão consiste em saber qual das duas respostas possíveis é que consegue adequar-se melhor aos dados empíricos observáveis. Cientificamente, a única diferença que existe entre evolucionistas e criacionistas consiste no facto de os primeiros insistirem em defender a TE, apesar da ausência de qualquer evidência científica conclusiva nesse sentido[230]. Na verdade, se se descarta à partida a hipótese de criação especial ex nihilo, apesar das evidências, a única alternativa é insistir na defesa da TE, a despeito da completa falta de evidências.

Daqui resulta que para alegadamente fugir ao dogma da criação os evolucionistas respondem com a criação do dogma. Para o cientismo naturalista, a evolução é colocada num pedestal incontestável. Quem a discute é necessariamente criacionista e, por isso, não é cientista. Quem é cientista simplesmente não discute a evolução. O resultado é que, no plano científico, a evolução tem que ser obrigatoriamente aceite e não pode ser de forma alguma contestada e refutada. Por vezes, em desespero de causa, os evolucionistas pretendem mesmo recorrer à jurisdição constitucional para que a mesma declare a constitucionalidade da TE, com força obrigatória geral, e julgue inconstitucionais todas as objecções à mesma, por violadoras do princípio da separação das confissões religiosas do Estado! O tal juiz, de que falávamos anteriormente, parece querer começar mesmo a tomar partido a favor de um dos lados da questão.

Isto, esquecendo totalmente que, como se não bastasse não ter conseguido explicar a origem da matéria e da energia primordiais, das galáxias, das estrelas, do sistema solar, do Sol, da Terra, da Lua, dos oceanos, demonstrar a abiogénese, identificar o ancestral comum, demonstrar biológica e paleontologicamente a evolução de uma espécie para a outra, precisar o mecanismo de evolução, explicar a origem dos sexos, das “raças”, da consciência, das línguas, etc., a TE desafia tudo o que se sabe em matéria de termodinâmica, causalidade e probabilidades. Será que estas leis científicas também devem ser declaradas inconstitucionais por violarem o princípio da separação das confissões religiosas do Estado?

Os evolucionistas gostam de afirmar que são naturalistas por obrigação, isto é, porque essa é a única atitude intelectual adequada às características do Universo. Mas, pelos vistos, essa afirmação é sistematicamente desmentida pelos factos, em todas as disciplinas científicas. O amor que os naturalistas têm pela ciência está longe de ser devidamente correspondido. Uma resposta naturalista e evolucionista às questões fundamentais do Universo e da Vida simplesmente ainda não existe. A crença numa futura resposta naturalista é isso mesmo, uma crença. Assim, deve concordar-se com David Walsh quando este alerta para o facto de que o que mantém viva a TE é, acima de tudo, a sua função ideológica anti-teológica e não as evidências científicas propriamente ditas [231]. Nem o naturalismo pode reclamar qualquer fundamento empírico, nem o mundo se mostra adequado a uma compreensão cabal a partir dos seus axiomas.

Rejeitando tanto as premissas naturalistas, acidentalistas e irracionalistas da TE, como um certo fideísmo irracionalista que se instalou nalguma teologia cristã, o CB apoia-se na noção, empiricamente demonstrada, nos termos da qual uma causa tem que ser quantitativa e qualitativamente superior ao seu efeito. Assim, para o CB faz todo o sentido, do ponto de vista racional, a conclusão de que a Causa Primeira da vastidão incontida de tempo, espaço, energia, sintonia e complexidade existente no Universo é um Deus infinito, eterno, omnipresente e omnisciente. Do mesmo modo, a Causa Primeira da vida é um Deus vivo; a Causa Primeira dos valores humanos de moralidade, responsabilidade, integridade e amor é um Deus moral, espiritual, volitivo, verdadeiro e amoroso[232]. É precisamente isso que a Bíblia afirma.

Mas então, o que é, ou quem é, essa Causa Primeira? Esta pergunta não faz qualquer sentido para a TE, o que não é um mal em si mesmo, porque a TE também não faz qualquer sentido do ponto de vista teológico e científico.  Por seu lado, o IDM prefere permanecer agnóstico quanto a esta questão, limitando-se a assinalar a existência de informação e design inteligente no Universo, nada dizendo sobre a questão da criação. Nesse sentido, o IDM é compatível com qualquer religião e mesmo com o pensamento New Age.  O mesmo limita-se a medir a informação existente na natureza e a detectar indícios de design inteligente, embora se fique pela identificação do designer, em termos abstractos e difusos, com um deus desconhecido, adorando-o sem o conhecer. Em sentido divergente,  o CB, partindo da crença na Bíblia como Palavra de Deus inspirada – distinta de qualquer obra literária humana – assenta na premissa de que Jesus Cristo, o Verbo Eterno, a Palavra da Vida, é o Criador, Sustentador e Redentor do Universo e da humanidade. Como afirmava o Apóstolo Paulo aos atenienses, esse deus desconhecido tem uma identidade bem clara e definida. Ele “é o Deus que fez o mundo e tudo o que nele se encontra e é o Senhor dos céus e da terra. Não vive em templos feitos pelos homens, nem precisa que os homens lhe façam coisa nenhuma, pois ele mesmo é quem dá a vida, a respiração e tudo o mais”[233].

À luz desta perspectiva, a promessa, a encarnação, a vida, a obra, os milagres, a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo têm todo o sentido, testemunhando, no seu conjunto, do amor profundo e insondável do Criador pelo ser humano criado à Sua imagem e semelhança, mas moral e espiritualmente alienado de Deus por causa da sua queda no pecado. Depois de criar o Homem à Sua imagem e semelhança espiritual, Deus assume a imagem e semelhança do Homem no mundo criado. Jesus é Deus connosco, Emanuel. Na sua pessoa o Criador e Sustentador do Universo tornou-se no nosso Redentor. Também assim se compreende o impacto sem paralelo que a vida de Jesus Cristo teve na história universal –  empiricamente inquestionável – podendo observar-se que a uma maior proximidade da Sua pessoa e do Seu ensino, nomeadamente sobre a especial dignidade de todos os seres humanos e da criação, sempre correspondeu, historicamente, um significativo progresso em todos domínios da vida política, económica, social e cultural, acompanhado de importantes iniciativas humanitárias e movimentos de libertação. Mas mais importante é ter em conta que só Jesus Cristo tem “as palavras da Vida Eterna”[234] e é com elas que pretende livrar o ser humano da morte física e  espiritual e assim ir ao encontro dos sentimentos humanos de vazio, alienação, desespero e angústia existencial, impressivamente diagnosticados pela filosofia contemporânea.

Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo; sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu Ser, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas.

Hebreus 1:1-3

O CB não deixa de ser racional por se basear na fé, nem deixa de se basear na fé por ser racional. Fé e razão interpenetram-se no mundo real – que não em mundos separados – na medida em que apontam para a Suprema Razão que criou e redimiu esse mundo real, marcando presença na história humana através da pessoa singular e incontornável de Jesus Cristo. Em todo o caso, a razão humana subordina-se à Razão Divina, expressa na Palavra de Deus, nisso se consubstanciando, em boa medida, a “renovação do entendimento” e o “culto racional” de que falava o Apóstolo Paulo[235]. A mesma assume uma função ministerial, abandonando as suas pretensões magisteriais[236].

Esta subordinação à Palavra de Deus, longe de ser uma fraqueza, permite ao CB fazer afirmações empiricamente controláveis sobre a realidade objectiva, tendo assim uma relevância que vai muito para além da convicção subjectiva. De resto, não existe qualquer conflito entre a Bíblia e os factos observáveis em si mesmos, mas apenas entre ela e as interpretações naturalistas e evolucionistas desses factos. O CB e a TE apoiam-se nos mesmos factos e conhecimentos científicos, mas assentam em visões do mundo diametralmente opostas. Em momento algum o CB desconsidera os factos.

Existem certamente questões científicas para as quais o CB não encontrou ainda resposta. Do mesmo modo, existem interrogações teológicas fundamentais que escapam ao CB (v.g. o mistério da existência de Deus; a Sua omnisciência e presciência; a Sua acção providencial na história), na medida em a Bíblia remete o seu conhecimento para mais tarde[237]. Nalguns casos, a lógica pode ser clarificadora. Por exemplo, quanto ao porquê da criação do Homem, pode dizer-se que Deus tinha basicamente quatro possibilidades: 1) criar o homem com livre arbítrio; 2) criar o homem sem livre arbítrio; 3) criar o mundo sem o homem; 4) não criar o mundo. A Bíblia apenas diz que Deus, sendo pessoal e amoroso, optou por criar o homem com livre arbítrio [238]. Sobre os motivos de Deus na criação não diz mais nada. Em todo o caso, embora não responda a todas as questões, a Bíblia oferece uma compreensão do Universo, da Terra, da Vida e do Homem muito mais radical e fantástica do que a mais radical e fantástica cosmogonia humana e muito mais adequada às nossas observações empíricas. Além disso, ela fala às nossas mais profundas questões existenciais sobre a origem, o sentido e o destino das nossas vidas. Com base nela pode afirmar-se com confiança que qualquer teoria científica que pretenda explicar a existência, o sentido e o destino do mundo e da vida sem ter em conta a Palavra e o poder de Deus irá, em última análise, fracassar, não apenas do ponto de vista teológico, mas também no plano estritamente científico.

Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.

Apocalipse 4:11

Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.

I Coríntios 2:9


  • · Professor Auxiliar da Faculdade de Direito de Coimbra.

[1] “The Editors, Bad science and false facts”, Scientific American, 287(1):3, 2002.

[2] Bahls, C., ‘Ernst Mayr, Darwin’s Disciple,’ The Scientist 17(22), November 2003.

[3] Charles Darwin, The Origin of Species, New York: Washington Square Press, [1859], 1963.

[4] William Paley, Natural Theology, Boston: Gould, Kendall and Lincoln, [1802], 1835.

[5] Philip Johnson, Objections Sustained, Subbversive Essays on Evolution, Law and Culture, InterVarsity Press, 1998, 19 ss.

[6] Ernst Mayr, What Evolution Is, Basic Books, New   York, 2001, 5.

[7] Eric Voegelin, Der Gottestmord, Wilhelm Fink, 1999, 91 ss.

[8] Ralph L. Smith, Teologia do Antigo Testamento, História, Método e Mensagem, São Paulo, Vida Nova, 2001, 33 ss.

[9] Rudolph Bultmann, Jesus, UTB, Stuttgart, 1988; Das Urchristentum, Patmos, 2000.

[10] Anfänge der dialektischen Theologie, Teil I – Karl Barth – Heinrich Barth – Emil Brunner, 5ª ed., 1985; Emil Brunner, Christlicher Existenzialismus, Zwingli-Verl. 1956; Offenbarung und Vernunft, Zwingli-Verl., 1961; Hans Urs von Balthasar, Karl Barth. Darstellung und Deutung seiner Theologie Johannes-Vlg., Freib, 1976.

[11] Dave Breese, Seven Men Who Rule the World from the Grave, Moody Press, Chicago, 1990, 89 ss.

[12] John Meier, A Marginal Jew: Rethinking the Historical Jesus, Vol. I, New York: Doubleday, 1991; Marcus Borg, Meeting Jesus Again for the First Time, San Francisco: Harper, 1995; John Dominic Crossan, Jesus: A Revolutionary Biography, San Francisco, Harper, 1995; Michael J. Wilkins and James P. Moreland, editors, Jesus Under Fire: Modern Scholarship Reinvents the Historical Jesus, Grand Rapids, Michigan, Zondervan Publishing House, 1996; Douglas Groothuis, Searching for the Real Jesus in an Age of Controversy, Harvest House, 1996.

[13] Ralph Colp, Jr. To Be an Invalid: The Illness of Charles Darwin. Chicago, IL: University of Chicago, 1977; W. B. Bean, “The Illness of Charles Darwin.” The American Journal of Medicine 65(4): 1978. 572-574; Thomas Barloon, Russell Noyes, Jr.. “Charles Darwin and Panic Disorder.” JAMA, 277 (2): 1997, 138 ss.

[14] Johnson, Objections Sustained…, cit., 67 ss.

[15] Jonathan Sarfati, Refuting Evolution, 15ª Reimp.Master Books, 2003, 15 ss.

[16] Henry Morris, The Genesis Record, Baker Book House, Grand Rapids, Michigan, 1976, 22 ss.

[17] Charles C. Ryrie, A Survey of Bible Doctrine, Chicago, Moody, 1972, 38; Henry Morris, Biblical Creationism, What Each Book of the Bible Teaches About Creation and the Flood, Master Books, 2000, 3 ss.

[18] Jonathan Sarfati, Refuting Compromise, Masterbooks, 2004, 35 ss.

[19] II Pedro 1:16.

[20] João 3:16.

[21] I Coríntios 15:14.

[22] Duane T. Gish, Evolution: The Fossils Still Say No!, ICR, 1995, 1 ss.

[23] Sarfati, Refuting Compromise…, cit., 65 ss.

[24] Stephen Jay Gould, Rocks of Ages: Science and Religion in the Fullness of Life, Ballantine, 1999, 49 ss.

[25] Isto mesmo é reconhecido pelo filósofo evolucionista Michael Ruse, The Evolution-Creation Struggle, Cambridge, Harvard University Press, 2005, 287, afirmando: “My area of expertise is the clash between evolutionists and creationists, and my analysis is that we have no simple clash between science and religion but rather between two religions.”

[26] Thomas S. Kuhn, The Structure of Scientific Revolutions, 3ª ed., Chicago, 1996.

[27] Seth Holtzman, “Science and religion: The categorial conflict”, International Journal for Philosophy of Religion, 54 (2): October 2003, 77 ss.

[28] Mikael Stenmark, Scientism, Science, Ethics and Religion, BurlingtonVT, 2001,  1 ss.

[29] Mary Hesse, “Is Science the New Religion?”  Science Meets Faith, (ed. Fraser Watts), London, Eng: SPCKHolyTrinityChurch, 1998, 124.

[30] Rob Wipond, “The World is Round (and Other Mythologies of Modern Science)” The Humanist, vol. 58, March/April 1998, 11; Michael Shermer, “The Shamans of Scientism” Scientific American, June 2002, 35.

[31] Werner Gitt, Did God Use Evolution?,Bielefeld, 2ª ed., 2001, 13 ss.

[32] Richard Dawkins, The Blind Watchmaker, New York, 1986, 337.

[33] Daniel C. Dennett, Darwin‘s Dangerous Idea, Evolution and the Meanings of Life, Touchstone Books, 1996, 61 ss.

[34] Henry M. Morris, A History of Modern Creationism, Spring Arbor Distributors, 1984.

[35] www.icr.org

[36] www.answersingenesis.org

[37] Galileu, nº143, Junho de 2003, 18 ss.

[38] Robert T. Pennock (ed.), Intelligent Design Creationism and Its Critics: Philosophical, Theological, and Scientific Perspectives, MIT Press, 2001.

[39] Thomas Woodward, Doubts About Darwin: A History of Intelligent Design, Baker Book House, 2003; William A. Dembski, The Design Revolution: Answering the Toughest Questions about Intelligent Design, InterVarsity Press, 2004.

[40] Michael Ruse, Edward O. Wilson, “Evolution and Ethics”, New Scientist, 208, Oct., 1985, 51 ss.; James Beilby, “Is evolutionary naturalism self-defeating?”, International Journal for Philosophy of Religion, 42 (2), October 1997, 69 ss.

[41] Sarfati, Refuting Evolution…, cit., 24 ss.

[42] Sarfati, Refuting Evolution…, cit., 7 ss.

[43] Notícia no jornal Público, 11/12/2003; Michael Ruse, “The Nobel Prize in Medicine – Was there a Religious Factor in this Year’s (Non) Selection?”, Metanexus Institute, March, 18, 2004.

[44] Salmos 19:1.

[45] Guillermo Gonzalez, Jay Wesley Richards, The Privileged Planet: How Our Place in the Cosmos Is Designed for Discovery, Regnery Publishing, 2004.

[46] J. Bergman, G., Howe,. “Vestigial Organs” are Fully Functional, Creation Research Society Books, Terre Haute, IN, USA. 1990.

[47] J. Warwick Glover, “The Human Vermiform Appendix—a General Surgeon’s Reflections”, Creation Ex Nihilo Technical Journal, 3: 1988, 31 ss.

[48] Don Batten”‘Junk’ DNA (again)”, Creation Ex Nihilo Technical Journal, 12(1),1998, 5.

[49] Geoffrey Simmons, What Darwin Didn’t Know, Harvest House Publishers, 2004.

[50] Rocky Kolb, “Planting Primordial Seeds” Astronomy, vol. 26, February 1998, 42;

[51] Sarfati, Refuting Compromise…, cit., 147 ss.

[52] John Horgan, “The Big Bang Theory of Science Books,” New York Times Book Review. December 1997, 39; Roy C. Martin, Jr., Astronomy on Trial, A Devastating and Complete Repudiation of the Big Bang Fiasco, Landham, Md., University Press of America, 1999, p. xv e 14 ss.; na revista New Scientist, de 22 de Maio de 2004, um grupo de cientistas subscreveu uma carta aberta insurgindo-se contra o modo como a teoria do Big Bang é defendida em termos dogmáticos pelo establishment académico, apesar da consciência crescente dos problemas com que este modelo se defronta.

[53] Brad Lemley, “Guth’s Grand Guess,” Discover, vol. 23, April 2002, 35.

[54] Mais honestamente, Joseph Silk The Big Bang, 2001, xv., reconhece, a propósito do “Big Bang”: “[I]t is only fair to say that we still have a theory without a beginning.”

[55] Sten Odenwald, The Astronomy Café, 1998,  120, onde se lê a sugestiva afirmação: “I was happy to announce that astronomers have not the slightest evidence for the supposed quantum production of the universe out of a primordial nothingness.”

[56] John Ross, Chemical and Engineering News, July 27, 1980,40;

Neil Broom How Blind Is the Watchmaker, 2001, 80.

[57] Paul Davies, The Edge of Infinity, Simon & Schuster, 1982, sustentando que, “[The big bang] represents the instantaneous suspension of physical laws, the sudden abrupt flash of lawlessness that allowed something to come out of nothing. It represents a true miracle…”

[58] A.K. Dewdney, A Mathematical Mystery Tour – Discovering the Truth and Beauty of the Cosmos, John Wiley & Sons, 1999.

[59] Victor J. Stenger, “Anthropic Design: Does the Cosmos Show Evidence of Purpose?” Skeptical Inquirer, vol. 23, July/August 1999, 40, 42.

[60] João Magueijo, Faster Than the Speed of Light, Cambridge, Massachusetts: Perseus Publishing, 2003, 6 ss.

[61] Ron Cowen, “A Dark Force in the Universe,” Science News, vol. 159, April 7, 2001, 218; Jeremiah P. Ostriker, Paul J. Steinhart, “The Quintessential Universe,” Scientific American, vol. 284, January 2001, 50.

[62] David B. Cline, “The Search for Dark Matter,” Scientific American, vol. 288. March 2003, 52.

[63] J. Trefil, The Dark Side of the Universe, New York: Macmillan Publishing Company, 1988, 3 ss. e 55; Linda Rowan and Robert Coontz, “Great Balls of Fire,” Science, vol. 295, January 4, 2002, 63; Cristina Chiappini, “The Formation and Evolution of the Milky Way,” American Scientist, vol. 89, Nov./Dec. 2001, 506

[64] Jack J. Lissauer, “It’s Not Easy to Make the Moon,” Nature, vol. 389, Sept. 25, 1997, 327; Shigeru Ida, Robin Canup, Glen Stewart, “Lunar Accretion from an Impact-Generated Disk,” Nature, vol. 389, Sept. 25, 1997, 353.

[65] David Harris, “After Einstein,” New Scientist, vol. 177, Feb. 8, 2003, 29.

[66] Lynn Margulis, Dorion Sagan, Slanted Truths: Essays on Gaia, Symbiosis, and Evolution, New York, Springer-Verlag, 1997, 265; Peter Coles, “The End of the Old Model Universe,” Nature, vol. 393, June 25, 1998, 743; James Ganz, “Which Way to the Big Bang?” Science, vol. 284, May 28, 1999,1448.

[67] Geoffrey Burbridge, Fred Hoyle, Jayant V. Marlikar, “A Different Approach to Cosmology,” Physics Today, vol. 52, April 1999, 39; Robert Matthews, “Sir Fred Returns to Give Big Bang Another Kicking.” Sunday London Telegraph: Cosmology Column, Feb 13, 2000.

[68] Jonathan F. Henry, “An Old Age for the Earth Is the Heart of Evolution”, Creation Research Society Quarterly, 40, 3, Dec. 2003,  167 ss.

[69] R.N., “Birth of Uranus and Neptune”, Astronomy 28(4):30, 2000.

[70] J.R Dormand, M.M. Woolfson, The Origin of the solar system: the capture theory, Ellis Horwood Ltd, W. Sussex, 1989, 39.

[71] Russell Humphreys, Starlight and Time, Green   Forest, Arkansas, Master Books, 1994.

[72] Salmos 90:4; II Pedro 3:8.

[73] Russell Humphreys, Technical Journal, 2002, afirmando: “Astronomers have confirmed that numerical values of galaxy redshifts are ‘quantized’, tending to fall into distinct groups. …That would mean the galaxies tend to be grouped into (conceptual) spherical shells concentric around our home galaxy.”

[74] Joel Smoller, Blake Temple, “Shock-wave cosmology inside a black hole”, Proceedings of the National Academy of  Sciences 100, (20):11216-11218, September 30, 2003

[75] Science and Creationism: A View From the National Academy of Sciences, 1984.

[76] Stephen W. Hawking, George F. R. Ellis, The Large Scale Structure of Space-Time, Cambridge, 1973, 134

[77] Carl Sagan, Pale Blue Dot, New York, 1994, 9.

[78] Peter Douglas Ward, Donald Brownlee, Rare Earth: Why Complex Life is Uncommon in the Universe, Copernicus Books, 2000;  Russell Humphreys, “Our galaxy is the centre of the universe, ‘quantized’ red shifts show”, 16, Technical Journal, 2, 2002, 95 ss.; Guillermo Gonzalez, The Privileged Planet: How Our Place in the Cosmos Is Designed for Discovery, Regnery Publishing, 2004.

[79] Guillermo Gonzalez, “Home Alone in the Universe”, 103, First Things, 2000; “Alien Intelligences?: Think Again”, Space.com, 2000

[80] Os criacionistas estabelecem uma conexão imediata e natural da quantidade de água dos oceanos com a ocorrência de um dilúvio global, como a Bíblia ensina. Por seu lado, os evolucionistas não têm qualquer resposta cientificamente plausível para a quantidade de água em estado líquido existente na Terra. As recentes descobertas sobre a quantidade de deutério nos oceanos e nos cometas põem em causa a tradicional teoria da “chuva de cometas”.

[81] Génesis 1:2, 6-10; Salmos 148:4; II Pedro 3:5.

[82] A. Snyder Ruzicka, L. A. Taylor, “Giant Impact and Fission Hypotheses for the origin of the moon: a critical review of some geochemical evidence”, International Geology Review, 1998, 851, onde se lê: “The origin of the moon is still unresolved.”

[83] Danny R. Faulkner, “The Angular Size of the Moon and Other Planetary Satellites: An Argument for Design”, Creation Research Society Quarterly, 35 (1) June 1998.

[84] J.D. Barrow, F. I. Tipler, The Antropic Principle, OxfordUniversity Press, 1986.

[85] Charles Thaxton, Walter Bradley, Roger Olsen, The Mystery of Life’s Origin, Lewis and Stanley, 1992.

[86] B.D. Dyer, R.A. Obar, Tracing the History of Eukaryotic Cells, ColumbiaUniversity Press, 1994, 2,3.

[87] Robert Gange, Origins and Destiny, 1986, 77, onde se lê: “The likelihood of life having occurred through a chemical accident is, for all intents and purposes, zero. ”

[88] Fred Hoyle, “Hoyle on Evolution,” Nature, Vol. 294, No. 5837, November 12, 148.

[89] Duane T. Gish, The Amazing Story of Creation From Science and the Bible, El Cajon, CA, 1990, 33.

[90] Frank Sherwin, “The Ultimate Gamble”, Acts and Facts, 33, 1, 2004.

[91] Don Baten, “Cheating with Chance”, Creation Ex Nihilo, 17(2), March–May 1995, 14 ss.

[92] James Perloff, Tornado in a Junkyard: The Relentless Myth of Darwinism, Refuge Books, 1999, 63 ss.; Francis Crick, Life Itself: Its Origin and Nature, 1981, 51 ss., afirmando, ““If a particular amino acid sequence was selected by chance, how rare an event would this be?… The great majority of sequences can never have been synthesized at all, at any time.”

[93] Leonard Susskind: “A Universe Like No Other”, New Scientist, Volume 180, No. 2419, November 1, 2003, 34 ss; Cosmic Landscape: String Theory and the Illusion of Intelligent Design, Little, Brown, 2005, 3 ss.

[94] Richard Lewontin, “Billions and Billions of Demons”, New York Review of Books, Jan 8, 1997, 28.

[95] Michael Denton, Evolution: A Theory in Crisis, London: Burnett Books, Ltd., 1985, 261.

[96] Klaus Dose, “The Origin of Life: More Questions Than Answers,” Interdisciplinary Science Reviews, Vol. 13, No. 4, 1988, 348.

[97] Stanley L. Miller, “A Production of Amino Acids under Possible Primitive Earth Conditions,” Science 117 (1953), 528-29; “Production of Some Organic Compounds under Possible Primitive Earth Conditions,” Journal of the American Chemical Society 77 (1955): 2351-61.

[98] Antonio Lazcano, “The Never-Ending Story,” American Scientist, vol. 91, no. 5, 2003

[99] Paul Davies, The Fifth Miracle: The Search for the Origin and Meaning of Life, New York: Simon & Schuster, 1999, 17.

[100] Carl Wieland, “Evolution, Creation, and Thermodynamics”, Creation Ex Nihilo 3 (2):9–11, May 1980, 9 ss.

[101] Eric J. Chaisson, Cosmic Evolution, Cambridge, Massachusetts: HarvardUniversity Press, 2001, 47.

[102] Michael Behe, Darwin‘s Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution, Free Press, 1996.

[103] Denton, Evolution: A Theory in Crisis…, cit., 330 ss.

[104] Dawkins, The Blind Watchmaker, …, cit., 5 ss.

[105] H. J. Muller, “How Radiation Changes the Genetic Constitution”, Bulletin of the Atomic Scientists, Vol. 11, No. 9, November 1955, 331.

[106] Lee M. Spetner, Not by Chance, Shattering the Modern Theory of Evolution, Judaica Pr,1998.

[107] I.L. Cohen, Darwin Was Wrong: A Study in Probabilities, New York: New Research Publications, Inc.,1984, 81

[108] Richard B. Goldschmidt, The Material Basis of Evolution, New Haven Conn., Yale University Press, 1940, 8; George Gaylord Simpson, Tempo and Mode in Evolution, Columbia University Press, New York, 1944, 97; S. Lovtrup, Darwinism: The Refutation of a Myth, London: Croom Helm, 1987, 422. R. Wesson Beyond Natural Selection, MIT Press, Cambridge, MA, 1991, 206.

[109] Sarfati, Refuting Evolution…, cit., 39 ss.

[110] Sarfati, Refuting Evolution…, cit., 34 ss.

[111] Werner Gitt, In the Beginning was Information, 1997, 3 ss. 99, afirmando: “Since the findings of James D. Watson and Francis H. C. Crick, it was increasingly realized by contemporary researchers that the information residing in the cells is of crucial importance for the existence of life. Anybody who wants to make meaningful statements about the origin of life, would be forced to explain how the information originated. All evolutionary views are fundamentally unable to answer this crucial question.”

[112] R. Macnab, “Bacterial Mobility and Chemotaxis: The Molecular Biology of a Behavioral System”, CRC Critical Reviews in Biochemistry, vol. 5, 4, Dec., (1978), 291 ss.

[113] I.L. Cohen, Darwin Was Wrong: A Study in Probabilities, New   York: NW Research Publications, Inc.,1984, 209; John Woodmorappe, “Irreducible complexity: some candid admissions by evolutionists”, TJ, 17(2): 2003, 56 ss.

[114] Stuart Burgess, “Critical characteristics and the irreducible knee joint”, TJ, 13(2), 1999, 112 ss.

[115] Simpson, Tempo and Mode in Evolution…, cit., 105, 107; Stephen Jay Gould, S.J., “Evolution’s Erratic Pace”, Natural History, vol. 86, May, 1977.  N. Eldredge, I. Tattersall, The Myths of Human Evolution, Columbia University Press, 1982, 59; Niles Eldredge,  The Monkey Business: A Scientist Looks at Creationism, Washington Square Press, 1982, 65 ss.; Macro-Evolutionary Dynamics: Species, Niches, and Adaptive Peaks, McGraw-Hill Publishing Company, New York, 1989, 22; Reinventing Darwin, Wiley, New York, 1995, 95; R. Wesson, Beyond Natural Selection, MIT Press, Cambridge, MA, 1991,  206; Ernst Mayr, One Long Argument: Charles Darwin and the Genesis of Modern Evolutionary Thought, Harvard University Press, Cambridge, 1991, 138.

[116] Stephen Jay Gould, “Is a new and general theory of evolution emerging?”, Evolution Now: A Century After Darwin, Maynard Smith, J. (editor), W. H. Freeman and Co. in association with Nature, 1982, 14.

[117] Gish, Evolution: The Fossils Still Say No!…,  cit., 53 ss.; Sarfati, Refuting Evolution…, cit., 47 ss.

[118] Mayr, What Evolution Is…, cit., 20: “Given the fact of evolution, one would expect the fossils to document a gradual steady change from ancestral forms to the descendants. But this is not what the paleontologist finds. Instead, he or she finds gaps in just about every phyletic series.”

[119] S. J. Gould, “Evolution’s Erratic Pace”, Natural History, vol. 86, May, 1977.

[120] Keith Stewart Thompson, “Natural Selection and Evolution’s Smoking Gun,” American Scientist, vol. 85, Nov/Dec 1997, 516.

[121] Wells, Icons of Evolution…, cit., 9 ss.

[122] Sarfati, Refuting Compromise…, cit., 243 ss.

[123] Henry M. Morris, Scientific Creationism, 2º ed., Master Books, 1985,131 ss.

[124] Tas Walker, “The way it really is: little-known facts about radiometric dating”, Creation, 24(4), September 2002, 20 ss.

[125] Perloff, Tornado in a Junkyard: The Relentless Myth of Darwinism…, cit., 131 ss. e 151 ss.

[126] John Morris, “A canyon in six days!”, Creation 24(4), September 2002, 54 ss.

[127] John Woodmorappe, Mythology of Modern Dating Methods, ICR, 1999.

[128] T. R. Waller, L., Marincovich, “New species of Camptochlamys and Chlamys (Mollusca: Bivalvia: Pectinidae) from near the Cretaceous/ Tertiary boundary at Ocean Point, North   Slope, Alaska”, Journal of Paleontology, 66 (2),1992. 215 ss.; King, G.M. and Jenkins, I., “The dicynodont Lystrosaurus from the Upper Permian of Zambia: evolutionary and stratigraphical implications”, Palaeontology, 40(1), 1997, 149 ss.;  P. Kenrick, C-S.Li, , “An early, non-calcified, dasycladalean alga from the Lower Devonian of Yunnan Province, China”, Review of Palaeobotany and Palynology 100, 1998, 73 ss.; Vega, F.J. and Perrilliat, M. C., “Molluscan survivors of the K/T event in Paleocene strata at La Popa Basin, northeastern Mexico”, Geological Society of America Abstracts with Programs 31(1):A-36, 1999.

[129] L. Dicks, “The creatures time forgot”, New Scientist, 164(2209), 1999, 36 ss.

[130] New Scientist, 11 January 2003, 13

[131] John Woodmorappe “The fossil record: becoming more random all the time”, Technical Journal 14(1),  December 1999–February 2000,110 ss.

[132] John Woodmorappe, The Mythology of Modern Dating Methods, El Cajon, CA: Institute for Creation Research, 1999.

[133] Morris, Scientific Creationism.., cit.,  137 ss.

[134] Hansruedi Stutz, “Dating in conflict”, Creation, 19(2), March–May 1997, 42 ss.

[135] D.A. Swanson, R.T. Holcomb, “Regularities in growth of the Mount St Helens dacite dome, 1980–1986”, Lava Flows and Domes, J. Fink (ed.), Springer-Verlag, Heidelberg, Vol. 2, 1990, 3 ss.

[136] V. Gentry, G. J. Glish, E. H. McBay, “Differential helium retention in zircons: implications for nuclear waste management,” Geophysical Research Letters 9(10), October 1982, 1129-1130; D. R. Humphreys, S. A. Austin, J. R. Baumgardner, A. A. Snelling, “Helium diffusion rates support accelerated nuclear decay,” Proceedings of the Fifth International Conference on Creationism, Pittsburgh, PA: Creation Science Fellowship, 2003, 175 ss; D. R. Humphreys, “Accelerated nuclear decay: A viable hypothesis?”, Radioisotopes and the Age of the Earth: A Young-Earth Creationist Research Initiative, (L. Vardiman, A. Snelling, and E. Chaffin, editors), San Diego, CA, Institute for Creation Research, Creation Research Society, 2000, 348.

[137] Don DeYoung, Millions…not Billions, Master Books, 2005.

[138] Ariel Roth,Origins,1998, 184, reconhecendo que

“[t]he Cambrian explosion is not just a case of all the major animal phyla appearing at about the same place in the geologic column. It is also a situation of no ancestors to suggest how they might have evolved.”

[139] Gal, J., G. Horvath, E.N.K. Clarkson, O. Haiman, “Image formation by bifocal lenses in a trilobite eye?” Vision Research, 2000, 40:843–853; Acenolaza, G., M.F. Tortello, I. Rabano, “The eyes of the early Tremadoc Olenid trilobite” Jujuyaspis keideli Kobayashi 1936. Journal of Paleontology, 2001, 75(2):346–350.

[140] Stuart Burgess, Hallmarks of Design,2002, 47, onde se lê:

“Birds are so different from other creatures that there would have been hundreds of thousands of intermediate forms between birds and land animals if birds had evolved.”

[141] J.D. Morris, , The Young Earth, Master Books, Arizona, 1994.

[142] Andrew Snelling, “Instant” petrified wood, Creation, vol. 17, no. 4, 1995, 38-40; H. Akahane, T. Furuno, H. Miyajima, T. Yoshikawa, S. Yamamoto, “Rapid wood silicification in hot spring water: An explanation of silicification of wood during the Earth’s history”, Sedimentary Geology, vol. 169, 2004, 219-228.

[143] Sarfati, Refuting Evolution…, cit., 103 ss.

[144] John C. Withcomb, Henry M. Morris, The Genesis Flood: The Biblical Record and Its Scientific Implications, P & R Press; 1989; John Woodmorappe, Noah’s Ark: A Feasibility Study, ICR,1996; Studies in Flood Geology a Compilation of Research Studies Supporting, ICR, 2000; Sarfati, Refuting Compromise…, cit., 195 ss.

[145] Avid Alt, Glacial Lake Missoula and its humongous floods, Mountain Press Publishing Company, Missoula, MT, 2001, 180 afirmando: “Although theories abound, no one really knows what causes ice ages”; Ken Ham, Jonathan Sarfati, Carl Wieland, The Revised and Expanded Answers Book, Master Books, (1990) 2002, 159 ss.

[146] Andrew Snelling, “Coal Beds and Noah’s Flood”, Creation ex nihilo, 8(3), June 1986, 20 ss.; Tas Walker, “Coal: memorial to the Flood”, Creation ex nihilo, 23(2), March 2001, 22 ss.

[147] Austin, Baumgardner, et al., ‘Catastrophic Plate Tectonics: A Global Flood Model of Earth History’, 3rd ICC, 1994, 609 ss.

[148] Harold Hunt, Russell Grigg, “The sixteen Grandsons of Noah”,  Creation Ex Nihilo, 20(4), Sept.–Nov., 1998, 22 ss.

[149] Graham Hancock, Underworld: The Mysterious Origins of Civilization, Crown, 2002.

[150] George Gaylord Simpson, The Meaning of Evolution. New Haven, CT: Yale University Press, 1970, 345; Gregg. Easterbrook, “Of Genes and Meaninglessness.” Science, 277: August 15. 1997, 892.

[151] Apud Albert W. Alschuler, “A Century of Skepticism ”, Christian Perspectives on Legal Thought, (ed. Michael W. McConnell, Robert F. Cochran, Jr., A. Carmella), New Haven, Conn., 2001, 95.

[152] Chet Raymo, Skeptics and True Believers, New York, NY, Walker, 1998, 187 ss.

[153] George B. Dyson, Darwin Among the Machines: The Evolution of Global Intelligence, Perseus Publishing, 1998; Ray Kurzweil, The Age of Spiritual Machines: When Computer Exceed Human Intelligence, Penguin USA, 2000; The Age of Spiritual Machines, Texere Publishing, 2001; Hans P. Moravec, Robot: Mere Machine to Transcendent Mind, OxfordUniversity Press, 2000, 91 ss. e 163 ss.

[154] Richard Rorty, Truth and Progress, Cambridge, 1998; Phillip Johnson, Darwin on Trial, Washington, D.C., Regnery Gateway, 1991, 118.

[155] Gish, Evolution: The Fossils Still Say No!…, cit., 209 ss., Sarfati, Refuting Compromise…, cit., 308 ss.

[156] Russell Grigg, “The Minesota Iceman Hoax”, Creation, 20(1), December 1997, 18 ss.

[157] Gish, The Amazing Story of Creation From Science and the Bible,…, cit., 82 ss.

[158] F. Spoor, et al., “Implications of early hominid labyrinthine morphology for evolution of human bipedal locomotion”, Nature 369(6482):645–648, 23 June 1994.

[159] John Reader, Missing Links, Book Club Associates, London, 1981, 36; Michael Oard, Beverly Oard, Life in the Great Ice Age, Creation-Life Publishers, Inc., California, 1993; A. J. Tyrrell, A.T. Chamberlain, “Non–metric trait evidence for modern human affinities and the distinctiveness of Neanderthals”, Journal of Human Evolution 34, 1998, 549 ss.; M. Lubenow, “Recovery of Neandertal mtDNA: An Evaluation”, TJ(12)1, 1998, 87 ss.

[160] Ton Batten, “Where are all the people?”, Creation Ex Nihilo, 23(3), June–August 2001, 52 ss.

[161] Joseph T. Chang, Douglas L.T. Rhode, Steve Olson, “Human evolution: Pedigrees for all humanity”, Nature 431: (September 30, 2004), 518.

[162] Rebecca Cann, Mark Stoneking, Allan C. Wilson, “Mitochondrial DNA and Human Evolution”; Nature, January 1, 1987; A. Gibbons, “Mitochondrial Eve refuses to die”, Science, 259 (5099) 1993, 1249 ss.

[163] Ann Gibbons, “Calibrating the Mitochondrial Clock”, Science, January 2, 1998,  279:28-29, onde se lê: “Regardless of the cause, evolutionists are most concerned about the effect of a faster mutation rate.  For example, researchers have calculated that “mitochondrial Eve”—the woman whose mtDNA was ancestral to that in all living people—lived 100,000 to 200,000 years ago in Africa.  Using the new clock, she would be a mere 6,000 years old”.

[164] D. Batten, “Y-Chromosome Adam?”, TJ 9(2) August 1995, 139 ss.

[165] M.F. Hammer, et al., “Jewish and Middle Eastern non-Jewish populations share a common pool of Y-chromosome biallelic haplotypes”, Proceedings of the National Academy of Sciences (early ed.) 2000, 1 ss.

[166] R.J.  Britten ‘Divergence between samples of chimpanzee and human DNA sequences is 5% counting indels’, Proceedings National Academy Science, 99, 2002. 13633 ss.

[167] New Scientist, 15 March 2003, 26.

[168] Wells, Icons of Evolution…, cit., 59 ss.

[169] Sarfati, Refuting Evolution…, cit., 82 ss.

[170] A. Knight, M.A. Batzer,  M. Stoneking, H.K. Tiwari, W.D. Scheer, R.J. Herrera, P.L. Deninger,  ‘DNA sequences of Alu elements indicate a recent replacement of the human autosomal genetic complement.’ Proceedings of the National Academy of Sciences USA (1996) 93:4360-4364.

[171] New Scientist, 15 March 2003, 15.

[172] Jonathan Sarfati, Refuting Evolution, 2ª ed., II, Master Books, 2003, 192 ss.

[173] Werner Gitt, The Wonder of Man, Christliche Literatur-Verbreitung E.V., Bielefeld, Germany, 1999, 101.

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[175] Steven, Pinker, The Language Instinct: The New Science of Language and Mind, Penguin, London, 1997, 1395.

[176] Noam Chomsky, Language and the Mind, Harcourt, Brace, Jovanovich, New York,1972, 67-68,

[177] João 1:1 ss.; E. Lyons, B. Thompson, “In the ‘Image and Likeness of God’, Reason & Revelation [ I, II], 22, 2002, 17-23 e 25-31.

[178] Génesis 1:28-30; 2:15-17.

[179]S.H., Elgin, What is Linguistics? Prentice Hall, Englewood Cliffs, NJ, 1973, 44.

[180] George Gaylord Simpson, “The biological nature of Man”, Science 152, 1966, 477.

[181] Génesis 11:1-9.

[182] Carl Wieland, “Towering change”, Creation 22(1), 1999, 22.

[183] L. Loewe, S. Scherer,Mitochondrial Eve: the plot thickens.’ Trends in Ecology and Evolution, 12(11), November 1997, 422 ss.; A. Gibbons, ‘Calibrating the Mitochondrial Clock’. Science 279(5347), January 2, 1998, 28 ss.

[184] John Rendle-Short, “Man in the Image of God”, Creation Ex Nihilo, 4(1), March 1981, 21 ss.

[185] Michael A. Cremo, Richard L. Thomson, Forbidden Archaeology: The Hidden History of the Human Race, Torchlight Publishing, 1998.

[186] Génesis 1:31.

[187] New Scientist, 22 February 2003, 24; Science, 14 February 2003, 1029 ss. e 1054 ss.

[188] Kurt Mendelssohn, ‘A Scientist Looks at the Pyramids’, American Scientist, March–April, 1971, 210 ss.

[189] Sarfati, Refuting Compromise…, cit., 287 ss.

[190] Graham Hancock, Fingerprints of the Gods, New York, 1995. 135 ss.

[191] Rene Noorbergen, Secrets of the Lost Races: New Discoveries of Advanced Technology in Ancient Civilizations, Norcom Pub. Co, TN 1977; Donald Chittick, The Puzzle of Ancient Man, Creation Compass, 1997.

[192] Gitt, In the Beginning was Information…cit., 99 ss.

[193] Claude E. Shannon, Warren Weaver, The Mathematical Theory of Communication, Urbana: University of Illinois Press,1964.

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[195] Philip Johnson, The Wedge of Truth, Spliting the Foundations of Naturalism, Intervarsity Press, 2000, 38 ss.

[196] William A. Dembski, The Design Inference: Eliminating Chance Through Small Probabilities, Cambridge, Oxford University Press, 1998; “Science and Design”First Things, 86, October 1998, 21 ss. No Free Lunch: Why Specified Complexity Cannot Be Purchased Without Intelligence, Rowman & Littlefield, 2001;

[197] H. Yockey, “A Calculation of the Probability of Spontaneous Biogenesis by Information Theory,” Journal of Theoretical Biology, 67, 1977, 377.

[198] Werner Gitt, Carl Wieland, “Weasel Words, Refuting a common ploy to persuade people that evolution has been ‘proven by computer’”, Creation Ex Nihilo 20(4):20–21, September–November 1998, 20 ss.

[199] S. W. Fox , K. Dose, Molecular Evolution and the Origin of Life, San Francisco: W. H. Freeman,1972; G. Nicolis and I. Prigogine, Self-Organization in Nonequilibrium Systems, New York: Wiley Interscience,1977.; M. Eigen, W. Gardiner, P. Schuster, R. Winkler-Oswatitsch, “The Origin of Genetic Information,” Scientific American, 244(4), 1981, 88.

[200] Werner Gitt, “Information, science and biology” TJ 10(2):181–187,August 1996; In the Beginning Was Information, Bielefeld, 1997; Time and Eternity, Loizeaux, Neptune, 2001, 49.

[201] Gitt, Did God use Evolution?…, cit., 72.

[202] Gitt, Did God use Evolution?…, cit., 78 ss.

[203] Veja-se, por exemplo, James P. Ferris, “Mineral Catalysis and Prebiotic Synthesis: Montmorillonite-Catalyzed Formation of RNA,” Elements (vol. 1, June 2005), 146., onde se lê: “Biochemistry is too complicated to replicate from generation to generation without a reliable mechanism to pass on genetic information. In all known life forms, that mechanism depends on the double-stranded molecule DNA and its close relative, the single-stranded RNA, or ribonucleic acid. But there’s a catch: You need DNA to make proteins, but you need proteins to make DNA. Which came first?” (o itálico é nosso).

[204] C.M. Fraser, et al., “The minimal gene complement of Mycoplasma genitalium”, A., Goffeau, “Life With 482 Genes”, Science, 270 (5235), 1995, respectivamente 397 ss. e 445 ss.

[205] Dawkins, The Blind Watchmaker…, cit., 115.

[206] Apud, Canadian Christianity, 8, May, 2004.

[207] Sarfati, Refuting Compromise…, cit., 67 ss.

[208] Charles V. Taylor, The Oldest Science Book in the World, Assembly Press, Queensland, 1984, 21 ss., 73 e 121.

[209] Russell Grigg, “Should Genesis be taken literally?”, Creation 16(1),
December 1993, 38 ss.; Gorman Gray, The Age of the Universe: What Are the Biblical Limits?, Morningstar Publications, Washougal, Washington, 1997.

[210] Deutoronómio 18-18; Provérbios 8:7-8; Jeremias 23:30, 33-40.

[211] Mateus 19:3-6; Marcos 10:2-9; Lucas 17:26-27; 34:27; João 1:17; John W. Wenham, Christ and the Bible, Eagle, Guildford, Surrey, UK, 3rd ed. 1993, passim.

[212] Sarfati, Refuting Compromise…, cit., 225 ss.

[213] Actos 17:16 ss.

[214] Génesis 1:31. Ken Ham”, The god of an old Earth”, Creation Ex Nihilo 21(4), Sept-Nov 1999, 42 ss.

[215] Jacques Monod, “The Secret of Life”, entrevista com Laurie John, Australian Brodcasting Co, Junho 1970. Citado em Henry Morris, The Long War Against God, The History and Impact of the Creation/Evolution Conflict, Master Books, 2000, 58.

[216] Bertrand Russell, Religion and Science, OxfordUniversity Press, 1961, 73.

[217] Morris, Scientific Creationism…, cit., 136.

[218] Génesis 3:17 ss.

[219] Romanos 6:23

[220] I Coríntios 15:26

[221] Apocalipse 22:3

[222] João 10:10

[223] Génesis 3:17; 4:10-12; Oséias 4:1-3; Romanos 8:20-22.

[224] Isaías 11:6; Apocalipse 21.

[225] Actos 1:3.

[226] Romanos 1:20.

[227] John Milton, Areopagitica, A Speech for Liberty of Unlicensed Printing  London, 1644 (1994); John Stuart Mill, On Liberty and Other Essays, Oxford, 1991.

[228] Hee-Joo Park, “The Politics of Anti-Creationism: The Committees of Correspondence”, Journal of the History of Biology, 33 (2), 2000, 349 ss.

[229] Robert T. Pennock, “Should Creationism be Taught in the Public Schools?”, Science and Education, 11 (2), March 2002, 111 ss.

[230] Pierre-Paul Grasse,  Evolution of Living Organisms, Academic Press, New York, N.Y., 1977, 8; Wolfgang Smith, Teilhardism and the New Religion: A Thorough Analysis of The Teachings of Pierre Teilhard de Chardin, Rockford, Illinois: Tan Books & Publishers Inc., 1988, 2.

[231] David Walsh, The Third Millennium: Reflections on Faith and Reason, GeorgetownUniversity Press, 1999.

[232] Henry M. Morris, Scientific Creationism, 2º ed., Master Books, 1985, 19 ss.

[233] Actos 17:24-25.

[234] João 3:16; 5:24; 6:40, 68; Romanos 5:21; 6:22; Gálatas 6:8; I. Timóteo 6:12; Tito 1:2; I João 2:25; 5:11,13, 20.

[235] Romanos 12:1-2.

[236] Sarfati, Refuting Compromise…, cit., 49 ss.

[237] I Coríntios 13:12

[238] Steven J. Brams, Biblical Games,  Game Theory and the Hebrew Bible, MIT Press, Cambridge, Mass., 2003, 13.

Resposta Paulina ao Gnosticismo em Colossensses

Gnosticismo

Simbolo do Gnosticismo

INTRODUÇÃO
O Gnosticismo foi um grande problema no passado para a igreja primitiva e ainda que não se fala muito disso hoje, o gnosticismo tem enredado muita gente com seus ensinos. Para perceber isto vamos abordar qual o  significado do gnosticismo, procurando saber a sua origem  e qual a sua importância. Procurando entender o problema gnóstico em Colossos, com base  na refutação de Paulo e também perceber de que forma o gnosticismo actua hoje em dia nas nossas igrejas.

I. DEFINIÇÃO DE GNOSTICISMO

Gnosticismo vem da palavra grega gnosis que significa “conhecimento” – muitos helenistas vangloriavam-se de possuir uma sabedoria muito mais profunda do que a revelada nas Escrituras e era privilégio de poucos. Eles consideravam a matéria má em si, razão por que um Deus santo não a poderia ter criado. Os anjos diziam eles, eram os criadores da matéria. Um Deus puro não se comunicava directamente com o homem pecador, mas por meio de uma cadeia de anjos intermediários, que formavam uma espécie de escada.” Segundo Champlin os Pais da Igreja chamavam o gnosticismo de “sabedoria grega”. Macarthur descreve que os gnósticos ofereciam uma miscelânea sinistra de ideias, mitos e superstições; os quais eram emprestados das religiões pagãs de mistério e das filosofias humanas. E sublinha ainda que todas as formas de gnosticismo começaram com a noção de que a verdade é secreta, conhecida apenas por um grupo selecto de mentes elevadas e iluminadas.

II. AS ORIGENS DO GNOSTICISMO

Pouco sabemos sobre as origens do gnosticismo. O movimento não teve fundador, apesar de o nome de Simão, o Mago como podemos ver em Actos 8, ser muitas vezes associado nas tradições da igreja com o surgimento do gnosticismo. O gnosticismo não tem texto do qual parte, nem é possível identificar uma data específica para o começo do movimento. Algumas ideias do gnosticismo já eram conhecidas no tempo do NT. Apesar de o assunto ser debatido, porém, não há evidências de que o gnosticismo existiu antes do cristianismo.

III. A IMPORTÂNCIA DO GNOSTICISMO

O gnosticismo obviamente é importante para a compreensão da história da igreja e também em termos teológicos. Nós também temos de lidar com o problema do mal. Muitos erros do gnosticismo ainda representam um perigo hoje em dia. Alguns tendem a rejeitar o mundo criado por Deus e a considerar o corpo mau, ou a achar que Cristo não foi plenamente humano. Ou, como o famoso gnóstico Marcião, muitos se vêem tentados a rejeitar a autoridade do AT.

IV. O PROBLEMA GNÓSTICO EM COLOSSOS

Segundo Carson os Colossenses eram cristãos neófitos. Não fazia muito tempo que haviam deixado o paganismo ou o judaísmo, e era fácil para eles retornarem às práticas e maneiras de pensar às quais tinham estado acostumados antes de sua conversão, as quais ainda encontravam e cuja atracção lhes era impossível negar.
Shedd nos diz que os gnósticos propuseram a solução da separação, quase infinita em distância, do Deus bom, de um lado; e do mundo material, de outro. O homem, pelo conhecimento (gnosis, isto é, conhecimento esotérico) e acertada adoração, poderia influenciar os poderes angelicais e demoníacos que dominavam o espaço entre Deus e o mundo. E Champlin afirma que os gnósticos tinham reduzido Cristo a mera emanação, como se ele fosse um mediador entre muitos. Para os gnósticos, Cristo era apenas o deus deste mundo e não de toda a criação. Os gnósticos separavam de Deus dos homens por tão grande número de sombrios “aeons”, que o contacto de Deus com os seres humanos se tornava virtualmente impossível.
Os gnósticos não achavam necessário negar o poder de Cristo para salvar os homens do pecado, mas criam que o sofrimento e a morte de Jesus mostravam inconfundivelmente que ele mesmo fora vítima do azar, condenado a sofrer um caprichoso fatalismo do mundo material. E no que se refere ao cristianismo, o gnosticismo consistia, essencialmente, na tentativa de fundir as revelações dadas por meio de Cristo e seus apóstolos com os padrões de pensamento já existentes, o cristianismo tornar-se-ia apenas mais outro culto misterioso greco-romano.

V. A REFUTAÇÃO DE PAULO CONTRA O GNOSTICISMO

O gnosticismo não era uma seita única e exclusiva, O pensamento gnóstico oferecia possibilidades para os “inventores” de religiões, por meio das quais cada falso mestre poderia inventar sua própria seita, Por essa razão, o gnosticismo, como um sistema, não era fácil de ser refutado; e não é fácil descrevê-lo.
Shedd destaca que Paulo como advertência emprega quatro métodos em sua luta contra o gnosticismo, (1) advertência “cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs subtilezas…” (Cl 2.8), (2) usa o Termos-chaves dos hereges, dentre os quais Ryrie destaca: “O Homem Perfeito” (Cl 1.28), “Mistério de Deus, Cristo (Cl 2.2), Sabedoria e Conhecimento” (Cl 2.3), “Rudimentos do Mundo” (Cl 2.8) e “Cabeça” (Cl 2.10). (3) Dá à história o seu devido lugar, (4) Exalta Cristo, o Filho de Deus.
Patzia descreve como refutação que Paulo enfatiza que os Colossenses não necessitavam de uma fonte adicional de revelação, ou; autoridade para sua vida espiritual. Cristo não é simplesmente mais uma força espiritual, dentre outras que compõem a totalidade, ou plenitude (pleroma) do universo (Cl 1.19). Ele é superior a todos os poderes, visto que ele, e só ele, é o Deus encarnado; a plenitude de Deus encontra-se em Cristo.
Shedd sublinha que Paulo combateu estas heresias reconfirmando as principais verdades históricas e teológicas do evangelho: 1) Cristo incorpora toda a realidade divina, 2) Ele é superior a todo poder real ou inventado (Cl 2.10,15), 3) A perfeição se alcança unicamente em união vital com ele (v.10), 4) por intermédio da fé e do enxerto em Cristo, simbolizado no baptismo, todos os benefícios da morte e ressurreição dele são compartilhados e 5) não estando mais morto e alienado de Deus pelo pecado, o cristão vive totalmente liberto da culpa e em tranquilidade diante de qualquer obrigação religiosa, por intermédio da vitória de Jesus na morte e ressurreição.

VI. O GNOSTICISMO HOJE

MacArthur destaca que o gnosticismo, na realidade, nunca morreu. Traços de influência gnóstica têm infectado a igreja através de sua história. Actualmente, uma tendência neognóstica de se buscar conhecimento oculto vem ganhando uma nova influência e trazendo consigo resultados desanimadores.
Em ambientes onde são toleradas a doutrina imprecisa e uma negligente exegese bíblica, onde definham tanto o discernimento quanto a sabedoria bíblica, as pessoas tendem a procurar algo mais que a simples suficiência que Deus providenciou em Cristo. Hoje, como nunca antes, a igreja tem-se tornado negligente e atordoada quanto à verdade bíblica, e isso tem conduzido a uma busca sem precedentes pelo conhecimento oculto. Isso é neognosticismo, e três de seus traços principais, presentes hoje na igreja, indicam que ele está ganhando ímpeto: a psicologia, o pragmatismo e o misticismo.

CONCLUSÃO

Para concluir, vimos o significado da palavra gnosticismo que vem do grego gnósis e que quer dizer conhecimento, também investigamos que o gnosticismo é de origem incerta e a sua importância é para a compreensão da história da igreja e também em termos teológicos. A igreja dos Colossenses enfrentara graves conceitos e influências da heresia gnóstica, que negava a divindade de Cristo e misturavam o sincretismo religioso com a filosofia humana. Contudo Paulo refuta o gnosticismo advertindo os Colossenses quanto a estes perigos. Sobretudo para que eles não ficassem enredados com suas filosofias e vãs subtilezas. Mas que “em Cristo habitou corporalmente toda a plenitude da divindade”. Portanto isto se aplica hoje também, devemos ter o cuidado para detectarmos estas heresias gnósticas em nossas igrejas para podermos refutar à luz da palavra de Deus para que os crentes não sejam confundidos e venham estar presos a filosofias humanas. Que Deus nos ajude!

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