COERÊNCIA E CONSEQUÊNCIA

Coerência e Consequência

2023jan01 ADodivelas - JorgePinheiroDr. Jorge Pinheiro

E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. (João 12:32)

(João 12:27-36)

Esta secção vem no seguimento do diálogo travado entre Jesus e os Gregos que O procuraram, os quais, como mencionámos, deixam de ser referidos nos versículos seguintes.

Agora, Jesus dirige-se aos Seus e à multidão, embora esta interacção comece com o que podemos considerar uma confissão pessoal do estado de alma de Jesus: “Agora, a minha alma está perturbada. E que direi eu: Pai, salva-me desta hora? Mas para isso vim a esta hora!” (v. 27). Sem forçar o texto, podemos detectar uma ligação entre esta declaração e a que Jesus apresentara momentos antes: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só, mas se morrer dá muito fruto” (v. 24). Uma é consequência da outra. Na verdade, Jesus está a comparar a Sua vida com a vida do grão de trigo. Este, para frutificar, necessita de ir pelo caminho da auto-renúncia, o que lhe provocará a morte. De igual modo, para que da vida de Jesus saia muito fruto, é necessário que Ele aplique a si a mesma receita – que se auto-renuncie e enfrente a morte. Tendo presente esta realidade e mantendo a coerência do que ensinava e do que momentos antes dissera, não admira que Jesus confesse a perturbação que O invade.

Como homem íntegro que era, no pleno uso da Sua vitalidade, há sem dúvida uma luta com a aceitação dessa consequência. Mas Jesus sabe que tem de ser coerente até ao fim. Mas também sabe qual a razão da Sua vinda a este mundo. Todo esse drama e confronto estão manifestos no que diz. Parafraseando-O, podemos reformular toda a sua expressão: “Como um grão de trigo que para dar fruto tem de passar pela morte, assim também eu, para que o meu ensino dê fruto e eu próprio sirva de alimento espiritual às gerações futuras, tenho de passar pelo mesmo processo. O meu desejo de viver grita contra essa perspectiva e a minha coerência leva-me a ficar perturbado. Que fazer? Ceder a essa minha vontade e desejo e pedir ao Pai um outro caminho? Mas como pode Deus aceder a um tal pedido? Como posso eu não me sujeitar aos desígnios de Deus? Aceitei o plano que o Pai tinha para mim e isso implicava ser como o grão de trigo.”

Repare-se que esta angústia se vai manifestar de novo no Getsémani, de modo muito patente na Sua oração: “Pai, se é possível, passa de mim este cálice!”

Em suma, Jesus tem plena consciência da Sua missão e das suas consequências, mas também sabe que tem de manter até ao fim a Sua coerência porque só assim se manterá em sintonia com a vontade de Deus.

A missão de cada um de nós não apaga a nossa humanidade de perturbação, de revolta ou de angústia. Tudo isso são emoções que nos assaltam em resultado da nossa condição humana. Deus sabe a massa de que somos feitos mas também sabe que permanecerá sempre connosco, sejam quais forem as circunstâncias. Por vezes, nós é que nos esquecemos dessa realidade.

No seguimento desta confissão que surge como um pensamento íntimo dito em voz audível e perante a perturbação e o dilema que enfrenta, Jesus não toma outra decisão senão a de entregar a resolução do caso nas mãos de quem tem todas as respostas. Assim, dirigindo-se ao Pai, exclama: “Pai, glorifica o Teu nome” (v. 28). Uma outra versão diz: “Pai, manifesta a glória da Tua pessoa!”, enquanto uma outra declara: “Pai, manifesta o Teu poder!” Estas três versões complementam-se.

Há sem dúvida a tentação de Jesus pedir a Deus que O retire da situação em que a Sua missão O envolveu. Mas Ele prefere invocar Deus como Pai, o que é deveras significativo porque traduz a ideia de proximidade e de comunhão íntima. E ao invocar Deus como Pai, Jesus preocupa-se não consigo mesmo ou com o Seu dilema e angústia pessoais, mas com a glória e o poder da pessoa de Deus. Estaremos nós, nas nossas angústias e dilemas, na hora da nossa maior perturbação, dispostos a colocar em primeiro lugar não a nossa pessoa e os nossos problemas, mas a manifestação da glória e do poder de Deus enquanto Pai?

Não sabemos quanto tempo tardou a resposta a esta oração, mas o texto diz que ela veio de um modo sensível, audível: “Então, veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado e outra vez o glorificarei” (v. 28).

Repare-se que a voz “veio do céu”, ou seja, do domínio do divino, do transcendente. Não veio do conselho humano, da cogitação pessoal, mas “do céu”. Há momentos na nossa vida em que a resposta tem de vir do céu e isso sem qualquer menosprezo pelos conselhos humanos ou pela reflexão pessoal. Há momentos em que nada mais substitui uma voz vinda do céu… Em hebraico, voz também significa trovão, ou seja, a mesma realidade pode ser interpretada de formas diferentes.

E foi o que aconteceu: “Ora, a multidão que ali estava e que a tinha ouvido, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe falou” (v. 29). Face aos acontecimentos que envolvem o sobrenatural, há os que reduzem essas manifestações a meros fenómenos físicos e procuram explicá-las recorrendo apenas ao domínio do mundo natural, para além do qual nada mais conta. Já outros recorrem ao misticismo, a uma natureza esotérica do mundo maravilhoso, em que por norma Deus também não está presente, porque o que conta é o mundo das visões, das aparições que a breve trecho descambam em superstições. Para Jesus, essa voz trazia uma mensagem muito clara, passível de interpretação e de compreensão. E em resposta à multidão, a partir do versículo 30 Jesus faz afirmações de extrema importância.

Começa por declarar e esclarecer que “não veio esta voz por amor ou por causa de mim, mas de vós” (v. 30). Jesus reafirma a natureza desse fenómeno, desse som – não foi um trovão, não foi um anjo, mas foi uma voz vinda de Deus. Ora, quem tem uma relação com Deus, como era o caso do povo judeu, associa de imediato a voz com a expressão da vontade de Deus. Foi assim no Éden, quando Adão ouvia a voz de Deus, foi assim com Moisés quando ouviu a voz de Deus no episódio da sarça ardente e também no monte Sinai, foi assim com Samuel quando ouviu a voz de Deus, embora a princípio a tivesse tomado como vinda de Eli, foi assim com muitos outros, incluindo profetas, sacerdotes e reis. E o autor da epístola aos Hebreus recorda-o: “Havendo Deus antigamente falado… de muitas maneiras” (Hebreus 1:1).

Toda a voz se dirige a alguém por alguma causa e transmite uma mensagem. Esta não foi excepção. Ela veio por causa da multidão! E há aqui um paralelo com Moisés. Na outorga da Lei no Sinai, Deus falou directamente a Moisés, mas o povo estava distante. No Antigo Testamento, Deus falava apenas ao mediador que por sua vez transmitia a mensagem recebida ao povo distante, sujeito a castigo caso transgredisse a ordem de se manter afastado (Êxodo 19:10-25).

Mas agora, Deus falava directamente a todos, mesmo que nem todos entendessem com clareza o que ouviam. Agora com Cristo, podia haver uma ligação directa com Deus, cuja glória poderiam contemplar não apenas no julgamento e expulsão do mal deste mundo, mas também no próprio Jesus cuja morte atrairia todos a uma comunhão plena e directa com Deus.

Embora para os Cristãos, que já são beneficiários da obra de Cristo, estas palavras façam sentido, para a multidão que as ouvia pela primeira vez provocavam dúvida e estupefacção. À multidão não custou aceitar que “agora é o juízo deste mundo, agora será expulso o príncipe deste mundo” (v. 30). Isso fazia parte da sua crença e das suas expectativas escatológicas. Afinal, havia uma luta entre o bem e o mal e o destino deste era ser derrotado de vez. De resto também, naquele tempo não faltavam vozes apocalípticas anunciando precisamente isso. O que a multidão achou estranho foi o meio pelo qual esse julgamento e expulsão viriam. Jesus dissera-o com todas as letras: “Quando eu for levantado da terra, todos atrairei a mim” (v. 32). Para que ao leitor não restassem dúvidas quanto ao significado dessa declaração, o versículo 33 explica-a de forma muito clara. Era uma referência não só à Sua morte mas também ao tipo de morte.

Ora, essa declaração ia ao arrepio da convicção generalizada em relação ao Messias e isso é afirmado pela população: “Nós temos ouvido da Lei que o Cristo, ou seja, o Messias prometido, permanece para sempre” (v. 34). Repare-se que eles dizem “temos ouvido da Lei” e não “temos lido na Lei”. Se “tinham ouvido”, isso significa o resultado do que aprenderam ou do que alguém lhes ensinara. O seu conhecimento dependia não de um esforço pessoal de descobrirem por si mesmos a verdade, mas das conclusões a que outros haviam chegado. Claro que nem sempre o que aprendemos por essa via está errado. Afinal, o ensino é fruto de uma pesquisa e do estudo das fontes. Mas também é verdade que a mesma realidade pode ser interpretada de diversas formas, muitas delas contraditórias entre si e não poucas vezes sucede que o que aprendemos resulta da aceitação por vezes cega do ensino do mais forte ou do mais influente. É por isso que mesmo sem a intenção de negar ou de pôr em causa o que nos é ensinado, é sempre conveniente e útil ir comprovar por nós mesmos o que nos é ensinado ou aquilo que entendemos do que nos é comunicado. Afinal, foi o que fizeram os crentes de Bereia que confrontaram o ensino de Paulo com o que as Escrituras afirmavam. Sigamos esse exemplo e recorramos sempre à Escritura para com ela confrontar o que nos é ensinado em relação à vontade e plano de Deus.

Ora, à multidão fora ensinado que o Cristo permanece para sempre, o que não deixava de estar correcto. De facto, a profecia relativa ao Messias indicava que ele surgiria para ficar para sempre. Mas essa afirmação não revela todo o quadro. Faltava-lhe indicar o caminho, o percurso que o Messias trilharia. Mas o que lhes fora ensinado, que o Messias permaneceria para sempre, era entendido como significando que ele nunca provaria a morte nem passaria por qualquer tipo de suplício. Assim, não admira considerarem que Jesus, em quem tinham até então depositado tanta confiança e esperança e a quem haviam momentos antes aclamado como o enviado de Deus, não podia ser o Messias. Havia uma clara contradição entre o que fora ensinado/compreendido e a declaração de Jesus de que iria ser supliciado. Se Ele ia passar pela morte, não poderia ser o Messias! E a pergunta surge com toda a lógica: “Como dizes que convém que o Filho do Homem seja levantado? Quem é esse Filho do Homem?”

E esta é a pergunta que ainda hoje ecoa, a pergunta mais importante ou, pelo menos, a pergunta cuja resposta é a mais importante para o nosso viver: “Quem é este Jesus?” As respostas podem variar, podendo todas elas paradoxalmente não estar erradas, mas estarão incompletas porque se concentram apenas numa característica daquilo que Jesus é. É um reformador? É! É um religioso? É! É um revolucionário? É! E poderíamos continuar. E a resposta a muitas perguntas, talvez não todas, seria positiva, mas essas perguntas estariam focadas apenas num aspecto, talvez não o mais importante, talvez o que mais nos interessasse e o resultado seria viver e entender Jesus não de um modo totalmente errado, mas incompleto e, portanto, imperfeito.

A resposta dada por Jesus a esta observação pertinente é interessante e instrutiva. Poderia ter-se envolvido numa discussão com a multidão, criticando a sua incompreensão e distorção da realidade ou ter enveredado por uma explicitação de quem é o Filho do Homem, mas Jesus procede de outro modo e vai ao fundo da questão, à razão de ser daquela incompreensão, à realidade última. E se os Gregos que O procuraram ainda estivessem presentes e fossem de facto estóicos, mais admirariam Jesus por esta Sua resposta, pela profundidade de pensamento que ela apresentava.

Disse Ele: “A luz ainda está convosco por um pouco de tempo; andai enquanto tendes luz, para que as trevas vos não apanhem, pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na luz para que sejais filhos da luz” (vv. 35,36).

Toda esta resposta merece um longo tratamento e uma extensa reflexão e a sua exploração abrir-nos-ia caminho para uma sala repleta de tesouros de sabedoria. Não temos tempo nem engenho para tanto e temos de nos limitar e contentar com uma análise muito superficial.

Jesus deixa implícito que se identifica com a luz: “A luz ainda está convosco por um pouco de tempo.” De resto, noutra ocasião (João 8:12), essa foi a Sua declaração. A luz opõe-se às trevas que são a ausência de luz, mesmo que nelas possa haver um pequeno vestígio de luz. A luz permite-nos enxergar a realidade das coisas com mais nitidez, evitando confundir o real com uma ilusão ou miragem, o que nos levaria ao erro. Quanto mais luz, mais próximos estamos da verdade e da realidade.

Se temos luz, então o caminho lógico é acreditar, é confiar nela, é saber que ela não nos engana. Ao viver nela, tornamo-nos luz também, conforme diz uma outra versão: “Enquanto tiverem luz, acreditem nela, para serem luz também” (BPT).

Esta declaração estabelece também a existência de dois tipos de pessoas ou mentalidades: os filhos da luz e os filhos das trevas. E é interessante notar que embora não esteja incorrecto falar em “treva”, o usual é dizermos “as trevas”, no plural, o que implica que há diferentes tipos de trevas e não apenas de uma só qualidade, enquanto a luz é por norma designada como “a luz”, no singular, embora por vezes se diga “as luzes”, o que nos aponta para a unidade da luz. De facto, fomos chamados à unidade, à unidade com Deus e com o Seu propósito. E isso é possível se formos verdadeiramente filhos da luz. E só o seremos se andarmos na luz, que é Cristo. É o que declara João: “Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros” (1 João 1:7).

Então, diz Jesus à multidão, para sermos filhos da luz e não nos deixarmos enganar por ensinos errados ou distorcidos, como era o ensino de então sobre o Messias, temos de crer na luz do Seu ensino. O que nos afirma que acima da tradição e do ensino tradicional mantém-se inalterável e disponível a todos a luz da verdade de Deus. E essa luz é a pessoa de Jesus Cristo.

A Deus toda a glória!

SAC, 3 de Janeiro de 2023

CONSTRUIR PONTES NO LIVRO DO PROFETA EZEQUIEL

CONSTRUIR PONTES NO LIVRO DO PROFETA EZEQUIEL 

Pastor Álvaro Ladeira (transcrição da mensagem partilhada na ADbenfica a 2022nov27)

2022nov27 pastor AlvaroLadeira ADbenfica

Gostava que vocês se inspirassem, acerca de construir pontes!

Nem sempre construir pontes é fácil! Nem sempre é fácil…!

A maioria de nós gostaria de saber construir pontes, de si mesmo para quem está à sua volta. Gostaríamos, às vezes, de estar mais perto de quem nos rodeia.

Alguém se identifica com esta realidade?

Conheço pessoas que não. Por exemplo, a minha irmã, às vezes passa por momentos mais difíceis com alguns camaradas da vida, com os quais interage, e diz assim: “Quanto mais conheço os humanos, mais gosto dos animais!”

Não sei se alguém já teve esta experiência… Há uns humanos difíceis…! De facto, não parecem humanos, parecem zoómanos! Há uns zoómanos difíceis!…

De facto, às vezes somos nós mesmos!

Mas quem saiu de casa esta manhã, e veio a este lugar, ou quem se levantou para ver esta live, nem que tenha só aberto apenas a persiana esquerda ou a persiana direita para assistir no telemóvel em casa, fê-lo porque queria estar mais perto de Deus!

E alguns de nós lutamos também com o facto de não saber como…!

Foi o caso do Ezequiel. Ezequiel viveu num tempo muito difícil! Um tempo bem mais difícil do que aquele que estamos a experimentar hoje, aqui do nosso país, à beira-mar plantado.

No contexto em que viveu, também estavam a experimentar guerras, também estavam a experimentar perseguições…

Mas não estava a acontecer com os outros. Estava a acontecer com ele. Estava acontecer com o povo dele, com a família dele, com todos.

E nesta luta de não saber como construir pontes para estar perto de Deus, eu lutei muito tempo.

 

E a primeira pessoa com quem lutei, foi comigo mesmo.

No fundo, não sabia ser quem eu era.

E para construirmos uma relação, temos de estar um pouco confortáveis com quem somos, não é? Porque se não estamos bem connosco, como vamos estar bem com alguém?

Lembro-me de ser um miúdo, pequenino, e de que não queria ser eu.

Achava melhor ser aquilo que aquele era, ou o outro. Aqueles que tinham mais notoriedade no grupo, que conseguiam fazer coisas que eu não conseguia… Este, ou aquele aspeto em particular…

 

Dava mais jeito, criar aquelas personas, e ser um outro alguém.

Apesar disso resolver naquele instante algumas coisas – porque se eu fosse eu, teria os amigos dele, e as amigas dele, teria o que ele tinha, faria o que ele faria – a verdade, é que isto tem um problema!

E qual é o problema? O problema é que não dá para sermos outra pessoa.

Dá para fingir, mas não dá para ser! Só dá para ser quem nós somos!

E claro, sempre podemos construir uma persona, um personagem, e tentarmos viver e ser, o que esses personagens são, e viveriam.

 

Hoje faz-se muito isso!

E nas novas gerações, que estão já a nascer no digital, e que tem muito mais acesso, que são já nativas, existem ferramentas ótimas para criarmos novos personagens!

E qual é o problema disso?

O problema, é que isso é fake! Isso não é exatamente a realidade, e isso nota-se…!

Não nos realiza tanto quanto promete, ser quem não somos!

Torna-nos, de certa forma escapistas, desajustados no mundo físico. Somo uns ‘Hudinis da vida’

Quem conhece o Hudini? O Hudini… é do baú, é uma desempoeirada daquelas…!

Ele recebia aplausos por ser quem era! O Hudini é um daqueles escapistas e ilusionistas, dos mais famosos de todos os tempos! Especialmente desde que há memória, porque só dizemos isso daqueles que conhecemos…! Pode ter havido outro, mas nós conhecemo-lo a ele!

Ele fazia coisas incríveis! E se vocês forem ao YouTube, conseguem ver algumas imitações, algumas reconstruções, e até algumas filmagens!

Mas enquanto ele recebia aplausos por ser quem era, nós recebemos aplausos – quando criamos essas personas – por sermos quem não somos…!

O que é estranho, não é? É um elogio, mas não bate cá dentro, como se fosse a sermos aplaudidos por sermos quem somos!

Um amigo meu diz uma frase de que eu gosto muito, e por isso repito-a algumas vezes. Quando construímos essas personas, “Há algo de errado, que não está certo!”

Deu para compreender?

 

Mas além de lutar comigo, também lutei com os outros!

Então eu queria impor-me! Um bocadinho mais tarde, comecei a ficar assim mais espigadote, e queria impor-me! Primeiro, pela força física.

Por essa razão, estudei até artes marciais, e até tive como ídolo até o reformar aos 14 anos, o meu amigo Bruce Lee!

Por isso, quando havia alguma situação, a primeira coisa era ficar em tronco nu…! E lá ia a camisola interior, até no inverno, com a pasta e tudo para o chão…! Depois, lá vinha aquela senhora velhinha da rua, que pegava naquilo tudo, e ia levar lá a casa, e dizia: “Ó Alvarinho! Sempre todos os dias…!”

E quando eu fugia, para não ouvir, ela dizia à minha mãe, e era muito pior!

 

Quando era pela força física, eu tentava pela força dos argumentos.

A razão pela qual, também desenvolvi este sentido de humor.

Nos primeiros estágios, usava esta arte porque queria ficar por cima num debate, nem que fosse pela humilhação do outro…!

Nem sempre as nossas estratégias, nos levam onde queremos ir, sem produzir danos colaterais.

Porque às vezes, conseguimos o que queremos. Mas não temos uma régua para medir o “à custa de quê” …!

Eu queria sentir-me admirado, maltratando os outros. E, de facto, havia pessoas que me admiravam. Até me combaterem, e depois tentarem destronar-me e aí…, já não era tão gira a admiração…!

 

Também desenvolvi o Pensamento Lógico e Filosófico.

O Filosófico, foi a ferros! Tive de ir lá a sala dos professores, onde trabalhava a minha mãe. De facto, onde ela descansava entre as aulas que dava. E lá, contratei o professor de filosofia, para me ensinar! Porque a minha professora filosofia dizia que eu não me conseguia libertar do senso comum …!, e eu não entendi.

Foi com o dinheiro das explicações que dava na altura, que consegui desenvolver o raciocínio filosófico!

 

Por fim, também lutei com Deus!

E lutei com Deus porquê? Porque na minha ótica, Deus tinha ideias muito fixas!

Alguém concorda comigo? Era muito inflexível!, pensava eu…!

Ele tinha sempre que estar certo! Nunca pensaram isto?

Na minha loooonga experiência, que tinha na altura, nunca tinha conhecido ninguém que estivesse sempre certo! Mas Deus tinha de ter sempre a última palavra!

Isto para mim era um pouco irritante!

Pior! Era suposto que quando alguém sabia o que Ele achava acerca de algo, todos os outros – mesmo que não concordassem – tinham de desistir de contra-argumentar, e fazer o que Ele dizia!…

Alguém já se sentiu mal com isto, ou não?

Alguns dizem que não…! Eu gosto mais de acreditar nos outros, porque sinto-me em casa…!

Ora… E isso era quase insuportável para mim…!

Não fosse aquele bem-estar que experimentava quando me sentia perto d’Ele…

Não fosse aquela coerência, e aquela consistência que Ele tinha, quando se referia a coisas complexas da vida de que eu não percebia nada!, como por exemplo, lidar com os humanos, e com as suas relações,…

Não fosse tudo isso, tinha tirado bilhete para bem longe!…

Mas Deus era Irresistível para mim!

Ninguém me conseguia tocar como Ele! Em áreas do meu interior, que nem sabia que existiam!

Vocês sabem? Quando chegamos a uma certa idade, começamos a sentir músculos que nem sabíamos que existiam…!

Era mais ou menos assim, que eu me sentia…! Ele conseguia mexer em partes de mim, que nem fazia ideia que existiam!

E por mais blindagem que usasse, Ele apanhava-me sempre na curva!

Bastava eu baixar a guarda um bocadinho, por causa de alguma distração, e ‘Zau!…’, lá aparecia Ele dentro da minha mente, a incomodar-me com o meu estilo de vida, e com as últimas asneiras que eu tinha feito.

Aquilo que mais me dificultava a vida, em relação a Deus, era Ele não ser invasivo!

Se fosse invasivo, sabia defender-me. Mas Ele era persuasivo!

Não era dissimulado, mas Ele entrava, assim de fininho, e instalava-se…! E quando eu dava por ela, estava ali uma amena cavaqueira desfrutar de quem Ele era, e a pensar o quão desajustado eu estava, de quando precisava de mudar…!

 

E acabava por sair vencido sempre, e tão feliz!

Eram as únicas batalhas em que isso acontecia, em que eu saía, de facto, feliz!

Nas outras, nunca me sentia assim tão feliz! Numas, acabava humilhado, ferido, irado, cheio de raiva… Noutras, acabava com o falso sentimento de supremacia… Mas depois chegava a casa, e estava na mesma triste!

Sabia que aquilo tinha feito, mesmo que tivesse ficado bem na fotografia para aqueles que estavam a ver, tinha sido uma asneira, e tinha causado danos nas pessoas.

Mas com Deus, nas nossas batalhas, eu acabava derretido, a sentir-me conhecido e amado!

Mas como gostava de batalhas, eu dava luta!

Então, às vezes, demorava muito, até me acalmar, e me sentir assim…!

 

Mas porque estou a contar esta história toda?

Porque vos quero ensinar hoje, acerca de construirmos pontes!

Pontes de nós mesmos, para quem está a nossa volta, e quais são os melhores materiais a usar para construirmos essas pontes.

 

Nós temos um exemplo de alguém que construiu pontes com o ser humano: Deus! Para isso, mandou o Seu Filho Jesus. E enquanto não mandou o Seu Filho Jesus, mandou muitos outros. Mandou muitos amados d’Ele. Uns foram os pais da humanidade ou Adão e Eva. Depois, mandou o Noé, e todos aqueles patriarcas. Mandou profetas…!, porque sempre Deus quis construir relacionamentos connosco! Alguns profetas, como este que eu escolhi hoje, são bem difíceis de entender…!

Quem aqui tem esta experiência difícil com o Ezequiel? Quem faz do Ezequiel o seu tempo devocional? Quando é para dormir, pegamos no verso 1 do capítulo 1, e ao chegarmos ao versículo 5, já fomos!…

 

No passado, tentei obter as chaves para o coração dos reclusos, dos toxicodependentes, como já falamos aqui. E fui bem-sucedido, até certo ponto, porque consegui entrar um bocadinho naquela forma de pensar, naquela forma de estar.

Algumas pessoas aqui que já me viram em ação, viram que há uns ‘cliques’ que conseguimos provocar neles. Há umas provocações, há umas chaves que Deus nos pode dar para chegarmos ao coração das pessoas, e dessa população especial.

Deus deu-me uma graça de que tenho desfrutado, e de que tenho dado a desfrutar, durante os últimos anos.

Neste momento, ando à procura das chaves para o coração dos adolescentes e dos jovens.

Porque já fui adolescente, já fui jovem, mas nunca como os jovens de hoje.

Porque no tempo em que éramos adolescentes e jovens, pensava-se de maneira diferente, os recursos eram outros, a forma como construíamos a nossa identidade e a nossa forma de estar, eram bem diferentes.

Fica aqui já um pedido de ajuda! Se alguém tiver essas chaves, e tiver duplicado, eu aceito!

Só sei entrar no coração de um recluso, de uma pessoa que viveu no mundo do crime e das drogas, porque as pessoas que viveram nesse mundo me deram essas chaves!

 

Partilhei a minha vida, e construí pontes na minha vida para delas. E elas construíram pontes delas

para a minha, e deram-me chaves. Foi na generosidade da partilha que aprendi aquilo que sei.

Não foi porque era muito inteligente, ou porque descubro tudo sozinho, porque não é assim tão verdade.

Às vezes gostamos de parecer… Mas vocês sabem, especialmente os que me conhecem, que não é verdade…! (Risos)

 

Antes disso, procurei a chave para o coração dos Universitários. Eu era Universitário, por isso tinha o porta-chaves, mas não tinha chaves. Nem o meu coração entendia bem, quanto mais o dos outros!… Mas foi aí que comecei a colecionar as chaves.

Mas agora, quero fazê-lo para o mundo dos jovens e dos adolescentes.

 

Então vamos agora entrar no Ezequiel.

Ezequiel é um personagem!… Ezequiel é uma pessoa daquelas…!

Na brincadeira, falando com os meus botões, dizia algumas coisas não muito abonatórias acerca do Ezequiel. Porque começava a ler Ezequiel um, e a experiência… era difícil!…

 

Para aqueles que nunca tentaram, preparem-se! Apertem os cintos de segurança. Vamos a Ezequiel, capítulo um, verso um.

 

1 Era o quinto dia do quarto mês do trigésimo ano,…

Já sabem que dia é que estão, ou não? Perco-me logo aqui, não sei se estão a ver…

 

…e eu estava entre os exilados, junto ao rio Quebar.

Sabem onde é que fica, não sabem? Guardem, que é muito importante…

 

Abriram-se os céus, e eu tive visões de Deus.

“Abriram-se os céus”, ainda dá para perceber…

“Tive visões de Deus…” Visões de Deus, é já um bocado mais estranho, mas pronto. É na Bíblia, podemos aceitar. Vamos seguir em frente.

 

2 Foi no quinto ano do exílio do rei Joaquim, no quinto dia do quarto mês.

Estão situados, aí no calendário? Não se percam.

 

3 A palavra do SENHOR veio ao sacerdote Ezequiel, filho de Buzi, junto ao rio Quebar, na terra dos caldeus. E ali a mão do SENHOR esteve sobre ele.

Pronto. Sobreviveram até aqui? Estão a ser profundamente edificados, ou não?

 

4 Olhei e vi uma tempestade que vinha do norte: uma nuvem imensa, com relâmpagos e faíscas, e cercada por uma luz brilhante. O centro do fogo parecia metal reluzente, 5 e no meio do fogo havia quatro vultos que pareciam seres viventes. Na aparência tinham forma de homem, 6 mas cada um deles tinha quatro rostos e quatro asas. 7 Suas pernas eram retas; seus pés eram como os de um bezerro e reluziam como bronze polido.

Meu Deus…! Que visão! Digam lá: não está a ser uma experiência?

Até me perdi…

 

8 Debaixo de suas asas, nos quatro lados, eles tinham mãos humanas. Os quatro tinham rostos e asas, 9 e as suas asas encostavam umas nas outras. Quando se moviam andavam para a frente, e não se viravam.

Perceberam? Meu Deus…! Ezequiel…!

 

Ezequiel era um livro do qual só percebia dois capítulos, e porque já tinha ouvido muitas vezes alguém pregar acerca deles. E o segundo, só o percebi de facto, quando fui com o pastor e a Hermínia a Israel. Eu percebia o (capítulo) 37, que é o do ‘Vale dos ossos secos’, do qual há muitas pregações.

E Ezequiel 47, que é sobre o rio, que nasce do Trono de Deus, que normalmente só percebemos até meio. O rio nasce, e depois o profeta entra no rio, e a água dá-lhe pelos tornozelos, e depois pelos joelhos, e depois pela cintura, e depois dá-lhe para nadar, porque já é mais fundo do que a altura dele.

 

Quando lia a Bíblia toda, e chegava a Ezequiel, (passava os olhos no texto) só para cumprir calendário,

porque não valia a pena…!

Entretanto, aconteceu-me uma coisa muito gira. Costumava fazer muitas piadas com o Ezequiel. Sempre que havia alguma coisa que não entendia, dizia que isso me fazia lembrar o Ezequiel.

E dizia umas quantas coisas pouco abonatórias acerca da escrita do Ezequiel, visto ser um livro da Bíblia e pouca utilidade eu conseguia encontrar nele, visto ser completamente misterioso e inacessível.

 

Um dia, a mãe do André (Andrade) e o pai vieram visitá-lo. Foi na primeira visita que eles fizeram. E claro, como gosto muito do André e da Joslaine – convivo muito com eles – quando os pais dele vieram, também quis conhecê-los. E nas conversas, claro que meti umas buchas acerca do Ezequiel.

Ela ficou a pensar. Ouviu-me falar coisas tão absurdas acerca do Ezequiel, que ela foi para casa e pensou: ‘Vou ter de ajudar aquele rapaz!’, e escreveu-me uma carta.

E vou ler, só o princípio dessa carta, para vocês:

 

Diz assim:

Nas nossas conversas, um tema recorrente, às vezes em brincadeiras, às vezes com certo encantamento, é o Ezequiel. Então, resolvi passar os olhos e o coração por lá novamente para recordar o encantamento! Ezequiel 1…

E ela fez uma paráfrase…!

 

Seu exilio já durava há 3 anos, 4 meses, e 5 dias…

Perceberam agora? E eu pensei: “Ah…! Era só isto!?…”

 

Estando às margens do Quebar O Senhor lhe apareceu em uma visão.

Fico a pensar no privilégio e responsabilidade que alguns têm de o Senhor lhes aparecer… Então deixando os olhos passearem morosamente pelas letras, aos poucos vão ganhando uma urgência desprevenida, que vai nos fazendo erguer no assento e ir tomando posição de alerta e reverência, pois o Eterno aproxima-se!!!

Uma tempestade vai tomando corpo ao norte, uma nuvem imensa com relâmpagos e faíscas tudo envolto numa luz muito brilhante!

À vista do que está por vir, o coração derrete, as pernas não mais se sustentam.

A enormidade do que está a vir é tamanha que seus olhos chegam a duvidar.

Agora deixe os seus olhos escorregarem pelo texto e vai te deixando envolver por essa grandeza!!

O Deus Eterno está ali, ali mesmo diante de um ser humano.

O Eterno e o finito.

O Santo e o pecador.

O Criador e a criatura.

Aquela grande nuvem com relâmpagos faíscas e luz muito brilhante escondia, algo, que agora, ao ir-se dissipando vai revelando primeiramente quatro vultos parecidos com homens, e aos poucos podemos ver que não são homens.

Agora ao som de muitas e muitas águas, esses vultos vão ficando mais e mais visíveis, e o nosso homem já pode perceber que os tais seres têm quatro rostos.

Os quatro tinham rosto de Homem.

Os quatro tinham rosto de Leão, à direita.

Os quatro tinham rosto de Águia, à esquerda.

Os quatro tinham rosto de Boi.

Para completar a figura, os quatro tinham duas Asas apontando para cima, e duas Asas cobrindo seus corpos.

As suas pernas retas com pés de bezerros reluziam como bronze polido, e debaixo das Asas, tinham mãos humanas.

Eles mais se pareciam a Brasas Vivas, estavam em meio ao fogo de lá saiam faíscas e relâmpagos! Moviam-se como relâmpagos, mas só para frente, não se viravam.

Ao lado de cada um deles tinham rodas brilhantes como Berilo, entrosadas uma na outa e cheias de olhos!!!

(fim de citação)

 

Não fica diferente?

Porque é no encontro da gerações que nós entendemos o que a vida é, quem Deus é, quem nós somos

E eu era muito inteligente, sabia coisas de física, e sabia coisas de química, e coisas de matemática, e coisas dessas coisas que interessam a poucas pessoas… mas de Ezequiel, não percebia nada!

Mas esta mulher, que dedicou muitas horas à Palavra, conseguiu descodificar uma parte misteriosa da Palavra para mim! E ao descodificar para mim, espero que esteja a descodificar para vocês!

Quando li isto até ao fim, vocês não imaginam o que aconteceu!… Houve uma revolução!

 

Disse assim: “Puxa! Agora que eu consegui entrar um bocadinho…”

Ela deu-me, no fundo, a chave para o coração e para os olhos do Ezequiel. A partir daqui, deixa-me lá experimentar!

“Deixa-me fazer mais uma viagem com o Ezequiel, a ver se é desta que eu entendo…!”

Bem!… E comecei a ler o Ezequiel, e nunca mais parei! Até hoje….

Só parei para dormir, para comer e para fazer todas as outras coisas com que interrompo essa leitura, ok?

 

Vou dar-vos também uma ferramenta, para o caso de quererem explorar mais estas coisas.

Existem ferramentas espetaculares! Vejam só…

 

O livro do profeta Ezequiel.

Ezequiel era um sacerdote que estava morando em Jerusalém, quando aconteceu o primeiro ataque babilônico na cidade. Eles pouparam a cidade, mas capturaram um grupo de prisioneiros israelitas e os levaram para o exílio. E Ezequiel estava entre eles.

 

O livro começa a cinco anos depois de tudo isso, e Ezequiel está sentado na margem de um canal de irrigação, perto de o seu campo de refugiados israelitas.

E é o seu aniversário de 30 anos, justamente o ano em que ele teria se tornado sacerdote em Jerusalém.

 

E então, de repente, Ezequiel tem a visão de uma nuvem de tempestade se aproximando. E dentro da nuvem, estão quatro criaturas estranhas, que tem asas estendidas se tocando. E cada uma dessas criaturas tinha quatro faces,       e ele viu quatro Rodas, uma perto de cada criatura. Então ele viu que as asas das criaturas estavam segurando essa plataforma deslumbrante!… Na plataforma existe um Trono. E sentada naquele trono, está uma criatura humana brilhante, envolta em fogo. E então, de repente, Ezequiel percebe o que está vendo. Ele chama de “a semelhança da Glória do Senhor”! É Deus na sua Carruagem Real.

 

A palavra “Glória”, em hebraico, é kavod, e significa pesado ou significativo. Os autores bíblicos usam essa palavra para descrever a aparência física, e a manifestação do significado de Deus, quando Ele aparece pessoalmente.

 

Essas imagens na visão são muito semelhantes ao que aconteceu quando Deus apareceu no Monte Sinai, no livro de Êxodo. E também é muito semelhante às representações da presença de Deus sobre a Arca da Aliança. E isso é a coisa que mais choca sobre a visão de Ezequiel: O que a glória de Deus está fazendo na Babilônia? Supostamente, deveria estar acima da Arca da Aliança, no templo de Jerusalém…!

 

(fim de citação)

 

Vamos interromper agora. Ele, depois, vai fazer a descrição de como está dividida a mensagem de Ezequiel, e permite-nos entender muito melhor! São recursos que estão à nossa disposição para conhecermos e desvendarmos estes mistérios da Bíblia.

 

Vimos, então, quem é este Ezequiel. Ezequiel vive num tempo bem difícil…! Um tempo em que o povo de Deus tinha vivido coisas… Tinham seguido o seu próprio coração. Cada um fazia aquilo que bem lhe apetecia. Sabiam o que deviam fazer, mas depois na sua vida privada, viviam o que bem lhes parecia…!

E nós não somos muito diferentes, penso eu, dos outros seres humanos. Há coisas que nós sabemos que estão certas, e que gostamos de fazer, e há coisas que sabemos que estão erradas, e também gostamos de fazer…!

E se no momento, quando o temor de Deus é mais presente, e quando nós temos objetivos na vida, encontramos motivação para não nos entregarmos a determinadas loucuras, momentos há em que não queremos saber… Optamos por pôr prego a fundo, e depois de fazer asneira dizemos: “Ah, quando dei por mim, olha já estava…! E já que aqui estou, vou aproveitar…!”

É complicado…!

 

O nosso amigo Ezequiel, não foi para lá sozinho.

Junto, naquele grupo, foi também mais? Foi o Daniel, o Misael e os outros amigos dele (o Hananias e o Azarias). Só que os outros eram muito novinhos! Eram adolescentes, eram mais que tenrinhos, eram mais educáveis. Então foram preparados, e se calhar até passaram por uma situação um bocado mais difícil que a dele…! Porque para irem para o palácio, às vezes os imperadores tinham aquela ideia de castrar os homens, para não arranjarem problemas no palácio… A Bíblia omite essa parte, mas culturalmente sabemos que isso era uma prática comum. Não temos a certeza do que aconteceu.

 

Mas ele (Ezequiel) era grande o suficiente para não ser reciclável, para a cultura babilónica. Então foi levado apenas como trabalhador. Estava perto de ele se tornar sacerdote, mas ainda não tinha acontecido. E lá foi ele, para as margens do rio Quebar, e teve esta visão.

 

Teve esta visão, a qual é seguida de uma conversa que Deus tem com ele. Quando ele está a ver aquilo, pergunta-se: “Mas o que está aqui a fazer a Glória de Deus? Ela não devia estar lá em Jerusalém?”

Quando ele viu aquela aparência da Glória do Senhor, prostrou-se com o rosto em terra, e ouviu a voz de alguém que falava com ele. Estive a ler o final do verso 28 (do capítulo 1), e vou começar agora no capítulo 2, verso 1. Diz assim:

1 Ele me disse: “Filho do homem, fique em pé, pois eu vou falar com você”.

 

E é giro! Porque Deus pede para assumirmos um posicionamento.

Ele era um Atalaia, e a função que desempenhava no povo e para o povo dele, é a mesma função que cada um de nós desempenha para o nosso (próprio) povo.

Porque nós somos aqueles que podemos traduzir a voz de Deus para quem não O conhece, e também para quem O conhece.

Deus diz: “Põe-te em pé, porque vou falar contigo.”

Porque Deus não gosta de falar connosco todos esparramados…

Vocês gostam quando estamos a falar, por exemplo,… Imaginem:

Chegamos ao pé dos nossos filhos, e dizemos-lhes: “Vem aqui à cozinha, ajuda-me (nisto ou naquilo).”

E eles estão todos esparramados, e ficam a olhar para nós…

Não fica estranho?

 

Mas já vi isto num filme qualquer…! Não sei se na realidade, não sei se em ficção, mas eu já vi isto!

É tão vivido, que quase, quase, podia afirmar categoricamente que vivi isto, mas não quero afirmar com certeza…

 

E então, … Deus gosta que tenhamos uma atitude! E por isso diz-nos: “Põe-te de pé!”

E o que aconteceu? Vejam só! “Enquanto ele falava, o espírito entrou em mim, e pôs-me em pé, e ouvi Aquele que me falava.”

Ou seja, Deus pediu-lhe para fazer uma coisa. Ele (Ezequiel) começou dentro dele a querer ter aquela atitude, mas quando há um movimento da nossa parte, o próprio Espírito vem, e dá o que falta para conseguirmos pôr-nos em pé!

Bem…! Isto é extraordinário! E isto fala de quem Deus é…! E (fala) da participação que Ele quer ter na nossa vida, nas nossas lutas, nas nossas dificuldades! Porque ele nunca nos vai chamar para fazer uma coisa que seja impossível para nós!

Mas às vezes é impossível, ou porque não temos força, ou não temos visão, ou não temos capacidade, ou não sabemos porque ponto pegar – porque é um novelo que está em enleado demais -, mas Ele vem! E faz parte do próprio movimento que pede que façamos!… E isto é extraordinário!

 

E o que acontece? (Capítulo 2, verso 3)

3 Ele disse: “Filho do homem, vou enviá-lo aos israelitas, nação rebelde que se revoltou contra mim;”

De quem Ele está a falar mesmo? É do povo de Deus.

E quem é o povo de Deus naquela altura? [Israel]

E quem é o povo de Deus hoje? [Nós]

Foram vocês que disseram, não fui eu…

 

O Ezequiel estava a falar para o povo de Deus. E o povo de Deus era o quê?

4 O povo a quem vou enviá-lo é obstinado e rebelde.”

Olhem, eu já pertenci a essa categoria. Há quem não acredite que eu já saí dessa categoria. Mas eu acho que já saí. Faz parte daquela ciência exata chamada “A Achologia”, a ciência do ‘acho que’.

Conhecem? Todos nós temos algumas pós-graduações nessa ciência…

 

3b …nação rebelde que se revoltou contra mim; até hoje eles e os seus antepassados têm se revoltado contra mim. 4 O povo a quem vou enviá-lo é obstinado e rebelde. Diga-lhe: Assim diz o Soberano, o SENHOR. 5 E, quer aquela nação rebelde ouça, quer deixe de ouvir, saberá que um profeta esteve no meio dela. 6 E tu, filho do homem, não tenhas medo dessa gente nem das suas palavras. Não tenhas medo, ainda que te cerquem espinheiros e você viva entre escorpiões.

 

Onde é que ele estava? No meio de quê?

Ao princípio, estava no meio do povo. Quando foi deportado, estava no meio do povo e dos conquistadores. Ele disse: “Mas não tenhas medo!” Independentemente do que acontecer, de quem te cercar! Sejam os do teu próprio povo, ou sejam os do outro povo.

Mas a quem é que ele estava a ser enviado? Era aos babilônicos, ou era a quem? Era Israel!

 

Não tenhas medo do que disserem, nem fiques apavorado ao vê-los, embora sejam uma nação rebelde. 7 Tu lhes falarás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes. 8 Mas tu, filho do homem, ouve o que te digo. Não sejas rebelde como aquela nação; abra a tua boca e coma o que vou te dar”.

E então, (Deus) deu-lhe um rolo…!

 

A seguir, começa uma secção de 11 capítulos. O primeiro já vimos, com a Visão em que é comissionado para falar.

E qual era a mensagem que Deus tinha para lhes entregar?

Tinha para lhes entregar a mensagem de que Jerusalém, a Joia da coroa do território, que já tinha sido invadida e conquistada, e em que as pessoas mais capazes e mais promissoras, os melhores escravos que eles encontraram, já tinham sido levados para a Babilónia, iria ser destruída.

Porque da primeira vez, eles apenas romperam o muro e levaram as pessoas. Mas eles não escavacaram a cidade toda!

Mas a mensagem que ele tinha para dar, era uma mensagem um pouco desagradável. Era a mensagem de que eles estavam a viver de uma forma que contrariava tudo aquilo que Deus lhes tinha ensinado…! E por causa disso, a destruição deles era iminente!

 

E o que quer dizer quando Deus nos diz que “A tua destruição é iminente?” O que quer dizer isso?

Quer dizer que estamos num momento em que, ou abrimos os olhos, ou se calhar daqui a mais alguns momentos, quer abramos os olhos, quer não abramos os olhos, já fomos…!

 

Vou-vos lembrar um episódio da Bíblia. Moisés foi falar com o faraó. E disse-lhe “Deixa o meu povo ir!” De facto, não foi o Moisés, foi o Araão. Porque era muito introvertido, o Moisés!

E o que fez o Faraó? “Eu!? Vou deixar a mão-de-obra ir embora assim? O meu capital humano,? desta empresa que construí com a minha forte mão? Não!, nem pensar nisso!”

Portanto, endureceu o seu coração, e não deixou o povo ir…! (Resultado:…) Uma praga!

 

Segunda! Volta o Moisés, e diz assim: “Faraó, deixa meu Povo ir!”

E o que aconteceu? Nada! (Resultado:… ) Segunda praga! Ele endureceu o seu coração, e segunda praga!

Moisés voltou lá: “Deixa o meu povo ir!”

Mas ele sabia sempre chorar-se… “Ai, não… Tira lá estas pragas, que eu vou deixar ir (o povo) …”

Trafulha, não é?

 

Ao final de três pragas em que ele endureceu o coração, Moisés foi lá e disse-lhe: “Deixa o meu povo ir!”. E o que aconteceu na quarta praga? “(…) E endureceu Deus o coração a Faraó”

Porque ele tinha passado do limite!… Porque há coisas que podemos fazer durante algum tempo…

 

(Como) quando ouvimos estes escândalos que andam por aí, na comunicação social….

Normalmente, as pessoas não são apanhadas logo a primeira… Elas fazem uma vez, e fazem duas, e fazem três… Às vezes até se esquecem, porque ficam com Alzheimer, acho…

 

Mas a verdade, é que há um ponto a partir do qual, já não há volta a dar.

Ou seja, há um tempo em que nos podemos arrepender. Podemos fazer uma asneira e arrepender-nos, e não destruímos tudo… Ferimo-nos, ferimos os outros, estragamos o ambiente, perdemos confiança, etc., etc., mas há um ponto a partir do qual não há retorno, (em que) as consequências são categóricas, a destruição é iminente.

 

E era esta a mensagem que ele tinha para dar…! E que é uma mensagem muito popular, ainda nos dias de hoje, não acham? Quem é que gosta de ser chamado à atenção quando está a fazer asneiras?

 

Então, a seguir, Deus pede ou Ezequiel para fazer o quê? Para ele fazer uma espécie de dramatizações!

 

E então vejam: (Ezequiel 4)

1 “Agora, filho do homem, apanha um tijolo, coloca-o à tua frente e desenha nele a cidade de Jerusalém. 2 Cerca-a (então), e ergue obras de cerco contra ela; constrói uma rampa, monta acampamentos e põe aríetes ao redor dela. 3 Depois apanha uma panela de ferro, coloca-a como muro de ferro entre ti e a cidade e põe-te de frente para ela. Ela estará cercada, e tu a sitiarás. Isto será um sinal para a nação de Israel.”

 

E fez uma espécie de representação, um teatro de rua.

Depois, fez outra coisa. Aquela ali que tem umas Brasas. não pensem que é um piquenique. Aquilo é muito pior que um piquenique. Deus disse ao Ezequiel para ele juntar comida. E para se pôr deitado durante 390 dias sobre o seu lado esquerdo, e ele esteve assim, 390 dias deitado. Cada dia simbolizava um ano de rebeldia de Israel.

E depois mais 40 dias do lado direito, (em que) cada dia representava 40 anos de rebeldia de Judá.

Ele tinha de comer comida que tinha armazenado antes, e tinha de cozinhar em fezes humanas!…

 

E ele disse: “Mas Deus!, eu nunca comi nada imundo…! Como é que eu vou fazer uma coisa dessas?”

Então Deus foi muito condescendente, e disse que ele podia cozinhar com fezes de vaca.

E porquê? Simbolizava o tipo de comida que eles iriam comer no exílio. Enquanto se mantivessem rebeldes e obstinados, a fazer a sua própria vontade, (quando) chegasse o dia da destruição iminente, (para o qual) ainda havia tempo (para se arrependerem) …

 

E também pegou em cabelo, e cortou o cabelo…

Se as pessoas quisessem saber…! Parece as parábolas de Jesus!

Jesus contava parábolas. E para que serviam as parábolas de Jesus? Se quiséssemos saber, ficávamos a pensar nelas. Ao ficarmos a pensar nelas, iríamos chegar lá! Ou então iríamos perguntar…! Mas de alguma forma, Deus vai acrescentando aquilo que precisamos de saber.

Porque: “Buscar-me-eis, e me encontrareis, quando me buscardes de todo o coração.”

Mas os que não queriam saber, nada ficavam a saber!

 

E ele cortou o cabelo. Aquela cabeleira que ele cortou, era como se fosse o povo de Israel… Iriam ser espalhados aos quatro ventos, montes deles iriam ser mortos à espada, ou iriam ser mortos com fogo… Porque a destruição de Jerusalém, e do templo, foi feita com fogo…!

 

Ninguém o vai ouvir, porque têm um coração duro…!

 

Mas aquilo que estava escondido… é aquilo que, muitas vezes, está escondido também na nossa vida. O povo de Deus ia ao templo e adorava. Mas neste tempo, já não tinham só coisas escondidas no coração! Eles levaram para o próprio pátio do tempo divindades, ligadas aos deuses da região da Filistia… Uma era Astarote e o outro era Tamus. Tamus é a entidade que é cultuada dentro da Maçonaria, e na Babilônia. Tudo entidades ligadas a coisas sexuais, porque o ser humano gosta muito de se perder por essa via, não é (verdade)?

 

Deus inventou a sexualidade. Nós teimamos em querer vivê-la de uma forma diferente da que o designer fez…!

E experimentamos o quê?

Corrupção, destruição, e a Glória de Deus vai-se embora. Vemos a Glória de Deus a sair do Templo.

 

Mas há esperança! Porque Deus quer trazer um coração novo, um coração de carne, (não de pedra).

Só que para acontecer, tem que haver um processo, onde eles têm de ser chamados à atenção…

E qual é a mensagem do Ezequiel? A mensagem do Ezequiel é exatamente essa chamada de atenção! Mesmo com metáforas bem duras.

 

“Faz a mala, e faz um buraco no muro, e sai pelo muro.”

Ele fez tantas coisas, para que o povo percebesse o que lhe ia acontecer…

Mas aquilo que não queremos ver, não vemos…

 

E assim como ele foi chamado para a geração dele, para comunicar esta mensagem, nós somos chamados a comunicar uma mensagem com a nossa.

Mas a nossa mensagem não é de destruição! Há destruição, e há consequências para os nossos erros, para o nosso pecado. Têm alguma dúvida, ou não?

 

Porque acham que estamos a viver esta guerra? Porque estamos a viver esta inflação? Porque estamos a viver todas estas dificuldades?

É porque nos temos andado a portar bem? Por temos sido pessoas muito dedicadas e consagradas? Porque temos orado muito, jejuado muito, buscado muito a Deus, é isso?

 

Ou temos andado um pouco distraídos, até nós que somos o povo de Deus… não é (verdade)?

 

A Bíblia diz para orarmos por aqueles que estão eminência. Mas vamos lá a uma percentagem: Quantas palavras de oração e de bênção em percentagem usamos para nos referirmos aos que estão em eminência? Qual é a percentagem?

Aproximadamente zero, não é? Mesmo que oremos uma vez por ano, ou quatro vezes por ano, ou seis vezes por ano, ainda assim, não descola do zero! Porque temos sempre muito mais palavras de dureza e de crítica para dar aos nossos governantes, do que tem de encorajamento, e de bênção…!

 

E sabem que quando a gente bate num cavalo, mau ele fica melhor, não é?

Quando pegamos numa criança rebelde, e espancamos, ela fica mais docinha, não fica?

Não?!

 

Então o que torna uma pessoa desalinhado numa pessoa alinhada?

É o amor!

 

E qual é a nossa mensagem? Não é mensagem do amor?

 

E a quem entregamos essa mensagem?

Se calhar, não estamos a fazer chegar essa mensagem onde ela precisa de chegar, para a nossa realidade mudar…!

 

E então, a Glória vai-se…

 

Vai haver juízo sobre Israel!

O juízo sobre Israel (é apresentado) com quatro metáforas.

Israel acha-se muito (bom), mas é como um pau vinha… Já vi um saca-rolhas feito de raiz de videira, mas o pau da vinha não serve mesmo para nada…

 

Depois terá lugar julgamento sobre as nações à volta.

Até os dois reis mais poderosos da altura, que se achavam invencíveis, iam ser destruídos, e iam beijar os pés do Imperador Nabucudonozor.

 

E por fim, até Jerusalém caiu!

Eles passaram do ponto de não retorno! Eles não quiseram ouvir, enquanto era tempo…!

E, passaram por isso tudo!

 

Mas depois, vem uma mensagem de esperança. Há o Rei Messiânico, que é um bom pastor, que se contrapõe contra os pastores que se apascentam a si mesmos, que fazem a sua própria vontade, que se alimentam das ovelhas, que fazem coisas que são incorretas.

 

Era o que estava a acontecer com aqueles líderes, e muitas vezes, é o que acontece connosco!

Porque vejam: nós somos ovelhas. Fazemos parte deste rebanho, na perspetiva de Deus. Mas existem outras ovelhas que não estão neste aprisco… E eles não vão conhecer o nosso pastor, porque não vêm aqui à igreja, a não ser se os trouxermos…

Então, qual é a face de Deus que irão conhecer? É só a nossa!

Então, quer aceitemos, quer não aceitemos, somos os guias deles! Somos aqueles que lhes podemos dar direção…!

 

Então somos nós os maus pastores, que andamos a viver a nossa vidinha, a cuidar das nossas coisinhas, a deixá-los estar na vidinha deles…!

 

Depois, chegamos a Gog e Magogue, que se refere a um dia de juízo, até sobre os poderosos, os que se acham invencíveis, e que venceram os outros todos.

Mas a mensagem de esperança vem, e vem com aquela visão do Vale dos Ossos Secos.

Porque é assim que se imaginavam, era assim que se viam…

E Deus vai soprar o Seu Espírito, e vai tirar-lhes aquele coração de pedra, e vai dar-lhes um coração de carne!

 

E por fim, isto acaba então com aquela grande visão do Rio de Deus.

É um rio que nasce no Trono (de Deus) e que vai desaguar, não no Mar Grande – o Mar Mediterrâneo – à esquerda quando olhamos no mapa, mas vai para o lado direito, para o Mar Morto!

Este rio que nasce no Trono de Deus. E Deus torna vivo até o que de mais morto conhecemos.

E se tiverem bons olhos, vêm (na apresentação) um hipopótamo. A coisa mais parecida com hipopótamo que lá vi, foram uns senhores gordinhos lá no Mar Morto…! Não há hipopótamos lá!

O único ser vivo (pluricelulares) que lá existem, são os humanos que vão lá conhecer aquilo e banhar-se naquela água salgadíssima, e pôr aquela lama espetacular lá do fundo.

Mas não aguentam muito tempo! Têm que sair lá, porque tanto sal faz um bocado mal à pele!…

 

Mas Deus vai transformar o sítio mais inóspito da terra, numa zona verdejante.

Isto é o que Ele promete. E O que promete, é capaz de cumprir!

Mas Ele conta connosco, para isto se tornar realidade!

 

Vamos agora para o mapa global (dos recursos), onde podem cultivar-se e aprender mais acerca destas coisas boas que a Palavra tem para nos ensinar.

 

 

Vamos terminar com oração:

Senhor Jesus, queremos agradecer-Te pela Tua Palavra, Pai!

E obrigado por a descodificares para nós!

Pai, ajuda-nos a Construir Pontes.

Deus, ajuda-nos a Construir Pontes!

Para o teu coração, Pai, para o coração de quem está à nossa volta, Pai!

E dá-nos Deus, dá-nos a Tua Graça, Pai.

Dá-nos a oportunidade de vencermos os nossos medos, os nossos receios, Deus, e de cumprirmos aquilo que é o Teu Chamado, e o teu Propósito, Pai.

Para que não chegue um tempo em que já é tarde demais para nós, Pai.

Onde aquilo que nos chamaste a fazer, já não é mais possível…

No nome de Jesus. Amém!

 

 

Mensagem do pastor Álvaro Ladeira na ADbenfica 2022nov27

www.facebook.com/IgrejaADBenfica/videos/542551970651168

 

Foram apresentados ainda slides da BIBLE PROJECT, um excelente recurso de estudo da Bíblia – Assista: Ezequiel | Projeto Bíblia™ (bibleproject.com)

Jesus, Maomé e Buda sentaram-se a falar…

Jesus, Maomé e Buda sentaram-se a falar…

Ricardo Rosa

RicardoRosa_6
…e basicamente chegaram todos à mesma conclusão. Se os
três se apresentam como máximo exemplo de vida ou como
mensageiros de Deus, então alguma coisa não bate bem.
Começaram então a debater alguns pontos para ver onde chegava: pecado,
unidade com Deus, etc. Jesus deixou-os falar…
BUDA… QUE ALGUÉM TE ACUDA!
Uma das coisas que havia que resolver, era a questão do pecado. Sim, porque
o pecado é uma coisa séria e não se resolve com brincadeiras. Afeta a toda a
Criação de Deus, mesmo tendo sido ela a meter-se nessa alhada. A questão é
que Deus ama tanto o ser humano, que não o quer deixar separado de Si e
perdido pela eternidade. Para Buda, a coisa resolve-se com uns quantos ciclos
de reincarnações (tipo máquina de lavar roupa, chamado Samsara), no qual o
que fazes tem sempre uma reação (Karma) e que só acaba quando te libertas
de todas as coisas que te “prendem” ao mundo que te rodeia através da
meditação e de uma vida de desprendimento. A isso chama-se o Nirvana. Uma
ideia muito gira, mas sem Deus na equação, com todo o esforço no Homem e
com um problema. Jesus pensou para Si, lemos nas Escrituras que “está
determinado que os seres humanos morram uma só vez” (Hebreus 9:27,
OL). Portanto, nada de reincarnar.
MAOMÉ NÃO VAI À MONTANHA, NEM A LADO NENHUM COM ESTA
CONVERSA…
.
Maomé começou a rir-se e explicou a Buda que não é assim que se resolve a
questão do pecado. Disse que quando um homem morre, já não pode voltar,
porque é o que está escrito no Livro (que é o que os muçulmanos chamam à
Bíblia). Por isso, o que há a fazer é orar e ler o Alcorão. Mas antes disso, um
muçulmano tem que se purificar, fora o cumprir o Ramadão. E para isso, tem
que se limpar com água (o Wudu). E isto é para os pecados “pequenos”. Para
os “grandes”, o assunto só se resolve com peregrinações (a Hajj) ou o
pagamento de um imposto (Zakat). Mais uma vez, esforço humano… E desta
vez, não se alcança o perdão do pecado com meditação ou desprendimento.
Para Maomé, o que a sua visão errada de Allah (porque os cristãos que moram
em países árabes chamam Allah a Deus, como os norte-americanos Lhe
chamam God ou os franceses Dieu) quer é sacrifício, esforço e medo para que
não falhem nada.
Ai deles! E lançado que nem um carapau, Maomé continua… diz que o Livro foi
deturpado, que o Alcorão é que é a grande revelação de Allah para o ser
humano e que ele (Maomé) é que é o seu verdadeiro profeta e todos os outros
são inferiores, que Jesus não morreu na cruz (tinha fugido antes) e que o que
Allah queria era espalhar um novo “evangelho” de amor (que por sinal se
espalhava com guerra). Perplexo, Jesus lembrou-se do que Paulo escreveu se
alguém “…anunciar um evangelho diferente daquele que receberam, seja
maldito!” (Gálatas 1:9, BPT). E o Evangelho que ele transmitiu é o que Jesus
pregou. Não o que Maomé diz ter recebido. E escreveu mais ainda! Por causa
da Sua morte, lê-se “…nós acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou…”
(1ª Tessalonicenses 4:14, BPT) e “De facto, Deus ressuscitou o Senhor
Jesus…” (1ª Coríntios 6:14, BPT). Como é que alguém que se dizia
mensageiro de Deus, podia estar tão errado acerca Dele?
OIÇAM A VOZ DE JESUS!
Foi então que Jesus decidiu tomar a palavra. Afinal, dos três ali sentados à
sombra da figueira, era o único que não tinha falado e ouvia com amor e
paciência o que Buda e Maomé diziam. “No princípio era a Palavra. A
Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.” (João 1:1, BPT), disse
Jesus. “Aquele que é a Palavra era a luz verdadeira; Ele ilumina toda a
gente ao vir a este mundo. Ele estava no mundo, mundo que foi feito por
ele. O mundo não o conheceu. Ele veio para o seu próprio povo e o seu
povo não o recebeu. Mas a todos quantos o receberam, aos que creem
nele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram
de laços de sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do
homem, mas nasceram de Deus.” (João 1:9-13, BPT), continuou Jesus. “Na
verdade, o Filho do Homem veio buscar e salvar os que estavam
perdidos.” (Lucas 19:10, BPT), disse Ele sobre a Sua missão, e como que
respondendo a Maomé disse “Não há maior amor do que dar a vida por
aqueles a quem se ama.” (João 15:13, BPT). Maomé engoliu em seco…
afinal, a melhor maneira de mostrar que se amava alguém não era matar para
espalhar esse “amor”. E quando se preparava para falar das boas obras que
fez e defender o mérito que ele e Buda tinham, ouviu novamente Jesus: “Deus
conhece-vos bem, mesmo que pretendam passar por bons. Pois aquilo
que para os homens tem muito valor, nada vale para Deus.” (Lucas 16:15,
BPT), “Ouviram o que foi dito: Amarás o teu próximo e desprezarás o teu
inimigo. Mas eu digo-vos: Tenham amor aos vossos inimigos e peçam a
Deus por aqueles que vos perseguem. É deste modo que se tornarão
filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz brilhar o Sol tanto
sobre os bons como sobre os maus, e faz cair a chuva tanto para os
justos como para os injustos.” (Mateus 5:43-45, BPT). Como? As
purificações, as peregrinações, os impostos, não valia nada? Então e como é
que alguém é salvo se pecar? “Jesus olhou para eles e garantiu: Isso, de
facto, para os homens é impossível, mas para Deus todas as coisas são
possíveis.” (Mateus 19:26, BPT), “o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida para resgate de muitos” (Marcos
10:45, BPT).
Maomé mostrava-se inquieto e irritado. Como é que alguém que não era “o”
mensageiro certo lhe podia dizer aquelas coisas? Buda ouvia e por mais
passivo que tentasse ficar, pensava apenas que se o seu esforço não valia de
nada, afinal ele não era o iluminado. Não era o Buda e o seu problema não
estava resolvido. Jesus continuando falou sobre o jejum para dar um toque ao
assunto do Ramadão.: “Quando jejuarem não andem de cara triste, como
as pessoas fingidas, que até desfiguram a cara para toda a gente ver que
andam a jejuar. Garanto-vos que essas pessoas já receberam a sua
recompensa. Mas tu, quando jejuares, lava a cara e penteia-te bem. Deste
modo, ninguém saberá que andas a jejuar, a não ser o teu Pai que está
presente sem ser visto. Ele, que vê tudo o que se passa em segredo, te
dará a recompensa.” (Mateus 6:16-21, BPT). Chegou! Rebentou a bolha!
Maomé diz que Jesus não morreu e que é falso. Mas com amor, Ele
respondeu: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos, estende a tua mão
e mete-a no meu peito. Não sejas descrente! Acredita!” (João 20:27, BPT).
Foi demais, Maomé levantou-se, brandiu a espada e saiu irritado a barafustar.
Buda também se levantou, desiludido porque era apenas um homem, centrado
nele mesmo e não nos outros, desapareceu caminhando em silêncio…
Confúcio, que esteve escondido numas rochas ali perto, com Brahman e uma
série de outras personagens, saíram cabisbaixos e silenciosamente. Nenhum
tinha vindo para dar a sua vida, nenhum mostrava tamanho amor…
Enquanto Jesus descansava debaixo da figueira, um grupo de adolescentes
veio ter com Ele. Uns tinham problemas com os pais, outros com álcool, outros
com drogas, outros não sabiam bem o que fazer com situações que envolviam
sexo, outros sentiam-se lixo. Tinham estado escondidos também, atentos à
conversa, à procura de um mestre a quem seguir. “O que temos que fazer para
que vivermos mais às escuras”, Jesus respondeu: “Eu sou a luz do mundo.
Quem me seguir deixa de andar na escuridão e terá a luz da vida.” (João
8:12, BPT), “Jesus começou então a ensiná-los desta maneira: felizes os
que têm espírito de pobres, porque é deles o reino dos céus…” (Mateus
5:2,3 BPT)

QUE RESPOSTA?

QUE RESPOSTA?

RicardoRosa_3Ricardo Rosa

A Igreja enfrenta hoje um mundo complexo. A sociedade que Paulo, Pedro e João conheceram (ou melhor, as sociedades, pois os dois primeiros passaram por Jerusalém e Roma, pelo menos), são hoje uma espécie de revivalistas onde o avanço tecnológico impera e onde ainda se mantêm ligações às velhas crenças e fés. A sociedade em si, pode parecer à primeira vista, totalmente distinta. Há mais e melhores condições de vida, o analfabetismo é hoje muitíssimo mais baixo, a esperança média de vida aumentou, a “libertação” social da mulher ocorreu e a era do rompimento com os valores tradicionais impera.

Há sem dúvida uma mudança, mas será essa mudança a causa de uma diferenciação tão grande?
Será que Roma ainda é o “centro” do mundo?
E Jerusalém, será que ainda é o berço da fé cristã e o bastião do judaísmo?

Sim e não. Na verdade, existe uma transformação social, mas existe claramente uma espécie de procura inconsciente (?) do que eram os valores dessas mesmas sociedades. E é a isto que a Igreja hoje precisa de responder…

Que resposta daremos? Ou melhor, que perguntas nos são colocados e como nos vamos posicionar para responder?
As badaladas questões de género e sexo, o rompimento com o monoteísmo no qual Deus é o centro da vida individual e coletiva, questões chamadas “fraturantes” como a legalização ou a “oferta” de “serviços” como o aborto e a eutanásia, a legitimização da venda do corpo humano como ferramenta de prazer, a legalização do consumo de vários tipos de estupefaciantes… como vamos responder a tudo isso, sabendo que somos chamados a explicar as razões da nossa fé quando inquiridos (1ª Pedro 3:15)?

Por vezes, creio eu, somos idealistas e consideramos que explicar a fé que professamos, aquela que um dos irmãos do Senhor (Judas 1:3) apela a que seja motivo de combate (não bélico, mas espiritual), é uma fé triunfalista e igual à que estamos acostumados a ver em vários filmes de cariz “gospel”. Por outro lado, há quem faça da fé cristã uma fé económica e onde os “milagres” são comprados, onde a “maldição” é lançada sobre quem não contribui para a instauração do “reino” de um deus que é comercializado.

Que resposta damos, enquanto cristãos convictos e zelosos da graça e da fé, às questões que a sociedade nos coloca diariamente? Como manifestamos a graça e a irmandade em Cristo entre nós? Será que se Paulo hoje fosse vivo, não nos escreveria para colocar “em ordem”, vários dos nossos comportamentos? Procuramos nós imitar Cristo ou procuramos imitar uma falsificação de Cristo, ofertada por uma virtualidade assente em espiritualidade das redes sociais? As pregações no YouTube, os soundbyters nos tweets e os posts do Facebook e Instagram.

Como mostramos que somos sal e luz, quando deixamos a Igreja desvanecer na escuridão caótica que é a humanidade sem Cristo e onde Deus é tirado do centro, para ser substituído por todo o tipo de dependência e desejo? Com que moral criticamos o Israel resgatado da servidão do Egipto, quando cometem erros e desobedecem, se hoje tendo na mão as Sagradas Escrituras e sendo templos onde habita o Espírito Santo, não nos contemos em desobedecer e muitas vezes de modo premeditado, calculista e interesseiro?

Precisamos de regressar urgentemente ao modelo eclesiástico de Atos 2:42-47, onde todos tinham tudo em comum, onde a oração e o ensino estavam presentes e eram pilares da vida pública, de onde a Igreja nunca se deve ausentar ou permitir que seja forçada a sair? Num combate não com armas seculares ou ao estilo miliciano/revolucionário, mas numa atitude como aquela demonstrada pelo Senhor e por todos os mártires que têm dado a vida pela fé. Um combate espiritual e contra nós mesmos em primeiro lugar. O combate que o espírito trava contra o ego, a vontade de absentismo na comunhão dos santos, a ideia de meritocracia que se instaura no nosso ser, na qual por sermos XPTO consideramos que Deus e os outros nos devem vassalagem e subserviência…

Que resposta daremos a Deus, quando chorarmos lágrimas pelo afastamento e morte espiritual da nossa descendência, porque nos viu cansados, desgastados, irados, murmuradores, maquinadores de ruindade e antipatia? Que resposta daremos aos nossos filhos quando ouvirmos que o “nosso” Deus é um deus menor porque não cuidámos da nossa primeira igreja, a família, para nos gastarmos e deixarmos gastar enúmeras vezess dando pérolas a quem não as estima? Que resposta daremos aos divórcios, burnouts, afastamentos da vocação e outros tantos, que são vistos e que resultam tantas vezes da falta de ensino, discipulado, amor ao próximo, confissão, arrependimento ou recuperação?

Que resposta daremos a Jesus se Ele nos mostrar as mãos e o lado perfurados, questionando se a Sua morte e ressurreição não bastam para nos lançarmos diante de Deus em adoração, gratos por Ele mesmo ter solucionado o dilema caótico do pecado do Éden?

Afinal, quem somos nós? Somos aqueles que seguiram Jesus e vieram a Ele desde a Síria para O ver e ouvir (Mateus 5-7) ou somos como aqueles que clamaram ter curado e feito milagres no Seu nome, mas que na verdade desconheciam as Escrituras e o poder de Deus, não tendo sido transformados pela ação do Espírito Santo, mas desejando como Simão o Mago, pagar para ter o mesmo “poder”?

Quando se aproxima a celebração da natividade de Nosso Senhor, quem somos nós?

OS GREGOS

Os Gregos

(João 12:20-26)

Ora, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa, havia alguns Gregos que se dirigiram a Filipe, de Betsaida da Galileia, a quem rogaram: “Queríamos ver Jesus.” (12:20-21)

 2022dez03 Jorge Pinheiro

Neste texto, lemos que, por ocasião da Páscoa, que seria aquela em que ocorreria a morte de Jesus, se encontravam entre os peregrinos que acorreram à festa em Jerusalém alguns Gregos que manifestaram a Filipe o seu desejo de verem Jesus.

Não sabemos quem eram estes Gregos, qual a sua origem e qual a razão de quererem ver Jesus. Para responder as estas questões só podemos especular ou ficarmos com as conclusões e as referências textuais mais óbvias. Sabemos apenas que eram Gregos, que se dirigiram a Filipe e que queriam ver e presumivelmente ouvir de viva voz o que Jesus ensinava. Muito provavelmente teriam a intenção de Lhe fazer alguma pergunta ou de apresentar algum pedido.

Poderiam ser Judeus que, por viverem em terras gregas, teriam sido alcunhados de Gregos. Não nos parece ser esse o caso, porque nos evangelhos e em João em especial, os Judeus são sempre referenciados pelo nome de Judeus ou do grupo sócio-religioso a que pertenciam. Mas poderiam ser Gregos convertidos ao Judaísmo, os chamados prosélitos ou simplesmente “homens piedosos e tementes a Deus,” à semelhança de Cornélio (Actos 10:2).

Esta segunda hipótese é mais provável, uma vez que se encontravam entre os peregrinos judeus que tinham ido adorar em Jerusalém (v. 20). Sendo então Gregos, ter-se-ão encontrado com Jesus na secção do Templo conhecida como átrio ou pátio dos gentios para além do qual não podiam avançar mais.

É curioso notar que se dirigiram primeiro a Filipe, um dos discípulos de Jesus. Filipe é um nome grego e muito provavelmente seria um judeu marcado perla cultura grega e saberia expressar-se com facilidade nesse idioma.

Há neste encontro alguns aspectos importantes que não devemos ignorar.

O conjunto dos discípulos era de mentalidade e religião judaicas. O ensino de Jesus, embora provocasse controvérsia, estava todo ele alinhado com a mentalidade judaica. Exceptuando uma breve passagem de Jesus por Sídon, na Fenícia, toda a Sua acção e ensino desenrolaram-se em terras judaicas. É assim natural que os discípulos assumissem a convicção de que a mensagem e a acção de Jesus se circunscreveriam apenas à nação judaica, excluindo por consequência os gentios. Acresce que quando os mandou em missão, Jesus ordenara-lhes que fossem apenas às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mateus 10:6).

E, no entanto, há agora da parte de gentios o pedido expresso de quererem falar com Jesus. É muito provável que Filipe tenha ficado hesitante. Repare-se que foi aconselhar-se com André (João 12:21), tendo ambos decidido ir informar Jesus.

E há aqui uma lição para nós: corremos o risco de, enquanto grupo, nos fecharmos entre nós a ponto de, quando surge alguém diferente de nós, com um discurso, uma linguagem e um comportamento diferentes daqueles que são os nossos e a que estamos habituados, hesitarmos sem saber o que fazer ou dizer. Isso terá sucedido com Filipe, mas ele buscou ajuda. Sigamos-lhe o exemplo: não decidamos sozinhos, não nos fechemos aos outros, mas busquemos conselho junto de outro irmão e unânimes conduzamos o forasteiro ao Senhor, que tem para ele uma palavra consoladora e edificante.

O aparecimento de Gregos, de gentios, que não partilhavam da mentalidade judaica é um sinal que João nos dá de que o Evangelho não se limita nem se destina apenas a um grupo mas tem um alcance universal. Esta dificuldade de perceber a universalidade do Evangelho está bem patente no livro de Actos (cap. 10), com a conversão de Cornélio e com as viagens missionárias de Paulo em território gentio, de que resultou a conversão de numerosos outros gentios. A aceitação de gentios na comunidade cristã e o reconhecimento da universalidade do Evangelho ficaram comprovadas nas decisões do Concílio de Jerusalém (Actos 15), daí resultando a manutenção da unidade da Igreja com respeito pela diversidade dos seus membros.

Mas o aparecimento, o pedido e o interesse destes Gregos revelam uma outra marca de universalidade do Evangelho. Mateus diz-nos (2:1) que no início da vida humana de Jesus vieram do Oriente uns sábios para O adorarem. Agora, perto do final da vida de Jesus, do Ocidente chega um grupo de gentios que expressam o desejo de O ver e de eventualmente O adorar. Em Jesus, juntam-se o Oriente o Ocidente, numa soberba marca de universalidade. E se considerarmos os sábios como representantes de um conhecimento místico e os Gregos como representantes do pensamento lógico, pelo seu apego à filosofia, podemos afirmar que em Jesus se encontram o misticismo e a lógica. Jesus consegue estabelecer a união entre os dois saberes e experiências que não estão assim em conflito.

Glorioso é este Senhor que é em si mesmo o ponto de encontro de toda a Humanidade com a sua diversidade! N’Ele há unidade e não unicidade! N’Ele há harmonia na diversidade e não a imposição ditatorial e arbitrária da exclusão do Outro diferente! N’Ele há uma estrada construída com as pedras da nossa diversidade e não o levantamento com essas mesmas pedras de um muro de separação! N’Ele, a espada transforma-se em cruz que abraça os que estão em lados opostos e une o terreno com o divino! Esse é o Jesus da Igreja!

Filipe e André levam assim os Gregos a Jesus. O versículo 23 dá-nos conta de que Jesus lhes dirige a palavra, em declarações que não só revelam o Seu pensamento, mas também o que o futuro próximo Lhe reservaria. O restante capítulo não volta a mencionar os Gregos, o que parece indicar a sua integração no grupo dos discípulos. Não seria de estranhar que eles integrassem o futuro corpo de diáconos que o crescimento da Igreja obrigou a criar. É que se lermos com atenção o nome dos sete diáconos (Actos 6:5), verificamos que todos eles são de origem grega, com a curiosidade de um deles, Nicolau, ser chamado “prosélito de Antioquia”, uma cidade grega.

O que sabemos é que mesmo vindo de outro ambiente, mesmo que o nosso nome seja omitido, ouviremos as palavras de Jesus sempre que manifestamos o desejo de O querermos ver para d’Ele aprender.

O discurso de Jesus estende-se do versículo 23 até ao final do capítulo, no versículo 50 e podemos dividi-lo em duas partes: do versículo 23 ao 26, dirigido aos discípulos e aos gregos e do versículo 27 até ao final numa interacção com a multidão presente.

Vejamos rapidamente o que Jesus comunica aos discípulos:

No versículo 23, pela primeira vez neste evangelho Jesus assume ser chegada a Sua hora. Até então, há pelo menos duas ocasiões em que é declarado explicitamente que ainda não era chegada a Sua hora: uma, por Ele mesmo, no episódio das bodas de Caná (João 2:4) e outra pelo evangelista João, quando na zona do Templo O quiseram prender na sequência da Sua afirmação de ter uma relação especial com Deus (João 7:30). Ou seja, Jesus deixa claro que a Sua missão se aproxima do fim, o que acaba por provocar admiração pela contradição entre essa declaração e a aclamação de que fora alvo momentos antes pela população: “Hosana: bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor” (v. 13). Como pode o aclamado “rei de Israel” estar perto do fim? Talvez num primeiro tempo essa “chegada da minha hora” pudesse ter sido interpretada como significando que Jesus ia assumir o trono de Israel e reinar. No entanto, logo a seguir, Jesus desvanece essas esperanças ao deixar implícito que se referia à Sua morte, numa identificação com o grão de trigo que, para frutificar, precisa de se entregar à morte (v. 24).

Convenhamos que para quem esperava d’Ele a assunção de ser um líder político que levaria a nação à sua glória perdida, estas palavras são um autêntico balde de água gelada. Um rei procura a glória pessoal e colectiva, muitas vezes por esta ordem, mas a verdade é que Jesus não nega que o Seu caminho desemboca em glória. Repare-se que Ele diz que o grão de trigo dará muito fruto – essa é a sua glória. Só que a forma como essa glória virá não será pela opressão do outro, não será pela violência, não será pela imposição forçada mas pela auto-renúncia, pela aceitação da realidade mesmo adversa e do direccionamento das suas circunstâncias para um bem maior que se destina não em exclusivo ao próprio, mas em crescimento e alimento do Outro seu semelhante.

Jesus prossegue nesta mesma tónica (v. 25), salientando a necessidade imperiosa da auto-renúncia, ao ponto extremo de não considerar a própria vida como apenas sua mas como um bem reprodutivo e perene para todos.

Para muitos, este discurso é incompreensível e não faz sentido porque vai contra toda a lógica do interesse humano e, no entanto, ela baseia-se num facto comprovado e conhecido da Natureza: o grão de trigo, qualquer grão, tendo em si o potencial de reprodução, precisa de se auto-renunciar para que essa reprodução ocorra. Como sociedade agrícola que era, a nação judaica não desconhecia esse facto.

Voltemos aos Gregos para tentarmos perceber que impacte estas palavras lhes terão produzido. Sendo Gregos prosélitos ou Judeus alcunhados de Gregos, uma coisa era certa: estavam influenciados pela cultura grega e não desconheciam as características da mentalidade grega. Ao tempo de Jesus, havia várias escolas ou correntes filosóficas entre os Gregos, de entre as quais se destacavam duas: o Estoicismo e o Epicurismo. Basta consultar Actos 17:18 para comprovar esse facto.

Embora tendo aparecido dois a três séculos antes, estas duas escolas exerceram uma forte influência no pensamento e comportamento de toda a bacia mediterrânica e havia uma certa rivalidade entre ambas.

Caracterizando-as muito resumidamente, podemos dizer o seguinte:

O Epicurismo assumia um carácter materialista, naturalista e não determinista, ignorando os deuses que não estavam interessados na pessoa humana porque, sendo perfeitos, nada podiam aprender ou aproveitar da imperfeição humana. Logo, o Homem está entregue a si mesmo e deve esforçar-se por eliminar a dor e o sofrimento, buscando a felicidade que encontra nos prazeres que lhe tragam essa felicidade.

Quanto ao Estoicismo, embora visando a felicidade e o bem-estar, defende que isso se consegue pela prática das virtudes, levando uma vida ética que se traduz pelo autocontrolo e pela rejeição de todo o prazer que prejudique esse autocontrolo e vá contra a obtenção e concretização de uma vida ética. Um estóico procura compreender a razão universal, o Logos, que está acima daquilo que é aparente. Igualmente, o estóico aceita o escravo como seu igual porque a escravidão não lhe retira a sua condição humana, embora a circunstância vá em sentido contrário.

Tendo em atenção a sua condição de Gregos, estes homens não desconheciam a importância e influência destas duas escolas e muito provavelmente seriam estóicos porque há alguma coincidência entre a doutrina básica do Estoicismo e a resposta de Jesus nos versículos 23 a 26.

Se repararmos nas interacções de Jesus com quem Ele entrou em contacto, verificamos que Jesus falou sempre recorrendo ao tipo de linguagem e de pensamento do Seu interlocutor. Basta comparar dois exemplos: as conversas com Nicodemos (João 3) e com a Samaritana (João 4) para perceber que Jesus não falou com ambos da mesma maneira. Não haveria razão para, neste caso, Jesus proceder de forma diferente e, portanto, falou aos Gregos usando uma linguagem que eles entendiam.

Sendo provavelmente estóicos, estes Gregos terão sido atraídos tanto por aspectos formais como de conteúdo do discurso de Jesus. Estoicismo deriva da palavra grega stoa que significa pórtico ou alpendre, que era o local onde Zenão de Cítio, o seu fundador, costumava ensinar. Ora, Jesus também ensinava debaixo de um alpendre, o pórtico de Salomão (João 10:23). Quanto ao conteúdo, o apelo à auto-renúncia é idêntico ao apelo ao autocontrolo porque só quem pratica o autocontrolo está disposto e é capaz de seguir o caminho da auto-renúncia. O reconhecimento de que a nossa vida é uma semente e que o nosso olhar deve estar na realidade do nosso potencial e não no circunstancialismo da nossa pequenez recorda ao estóico a procura da razão universal e não a prática ou a aceitação do que é aparente e transitório.

E quando Jesus afirma que onde Ele estiver aí estará também o Seu servo, o estóico recorda certamente a igualdade entre o servo e o livre quanto à sua condição humana.

Mas Jesus vai mais longe e afirma que quem O serve, que quem O segue será honrado pelo Pai, o que significa que para lá de tudo quanto é aparente não se encontra uma força impessoal, cega e insensível, mas o Criador pessoal que pode ser encontrado quando O buscarmos de todo o coração e com quem podemos estabelecer uma relação de filho para pai, baseada na obediência e no amor.

SAC, 29 de Novembro de 2022

só JESUS / QUEM MUDOU MAIS O MUNDO?

só JESUS

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Nenhum de nós sabe quantos segundos, minutos, horas ou dias vai viver neste planeta e nesta caminhada. Importa que retiremos o melhor da existência em cada segundo, minuto, hora ou dia. Não falo de quantidade… falo de qualidade! O meu testemunho pessoal é que o melhor da vida se vive em JESUS e através de JESUS, que nos apresenta o Pai e o Espírito Santo na Sua vida e que será enviado, e dá testemunho das Escrituras de Génesis a Apocalipse, do primeiro ao último livro. O melhor da vida vive-se no Criador da vida e em Quem é a própria vida, como JESUS declarou: “Eu sou a vida”. Não apenas Quem dá vida, mas a própria vida. Pessoalmente não estou interessado numa filosofia, numa religião, numa ideologia, até mesmo numa ética ou moral, antes de tudo o mais é a pessoa de JESUS que me atrai, seduz, convoca, desafia… e n’Ele temos a essência para a qual fomos criados, e o caminho para chegar lá… Ele disse: eu sou o caminho. Dessa essência decorre a ética e a moral, as escolhas e as decisões, a consciência e a vontade. Muito mais do que regras, mas a natureza…

 

Podemos perguntar como isso é possível na medida em que JESUS já não está aqui connosco fisicamente. A realidade espiritual é tão presente como a realidade física, emocional, afetiva, mental, da consciência e da vontade. Na Bíblia, particularmente no Novo Testamento e nos 4 evangelhos que o abrem, temos uma apresentação histórica da Sua pessoa e do Seu ensino, bem como do modo como morreu e das testemunhas oculares que O viram vivo. Seguindo os Seus ensinos encontramos a vida que Ele mesmo é. Uma nova vida que é chamada de eterna porque começa aqui e nunca mais acaba em extensão e qualidade. Depois Jesus prometeu que enviaria o Espírito Santo que nos ilumina para compreendermos a pessoa e o ensino de JESUS, e experimentarmos a mudança sobrenatural que Ele veio alcançar para todos os que O recebem. A vida de JESUS não é para ser vivida a sós, mas na igreja que Ele veio implantar e da qual é fundamento. Cada igreja local é uma comunidade e uma família, um templo no qual Deus habita, assim como cada um de nós habitado pelo Espírito. Em tudo nessa vida nova o Pai envolve-nos com o Seu carinho.

 

Em nenhuma outra pessoa encontramos a melhor origem, as melhores segundas oportunidades, o melhor processo, o melhor modelo, o melhor coach, o melhor suporte, o melhor amparo, o melhor estímulo, a melhor motivação, o melhor projeto, a melhor integração entre todas as dimensões do nosso ser, o melhor fim e a melhor nova era. Começar com Deus e continuar com Ele por toda a eternidade, através de JESUS, a única “ponte” que nos leva ao Pai. “Ninguém vem ao Pai”, diz JESUS, “senão por mim”. Não se trata apenas de ir a Deus, mas de ir ao Pai (João 14:6) e de receber o Espírito Santo (João 15:26).

 

Saborear a vida inclui os sabores dos relacionamentos, do afeto e do carinho, da atenção e do cuidado, da presença com palavras e em silêncios… sabores acres das tempestades, das provações, dificuldades, conflitos, desalentos, abandonos… sabores da natureza e dos seus múltiplos odores; das artes que recriam o mundo à nossa com a criatividade e a inovação, a individualidade de cada artista, das cores, das técnicas… os sabores da gastronomia…

 

Não vivemos para comer ou beber, nem para outros prazeres, mas vivendo JESUS apreciamos cada uma dessas dádivas divinas, colocando-as no devido lugar, e integrando-as no mistério da criação em que não percebemos tudo. Não temos efetivamente de perceber tudo, mas isso não nos impede que tentemos perceber o mais possível, definindo e redefinindo o nosso saber!

 

Não sei quando será o último abraço, o último olhar apaixonado, a última irritação… não sei quando será o último texto e é por isso que o sentido de urgência me obriga a mostrar JESUS em tudo, porque Ele de facto faz parte de tudo como Criador e Redentor, Filho de Deus e Irmão de uma multidão incontável de irmãos, feitos n’Ele filhos de Deus.

 

Esse sentido de urgência tem de ver com tirar o melhor partido da vida em tudo, mas esperar o ainda melhor de tudo na eternidade! Um dia destes sei que vou morrer, mas isso não me amedronta, porque vivo a minha vida diária com Aquele que ressuscitou e venceu a morte. Uma vez mais digo que o meu testemunho pessoal evidencia que JESUS integra toda a minha pessoa: espírito, emoções, afetos, vontade e corpo, e sublima o seu todo no tempo e para a eternidade.

 

A única forma de saber é conhecer e experimentar… ler os evangelhos e todo o Novo Testamento em primeiro lugar, e todas as restantes Escrituras sempre à luz da pessoa de JESUS!

 

O apóstolo Paulo escreve inspirado pelo Espírito Santo: E se a nossa esperança em Cristo é unicamente para esta vida nós somos as pessoas mais miseráveis no mundo.” (1 Coríntios 15:19 – O Livro).

 

A minha vida não tem sido propriamente um mar de rosas, ou se o tem sido tem tido alguns espinhos. Luto há cerca de 20 anos com uma doença oncológica. Conheço o sofrimento, os medos, ansiedades, depressões, angústias… mas aprendi que Deus nos salva nas e das situações. Já experimentei as duas realidades. Já vi milagres na minha vida e da minha família! O nascimento da minha filha é um deles. Um acidente na Serra da Estrela em que o carro em que viajávamos em família capotou e ficou entalado entre um penedo e uma árvore secular, com o tejadilho rasgado longitudinalmente por uma laje granítica de águas pluviais, e do qual saímos ilesos. Durante a minha infância e adolescência diversas vezes corri risco de vida como asmático.

 

Nunca encontrei melhor proposta do que JESUS… Ele não tem comparação… as Suas exigências são absolutas… o Seu amor e perdão são incondicionais no quadro do arrependimento e conversão…

 

UM SÓ DEUS. Se na parte da Bíblia anterior ao nascimento de Jesus, denominada de Velho ou primeiro Testamento, ou Escrituras hebraicas (depende da nomenclatura), encontramos a revelação de um só Deus desde a abertura no livro de Génesis, e também evidências das três pessoas divinas – Pai, Filho e Espírito Santo, no Novo Testamento essa revelação é clara. Na vida de Jesus temos então a evidência da presença e ação conjunta do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus Cristo, o Filho de Deus feito Homem, declara que ninguém vem ao Pai senão por Ele e que quem O vê, vê o Pai (João 14:6,9); e lendo o profeta Isaías na sinagoga de Nazaré sobre Si assume o cumprimento profético: o Espírito do Senhor está sobre mim (Lucas 4:16-21).

 

“INTÉRPRETE” DIVINO como cem por cento Deus e cem por cento Homem, Jesus mostra-nos quem Deus é, leva-nos ao Pai e dá-nos o Espírito Santo. Na mesma pessoa coabitam a essência divina e a humana enquanto Deus feito Homem, e assim podemos simultaneamente conhecer ambos – o Criador e a criatura (não criada mas gerada pelo Espírito Santo). A origem do desastre humano começa em considerar que Deus é mentiroso, inimigo do homem e da sua felicidade, um obstáculo ao seu desenvolvimento e crescimento. Em Jesus encontramos a harmonia entre o Criador e a criatura, entre Deus e o Homem. Jesus reconcilia o homem e/com Deus. A mentira do diabo que cria o inferno acabou. Jesus disse de si mesmo – eu sou a verdade! A mentira foi desmentida em e por JESUS! Uma vez mais não falo de religião, de ideologia, filosofia… falo de JESUS, de quem Ele é, de como viveu, do que ensinou, da razão pela qual morreu, de que ressuscitou e prometeu voltar, e do modo como Ele nos chama para vivermos de acordo com essa nova realidade que veio trazer, para fazer a diferença agora, esperando uma nova ordem fundada n’Ele e sob o Seu governo de amor, liberdade, verdade, graça e santidade!

 

NOME MAIOR. A revelação do Espírito Santo sobre Jesus Cristo assevera de modo taxativo, sem qualquer hipérbole, que o nome de JESUS é inigualável e insuperável. A primeira declaração é encontrada nos lábios do apóstolo Pedro, quando ele e João foram presentes ao Sinédrio, o tribunal religioso judaico, por causa da cura de um coxo de nascença à porta do templo, chamada Formosa; e no escrito que Paulo dirigido pela primeira vez à igreja em Filipos:

Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: “Líderes e anciãos do povo: se se referem ao bem praticado naquele coxo que foi curado, deixem que vos diga claramente, a vós e a todo o povo de Israel que tal ato foi feito em nome e pelo poder de Jesus de Nazaré, o Cristo, o homem que crucificaram, mas que Deus ressuscitou. É pela sua autoridade que este se encontra aqui curado! Pois Jesus é: ‘A pedra que vocês, os construtores, rejeitaram veio a tornar-se a pedra fundamental do edifício!’

Em mais ninguém há salvação! Debaixo do céu não há outro nome que as pessoas possam invocar para serem salvas.” (Atos 4:8-12 – O Livro)

 

Que haja em vocês a mesma atitude que houve em Cristo Jesus. Sendo por natureza Deus, no entanto, não reivindicou para si o ser igual a Deus, mas desfez-se das suas regalias próprias, assumindo a forma de um escravo e a semelhança humana. E, encontrando-se nessa condição, humilhou-se a ponto de se sujeitar voluntariamente à morte; não a uma morte vulgar, mas à morte da cruz. Por isso mesmo, Deus o elevou às posições mais altas e lhe deu um nome que é superior a todos os nomes, de tal forma que, em honra desse nome, virão a ajoelhar-se todas as criaturas tanto no céu, como na Terra, como ainda debaixo da Terra. E todos, igualmente, reconhecerão que Jesus Cristo é Senhor, o que será mais uma glória para Deus, o Pai! (Filipenses 2:5-11 – O Livro)

 

SERVO. Se há algo que me impressiona em JESUS é a Sua afirmação de que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos. As palavras do Filho de Deus acontecem depois de um pedido inusitado de Salomé, irmã de Maria, mãe de Jesus, relativamente aos seus filhos Tiago e João, primos de Jesus, que irritou os restantes discípulos: Quando os outros dez discípulos souberam disto, ficaram indignados com os dois irmãos. Mas Jesus reuniu-os e disse: ‘Como sabem, os líderes entre os gentios dominam sobre eles e os grandes tratam-nos autoritariamente. No vosso meio, porém, não será assim. Quem quiser ser grande no vosso meio será vosso servo. E quem quiser ser o primeiro no vosso meio será como vosso escravo. A vossa maneira de proceder deve ser a mesma do Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgate de muitos.’” (Mateus 20:24-28 – O Livro). É bem conhecida a narrativa de JESUS a lavar os pés dos discípulos e a recusa pronta do apóstolo Pedro, ao que JESUS respondeu que se não o permitisse não teria parte com Ele. Terminado o momento a aplicação veio de seguida: Depois de lhes ter lavado os pés, tornou a vestir a túnica, sentou-se e perguntou-lhes: ‘Compreendem o que eu fiz? Chamam-me Mestre e Senhor, e fazem bem, porque é verdade. E uma vez que eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também devem lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo! Façam como eu vos fiz! É realmente como vos digo: o servo não é maior do que o seu senhor, nem o mensageiro maior do que quem o enviou! Agora que sabem estas coisas, serão felizes se as praticarem.’” (João 13:12-17 – O Livro)

 

DEUS MORREU. Gritava na praça o louco de Friedrich Nietzsche. Foi o princípio de um desastre que vem até aos dias de hoje e um dia destes vai terminar. Foi morto na natureza humana. O homem ficou corrompido na sua natureza recebida diretamente de Deus, em imagem conforme a semelhança. No tempo determinado pelo próprio Criador, JESUS veio. Veio para morrer, embora os homens o tenham morto, foi o próprio que deu a Sua vida. Em JESUS somos feitos filhos de Deus. Temos de volta a natureza divina, na qual fomos feitos participantes. Há uma parábola de JESUS que traduz em parte este drama histórico, em relação ao próprio povo de Deus e aos religiosos, que vai terminar num futuro que só o Pai conhece, conhecida como “a parábola dos rendeiros”:

E começou a contar ao povo a seguinte parábola: “Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a uns lavradores e partiu em viagem por longo tempo. Na época devida, enviou um dos seus servos ir receber a sua parte da colheita da vinha. Os rendeiros, porém, espancaram-no e mandaram-no embora de mãos vazias. Então enviou outro, mas espancaram-no e trataram-no mal; espancado e insultado, viu-se expulso sem nada receber. Enviou ainda um terceiro homem; eles feriram-no e escorraçaram-no. Dizia o dono da vinha: ‘Que farei agora? Vou enviar o meu filho querido; certamente hão de respeitá-lo.’ Mas quando os lavradores viram o filho, disseram: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e a herança será nossa!’ Arrastaram-no para fora da vinha e mataram-no. Que fará o dono da vinha? Digo-vos que virá e matará os lavradores e arrendará a vinha a outros.” “Esses homens nunca fariam uma coisas dessas!”, protestaram os ouvintes. Jesus olhou-os e respondeu: “Então que quererão dizer as Escrituras ao afirmarem o seguinte? ‘A pedra que os construtores rejeitaram veio a tornar-se a pedra fundamental do edifício!’ Quem tropeçar nessa pedra será feito em pedaços e aqueles sobre quem ela cair serão esmagados.” Os especialistas na Lei e os principais sacerdotes procuraram prendê-lo nesse preciso momento, pois perceberam que aquela parábola se referia a eles. Mas tinham medo do povo. (Lucas 20:9-19 – O Livro)

 

EU SOU DEUS.   “E para vos abrir completamente o meu coração, amigos meus, dir-vos-ei: Se existissem deuses, como suportaríeis não serdes Deus? Portanto não há deuses.”
(NIETZSCHE, Frederico. Assim Falava Zaratustra. Editorial Presença. Lisboa: 1978. p. 91). Falando de si mesmo penso que Nietzshe colocou o dedo na ferida da postura de muitos ateus, agnósticos e até indiferentes. Julgo que o também autor de “O Anticristo” conhecia o relato do livro de Génesis da tentação em que Adão, homem e mulher, soçobraram; e consigo arrastaram a humanidade. Mas não se pense que a culpa é só deles. De cada vez que desconsideramos os princípios éticos e morais em JESUS, caímos na mesma tolice. “Deus sabe muito bem que no mesmo instante em que comerem esse fruto os vossos olhos abrir-se-ão e, tal como Deus, serão capazes de distinguir o bem do mal!” (Génesis 3:5 – O Livro)

 

INTELIGÊNCIA vs ABSURDO. Para mim basta-me esta constatação.  A natureza teria sido muito cruel no processo evolutivo ao dar-nos uma inteligência, para chegarmos à conclusão de que nada disto faz sentido. O suficiente para acreditar em um Deus inteligente que se deu a conhecer pessoalmente em JESUS. Faz todo o sentido. Junto-me ao apóstolo Paulo quando escreve à igreja em Roma: Como a sua sabedoria e a sua inteligência são riquezas ilimitadas! Como é impossível entender as suas decisões, a sua maneira de agir! Pois ‘quem conheceu o pensamento do Senhor ou quem é o seu conselheiro?’ Alguém lhe terá dado primeiramente dádivas, de forma a esperar agora a retribuição? Com certeza que não, pois todas as coisas vêm dele! Tudo é por ele e para ele. Glória lhe seja dada para sempre! Amém!” (Romanos 11:33-36 – O Livro)

 

EXISTEM “NÓS” QUE SÓ JESUS É CAPAZ DE DESATAR. É certo que nenhuma religião nos pode dar a conhecer Deus. A imaginação humana não O alcança nem pode alcançar, embora nos possamos aperceber de que Ele existe, mesmo não sabendo quem Ele é. Basta-nos olhar para Jesus e ficamos a saber. Nunca O gastamos por muito que leiamos os quatro evangelhos e todo o Novo Testamento. Sei que é para muitos uma tarefa de gigantes ler toda a Bíblia ou até apenas o Novo Testamento, mas ganhe apetite e balanço começando pelo evangelho de João, o quarto. Não espere entender tudo, mas vai entender o suficiente, para receber o que sobre Ele João escreveu, e ao recebê-lo juntamente com a descrição e a narrativa joanina, a experiência pessoal subjetiva vai lançá-lo numa descoberta progressiva que nem a eternidade esgotará. Ponha em prática o que aprende, veja o resultado, e siga no processo de crescimento e desenvolvimento na confiança, dependência e obediência a JESUS.

 

SINCRETISMO RELIGIOSO. Uma salada de tentativas de para amordaçar Deus, de pô-lo dentro de uma caixa, de O manipular, de lhe impor os interesses do poder religioso e político. Qual a religião que se opõe ao sistema do poder instituído? Há duas formas de negar a Deus, torná-Lo um fantoche, manobrá-Lo, fazer d’Ele um moço de recados, atrelá-Lo aos interesses pessoais. Só que Deus é Deus e não deixou por mãos alheias a Sua revelação.

Anteriormente Deus falou aos nossos antepassados de muitas maneiras por intermédio dos profetas. Agora, nos tempos em que vivemos, falou-nos através do seu Filho, a quem deu todas as coisas e por meio de quem criou tudo o que existe. Este reflete a glória de seu Pai e é a imagem perfeita da sua pessoa. Ele mantém todo o universo pela autoridade da sua palavra. Tendo morrido para nos purificar da culpa dos nossos pecados, sentou-se à direita do Deus glorioso, nos lugares celestiais. (Hebreus 1:1-3 – O Livro).

 

A FÉ DESAFIA A CIÊNCIA. Jesus implantou o reino de Deus entre nós, o que é para nós impossível, é possível para Deus. Ele pode o que não podemos. Nele não há fragmentação entre o natural e o sobrenatural. O natural é um mistério, para mim um milagre. É só pensar em nós. Não nos entendemos e compreendemos em tudo o que somos mesmo na nossa dimensão física e biológica, mental, emocional, afetiva e volitiva e, no entanto, somos capazes de compreender e entender. A ciência ainda está longe de nos explicar. Existe um ajustamento fino entre nós e o que nos rodeia. Pensamos sem saber como pensamos, mas pensamos. A ciência rejeita o que não cabe nos seus pressupostos. A fé em Jesus está aberta ao que vai além do que imaginamos.

 

QUEM CRIOU DEUS. Foi Bertrand Arthur William Russell, 3.º Conde Russell considerado um dos mais influentes matemáticos, filósofos, ensaístas, historiadores e lógicos que viveram no século XX, que desistiu de acreditar em Deus, porque não encontrou resposta para a pergunta “quem criou Deus”. Se tivesse encontrado tal resposta, esse deus não seria Deus, porque Deus é incriado. Porque Deus é eterno, ou seja, não tem princípio nem fim, e é um ser pessoal, como JESUS nos mostrou, tudo o que existe tem a sua origem Nele como Criador, e distinto Dele. Deus não é tudo e tudo não é Deus.

 

PAI NOSSO. JESUS deu-nos uma lição modelo não para ser repetida mecanicamente, mas como inspiração e orientação nas nossas conversas com Deus. O modo como começa, se desenvolve e termina, é insuperável, resultado certamente do modo único como se dirigia ao Pai. Através de JESUS o propósito divino é que sejamos filhos de Deus, tendo a Deus como nosso Pai. Era assim que JESUS a Ele se dirigia, sendo Deus com o Pai e o Espírito Santo. Os termos traduzem intimidade, imagem e semelhança, proximidade.

 

O PÃO NOSSO DE CADA DIA. Todas as nossas necessidades são conhecidas do Provedor e Sustentador. Não fora o egoísmo e os abismos das desigualdades criadas pela ganância humana, a terra teria possibilidade de produzir o pão diário para cada uma das criaturas de Deus.

 

LIVRA-NOS DO MAL. Não está nas nossas mãos defendermo-nos do mal e noutras traduções do maligno, embora em obediência ao ensino que JESUS apresentou pela sua vida e instrução, conseguimos o que Deus quer para nós. Ainda assim, porque falhamos, humildemente, confessamos a nossa dependência da proteção divina.

 

NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO. São muitos os apelos para que façamos o contrário da nova natureza que recebemos do Espírito Santo ao nascer de novo. Mesmo assim pedimos que ao sermos tentados não cedamos e nos metamos em sarilhos.

 

SEJA FEITA A TUA VONTADE. Deus é soberano, mas concedeu à humanidade a possibilidade de contrariar e fazer o oposto da vontade divina. Vivemos um tempo que não vai durar para sempre, em que o mal vai tendo o seu curso e provocando as suas vítimas, mesmo entre os que buscam a vontade de Deus. Uma nova era vai chegar em que retomando o verdadeiro sentido da liberdade, a vontade de Deus não terá qualquer oposição.

 

PERDOA AS NOSSAS OFENSAS ASSIM COMO. O evangelho assenta sobre o perdão alcançado por JESUS na Sua morte em favor de toda a humanidade, mas só se torna válido quando o aceitamos com a disposição de viver de outro modo. Como consequência assim como fomos perdoados, perdoamos; e perdoamos para sermos perdoados. Tanta desgraça é provocada pela falta de perdão, pela vingança, ajuste de contas e retaliação.

 

NA VIDA E NA MORTE. Jesus lidou com a morte do Seu amigo Lázaro. À sua irmã Marta inconsolável declarou: “Jesus disse-lhe: ‘Eu sou a ressurreição e a vida! Quem crer em mim viverá, mesmo que morra! É-lhe dada a vida eterna por crer em mim e nunca mais morrerá. Crês nisto, Marta?´” (João 11:25,26 – O Livro). Que pergunta decisiva em relação à nossa vida presente e futura! O apóstolo Paulo escreveu o que todos podemos afirmar “Porque Cristo é a única razão da minha existência e a morte representa para mim um ganho!” (Filipenses 1:21 – O Livro). Numa outra tradução “para mim o viver é Cristo e o morrer é ganho”. Num outro texto o mesmo apóstolo afirma: “Nós não somos donos de nós mesmos, de forma a vivermos ou morrermos segundo a nossa vontade ou conveniência. Quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor, dependemos da sua vontade. Quando morrermos, iremos estar com o Senhor. Por isso, tanto na vida como na morte, pertencemos ao Senhor. Foi para isto mesmo que Cristo morreu e ressuscitou, para ser Senhor das nossas vidas, quer vivamos, quer morramos.” (Romanos 14:7-9 – O Livro).

 

QUANTAS VEZES EU QUIS. Deus não desiste de nós. Até ao último instante briga connosco. Disse Jesus de um modo muito sentido: Jerusalém, Jerusalém, cidade que mata os profetas de Deus e apedreja todos aqueles que ele lhe envia! Quantas vezes quis juntar os teus filhos como uma galinha junta os pintainhos debaixo das asas, mas vocês não me deixaram.” (Mateus 23:37 – O Livro).

 

NADA MAIS. JESUS é absolutamente suficiente como Mediador entre Deus e os homens, como Salvador que nos tira de uma vida sem o propósito de sermos à imagem, conforme a semelhança de Deus, Seus filhos, nova criação. Como escreve o apóstolo Paulo ao seu discípulo e filho na fé, Timóteo: Aconselho antes de tudo, que se ore, suplique e agradeça a Deus, intercedendo a favor de toda a gente. Não se esqueçam de orar pelos que governam e estão investidos de autoridade, a fim de que possamos viver em paz e sossego, conformando a nossa conduta com toda a devoção e dignidade. Isto é bom e agrada a Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. Porque existe um só Deus. E entre ele e os homens há um só mediador, que é Jesus Cristo, seu Filho, que é homem. O qual se deu a si mesmo como o preço da salvação de toda a humanidade. Esta é a mensagem que Deus trouxe ao mundo no momento oportuno. E foi para falar dessa mensagem que eu próprio fui constituído pregador e apóstolo de Deus, e fui encarregado de ensinar esta verdade aos gentios, levando-os ao conhecimento da fé. Não estou a mentir; estou a falar a verdade.” (1 Timóteo 2:1-7 – O Livro)

 

SINAIS. João no quarto e último evangelho elucida-nos do seu objetivo no penúltimo capítulo: Os discípulos de Jesus viram-no realizar muitos outros sinais além dos registados neste livro. Estes vêm aqui descritos para que creiam que ele é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo nele, tenham vida em seu nome.” (João 20:30,31 – O Livro). Considero que a leitura de toda a Bíblia como a Palavra de Deus, devia motivar todos os seguidores de JESUS. Percebo que para alguns pode ser uma tarefa que consideram além da sua capacidade e disponibilidade. A obesidade das redes sociais, a overdose de informação disponível, mas na sua maior parte descartável, banal e até ridícula, infelizmente atrai e consome tempo e energias, e rouba a determinação para o que é verdadeiramente importante, tornam o raciocínio lerdo e preguiçoso. Pelo menos os seguidores de JESUS deviam ler o Novo Testamento, a começar pelos evangelhos, e pessoalmente proponho que comecem pelo Evangelho de João que nos apresenta o Filho de Deus como o EU SOU, ou o Evangelho de Marcos que é o mais sintético e dirigido para o leitor pragmático que aprecia a ação; o Evangelho de Lucas mais dirigido aos pensadores e o Evangelho de Mateus, o primeiro, voltado para os que querem conhecer o Velho Testamento nas pontes e sinais que apontam para JESUS.

 

 

samuel DE JESUS!

 

O meu nome próprio é Samuel, do lado da mãe Rodrigues, do pai Pinheiro, da esposa Pinto e de JESUS por parte do plano eterno de Deus que foi realizado pelo Seu nascimento humano sem ter deixado de ser divino, da Sua vida entre nós, da Sua morte e ressurreição, da Sua ascensão, da promessa do Seu retorno, e do derramamento do Espírito Santo.

Poderia ter escrito de DEUS, mas Jesus foi incumbido da missão de resgate e de nos mostrar o Pai e enviar o Espírito Santo. A triunidade de Deus.

Não sou ateu. Não sou agnóstico. Não sou religioso. Apenas quero ser um humilde seguidor de Jesus Cristo e parte do Seu povo, a Igreja. Não sou perfeito, antes bem pelo contrário. Mas quero viver no aconchego da Sua perfeição, caminhando no sentido de ser como Ele é.

Não sou ateu, não posso ser ateu porque não poderei fazer uma afirmação absoluta quando o não sou. Não conheço tudo, ou conheço muito pouco de tudo o que existe e de tudo o que existe e está para lá da minha cogitação.

Não sou agnóstico porque tenho todas as evidências e mais Uma da presença do próprio Deus na nossa humanidade, Deus feito homem. E se nunca vimos Deus, em Jesus temos o que de Deus podemos ver.

Não sou religioso porque nenhuma religião de facto cumpre o que o nome significa – religar do latim religare.

Sou de Jesus porque ninguém vem ao Pai senão por Ele. Sou de Jesus porque de Si mesmo afirmou: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA!

Serei cristão? Protestante? Evangélico? Pode ser! Mas tamanha é a dissonância histórica e no presente, como não podia deixar de ser, que em toda e qualquer situação a referência tem de ser JESUS CRISTO! Ele é a fonte, o autor da fé, o fundamento da mesma, o original, o padrão, o modelo. “Pelos frutos os conhecereis”, “sereis meus amigos se fizerdes o que eu vos mando”.

“Em pecado me concebeu minha mãe”. Nascemos numa condição e com uma natureza falha, bem distinta daquela na qual e para a qual fomos criados. Será que isto é estranho para nós? Ou todos nós, sem exceção, nos sentimos fora de casa? Essa situação explica biblicamente por que razão tanta coisa errada acontece em nós e à nossa volta, no nosso círculo mais restrito ou em termos globais. Não temos pormenores do modo como o homem e a mulher viviam, mas possuímos indícios suficientes para percebermos que se tratava de um paraíso onde só o bem e o belo imperavam.

 

Desde o princípio Deus deu-nos a liberdade de escolha, mas o fruto da ciência do bem e do mal, provocou danos tão graves na nossa essência à imagem de Deus que só a morte e a ressurreição de JESUS repararam, para todos os que O recebem num compromisso de mudança de vida e de atitudes em obediência e dependência Dele.

 

Depois, passado muito tempo, JESUS veio como Deus e Homem. Através d’Ele, sabemos como Deus é à imagem de quem fomos criados (o Homem criado à imagem e semelhança de Deus). Isso é extraordinário, de uma inteligência insuperável.

 

E como a questão é do nosso íntimo, de quem somos, da nossa essência e natureza, JESUS veio cumprir o plano de redenção, para que possamos renascer, nascer de novo, ser nova criação e filhos de Deus.

Este é o plano.

 

Sou de JESUS em primeiro lugar porque Ele é o EU SOU. É a Sua identidade, a Sua natureza que define tudo o resto.

CRISTO LOGO EXISTO. Cogito, ergo sum é uma frase de autoria do filósofo e matemático francês René Descartes. Em geral, é traduzida para o português como “penso, logo existo”; embora seja mais correto traduzi-la como “penso, portanto sou”. Para mim o pensamento que faz parte da nossa consciência pessoal de que existimos, é superado ainda pela existência e manifestação histórica de JESUS. A Moisés Deus revelou o Seu nome: “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU.” (Êxodo 3:14a – João Ferreira de Almeida revista e atualizada). JESUS entra na história e o apóstolo João em 7 declarações apresenta-O como o EU SOU. É nessa revelação e identidade que tenho o fundamento inabalável da minha existência no tempo e na eterna.

 

MUITO MAIS DO QUE UM HERÓI. Uniu o céu à terra, o tempo à eternidade, a origem com o fim, toda a humanidade na cruz, a morte à vida, derrotando-a pela sua ressurreição. Rompeu com a doença, com a distinção de raças, abalou os fundamentos da religião como “o caminho, a verdade e a vida”.

 

FANÁTICO POR JESUS. É para mim o mesmo que dizer fanático do amor de verdade, amor à justiça, amor à verdade; fanático da graça, do perdão, da justificação que nos torna justos. Quanto mais conheço a história e os ditos grandes, mais JESUS é o único que é efetivamente GRANDE, em toda a sua mansidão e humildade, na Sua pobreza, no Seu amor, graça e perdão. Dizer que sou fanático de Jesus representa ser fanático da humildade da mansidão, o que não significa da humilhação ou ser um “bananas”.

 

FÉ NA FÉ. Sempre terá sido assim e os nossos tempos não fogem à regra. Existe uma corrente que considera que a fé é suficiente por si só, alguns têm fé em si próprios, no seu ídolo de estimação, num amuleto, e até num cristal que consideram portador de boas energias. Segundo o evangelho de JESUS, a fé só tem genuíno valor em função da pessoa em que é colocada e de onde deriva. Por isso para os Seus seguidores a fé faz diferença quando provém Dele. Não se trata de um efeito placebo, mas da ação sobrenatural de Deus na vida dos que O buscam, confiam, dependem e obedecem. O escritor da carta aos Hebreus diz isso mesmo: Portanto, nós também, visto que estamos rodeados por uma tão grande multidão de testemunhas, vidas que são exemplos da fé, deixemos tudo aquilo que nos embaraça, e o pecado que nos envolve tão de perto, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta. Olhemos para Jesus. Ele é a fonte da nossa fé e aquele que a aperfeiçoa. O qual, pela alegria que lhe estava reservada, suportou a cruz, aceitando a humilhação, vindo a sentar-se à direita do trono de Deus. Pensem bem em tudo aquilo que ele suportou da parte dos pecadores, para que não venham a enfraquecer, perdendo a coragem. Afinal, ainda não chegaram, como ele, a verter o vosso sangue na luta contra o pecado.” (Hebreus 12:1-4 – O Livro)

 

EU SEI. O filósofo Sócrates ficou célebre pela sua declaração de que sei que nada sei. No meu caso, que não sou filósofo mas que sou um seguidor de JESUS, como o apóstolo Paulo posso afirmar sem sombra de dúvida: “Foi Deus quem nos salvou e nos escolheu para uma vida santa. Não porque o merecêssemos, mas por sua vontade e misericórdia, que manifestou através de Cristo Jesus e segundo um plano estabelecido já antes da criação do mundo. Plano esse dado a conhecer agora ao mundo, na pessoa do nosso Salvador Jesus Cristo, o qual quebrou o poder da morte e nos mostrou o caminho da vida incorruptível e eterna, através do evangelho. E foi para isso que fui constituído pregador, apóstolo e mestre. É essa a razão destes meus sofrimentos. Mas não me envergonho disso, porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o que eu lhe confiei até àquele dia.” (2 Timóteo 1:9-12 – O Livro)

 

COINCIDÊNCIAS. Para quem confia em Deus não existem coincidências, ou melhor ainda, Deus está em todas as circunstâncias. Certamente alguns pretendem dizer acasos. Mas não há acasos para Deus.

 

TRANSFORMAR O MAL EM BEM. Isto é o que só Deus pode fazer. A verdade é que aquilo que vocês reconhecem como o mal que me fizeram, Deus o mudou em bem, e me elevou até este alto cargo que agora ocupo, de forma a salvar a vida de muita gente.” (Génesis 50:20 – O Livro). Deus permitiu o mal para acabar com ele. E isso já aconteceu na morte e ressurreição de JESUS, e irá cumprir-se em absoluto no Seu retorno, para novos céus e nova terra.

 

DEUS DE MILAGRES. Nem sempre o milagre que esperamos é o milagre que Deus nos dá. Mas Ele é Deus de milagres. Umas vezes nos salva-nos das situações de aperto, outra vezes nas próprias situações. Tanto de uma como de outra tenho experiência. Em cada uma dessas possibilidades a Sua vontade é boa, perfeita e agradável, sendo que a fé em JESUS é expressa.

 

DIMINUTIVOS. Na casa dos meus pais eu sou o filho mais velho e não me lembro de ser chamado por diminutivo. Já à minha mais velha tratamos até ao dia de hoje por Licas e à mais nova por Nininha. Continuamos a tratar-nos por manos ou maninhos. Na nossa casa a minha esposa é chamada por Belinha e a nossa filha por Aninhas ou Anocas, que ela não apreciava muito. Na família de Deus, os Seus filhos têm a possibilidade de O tratar por Abba, Paizinho ou Papai, sem que isso seja considerado falta de respeito.

 

 

 

CRISTIANISMO – CRISTÃOS – SEGUIDORES-SERVOS DE JESUS O CRISTO

“E foi ali em Antioquia que os discípulos foram chamados cristãos pela primeira vez.” (Atos 11:26 – O Livro)

 

 

Cristãos ou pequenos cristos segundo alguns comentadores, foi a designação que receberam os seguidores de JESUS pela primeira vez em Antioquia. O foco está colocado em JESUS, O CRISTO.

 

Nos dias que correm muitos dos que são designados por cristãos não têm nada a ver com JESUS – O CRISTO, mas pela cultura dita cristã, ou pela religião cristã ou cristianismo, o que vulgarmente se chama de cristão nominais.

 

Acredito numa cultura influenciada e até redimida, mas para tanto é imperiosa a experiência do novo nascimento e um compromisso sério com a pessoa de JESUS, a Sua vida e o Seu ensino em obediência aos princípios que viveu e ensinou, plasmados na Sua pessoa. O EU SOU viveu em absoluta harmonia com a Sua essência e natureza, e foi isso que Ele ensinou.

 

O que aconteceu com JESUS é o que Ele “propõe” à humanidade, pessoas transformadas pelo amor de Deus, pela graça por meio da fé. E isso só é possível porque ao morrer e ao ressuscitar o pecado foi radicalmente resolvido, atingido nas suas raízes de desobediência e hostilidade a Deus. No plano natural em quem confiamos molda-nos, influencia-nos. Ao confiarmos, dependermos e obedecermos a JESUS, que reúne em Si o natural e o sobrenatural, somos transformados interiormente para sermos e vivermos de acordo com Ele, por meio desse ato de fé.

 

O que é o que o cristianismo fez de JESUS O CRISTO? A história é pródiga em disparates, crimes, disputas, divisões, contendas, perseguições, violências, guerras, alianças com o poder político-económico, ostentação, corrupção, imoralidade, abusos, e o muito mais que pode ser acrescentado e para o qual os evangelhos, o livro histórico dos Atos, as cartas apostólicas, o livro profético do Apocalipse e todos os livros da Bíblia preveniram e corrigiram desde os primórdios da Igreja. Os ramos do cristianismo: católico romano, ortodoxo (russo, ucraniano, grego…), reformado (magisterial e radical), anglicano, protestante, evangélico, carismático, pentecostal e neo-pentecostal… a lista bem que podia ser acrescentada em muitos ismos… tudo cabe no que se chama vulgarmente de cristianismo! A minha decisão está tomada de acordo com o que encontro como essencial, seguir JESUS, viver como JESUS viveu, amar como JESUS amou, perdoar como JESUS perdoou, servir como JESUS serviu… sempre a uma distância enorme Dele, mas tentando todos os dias progredir, sabendo que tudo isso deve ser acompanhado da certeza absoluta de que é Ele que salva sem ajuda alguma da nossa parte. O meu texto chave a esse respeito está no texto de Paulo para os crentes em Éfeso. Podemos citar muitos outros, mas este sintetiza tudo:

 

Vocês estavam mortos por causa das vossas transgressões e dos vossos pecados. Essa era a vossa conduta na vida, antigamente, seguindo as correntes do mundo à vossa volta, e seguindo até aquele que é líder da autoridade dos ares, do espírito que atua, ainda hoje, naqueles que recusam sujeitar-se a Deus. E nós também éramos como eles, vivendo apenas segundo os desejos da nossa natureza pecaminosa, os impulsos primários dos nossos sentidos e dos nossos pensamentos. Éramos, por natureza, objeto da severa justiça de Deus, tal como o resto da humanidade.

Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, em consequência do seu sublime amor por nós, e estando nós ainda mortos devido às transgressões, deu-nos uma vida nova ao ressuscitar Cristo da morte. Foi somente pela graça de Deus que fomos salvos. Nós ressuscitámos com Cristo e foi-nos concedido, por isso, o direito de pertença espiritual, pela fé, aos domínios celestiais em que Cristo habita. A fim de que, para sempre, todos constatem como é rica e generosa essa sua graça, que Deus revelou em tudo o que fez por nós através de Jesus Cristo.

Porque pela sua graça é que somos salvos, por meio da fé que temos em Cristo. Portanto, a salvação não é algo que se possa adquirir pelos nossos próprios meios: é uma dádiva de Deus. Não é uma recompensa pelas nossas boas obras. Ninguém pode reclamar mérito algum nisso. Somos a obra-prima de Deus. Ele criou-nos de novo em Cristo Jesus, para que possamos realizar todas as boas obras que planeou para nós. (Efésios 2:1-10 – O Livro)

 

TRIGO E JOIO. Jesus advertiu-nos acerca da realidade histórica que como Seus seguidores e Igreja, o Seu povo, iríamos viver. Trigo e joio convivem. Não temos legitimidade para o separar porque podemos confundi-los, arrancando o trigo em vez do joio. Essa não é a nossa função. Isso não significa que não distinguimos a verdade da mentira, o certo do errado, mas a tarefa da separação está guardada para o fim e para outros agentes. Podemos indignar-nos com o que o inimigo durante o sono dos homens semeia, mas arrancar o joio e ceifar o trigo será bem feito no tempo certo. (Mateus 13:24-30).

 

O que é que levou os habitantes de Antioquia a chamarem os seguidores de Jesus o Cristo, de cristãos? No meu entender não foi o cristianismo, mas JESUS O CRISTO!

 

O que temos nós para apresentar aos homens e mulheres de hoje no ateísmo, agnosticismo, ceticismo, existencialismo, marxismo, materialismo, naturalismo, judaísmo, cristianismo, islamismo, budismo, confucionismo, hinduísmo, panteísmo, panenteísmo, espiritismo, … por certo não é o cristianismo entre todos os ismos considerado como superior ou melhor! MAS ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE JESUS como nos é apresentado em toda a Bíblia, porque toda ela é Palavra de Deus, confirmada pela PALAVRA ENCARNADA – O LOGOS DIVINO.

 

A narrativa (como hoje se diz), que faz a diferença é JESUS O CRISTO! Só Ele viveu o que ensinou e ensinou o que viveu! Só Ele se apresenta como o “protótipo” … Ele é Deus entre nós como divino, e como Homem à imagem de Deus que no princípio Deus criou! “Façamos o homem, um ser semelhante a nós” (O Livro). Os adereços, os rituais, as formalidades, os géneros musicais, os estilos e as formas de adoração e louvor de nada interessam. O que importa, como o próprio disse é que adoremos o Pai em espírito e em verdade!

 

“Acredita em mim, mulher. Vem o momento em que já não teremos de nos preocupar se o Pai deve ser adorado aqui ou em Jerusalém. Vocês adoram o que desconhecem, ao passo que nós conhecemos, pois é através dos judeus que a salvação vem ao mundo. Mas chega a hora, e é agora mesmo, em que os que verdadeiramente o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade. É assim que o Pai quer que o adoremos. Deus é espírito e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade!” A mulher disse: “Eu sei que há de vir o Messias, chamado Cristo, e que quando vier nos explicará tudo.” Então Jesus disse-lhe: “Sou eu o Cristo!” (João 4:21-26 – O Livro).

 

Importa que como seguidores-servos de JESUS nos chamemos a todos para ouvir o que JESUS nos tem a dizer em toda a Bíblia à luz do Novo Testamento e da Sua pessoa. Todos, sem exceção! Judeus, cristãos, islâmicos, budistas, hindus, espíritas, mórmons, testemunhas de jeová, céticos, agnósticos, ateus, materialistas LEIAM A BÍBLIA a começar pelo cumprimento das profecias e de toda a história da salvação e do proto-evangelho logo no primeiro livro da Bíblia, e que o último livro sintetiza de forma admirável e inexcedível:

 

“João, às sete igrejas da província da Ásia. Que vos sejam concedidas a graça e a paz daquele que é, que era e que há de vir, e também dos sete espíritos que se acham diante do seu trono, assim como da parte de Jesus Cristo, a testemunha fiel, o primeiro dos ressuscitados, o soberano dos reis da Terra. A esse que nos ama e nos lavou dos nossos pecados pelo seu sangue, nos reuniu no seu reino e nos fez sacerdotes de Deus, seu Pai, seja dada toda a honra e reconhecido o seu poder para sempre. Que assim seja! Eis que ele vem rodeado de nuvens, e toda a gente o verá, até mesmo aqueles que o trespassaram. E as nações se lamentarão por causa dele. Sim, isso é que há de acontecer! “Eu sou o Alfa e o Ómega”, diz o Senhor Deus, Todo-Poderoso, que é, que era, e que virá!” (Apocalipse 1:4-8 – O Livro).

 

PALAVRAS. Não bastam palavras. Evangelho é ação de Deus a nosso favor. Meras palavras não mudam nada por muito que sejam repetidas. O que nos muda é o poder de Deus e que é traduzido numa confissão que regista a nossa decisão de segui-lO: “Se com a tua boca confessares que Jesus Cristo é o Senhor e no teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque é crendo que uma pessoa é declarada justa por Deus; e é declarando, em voz clara, que a salvação se afirma. Porque a Escritura diz: “Mas aquele que nele crer não será envergonhado.” E nisto, entre judeus e os gentios não há diferença: todos têm o mesmo Senhor que concede generosamente as suas riquezas aos que o invocarem. Porque: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Romanos 10:9-10 – O Livro)

 

 

AMIGOS DE JESUS

E vocês serão meus amigos se fizerem o que vos mando. Já não vos chamo criados, pois estes não acompanham o que faz o patrão. Vocês são meus amigos, e a prova disso é o facto de vos ter revelado tudo o que o Pai me disse. (João 15:14 – O Livro)

 

Todos podemos ser amigos de Jesus observando o requisito que o próprio apresenta: fazer o que Ele nos manda. Fácil… ler os evangelhos e o Novo Testamento e à sua luz o Velho Testamento e cumprir os Seus mandamentos como podem ser vistos na Sua pessoa, natureza e essência. Esta é a parte que eu mais aprecio. Tudo o que Jesus ensinou pode ser verificado em quem Ele é. Daí decorre que é por aí que o Filho de Deus começa em relação a nós. Fazer o que Jesus manda, é começar pelo princípio, ou seja sermos feitos filhos de Deus, nascer espiritualmente, nascer de novo, ser uma nova criação. É aí que tudo começa.

Mais tarde, veio aquele que é a verdadeira luz para brilhar sobre todo o ser humano. Esteve neste mundo, que foi criado por ele, mas não o conheceram. Veio para o seu povo e os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus. Bastava confiarem nele como Salvador. Esses nascem de novo, não no corpo nem de geração humana, mas pela vontade de Deus. A Palavra tornou-se homem e viveu aqui na Terra entre nós, cheio de amor e perdão, cheio de verdade. E vimos a sua glória, a glória do Filho único do Pai. (João 1:10-14 – O Livro).

 

Na primeira entrevista com o religioso Nicodemos, Jesus deixou bem claro ao que veio:

Jesus retorquiu: ‘É realmente como te digo: quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus. ’Que queres dizer com isso?’, perguntou Nicodemos. ‘Como pode uma pessoa voltar para o ventre da sua mãe e nascer outra vez?’ Jesus respondeu: ‘É realmente como te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. Os homens só conseguem reproduzir vida humana, mas o Espírito Santo dá vida espiritual. Por isso, não te admires de te ter dito que precisas nascer de novo. Assim como ouves o vento, mas não sabes donde vem nem para onde vai, assim se passa com aquele que é nascido do Espírito.’ (João 3:3-8 – O Livro).

 

A partir daqui estão criadas a condição da natureza e da essência do homem para viver como Jesus manda.

 

Tudo o que Jesus manda, viveu. Não se trata de mandar aos outros fazer o que não fez. É por isso que o mesmo significa ser Seu imitador como refere o apóstolo Paulo: Vocês devem seguir o meu exemplo, tal como eu sigo o de Cristo.” (1 Coríntios 11:1 – O Livro). Implica igualmente o elo entre o ser, o estar, o fazer e o ter que temos em JESUS:

“Eu estou crucificado com Cristo; e apesar de continuar a viver, já não é o meu eu que domina, mas é Cristo que vive em mim. E o resto da minha existência nesta terra é o resultado da fé que eu tenho no Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.” (Gálatas 19b,20 – O Livro).

 

Em JESUS não se verifica o que acontece em nós, dizermos uma coisa e vivermos outra, porque a natureza e a essência de JESUS, não sofre de fragmentação, de divisão, contradição, como aconteceu connosco com o desastre que provocámos ao comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. JESUS flui em perfeita harmonia da sua essência divina e humana, como Criador e como Imagem e Semelhança do Criador enquanto Homem. Nós fluímos em contradição, divididos, em contradição com o nosso design original.

 

Jesus é… Jesus viveu… Jesus morreu e ressuscitou! Jesus viveu segundo o que afirmou da sua identidade e pelo que ensinou! O Filho de Deus assumiu a morte assumindo que é Deus entre nós e o Homem à imagem conforme a semelhança de Deus. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou” (Génesis 1:27 – João Ferreira de Almeida – revista e atualizada). Morreu em coerência com a Sua natureza e a Sua vida. Deu a sua vida por nós, para que nós pudéssemos ser libertos da nossa condição natural, a condição em que nascemos, para morrermos nós também para a vida que não presta, a vida errada que erra o alvo do sentido divino e ressuscitarmos para o propósito e desígnio divinos. E estas palavras antecedem a condição de sermos amigos de Jesus:

 

Amei-vos como o Pai me amou. Vivam no meu amor. Se guardarem os meus mandamentos estarão a viver no meu amor, assim como eu obedeço ao meu Pai e vivo no seu amor. Disse-vos isto para que possam encher-se da minha alegria. Sim, a vossa taça de alegria transbordará! Mando-vos que se amem uns aos outros como eu vos amei. E é esta a medida: o maior amor é mostrado quando alguém dá a vida pelos seus amigos. (João 15:9-13 – O Livro).

 

A bênção da vida em Jesus passa obrigatoriamente pela obediência. É este o convite que Ele nos deixa:

 

Venham a mim todos os que estão cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Levem o meu jugo e aprendam de mim, porque sou brando e humilde, e acharão descanso para as vossas almas; pois só vos imponho cargas suaves e leves.” (Mateus 11:28-30 – O Livro).

 

Só há uma forma de cada um de nós saber se é verdade – experimente! Eu já experimentei e não troco JESUS por ninguém, nem por nada! Não é Jesus e… É só Jesus como único e suficiente Salvador e Senhor! Só mais uma coisa, quando vivemos como amigos de Jesus, fazemos parte de uma inumerável comunidade!

 

CULTURA PÓS-CRISTÃ. A cultura em que vivemos é antagónica aos princípios que JESUS viveu entre nós e para os quais nos salvou. A verdade é que podemos afirmar que sempre foi assim, e que JESUS nos avisou que assim seria. Seguir a JESUS não é seguir uma maioria cultural ou uma maioria moral e religiosa. Seguir a JESUS é isso mesmo. Ele não muda conforme os modismos e as tendências políticas, filosóficas ou religiosas. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente conforme nos comunica o escritor da carta aos Hebreus (13:8).

 

PREDESTINAÇÃO MATERIALISTA. Faz-me náuseas. Uma das muitas razões porque aprecio o evangelho de JESUS é que nos abre a janela da esperança para um processo em que todas as mudanças são possíveis. Nasci assim e vou sempre viver assim é inaceitável para quem acredita em JESUS. O que não nos é possível, é possível pelo Espírito que nos concede. A predestinação materialista, leva à irresponsabilidade. A culpa é dos genes. Esta é a mentira das mentiras que contamina a cultura contemporânea, e eu sei do que falo como professor durante quase 40 anos.

 

INFERNO. Para algumas pessoas o inferno é aqui. Não há dúvida para mim que o inferno se mostra aqui, para que estejamos devidamente prevenidos para não passarmos lá a eternidade. Se o inferno do lado de cá custa, o que não será o da eternidade. C. S. Lewis escreve que a dor e o sofrimento são o megafone de Deus, que acorda para o que não vai bem e que precisa de cura seja física, emocional ou espiritual. O inferno numa explicação simples é a total ausência do amor, da graça, da luz. É o contrário do céu. Ninguém vai para o inferno por causa da condição e da natureza em que nasceu, nem por causa dos seus pecados, mas por recusar determinantemente o perdão. JESUS morreu por todos nós, e todos os que O aceitam para O seguirem, a começar pela nova essência espiritual na imagem divina, são perdoados, recebem a vida eterna e usufruem da bem-aventurada esperança de morarem com Ele para sempre.

 

 

ARGUMENTO

 

Fomos criados. Deus é o Criador que nos desenhou à Sua imagem conforme a Sua semelhança. Fomos feitos parecidos com Deus.

Rompemos com essa imagem e quisemos ser donos de nós mesmos, vivendo à nossa maneira e até inventando ídolos ou fazendo de nós próprios deuses. Depois de toda a bagunça criada acusamos Deus e culpabilizamo-Lo do nosso estado e condição.

Deus apresentou-se na história como Deus e Homem que os nossos sentidos podem captar. Como Deus, Jesus apresenta-nos o Criador, leva-nos ao Pai e dá-nos o Espírito Santo. Foi assim que também Ele viveu. E como Homem mostra-nos a criatura à imagem do Criador. Digamos dois em um, a 100%.

Os Seus contemporâneos não O suportaram, com os religiosos pretensos representantes e defensores do divino na dianteira. Indignaram-se com a identidade que Ele assumiu sem sequer necessidade de muitas palavras, porque os seus atos falavam por si. Por fim colocaram-no numa cruz que aceitou porque desde a eternidade o Deus trino tinha definido que as escolhas da humanidade só seriam debeladas pela sua morte e ressurreição. Assumiu a nossa morte, e recuperou a nossa vida. Morreu e ressuscitou e reescreveu a História para uma nova era de harmonia, paz, amor, e verdadeira liberdade.

Todos sem exceção temos à nossa disposição o poder de sermos feitos filhos de Deus através de JESUS. De Criador a Pai. De criaturas a filhos. De imagem a nascidos de Deus. Recuperarmos pela recriação a originalidade da semelhança com Deus. Esta é a marca distintiva do Evangelho de Jesus. Não é Photoshop, maquilhagem, plástica, aparência. É ser onde tudo tem a sua fonte. Jesus agiu e ensinou a partir da Sua essência. Mostrou-nos que é assim que as coisas são. Primeiro ser, e depois fazer, viver, agir em todas as circunstâncias e situações. Integridade em JESUS, integração do espírito, alma e corpo, da consciência e da vontade, da razão e do coração, do tempo e da eternidade.

 

NOVO NASCIMENTO PARA UMA NOVA VIDA. Considero que é fácil de entender que se nascemos dos nossos pais para existirmos na dimensão natural, também espiritualmente podemos nascer de Deus para sermos Seus filhos e vivermos uma nova vida. As duas dimensões da vida sem as quais nunca estaremos completos: a vida natural e a vida espiritual.

 

SOLI DEO GLORIA. A Deus toda a glória. Tributamos a Deus a glória que só a Ele pertence. Isso não nos belisca, de modo algum, pelo contrário. Somos agraciados por e nessa glória. O apóstolo Paulo explica-nos como perdemos essa glória, na epístola aos Romanos: Porque todos pecaram, tendo perdido o direito de acesso à glória de Deus.” (Romanos 3:23 – O Livro). Mas quando escreve aos Coríntios na sua segunda carta acrescenta: O Senhor é o Espírito, e onde ele estiver reina a liberdade. E nós cristãos, sem véu de espécie alguma sobre os nossos rostos, somos como espelhos que refletem a glória de Deus. E vamo-nos tornando cada vez mais semelhantes à imagem do Senhor, a qual refletimos também cada vez mais fielmente.” (2 Coríntios 3:17-18 – O Livro)

 

 

 

 

 

SÓ JESUS

Seguidor servo de Jesus

Caminhante no CAMINHO

 

Ser um seguidor de Jesus. Todo o Novo Testamento está centrado na pessoa de Jesus Cristo e o Velho Testamento lança luz para a mesma.

 

- Jesus é o único Mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5),

- o que salva o seu povo dos seus pecados (Mateus1:21),

- Emanuel – Deus connosco (Mateus 1:23), o Filho do Deus vivo (Mateus16:16),

- o que batiza com Espírito Santo e com fogo (Mateus 3:11,12),

- o Filho amado do Pai em quem se compraz (Mateus 3:17),

- o que ensina com autoridade (Mateus 7:29),

- o que tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças (Mateus 8:17),

- o que alivia os cansados e sobrecarregados (Mateus 11:28),

- manso e humilde de coração (Mateus 11:29),

- o amigo de publicanos e pecadores (Mateus 11:19),

- quem é maior do que Jonas (Mateus 12:41),

- aquele a quem tudo foi entregue pelo Pai, o único que O conhece e O dá a conhecer (Mateus 11:27),

- o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mateus 16:16),

- o alicerce da igreja e o Seu edificador (Mateus 16:18),

- o que voltará e retribuirá a cada um conforme as suas obras (Mateus 16:27),

- o Filho amado do Pai em quem se compraz e a quem devemos ouvir (Mateus 17:5),

- o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mateus 20:28),

- o que voltará (Mateus 24:32-44),

- a quem toda a autoridade foi dada no céu e na terra (Mateus 28:18),

- o que batiza com o Espírito Santo (Marcos 1:8),

- o Filho amado do Pai em quem se compraz (Marcos 1:11),

- o que não veio para chamar justos e sim pecadores (Marcos 2:17),

- o Cristo (Marcos 8:29),

- o Filho amado do Pai a quem devemos ouvir (Marcos 9:7),

- não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em regate por muitos (Marcos 10:45),

- o que voltará (Marcos 13),

- EU SOU, e veremos o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo com as nuvens do céu (Marcos 14:62),

- o que ascendeu ao céu (Marcos 16:19),

- nascido pelo Espírito Santo na virgem Maria – Filho de Deus (Lucas 1:35),

- o que cresceu em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens (Lucas 2:40,52),

- aquele sobre quem o Espírito está para evangelizar os pobres, proclamar libertação aos cativos e restaurar da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o ano aceitável do Senhor (Lucas 4:18,19),

- o que tem poder para perdoar pecados (Lucas 5:17-26),

- amigo de publicanos e pecadores (Lucas 7:34),

- aquele a quem ventos e ondas obedecem (Lucas 8:22-25),

- o Filho do homem que não tem onde reclinar a sua cabeça (Lucas 9:58),

- o Senhor que virá (Lucas 17:20-37),

- homem justo (Lucas 23:47),

- o que vive (Lucas 24:5),

- O Verbo divino (João 1:1),

- a vida e a verdadeira luz (João 1:4,5),

- o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigénito do Pai (João 1:14),

- por quem veio a graça e a verdade (João 1:17),

- o que revela a Deus que nunca ninguém viu (João 1:18),

- o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29),

- o que batiza no Espírito Santo (João 1:33),

- Mestre, Filho de Deus, Rei de Israel (Lucas 1:49),

- a dádiva do amor de Deus (João 3:16),

- Eu o sou – o Messias, chamado o Cristo (João 5:26),

- “EU SOU o pão da vida” disse Jesus (João 6:34),

- “EU SOU a luz do mundo” disse Jesus (João 8:12),

- “EU SOU a porta das ovelhas” disse Jesus (João 10:9),

- “EU SOU o Bom Pastor” disse Jesus (João 10:11),

- “EU SOU a ressurreição e a vida” disse Jesus (João 11:25),

- “EU SOU o caminho, a verdade e a vida” disse Jesus (João 14:6),

- “EU SOU a videira verdadeira” disse Jesus (João 15:1),

- o que tem as palavras da vida eterna (João 6:68),

- eu sou lá de cima (João 8:23),

- sem pecado (João 8:46),

- antes que Abraão existisse, eu sou (João 8:58),

- o que dá vida e vida com abundância (João 10:10),

- o Mestre e o Senhor, e dizeis bem; porque eu o sou (João 13:13),

- Senhor meu e Deus meu (João 20:28),

- ninguém vem ao Pai sem ser por Ele (João 14:6),

- não há salvação em nenhum outro (Atos 4:12),

- o qual transformará o nosso corpo de humilhação para ser igual ao corpo da sua glória (Filipenses 3:21),

- Nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade (Colossenses 3:9),

- em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos (Colossenses 2:3),

- Aquele que veio ao mundo para salvar os pecadores (1 Timóteo 1:15),

- o qual a si mesmo se deu por nós a fim de remir-nos de toda a iniquidade (Tito 2:14),

- o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do Seu ser (Hebreus 1:3),

- o que destruiu pela Sua morte aquele que tem o poder da morte – o diabo (Hebreus 2:14),

- Quem é o mesmo ontem e hoje e o será para sempre (Hebreus 13:8),

- Autor e Consumador da nossa fé (Hebreus 12:2),

- Aquele que morreu uma única vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para nos conduzir a Deus (1 Pedro 1:18),

- a quem pertence a glória pelos séculos dos séculos (1 Pedro 4:11),

- o Advogado junto do Pai (1 João 2:1),

- a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas ainda pelos do mundo inteiro (1 João 2:2),

- a fiel testemunha, o primogénito dos mortos, e o soberano dos reis da terra; Aquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados (Apocalipse 1:5);

- Rei dos reis e Senhor dos senhores (Apocalipse 19:16);

- o Alfa e o Ómega, o primeiro e o último, o princípio e o fim (Apocalipse 22:13);

- Aquele que vem sem demora (Apocalipse 22:20).

 

 

 

Samuel R. Pinheiro

https://samuelpinheiro3.wixsite.com/omelhordetudo

 

 

 

 

PÓSFACIO

Antecipando as possíveis reações a este opúsculo que tem como única pretensão e se pensar bem é maior do que eu e do que o universo, é apontar para JESUS, SÓ JESUS. Julgo à priori que muitas pessoas concordarão com a chamada de atenção para Jesus mesmo que com algumas nuances, mas não, de modo algum, com a radicalidade SÓ JESUS. E esta é precisamente a essência, essencial (passe a redundância), do evangelho, o que o último capítulo destaca. O evangelho é SÓ JESUS. Só uma citação “ninguém vem ao Pai senão por mim” que está espelhada em todo o evangelho, estas são as boas novas.

Alguém pergunta: “mas não podemos seguir quem segue”, até que retoricamente poderíamos fazer a concessão, mas não é a mesma coisa. Não confundamos os seguidores por mais destacados que sejam: Maria, Pedro, João, Tiago, Paulo, …, com Aquele que seguimos e imitamos, porque sé Ele é Salvador, Senhor, Mediador, Caminho, Verdade e Vida. JESUS não tem lugar no panteão dos deuses ou dos ídolos. Ele é tudo em todos os que O seguem, e até, mesmo para os que não O seguem – “todo o joelho se dobrará e toda a língua confessará que JESUS é o Senhor”.

PORQUÊ

PORQUÊ?

2022set11 ADburaca Águas Vivas
Porquê as guerras, os genocídios, a fome, as pandemias, as violências domésticas, o terrorismo, as doenças, o sofrimento, a maldade, o ódio, a crueldade, a violência, a escravatura, o racismo, …

Porquê o amor, a justiça, a verdade, a solidariedade, a compaixão, a empatia, o afeto, o carinho, …

Se para alguns Deus não existe por causa da maldade, como explicamos o bem? Se o mal nos tem impressionado na invasão da Ucrânia, a generosidade e a solidariedade não me tem impressionado menos! Não há mal no ser humano que a expiação não alcance, nem bem que dispense a expiação. A morte e ressurreição não apenas envolvem perdão, mas recriação, uma nova criação, nascer de novo do Espírito para uma nova vida em Cristo! Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, e só a restauração dessa imagem e semelhança em Jesus, nos pode reconduzir ao desígnio e propósito de Deus – o verdadeiro sentido do nosso ser e da nossa vida!

Abarcando os dois lados, os dois grupos de porquês, PORQUÊ A CRUZ DE JESUS dum sofrimento inenarrável porque físico, emocional e espiritual, em que o justo carrega o pecado de toda a humanidade, e deste modo cria uma nova humanidade de todos os que em arrependimento e conversão, aceitam a Sua graça, o Seu amor incondicional, a Sua justiça e o Seu perdão. Uma nova humanidade em Jesus é possível. Uma humanidade que ama como Deus é amor, que perdoa como Deus perdoa, abençoa como Deus abençoa, supre necessidades como Deus provê, cuida do seu irmão ou do seu inimigo como Deus cuida dos Seus filhos e dos Seus inimigos.

Cala-me fundo a síntese da revelação bíblica que John Stott nos apresenta: nem sempre foi assim, não será assim para sempre, vivemos entre o já e o ainda não. A cosmovisão que adotamos, a narrativa em que nos inserimos, muda o modo como vemos, sentimos, agimos e esperamos. De todas as cosmovisões que conheço a única que faz para mim pleno sentido, embora não conheça todos os PORQUÊS, é a que a Bíblia nos apresenta e Jesus encerra como Deus que veio ao nosso encontro como dádiva do amor divino.

Cada um analise e faça a sua escolha. Quem conhecem como JESUS? Ele a resposta para cada um dos PORQUÊS, embora não compreendamos os que são do domínio do coração, conhecemos em parte os que são da imensidão do espírito e também em parte porque não cabem na sua esfera, os que pertencem à razão.

Perscrutemos as alternativas. Risquemos do mapa da existência de todas as coisas o Deus pessoal e trino que se revela em Jesus na nossa dimensão. O que temos em resultado disso: vivamos e morramos que amanhã morreremos, cada um que se amanhe como puder, cada um invente a sua verdade como se a sua ficção pudesse mudar a realidade, opte por uma evolução biológica e social em que é cada um por si no estímulo do gene egoísta, se escude por detrás das suas bombas atómicas e das sua ameaças, fique à mercê das mentiras que lhe empurram goela abaixo, retirando-lhe todo o direito ao pensamento crítico. Fiquemos com deuses fabricados pelo homem de pau, pedra, metal ou meras ideias; falhos como os seus criadores. Para mim não servem. O atrevimento de pensar num Deus a quem se subtrai arbitrariamente a empatia connosco, ou seja, um Deus distante, de costas voltadas para o homem, um deus que nos impõe a evolução às nossas custas. Também não presta! A ideia de um politeísmo que impõe a cada pessoa um karma do qual depende as formas de reencarnação não se sabe até onde, ou até quando, também convence e pelas consequências geradas de indiferença e apatia para não prejudicar o tal destino ou fado, ou castas de quem é tratado como zé ninguém. Olhem que não! Finalmente agarremos um deus que se confunde com a natureza, com tudo o que existe em que todos somos deus e deus é tudo; em que nós somos no pico da evolução os assassinos da nossa própria mãe – a natureza, um deus que se resume a uma equação matemática, física ou química; Deus não é um cristal, um calhau!… Em que o homem é o bicho destruidor do seu lar e da natureza que o deu à luz! Yuval Noah Harari, autor entre outras obras de Homo Sapiens, Homo Deus e 21 Lições para o Século XXI, considera que o homem surgiu com a invenção dos deuses e acabará ao tornar-se deus. A cada um a sua filosofia, e para cada cosmovisão a sua origem, o seu percurso e o seu fim!

Qual a cosmovisão bíblica: no principio, em todo o processo histórico e no fim-início de uma nova era DEUS (Pai, Filho e Espírito Santo), que criou o homem à Sua imagem e semelhança para a Sua glória – IMAGO DEI, livre e não uma marionete ou robô; a árvore da ciência do bem e do mal que contrariando o aviso de morte arrastou o homem para a situação que conhecemos muito bem e envolve muitos dos PORQUÊS que se formulam; o plano de resgate e salvação através do Deus-Filho feito Homem (revelação de Deus que nos criou e do Homem que fomos criados para ser); uma nova criação de novas criaturas nascidas de Deus para serem filhos e terem em Deus como Pai; uma dinâmica de transição em que o reino de Deus é implantado pela nova vida em e por Jesus; e, finalmente, uma nova era em novos céus e terra.

 

Acabe-se com a balela de que todas as divindades são iguais, todas elas cabem na salada de frutas do pluralismo religioso e no relativismo moral. JESUS mostrou que não é assim. Ele é tão distinto que os que negam Deus e preferem por ignorância ou por decisão de um coração cauterizado os ídolos, consideram que ele é um mito, uma fábula, um conto de fadas, uma miragem, um ideal; e até quem tenta reduzi-lo a um mestre de ética e moral como se tal fosse possível quando reivindicou para si mesmo a identidade do EU SOU O QUE SOU.

Em última análise permitam-me a petulância, “exijo” um Deus a sério que briga com o pecado, a maldade, e que é o garante em toda a Sua essência do amor, da justiça, da verdade, da graça, da misericórdia, da generosidade, que assumiu a propiciação em Si próprio aplacando a Sua ira, e que julgará o mundo pelo varão que designou com toda a propriedade em Jesus. Um Deus que exige que vivamos na excelência da Sua natureza em amor, santidade, justiça e verdade. Um Deus que julgou sobre Si o pecado na morte de cruz, e que julgará o mundo. Um Deus de verdade que vai colocar um ponto final em tudo isso e não nos dá margem para escapes, mas coloca nas nossas mãos a sua graça e bondade, para fazermos o bem sem importar a quem.

É verdade que a História está cheia de violência, de guerra, milhões de mortos em nome de um poder luciferino, diabólico, monstruoso. Isso significa alguma coisa diante dos sinais que Jesus apontou para a Sua segunda vinda. Atrevo-me a argumentar. Nunca como hoje temos um arsenal tão grande de armas de destruição total como são as armas nucleares, biológicas e químicas. Só agora estamos de posse de dados mais do que suficientes para a destruição do meio ambiente, dos ecossistemas, nunca antes tivemos essa consciência e sentimos essa realidade. Os sinais respeitantes à vinda de Jesus estão aí, claros como a água, e que entram pelos olhos dentro ao ponto dos mídia e os cientistas falarem do assunto usando terminologia bíblica. Já vimos isso em demasiados momentos da história, menos na proliferação do nuclear, armas químicas e biológicas e na destruição da natureza de um modo irreparável segundo alguns cientistas. Não entendo como é que seguidores do Jesus que prometeu voltar ignoram ou relativizam esta realidade falando dos milhões que morreram noutros momentos da história. Assim como antes da fundação do mundo Deus já determinara a redenção mediante Jesus, também na eternidade Deus estabeleceu que na história Jesus voltaria em glória para estabelecer novos céus e nova terra.

Arquemos com a nossa culpa, minha máxima culpa; e tomemos a esperança que JESUS nos dá com a Sua ressurreição. “Quando o jornal London Times solicitou a diversos escritores que mandassem ensaios sobre o assunto ‘O que há de errado com o mundo?’, Chesterton respondeu mandando a carta mais curta e directa de todas: Prezados Senhores – Eu. Atenciosamente, G. K. Chesterton” (Alma Sobrevivente; Philip Yancey, Mundo Cristão, pp. 61)

O passa culpas seja em relação a Deus ou em relação ao passado até Adão e Eva não resolve. Nós continuamos a ter a nossa parte neste processo. Podemos dizer que nunca faríamos o que eles fizeram, mas a verdade é que todos os dias o fazemos. Coloquemos as nossas mãos na massa pela ajuda ao próximo, cuidar dos sem abrigo, dos migrantes, … Seguir a Jesus é fazer a diferença!

Todos temos as mãos “manchadas de sangue” de forma ativa ou passiva. Todos pecamos, perante a lei divina todos somos culpados, não há um justo nem um sequer. Pode ser que perante a lei dos homens nos possamos considerar bons cidadãos. A questão humana na sua essência não é ética ou moral, nem sistémica ou dos poderes do mal. A ética e a moral, os sistemas político-económicos e religiosos, e os poderes do mal são reais, mas a questão é espiritual. Quando pensamos na natureza santa de Deus e no Homem que Ele criou à Sua imagem e semelhança todos estamos em falta. Só um podia e pode resolver a situação espiritual. JESUS VEIO e satisfez as exigências de Deus. Nada temos que temer quando aceitamos pela graça e por meio da fé a Sua salvação, que custou a Sua morte.

JESUS é esperança inabalável quaisquer que sejam as circunstâncias. Ele prometeu uma nova era de santidade, liberdade, paz e amor. Uma era à Sua medida absoluta de amor! Quando amamos do Seu jeito sabemos perfeitamente o que temos de fazer, a partir do que Ele é e nós somos Nele!

Alguns pensam e até dizem que têm muitas questões para colocar a Deus na eternidade, mas quando chegarem lá acredito que todas elas se terão evaporado, porque a resposta está diante deles. No meu entender todos os PORQUÊS respondem-se em JESUS e em nós através deles cuidando dos que sofrem, amando – Nele também somos a resposta que se multiplica em cada um que ouve o evangelho e nasce de novo.

 

Samuel R. Pinheiro

https://samuelpinheiro3.wixsite.com/omelhordetudo

 

A ÁGUA DA VIDA

A Água da Vida

João 7:30-53

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“Vós me buscareis e não me achareis e onde eu estou, vós não podeis vir.” E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: ”Se alguém tem sede venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.” (João 7:34, 37-38)

 

Esta secção caracteriza-se pela indecisão da multidão em categorizar e definir Jesus, pelo extraordinário desafio de Jesus, que é o convite de irem até Ele todos os que têm sede espiritual e pela persistente decisão das autoridades religiosas de quererem prender e julgar Jesus.

As afirmações de Jesus causam não apenas perplexidade mas também animosidade entre os que O ouvem na multidão: uns crêem (v. 31), outros (v. 40) hesitam em reconhecê-Lo como Messias, preferindo identificá-Lo com o profeta que Moisés anunciara que surgiria (Deuteronómio 18:15), enquanto um terceiro grupo recusa-se a vê-Lo como o Messias por causa das Suas supostas origens duvidosas (vv. 41-42).

Por outro lado, nem tudo quanto Jesus proclamava era perfeita e imediatamente entendido. Ao afirmar (v. 34) que “O buscariam e não O achariam e que onde Ele estivesse não poderiam ir,” esta declaração não foi devidamente entendida e interrogavam-se sobre o seu verdadeiro significado. No versículo 35, lemos que alguns levantaram a hipótese de Ele se ausentar de Israel, deslocando-se a outros Judeus que viviam espalhados pelo mundo grego.

Conhecendo nós o percurso de Jesus, sabemos que esta é uma alusão à Sua partida não para os Judeus da Diáspora, mas ao Seu regresso ao Pai, após a Sua morte. Mas há também uma perplexidade nesta afirmação: ela surge em contraponto e em oposição à promessa de Deus em Jeremias 29:13: “E buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.” O que não deixa de ser estranho porque até então todo aquele que tivesse procurado Jesus tinha encontrado n’Ele receptividade e uma resposta para o seu problema. De resto, ainda hoje essa é a experiência de todo o crente que, tendo-O buscado, O tem encontrado. Se elaborarmos um pouco mais a comparação entre as duas afirmações, a de Jeová em Jeremias e a de Jesus em João, verificamos que a diferença está na condição: “Se me buscardes de todo o vosso coração.” Ou seja, tal como encontramos Jeová se O buscarmos de todo o nosso coração, também precisamos de buscar Jesus de todo o coração se de facto O queremos encontrar.

Mas nesta declaração de Jesus, podemos detectar de novo um paralelismo com a Sabedoria de que Provérbios fala. A propósito do versículo 28, em que estabelecemos um paralelo com a Sabedoria que clamara pelas ruas, verificamos que em Provérbios 1:28, a Sabedoria diz: ”A mim clamarão mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, mas não me acharão.”

Há, então, uma aproximação e identificação entre estas três personagens; Jeová, a Sabedoria e Jesus. Em Cristo, está a sabedoria de Deus e a Ele podemos encontrar se O buscarmos de todo o coração. Mas a Palavra alerta-nos que podemos não encontrá-Lo se o nosso coração estiver ausente dessa procura. Essa de resto é a recomendação da Escritura em Isaías 55:56: Buscai o Senhor enquanto está perto!” Como é refrescante e consolador verificar que uma declaração de aviso “Vós me buscareis e não me achareis” é também uma declaração da natureza divina e sapiencial de Jesus!

Já vimos que toda esta secção situa Jesus na Festa dos Tabernáculos. Vimos a origem e o significado da Festa. É durante todo este tempo que ocorrem as diversas declarações de Jesus. E de novo, numa outra identificação com a Sabedoria, lemos no versículo 37 que, no último dia da Festa, Jesus clamou. Repare-se que o evangelista não se limita a informar que foi no último dia da festa, mas que o classifica como “o grande dia da Festa.”

Recordemos que esta Festa, que durava sete dias e vem registada em Levítico 23:34-43, comemorava o tempo de peregrinação no deserto e a beneficência de Deus no tempo das colheitas. Era uma festa com um profundo significado espiritual e profético, comemorada com muito entusiasmo pelo povo. Nela, todos os dias os sacerdotes enchiam no tanque de Siloé uma vasilha de prata para ser derramada no altar. No cortejo entre o tanque e o altar, entoavam os Salmos 113 a 118, em especial o Salmo 118:25,26: “Salva, Senhor, nós Te pedimos; ó Senhor, nós Te pedimos, prospera. Bendito aquele que vem em nome do Senhor: nós vos bendizemos desde a casa do Senhor.” Em cada dia, os sacerdotes rodeavam o altar agitando ramos de palmeiras. O grande dia era o sétimo em que, a par do ritual executado em cada um dos dias anteriores, os sacerdotes rodeavam o altar por sete vezes. Esse era o momento alto e foi nesse dia que Jesus levantou a voz, apresentando um convite que ainda hoje ecoa: “Se alguém tem sede venha a mim e beba.” Por outras palavras, Jesus afirma-se como sendo a fonte da água espiritual, indispensável à frutificação do crente que espera em Deus. Jesus mantém-se igual a si mesmo, uma vez que repete o que já dissera à samaritana e identifica-se como a provisão prometida por Deus em Isaías 44:3: “Porque derramarei água sobre o sedento e rios sobre a terra seca.” Ele é a água que sacia não apenas o homem individual mas o homem colectivo e todo o meio ambiente em que os seres humanos habitam. Poderíamos também citar Ezequiel 47:8, na sua referência ao poder sarador desta água que sacia: “Estas águas, sendo levadas ao mar, sararão as águas.” As muitas águas do mar simbolizam na Bíblia as nações. Ora, as águas saídas do altar são aquelas que, entrando no mar, que entrando nas nações, as podem sarar. Essa água é a pessoa de Cristo.

Nessa declaração de Jesus, João esclarece que a expressão “rios de água viva que correrão do interior das pessoas” se referia à recepção e manifestação do Espírito que, como sabemos, foi derramado sobre os discípulos no dia de Pentecostes, outra das grandes festas bíblicas.

Assim, podemos entender que a expressão “no último dia, o grande dia da festa” tem uma profunda conotação teológica e não se limita a ser uma referência cronológica. Isso leva-nos a afirmar sem receio que podemos esperar ver em cada acção e em cada pronunciamento de Jesus um profundo sentido teológico, estabelecendo uma ponte entre os preceitos de Deus e a obediência do homem. É por isso que sempre que entramos em contacto com algum episódio que envolva a pessoa de Jesus Cristo, temos sempre de perguntar: “O que está o Senhor Deus a comunicar-me? Onde posso ver aqui uma mensagem que Deus está a entregar-me?”

Foi esta faceta do ministério de Jesus que os responsáveis bíblicos do Seu tempo não conseguiram detectar nem tampouco perceber. Assim, não admira que procurassem prendê-Lo e silenciá-Lo. Quais vigilantes de uma ordem que eles próprios impunham derivada da sua interpretação das recomendações de Moisés, esses responsáveis não podiam tolerar qualquer desvio à ortodoxia instituída. Um dos seus problemas é que subordinavam essa ortodoxia a uma tradição resultante de uma prática religiosa nem sempre alicerçada numa correcta interpretação da Revelação.

Repare-se que se consideravam os únicos conhecedores e intérpretes da Lei de Deus. Por isso, podiam acusar os restantes de entre o povo: “Esta multidão que não sabe a Lei é maldita.” (v. 49) Desse modo, constituíam-se e assumiam-se como uma elite especial e favorecida. Mas pergunta-se: “Como elite, não seria sua responsabilidade e obrigação instruir a multidão?” Esse é o grande pecado e tentação das elites: demitir-se da sua função não de mestres mas de ensinadores. E ensinar, como sabemos, é um acto de amor, incompatível com o orgulho e a arrogância de guardar o conhecimento só para si.

Devido a essa arrogância, os responsáveis religiosos eram lestos a condenar quem não se encaixasse nos modelos que eles próprios haviam criado. Disso é testemunha a objecção levantada por Nicodemos que alertou para um princípio inviolável da Lei e que estava a ser espezinhado pela arrogância dessa elite auto-satisfeita: “Porventura a nossa lei condena um homem sem primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz?” (v. 21). Note-se que Nicodemos também fazia parte do Sinédrio mas, talvez sensível à mensagem de Jesus em resultado da conversa que ambos travaram tempos antes, não se esquecera das bases fundamentais da Lei, não se esquecera de que toda a nossa interpretação da Escritura não pode ir contra a mesma.

A resposta dos seus pares não deixa de ser surpreendente: em vez de contra-argumentarem com a própria Lei que Nicodemos invocava, contrapuseram com a Tradição que condicionava todas as suas interpretações: “Também é da Galileia? Examina e verás que da Galileia nenhum profeta surgiu” (v. 52).

Nesta resposta, podemos ver não apenas uma acusação contra Nicodemos, taxando-o de judeu impuro (os Galileus eram considerados como tal) e de ter uma visão enviesada, mas também a confissão da sua total cegueira. De facto, fazem sobrepor a Tradição à Lei, que lhe deveria servir de base. Mas Nicodemos não invocara a Tradição nem se escondera atrás dela – invocara o princípio que deve comandar toda a nossa acção, mesmo que esteja em oposição à Tradição. No fundo, quem tinha uma visão enviesada da realidade não era Nicodemos mas o restante Sinédrio.

De Jesus, ou melhor, da aplicação da Sua acção, devemos esperar não propriamente uma voz crítica contra a Tradição, mas um apelo a nunca comprometermos a realidade à sombra, o essencial ao acessório, o eterno ao passageiro, mas um apelo a nunca nos esquecermos de onde viemos e da base sobre a qual a nossa vida se deve erguer – é que essa base tem de ser a água que nos purifica e nos faz crescer!

 

C. Ourique, 26.Julho.2022

AS CREDENCIAIS DO MESSIAS

As Credenciais do Messias

João 7:10-29

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Jesus respondeu-lhes e disse: “A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo.” (João 7:16-17)

 

Esta secção caracteriza-se tanto pela argumentação de Jesus face à Sua missão e à natureza do Seu papel na revelação divina, na Sua qualidade de Messias como pelo desconforto que as Suas palavras produzem na assistência, amarrada aos preconceitos criados pelo ensino oficial da tradição religiosa.

Nesta argumentação, Jesus põe em causa os fundamentos de todo um ensino que distorcia a intenção fundamental das Escrituras e da Revelação em que esse mesmo ensino se dizia basear. O resultado dessa argumentação redunda na consolidação das posições de aceitação ou rejeição da Sua doutrina por parte a audiência. Mas aceitando-O ou rejeitando-O, em todos a mensagem de Jesus e a Sua argumentação produzem espanto e estupefacção. Disso é testemunha a interrogação dos assistentes: “Como sabe este letras, não as tendo aprendido?” (v. 15).

Como vimos, Jesus surge incógnito na festa (v. 10). No entanto, devido a ter-se tornado uma figura conhecida, fruto das Suas intervenções anteriores, todos esperavam que a qualquer momento aparecesse (v. 11). Ao mesmo tempo, definem-se as opiniões a Seu respeito. Podemos detectar três atitudes – a das autoridades que queriam ver-se livres d’Ele e, de entre o povo, os que O consideravam bom, aceitando-O, e os que defendiam que era um enganador, rejeitando-O (v. 12).

Presumivelmente, o autor deste evangelho ao referir que Jesus foi incógnito à festa a fim de, ao aparecer, surgir inesperadamente sem que ninguém suspeitasse quer de onde vinha, quer do momento em que se manifestaria tinha a intenção de O realçar como Messias. É que entre os Judeus corria a ideia de que o Messias, antes da sua apresentação majestosa e gloriosa, apareceria de súbito em público, sem aviso, sem que ninguém suspeitasse desse momento. Ora, ao ir incógnito e ao apresentar-se de surpresa no Templo, a ensinar, isso podia ser interpretado como um sinal da Sua messianidade. João dá testemunho desse facto no versículo 27: “Quando vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele é.” Esta declaração está ligada ao espanto provocado pelo ensino público no Templo, numa situação em que se sabia da decisão das autoridades de O matarem (v. 25). Ora, falando com tanto à vontade e livremente, não admira a hipótese de os responsáveis religiosos se terem convencido de que Ele era o Messias (v. 26). Mas isso contradizia todas as convicções tradicionais: não se sabia de onde vinha o Messias, mas todos sabiam de onde provinha Jesus. O Seu trajecto era conhecido e todos sabiam que Jesus ia e vinha da Galileia. O próprio Jesus confirma isso: “Vós conheceis-me e sabeis de onde sou.” (v. 28) Como poderia então ser Ele o Messias?

Por aqui, vemos que a presença e identidade de Jesus provocavam polémica e não produziam consenso. A essa falta de consenso e a essa estupefacção, Jesus vai contra-argumentar com o Seu pensamento face às práticas religiosas dominantes e com a verdadeira natureza da Sua missão, da Sua função e do Seu ministério, tanto em palavras como em actos.

Quando os Judeus se interrogam quanto ao facto de Ele saber tantas coisas sem as ter aprendido (v. 15), estão a exigir-Lhe credenciais, ou seja, querem saber em nome de quem ensina o que ensina, querem saber de onde Lhe vem tal sabedoria. Pelo menos reconhecem que a mensagem de Jesus os obriga a pensar, comparando-a com o ensino tradicional. Há implicitamente o reconhecimento de que há algo de novo no ensino de Jesus, talvez até algo de positivo.

A resposta de Jesus não deixa de ser surpreendente e de ser paradoxal. Começa por primeiro afirmar a Sua subordinação a alguém que Lhe é superior, ao declarar-se como mero anunciador de quem O enviara e a quem reconhece a autoria da Sua mensagem. Assim deve ser a atitude do pregador do Evangelho, que não passa de um arauto de uma mensagem que não é sua e que o transcende.

Mas ao mesmo tempo, Jesus reconhece que se move em autoridade porque precisamente não fala de si mesmo nem busca a glória pessoal, mas a glória de quem O enviou. A força e a autoridade do arauto não estão nele mas reflectem-se no seu acto de obediência ao ser aquilo para que foi mandatado – arauto. No versículo 16, esta verdade é afirmada de modo muito claro: “a minha doutrina não é minha mas daquele que me enviou.

No versículo 17, Jesus propõe um teste pragmático para determinar a fonte, a origem da autoridade e o valor de uma mensagem anunciada. A parte inicial do versículo 17 pode ter duas leituras, dependendo de determinar a quem se refere a expressão “vontade dele.” A quem se refere este “dele”? À vontade do arauto ou à vontade de Deus? Pela forma como todo o versículo está construído, parece-nos que a expressão se refere à vontade de Deus, pelo que o sentido da frase e por extensão de todo o versículo fica mais claro se o lermos do seguinte modo: “quem estiver disposto a fazer [conhecer] a vontade de Deus, só tem de analisar a minha doutrina para saber se ela vem de Deus ou se é fruto dos meus pensamentos.

Ou seja, toda a doutrina proclamada em nome de Deus tem de mostrar inequivocamente que não exalta o seu mensageiro mas sim a pessoa de Deus e está de acordo com o seu carácter manifestado na revelação divina. Esse é o teste pelo qual toda a doutrina tem de passar. Mas este escrutínio a que toda a doutrina está sujeita exige uma relação pessoal com Deus e não pode estar dependente das interpretações a que as diversas escolas submetem a Revelação divina. Como disse alguém, Deus não é uma fórmula, mas presença e comunhão, com quem O busca, disposto a submeter-se à Sua vontade. Quando este contacto directo com Deus se rompe, desaparece a comunhão e Deus transforma-se em fórmula, sujeito à ideologia, aprisionado no universo estreito do pensamento mera e exclusivamente humano. Ao transformar-se em ideologia, a Revelação divina, que é a via para a comunhão com Deus, perde o seu carácter de sinal e transforma-se num simples código de leis castradoras, desumanas e desapiedadas, aplicadas com todo o rigor por quem se afirma como o único intérprete do carácter e da vontade de Deus.

Esta argumentação de Jesus surpreende e deixa sem resposta os Seus interlocutores, tanto mais que, a partir do versículo 19, centra a conversa na incompreensão e no desrespeito da Lei de Moisés por parte dos Seus ouvintes e da classe religiosa em geral. Jesus é muito claro ao afirmar que apesar de terem recebido a Lei de Moisés, os Judeus não a respeitam.

E não a respeitam porquê? Porque Moisés lhes deixou duas instituições centrais que acabam por caracterizar todo o judeu piedoso: a guarda do sábado e a circuncisão. Na realidade, a circuncisão surge antes da Lei, com Abraão. Moisés apenas lhe dá continuidade. Todo o judeu tinha de ser obediente ao cumprimento dessas duas instituições. Mas a Lei era clara ao dizer que a circuncisão era praticada ao oitavo dia de nascimento, o que implicava que ela poderia ocasionalmente ser executada no sábado, sobrepondo-se assim à obrigação de respeitar o sábado. Por outro lado, a própria Lei permitia que, em caso de perigo de vida, uma pessoa poderia ser salva, mesmo em dia de sábado. É com base nesta realidade que Jesus justifica ter curado um homem num sábado, referência sem dúvida à cura do paralítico de Betesda, registada no capítulo 5:10. Jesus demonstra assim que em tudo respeitou a Lei e que em momento algum a infringiu. Aquilo que Ele critica e contra o qual se levanta é o facto de os dirigentes religiosos terem transformado um preceito de origem divina em instrumento de repressão e de escravidão, adulterando por completo a intenção de todo o preceito divino que é trazer liberdade aos cativos. Fora por isso que logo no início do Seu ministério, Jesus se identificou como libertador, ao considerar que era o cumprimento da profecia de Isaías que Ele lera na sinagoga de Nazaré (Lucas 4:7-21): “O Espírito do Senhor é sobre mim… enviou-me a apregoar liberdade aos cativos, a pôr em liberdade os cativos…”

A revelação e a presença de Deus na vida do ser humano são libertadoras e nunca escravizadoras. Rejeitemos e desconfiemos de toda a doutrina que em nome de um falso evangelho traz opressão à alma humana.

O desconhecimento desta verdade levou Jesus a erguer a voz, a clamar, a gritar na própria sede do poder religioso, resumindo o essencial do que dissera até então: “Eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual não conheceis. Mas eu conheço-o porque dele sou e ele me enviou.” (vv. 28,29). Há aqui um paralelismo com a sabedoria em Provérbios 1:20:21: “A suprema sabedoria altissonantemente clama de fora; pelas ruas levanta a sua voz. Nas encruzilhadas, no meio dos tumultos, clama, às entradas das portas e na cidade profere as suas palavras.” João apresenta Jesus como a sabedoria máxima de Deus, ensinando. Todo o ensino é um acto libertador e de amor porque nos abre o entendimento para percebermos e compreendermos toda a profundidade dos intentos divinos. Por isso, mais à frente (João 8:32), Jesus podia anunciar: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.

Com todo este posicionamento, Jesus demonstra à multidão que, ao contrário do que era crença geral, o Messias seria reconhecido não por um aparecimento repentino e inesperado, não seria reconhecido pela sua procedência mas por ser o enviado de Deus e portador do Espírito que liberta toda a alma cativa e traz consolação e refrigério ao contrito de coração. Ele era verdadeiramente o Messias. Ele é o nosso guia e salvador. A Ele toda a glória”!

C. Ourique, 19.Julho.2022

O DESAFIO DOS IRMÃOS DE JESUS

O Desafio dos Irmãos de Jesus

João 7:1-9

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E depois disto, Jesus andava pela Galileia e já não queria andar pela Judeia, pois os Judeus procuravam matá-Lo. E estava próxima a festa dos Judeus, a dos tabernáculos. (João 7:1-2)

Este capítulo 7 de João integra o chamado “Período de Conflito”, em que a oposição entre o ministério de Jesus e as autoridades religiosas assume um carácter extremamente forte, de que é testemunha a decisão de essas mesmas autoridades O quererem silenciar por todos os meios possíveis.

É também neste período que se vão definindo entre o povo a aceitação e a rejeição da Sua mensagem. Isso reflecte-se no facto de o Seu ensino estar carregado de desafios a uma tomada pessoal de decisão, de uma ambiguidade de interpretação do que anunciava e de afirmações que deixam a assistência sem resposta.

Integram este período dois grandes milagres: a cura do cego de nascença (cap. 9) e a ressurreição de Lázaro (cap. 11). Veremos mais em pormenor cada uma dessas situações.

O início deste período localiza Jesus na Galileia (v. 1 – Depois disto, Jesus andava pela Galileia…), junto da família e num ambiente que não lhe era abertamente hostil. Pela leitura dos vv. 4 e 5, ficamos até com a impressão de que o ambiente geral seria de indiferença (porque nem mesmo os Seus irmãos criam n’Ele.)

Toda esta secção do evangelho de João ocorre por ocasião da Festa dos Tabernáculos (v. 2 – E estava próxima a festa dos Judeus, a dos Tabernáculos.). A Festa dos Tabernáculos era uma das festas mais importantes do calendário judaico e atraía multidões a Jerusalém (Levítico 23:33-43). Ocorria no Outono, no final das colheitas e fora instituída para relembrar aos Judeus o tempo de peregrinação no deserto vivido pelos seus antepassados durante a epopeia do êxodo, sob a liderança de Moisés. Para não se esquecerem das provações que os antepassados experimentaram nesse período, os Israelitas eram convidados a, durante esses dias de festa, viverem em tendas, com o seu carácter transitório. A Festa dos Tabernáculos apresentava um significado profundo, pois relembrava aos participantes quão transitória e precária era a vida humana. Recordava-lhes que, à semelhança dos Israelitas saídos de uma terra que não era a sua pátria, a nossa vida neste mundo, que não é também a nossa pátria, é uma caminhada para uma situação na qual podemos dizer: “Durante todo o meu percurso fui dirigido por Deus, a Quem me sujeitei, obedecendo-Lhe!”

Mas a Festa dos Tabernáculos tinha uma outra relevância para os Israelitas. Como sociedade eminentemente agrícola que era, os Israelitas estavam dependentes do que a terra produzia. Assim, ocorrendo no Outono, após as colheitas, a Festa recordava-lhes o sustento que em última instância provinha da beneficência de Deus, uma vez que fora Jeová que lhes prometera uma terra onde habitar e prosperar. Era assim uma festa com um duplo significado, carregada de motivos da maior alegria.

Sendo uma época em que Jerusalém estava repleta de gente das mais diversas origens, não admira que os irmãos de Jesus O desafiassem a deslocar-se até à capital para que, conforme as suas palavras, “os Seus discípulos vissem as obras que Ele fazia.) (v. 3).

Parece-nos haver um claro tom de desafio nesta sugestão, até porque, como João informa, “nem mesmo os Seus irmãos criam n’Ele.” (v. 5)

Para quem tem a certeza, como Jesus tinha, de ter sido enviado por Deus e de possuir uma mensagem de transformação era tentador responder afirmativamente a um tal desafio.

E esta é uma primeira lição para todo o obreiro de Deus, para todo o proclamador do evangelho. Tendo a certeza do poder e do valor da mensagem do evangelho, o anunciador do mesmo pode considerar que deve aproveitar o desafio que lhe façam de ir à grande cidade, à grande festa que tanta gente atrai. Que oportunidade magnífica, poderá ele pensar!

Mas a decisão e a atitude de Jesus foram noutra direcção e a Sua resposta pode surpreender o mais incauto. Jesus responde, no v. 6, “que ainda não era chegado o Seu tempo.” E baseado nessa realidade declara que não se deslocará à cidade, conforme lemos no v. 8 (…eu não subo ainda a esta festa, porque ainda o meu tempo não está cumprido.) Ora, lendo a continuação do relato joanino, verificamos que mais tarde Jesus acaba por ir à festa, mas de forma oculta. Vai incógnito, sem chamar a atenção para si mesmo (v. 10).

A uma primeira leitura descuidada, tudo isso parece estranho e a atitude de Jesus surge como inconsistente e contraditória. Mas lendo com mais atenção, verificamos que não é assim.

Jesus sabia que, em resultado das Suas intervenções anteriores, suscitara muita controvérsia e animosidade por parte das autoridades religiosas, tanto através dos sinais operados como da mensagem que punha em causa o ensino oficial rabínico. Muito provavelmente não desconhecia que houvesse quem o quisesse matar, conforme nos revela João (v. 1).

Ora, tendo vindo com uma missão especial, de que tinha pleno conhecimento, Jesus sabia que tinha de cumprir até ao fim o Seu ministério, sem se desviar do plano que Deus estabelecera para Si. Então, teria de agir em cada circunstância segundo os ditames desse plano e não segundo a Sua própria vontade. Disso é testemunha tanto a oração agónica no Jardim do Getsémani (faça-se a Tua vontade e não a minha – Mateus 26:39), como as diversas declarações de que viera na vontade do Pai e de que não buscava a Sua glória, mas a do Pai (v. 18).

Assim, ciente do Seu lugar no plano de Deus, tinha de receber o aval do Pai quanto à Sua deslocação a Jerusalém. Se a resposta fosse negativa, permaneceria na Galileia. Se fosse positiva, iria até à festa. É, então, nesse sentido que temos de ler e de interpretar a Sua resposta aos irmãos de que não era chegado o Seu tempo. Note-se que esta expressão surge por duas vezes: no versículo 6 e no versículo 8. Este termo “tempo”, tradução do Grego kairós, refere-se não à data da Sua morte, mas sim a um momento específico da corrente temporal (cronológica). Segundo o plano de redenção a que estava sujeito, Jesus sabia que ele implicava a Sua morte de que, logicamente, não poderia escapar. Não se tratava, portanto, de querer fugir à Sua execução durante ou depois da festa, mas de saber se a Sua deslocação a Jerusalém nessa ocasião era o momento adequado, se era um kairós sintonizado com o plano e a vontade de Deus. Era-lhe, portanto, importante orar ao Pai em busca da orientação e decisão divinas. Que cada um de nós busque primeiro a direcção de Deus e não se deixe levar pelo engodo de uma situação aparentemente propícia e adequada. Fazendo o que Jesus fez, poupar-nos-emos muitos amargos de boca.

O que é certo é que Jesus, depois de consultado o Pai e depois de ter recebido a Sua resposta e aprovação, desloca-se, repita-se, não no tempo pessoal, não no tempo dos Seus irmãos, mas no tempo indicado por Deus.

O versículo 10 indica-nos como Jesus se deslocou a Jerusalém – em oculto. Foi incógnito, sem alarde, sem bandeiras, sem o rufar de tambores, sem aclamações. Tudo isso iria ocorrer, sensivelmente daí a seis meses, aquando da Sua entrada triunfal na capital da nação. Em ambos os casos, no tempo de Deus mas neste a Sua presença assumiria um outro carácter.

Este aspecto de estar incógnito não diminui nem o valor nem a proclamação do evangelho. Há momentos em que o evangelho é anunciado longe dos holofotes e dos grandes ajuntamentos. O momento da sua proclamação está sujeito a uma única exigência: ser no tempo, no kairós de Deus.

Recordando o episódio de Elias (1 Reis 19:8-12), Deus nem sempre está num grande e forte vento, nem sempre está no terramoto, nem sempre está no fogo. Não poucas vezes, Deus está na voz mansa e delicada. Tenhamos ouvidos para ouvi-la.

Soli Deo gloria!

SAC, 12.Julho.2022