O Mancebo Rico
Mateus 19:16-30
Dr. Jorge Pinheiro
Este texto, cujas passagens paralelas se encontram em Marcos 10:17-31 e Lucas 18:18-30, narra o encontro entre Jesus e um mancebo rico que pretende saber o que fazer para, segundo as suas palavras em Mateus, “conseguir a vida eterna” ou “herdar a vida eterna”, conforme as descrições de Marcos (10:17) e Lucas (18:18). Na Sua resposta, Jesus indica-lhe que deve guardar os mandamentos, recomenda-lhe que se desfaça dos seus bens em favor dos necessitados e ordena-lhe que O siga (vv. 17,21). Esta resposta que não agrada ao mancebo e em especial o comentário de Jesus que aponta a incompatibilidade do amor ao dinheiro e a entrada no gozo da vida eterna deixam os discípulos de Jesus perplexos ante as exigências que o Mestre coloca.
Na realidade, neste texto podemos detectar duas secções: uma, a indagação do mancebo e outra, a perplexidade dos discípulos.
E a pergunta que se impõe, como de resto sempre se impõe quando lemos um texto da Escritura é: que lições podemos extrair destes incidentes que tenham relevância para a nossa vida diária e existencial? Essa, de resto, deve ser uma pergunta constantemente presente sempre que lemos um texto da Escritura. Só assim ela se torna viva e actuante.
Da leitura dos três relatos, podemos concluir que se tratava de um mancebo. É verdade que Marcos o retrata como um homem e Lucas como príncipe, enquanto Mateus especifica que se tratava de um mancebo. Por estas qualificações, não erramos se afirmarmos que era jovem e muito provavelmente com algum poder na sociedade. Também dele sabemos que era rico (Mateus 19:22) ou muito rico (Lucas 18:23) e piedoso (Mateus 19:20).
Na Sua resposta, “Guarda os mandamentos” (v. 18), Jesus refere, por esta ordem, os seguintes mandamentos do Decálogo (vv. 18-19):
não matarás – 6º mandamento;
não cometerás adultério – 7º mandamento;
não furtarás – 8º mandamento;
não dirás falso testemunho – 9º mandamento;
honra teu pai e tua mãe – 5º mandamento.
Todos estes mandamentos eram do conhecimento de todo o judeu, principalmente dos mais piedosos e poder ser encontrados em Êxodo 20:1-17 e Deuteronómio 5:6-21, sendo alguns repetidos em Levítico 19:3-16.
A par destes, Jesus acrescenta um outro que é muito do conhecimento e do agrado dos Cristãos: “Amarás o próximo como a ti mesmo”. Curiosamente, este mandamento é repetido por Jesus em Mateus 22:39 quando interrogado acerca do grande mandamento. Esta máxima é também referida por Paulo em Romanos 13:9 e Gálatas 5:14 e por Tiago (2:8).
Talvez por esta insistência do Novo Testamento, muitos terão pensado que Jesus seria o autor desta frase, condensando e resumindo nela todo o carácter e intenção da Lei, tornando-a um mandamento para os Seus seguidores. Mas verdade é que Jesus não é o autor desta máxima ou mandamento. Na realidade, Jesus limita-se a citar o que já fora declarado na Lei – Levítico 19:18. No máximo, d’Ele se poderia dizer que Jesus alça esta declaração à categoria de mandamento. Mas nem isso podemos afirmar porque este texto acompanha toda uma série de outros mandamentos. Basta ler o contexto para se perceber que era nessa categoria que os Judeus conhecedores o aceitavam.
Concluímos, então, que, na sua resposta ao mancebo, Jesus não ”inventa”, não apresenta nenhuma nova doutrina, não revela uma novidade até então desconhecida. Esse mandamento – porque era de facto um mandamento – encontrava-se na Lei e tinha a mesma força, poder e autoridade que qualquer outro dos mandamentos. Infringi-lo seria incorrer nas punições previstas na Lei.
Jesus alinha então este mandamento com todos os outros que anteriormente cita (vv. 18-19). E a verdade é que o mancebo confessa ou reconhece que se trata de um mandamento, uma vez que responde: “Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade” (v. 20).
Todos sabemos que os mandamentos dados por Deus a Moisés no monte Sinai e inscritos em duas tábuas de pedras são em número de dez. Por isso se chamam Decálogo – dez mandamentos. Por norma, os estudiosos costumam dividir esses 10 mandamentos em duas secções:
- do 1º ao 4º mandamento referentes à posição do crente face a Deus;
- do 5º ao 10º mandamento referentes ao relacionamento do crente para com o seu semelhante.
De facto, nos quatro primeiros tudo gira em torno da divindade – Deus é único, não aceita a idolatria ou Sua representação, exige respeito pela Sua natureza, estabelece um tempo obrigatório de adoração. Quanto aos restantes, verificamos que o seu incumprimento ofende directamente a pessoa humana tanto no que ela é, no que tem, nos seus compromissos assumidos e na sua integridade.
Na resposta de Jesus, salta à vista que Ele não refere nenhum dos 4 primeiros mandamentos. Todos os que menciona referem-se não à relação vertical com Deus mas à relação horizontal com o nosso semelhante.
Será que os quatro primeiros são menos importantes ou que era nessa qualidade que Jesus os considerava? Naturalmente que não, porque a adoração e o respeito pela divindade eram as marcas distintivas de toda a mentalidade e vivência judaicas e estavam no centro de toda a mensagem e ministério de Jesus. Acresce que o simples nome de Israel lembrava constantemente ao Judeu que pertencia a um povo que levava em si a marca de Deus, o seu Elohim.
Qual a razão de Jesus ter mencionado apenas mandamentos relacionados com o próximo? Diversas serão as razões, mas podemos apontar duas:
Em primeiro lugar, todo o sistema religioso e principalmente o judaico e, por extensão, o cristão gira em torno desses dois eixos atrás referidos:
- o vertical – relação com a divindade;
- o horizontal – relação com a humanidade.
É fácil a relação vertical porque apenas Deus e o sujeito, ou seja, o crente, estão envolvidos, o que faz com que seja fácil mostrar junto dos semelhantes que a nossa relação com Deus é sem mácula. Basta encher a boca com o nome de Deus, basta decorar alguns mandamentos (não todos, porque isso dá muito trabalho) para que os outros vejam que reconhecemos a Escritura como base de fé, basta estar presente no dia da celebração e oferecer sacrifícios, se tal for ou não necessário (e quando não é necessário, oferece-se porque reforça o carácter de piedade), basta mostrar que se contribui para a obra de Deus, de preferência de um modo patente ou inferido para que os outros saibam que se contribui. Ou seja, basta apresentar de si próprio uma imagem de religioso piedoso, cumpridor dos preceitos estabelecidos.
Já a relação horizontal é mais complicada e exige mais de nós. Alguns, para a cumprir, vêem o próximo em si mesmos e, em consequência, aplicam a si mesmos o que deve ser aplicado ao outro e assim pensam estarem a cumprir essa relação. Para esses, tudo gira em torno de si próprios, das suas necessidades e anseios, porque eles são o próximo de si mesmos. Um pouco em jeito dos monarcas absolutos para quem l’État c’est moi, o Estado sou eu, frase atribuída ao Rei-Sol de França, Luís XIV, epítome do rei absoluto, e que ainda hoje tem muitos imitadores nos mais diversos campos, o religioso inclusive.
O problema com os que assim procedem é que tratam Deus como um palhaço e o seu semelhante como uma alimária. A religião dos tais é de pura hipocrisia, totalmente falha de uma gota sequer de espiritualidade.
Que Deus nos guarde e nos ajude a vigiar para que a nossa atitude perante Ele seja de coração aberto, no reconhecimento da nossa incapacidade e necessidade, para que os nossos olhos e ouvidos sejam lestos a colocar o nosso semelhante em primeiro lugar.
Perante este quadro, é fácil então negligenciarmos o próximo e centrarmo-nos apenas no nosso umbigo porque só temos olhos para a nossa necessidade pessoal e, esquecidos de que estamos neste mundo para sermos testemunhas vivas do amor de Deus, vivemos como exilados da pátria celeste, não vendo a hora de lá chegar. E vivemos por antecipação com uma vida cinzenta, aparentemente feliz mas na realidade destroçados pelas amarguras desta existência, porque “o mundo está no maligno.”
A segunda razão da resposta de Jesus prende-se com a religiosidade e respectiva prática do mancebo. Tudo indica que transformara toda a sua religiosidade numa prática formal dos preceitos da Lei. Em última análise, podemos concluir sem receio de errar que a sua religiosidade era mais moral que espiritual. Ou seja, respeitava os mores, os costumes que a Lei estabelecia. É verdade que uma espiritualidade verdadeira e pura gera sempre uma moral respeitada que se identifica com uma ética profunda, mas o inverso não é necessariamente verdade. Ou seja, dito de uma forma mais simples, a pessoa, o crente, pode ser religiosa e não ser espiritual, enquanto o crente espiritual manifesta a sua religiosidade sincera e consistente. De igual modo, o crente espiritual manifesta sempre uma ética irrepreensível, enquanto o moralista não é necessariamente um crente espiritual. O que significa que o crente deve caracterizar-se por ser primeiro espiritual. Sendo-o, torna-se obrigatória e consequentemente um praticante ético.
O que é ser um crente espiritual? De entre as muitas abordagens e definições, para facilitar a compreensão, podemos dizer, repetindo Jesus, que espiritual é o crente que ama a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo, numa atitude de auto-renúncia em que coloca o outro (Deus e o próximo) em primeiro,
Desta verdade faz eco São Paulo quando estabelece um confronto a carne e o espírito e designa por carnais os que não são espirituais.
Ora, quando um crente substitui a espiritualidade pela moralidade está longe de cumprir a Lei de Deus e não pode assim ser reconhecido como espiritual.
E foi isso que Jesus disse ao mancebo. E foi essa falha que detectou no mancebo. O mancebo era uma pessoa de elevada craveira moral mas de baixa estatura espiritual. Por isso, Jesus disse-lhe que lhe faltava uma coisa (Marcos 10:21). E que coisa era essa que lhe faltava? Faltava-lhe a renúncia, ou melhor, a auto-renúncia.
É o que vemos em Mateus 19:21: Se quiseres ser perfeito, vai, vende tudo… e segue-me. O mancebo, enquanto judeu, era filho de Abraão e esta resposta de Jesus era-lhe familiar porque lhe recordaria sem dúvida a ordem de Deus a Abraão: Anda na minha presença e sê perfeito. (Génesis 17:1). Deus não precisa de muitas palavras para dizer tudo quanto nos é necessário. Quanta teologia encontramos nessa simples e curta frase! Duas coisas Deus nos exige: andar na Sua presença e ser perfeito, sendo que “ser perfeito” é o resultado de “andar na Sua presença.” E como é grande a tentação de invertermos essa ordem. Só seremos perfeitos se andarmos na Sua presença. Se não andarmos na Sua presença, nunca seremos perfeitos. E andaremos na Sua presença se O amarmos acima de todas as coisas e o próximo como a nós mesmos.
Mais uma vez, Jesus não inventa nada e limita-se a trazer à lembrança a necessidade de operacionalizarmos o que já foi dito e revelado.
Abraão recebeu essa ordem depois de deixar tudo para trás. Em Ur, era rico, era abastado, era príncipe e, como tal, era poderoso. O mancebo preenchia todas essas qualidades abraâmicas mas faltava-lhe una coisa: abandonar Ur. E a sua Ur eram as suas riquezas, era aquilo que lhe dava auto-sustento, era aquilo que lhe garantia estatuto. Como é difícil ao moralista abandonar a sua Ur!
O versículo 22 revela isso sem qualquer margem para dúvidas: Retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. Ou seja, apesar de toda a sua religiosidade e de toda a sua moralidade, faltava-lhe a capacidade de auto-renúncia, de estar com o coração aberto à necessidade do outro, disposto a suprir-lhas com tudo quanto era seu.
Ante a reacção do mancebo, Jesus extrai a conclusão lógica que deixa os discípulos mergulhados na estupefacção: É difícil um rico entrar no Reino dos Céus. (v. 23).
Como curiosidade, note-se que no original grego o versículo 23 refere “o reino dos céus” (), enquanto no versículo 24, que repete a ideia anterior mas com outro fraseado, o termo usado é “reino de Deus” (). Isto indica-nos que em Mateus as duas expressões são sinónimas e referem-se à mesma realidade, ao contrário do que alguns comentadores pretendem, estabelecendo uma diferença entre ambas as designações. Elas referem-se ao mesmo conceito.
Se no versículo 23 a ideia que fica é da dificuldade, já no 24, é de impossibilidade. De facto, é impossível um camelo passar pelo fundo de uma agulha, a menos que o camelo fosse quase microscópico ou a agulha fosse a de um gigante de uma altura quilométrica.
Sendo as suas afirmações equivalentes, podemos afirmar que a dificuldade de um rico entrar no reino dos céus não é diferente da sua impossibilidade.
Alguns, achando exagerada a afirmação do versículo 24, pretendem suavizá-la, afirmando que “camelo” se refere não a um animal mas a uma linha grossa, uma vez que, no Grego, a diferença entre “camelo” e “linha grossa” ou “cabo” é de uma simples letra.
Outros, aceitando que “camelo” se refere a um animal, centram a atenção na “agulha” e pretendem que esta se refere a uma porta muito estreita supostamente existente nas muralhas da cidade e conhecida por agulha.
Ora, a primeira posição é contrariada pela linguística e a segunda pela história. Só nos resta aceitar que Jesus disse exactamente o que o versículo declara, tanto mais que há um provérbio semelhante no Talmude, em que “camelo” é substituído por “elefante.”
Mas então, dirão, estamos na presença de um exagero. Sim, de facto é uma linguagem de exagero ou, em termos técnicos, diríamos que esta é uma figura de estilo chamada hipérbole, em que se faz uma afirmação exagerada.
E quem não usa hipérboles no seu discurso, quantas vezes no seu dia a dia? Que o digam os amorosos, os pescadores e os que estão envolvidos numa qualquer campanha eleitoral.
De resto, vamos encontrar uma outra hipérbole no discurso de Jesus. Basta irmos a Mateus 18:24 e 28. Traduzindo esses valores, temos que:
Dez mil talentos correspondem a 60 milhões de dracmas (6 seguido de sete zeros) ou 216 toneladas de prata, uma vez que 1 talento equivale a 6000 dracmas e uma dracma a 3,6 gramas de prata. Sendo uma dracma equivalente a um dinheiro (ou denário) e um dinheiro a um dia de trabalho, temos que 10000 talentos correspondem a 60 milhões de dias de trabalho (ou cerca de 166 mil anos). Esta era a dívida do servo ao rei. Em contrapartida, o servo era credor de 100 dinheiros ou 100 dias de trabalho. O que significa que o que ele devia ao seu rei era 600 mil vezes mais do que aquilo que o seu conservo lhe devia.
Sendo honestos, fácil é reconhecer que nesta parábola Jesus usa uma hipérbole. E que hipérbole!
Fica então esta verdade: o amor ao dinheiro impede a nossa entrada no reino dos céus. E por que razão nos impede?
1º – torna-se um ídolo, relegando assim Deus para um plano inferior;
2º – leva-nos, à semelhança do mancebo rico, a considerar que a riqueza nos dá primazia e direito de aquisição dos bens espirituais: “Que bem farei para herdar a vida eterna?” (v. 16). Em todo o bem que o rico possa fazer, o seu dinheiro está presente, transformando esse acto em transacção comercial;
3º – em última instância, as riquezas tornam-se o nosso Deus porque passamos a depender delas e não d’Aquele que é dono de todo o ouro e de toda a prata;
4º – por via desta troca de prioridades, esquecemo-nos da nossa insuficiência e contingência e tornamo-nos paradoxalmente escravos do nosso dinheiro, com a ilusão de que somos nós quem está no controlo;
5º aceitamos um prato de lentilhas, trocando o que somos pelo que temos, esquecendo que trocamos o permanente pelo passageiro. E ecoam-nos as palavras de Jesus: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem” (Mateus 6 :19-20).
E é em sequência que devemos entender a afirmação de Jesus no versículo 29:
“Todo o que tiver deixado
casas
ou irmãos ou irmãs
ou pai ou mãe
ou mulher
ou filhos
ou terras
por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a vida eterna.”
“Que farei para herdar a vida eterna?” (Marcos 10:17; Lucas 18:18) era a pergunta do mancebo. A resposta de Jesus não podia ser mais clara: para herdar a vida é necessária, é indispensável, é obrigatória a auto-renúncia. E auto-renúncia que pode implicar ou envolver o que nos é mais caro:
- a nossa família – que nos liga à nossa origem, simbolizada pelos pais; que nos liga à nossa identidade e ao nosso presente, simbolizados pelos irmãos; que nos liga ao nosso futuro, simbolizado pelos filhos; que nos liga à nossa intimidade, simbolizada pela esposa;
- mas também a nossa casa e as nossas terras que nos apontam o nosso espaço, o nosso refúgio, o nosso sossego e as nossas realizações pessoais.
Este é o preço que nos é exigido para herdarmos a vida eterna e que se obtém da nossa parte por um acto voluntário de auto-renúncia.
Ora, esta auto-renúncia não se obtém nem está dependente do nosso dinheiro, que está dependente e ligado ao ter, ao transitório, mas está relacionada com a vontade, com a essência daquilo que mais profundamente nos caracteriza – a nossa aceitação de amar Deus acima de todas as coisas e o próximo como a nós mesmos.
Por essa razão, a bênção suprema que é a posse da vida eterna e as bênçãos maiores ou menores que experimentamos nesta caminhada de amarmos Deus e o próximo não estão dependentes do muito ou pouco que possamos ter em dinheiro ou em bens materiais.
A posse de riquezas é sempre contingente e não se traduz necessariamente em sinal de bênção divina. É verdade que na Sua soberania, Deus pode abençoar-nos com bens materiais e quando isso acontece devemos estar-Lhe gratos, sabendo que com muito ou com pouco, Deus estará sempre connosco a guiar-nos no nosso percurso e nas nossas escolhas.
Pela reacção dos discípulos, verificamos que eles ficaram aturdidos com a elevada fasquia que Jesus estabeleceu.
Muito provavelmente, à semelhança de muitos Cristãos dos nossos dias levados ao engano pelas sereias e arautos de um evangelho materialista, mercantilista e plutocrata, ou seja, em que o dinheiro é rei e mola real do evangelho e prova da bênção de Deus, os discípulos também pensariam que um rico piedoso, cumpridor dos preceitos da Lei é prova das bênçãos de Deus, tanto mais que não faltavam textos que prometiam ser-se colocado por cabeça e não por cauda (Deuteronómio 28:13).
Por isso, exclamam com um nó na garganta (v. 27): “Eis que deixámos tudo e te seguimos. Que receberemos?”
Eles tinham andado com Jesus, tinham recebido os Seus ensinamentos, tinham testemunhado os Seus milagres e mesmo assim foi necessário que Jesus lhes recordasse duas verdades fundamentais:
1. A nossa relação com Deus não é de natureza comercial; e
2. O amor ao dinheiro é a subordinação do Deus criador aos interesses mesquinhos do que é passageiro.
Quantas vezes o Cristão cede à tentação de esquecer a verdade pura e cristalina do evangelho, substituindo a sua mensagem pelos devaneios e fantasias da nossa imaginação!
Que nós, os que nos confessamos seguidores de Cristo, tenhamos presente os Seus ensinamentos e a Sua promessa de que aquilo que nos espera nesta vida e na vindoura ultrapassa em muito tudo quanto possamos imaginar ou desejar ou que o dinheiro nos possa dar.
A Deus toda a glória!