A “HISTÓRIA” DE DEUS E O DEUS DA HISTÓRIA NA HISTÓRIA DO HOMEM

A “HISTÓRIA” DE DEUS e O DEUS DA HISTÓRIA

NA HISTÓRIA DO HOMEM

 estrelas           É nossa convicção que o homem por si nunca poderá alcançar Deus e conhecê-lO através da sua mente, pela sua intuição, pelo seu pensamento e imaginação, pela sua filosofia ou pela sua ciência. Tudo o que o homem por si próprio possa dizer acerca de Deus não é digno de confiança. O homem não tem como saber acerca de Deus se este não se revelar a Si mesmo.

Foi isto que Deus fez através das coisas criadas, através da Palavra inspirada, pelo Seu Filho unigénito entre nós, e pelo Espírito Santo que se move na história dos homens e habita em todos os que confessam a Jesus Cristo como Salvador e Senhor.

Pela história de todas as religiões o máximo que nós podemos ter é o anseio do ser humano em todos os tempos e em todas as latitudes e longitudes, em todas as culturas, pelo transcendente, pelo divino, pelo sobrenatural, pela espiritualidade. Ao mesmo tempo temos aí muita da rebeldia do homem em não querer aceitar as evidências da existência do Deus pessoal substituindo-o pelas coisas criadas, pelas forças e energias cósmicas, pela natureza, pelos objectos, pelos ídolos fabricados pela imaginação e engenho humano, pelas ideais e conceitos religiosos e filosóficos, enfim tantas vezes até pelo próprio homem mesmo quando nega Deus (ateísmo) ou dúvida de que seja possível saber alguma coisa acerca Dele (agnosticismo).

Consideramos que apesar de podermos encontrar em todas as culturas sinais que possivelmente Deus permitiu ao homem discernir ou que o próprio Deus aí inseminou, quem é que poderia ou poderá distinguir e articular o que são os factores divinos, os lampejos da verdade e o que é ilusão e falsidade resultado das limitações e insuficiências humanas?

Como já dissemos anteriormente estamos convictos de que Deus falou e continua a falar-nos através das coisas criadas, da Bíblia Sagrada, de Jesus Cristo e do Espírito Santo. Essa revelação é suficiente embora não seja absoluta. Não sabemos tudo acerca de Deus, mas sabemos o suficiente.

Especialmente em Jesus Cristo nós temos Deus entre nós na dimensão que nós podemos captar, entender, tocar, contemplar, conhecer, acompanhar, seguir. Diante de Jesus Cristo não temos qualquer dúvida acerca da existência de Deus.

Convém abrir aqui um parêntesis para confessarmos que se a ciência não pode provar nem negar que Deus existe porque Ele não se confunde nem está confinado, aprisionado, limitado, contido pela matéria e pela natureza, não é de admirar que racionalistas, intimistas, materialistas e naturalistas não o divisem. Deus não se prova, não se demonstra, não se explica. Deus é Deus – pessoal, triuno, Criador, Sustentador, Redentor, Restaurador e Consumador. Para nós Ele é auto-evidente. Por isso nem a Bíblia nem Jesus Cristo gastam tempo a provar o que está aí diante do nosso nariz e dos nossos olhos. Para quem é crente Deus é visível em tudo o que existe como obra das Suas mãos, a nossa existência não faz sentido sem a Sua existência.

Ele não existe porque nós existimos, mas nós existindo sabemos que Ele existe (de outra forma não o saberíamos). Da mesma forma que não precisamos que ninguém nos prove que existimos, também não necessitamos de nenhuma prova de que Ele existe e, no entanto, existindo temos todas as provas.

Esperamos pelo momento em que aqueles que O negam ou duvidam, estejam finalmente diante Dele para então sabermos o que Lhe dirão face a face, ou o que Dele ouvirão se é que será necessário dizer o que quer que seja. Ou seja será que diante Dele, não tendo como não aceitar a Sua existência ou duvidar dela, continuarão a não crer porque crer é muito mais do que admitir a existência, é confiar, é depender, é abandonar-se, é aceitar, é confessar, é adorar, é louvar, é gratidão… crer! Eu creio!!! O resto é pecado – errar o alvo da vida, querer ser deus sem Deus e contra Deus, acima de Deus – loucura.

Alguns perguntarão pelos que tendo apenas a criação e não tendo conhecimento da Bíblia como Palavra de Deus e de Jesus Cristo como Deus entre nós. Não temos qualquer dúvida que Deus sabe como lidar com cada um desses casos em conformidade absoluta com a sua natureza santa, amorosa, graciosa e justa. Não nos preocupa tanto os que não sabem mas o que sabendo rejeitam esse conhecimento, evitam com mil e uma desculpas e justificações a sua incredulidade. Cabe-nos como crentes a suprema tarefa de vivermos de tal forma que através de nós o conhecimento de Deus, do Seu amor, da Sua graça, da Sua santidade, da Sua perfeição, da Sua justiça chegue ao maior número possível de pessoas através de todos os meios porque só em Deus o homem verdadeira se encontra e é verdadeiramente humano.

Na Bíblia temos a “História” de Deus na história dos homens, temos o Deus da História na Sua soberania e na liberdade do ser humano. Nela não se confunde a palavra do homem com a Palavra de Deus, toda ela é Palavra de Deus porque toda ela foi escrita pela inspiração do Espírito Santo, pelo querer de Deus, ela mesmo distingue o que é palavra de homens, de loucos, até de demónios e as declarações do Altíssimo. Por isso a Bíblia não contém a Palavra de Deus misturada com as palavras humanas, mas é a Palavra de Deus. A palavra divina usando as palavras dos homens para que saibamos o quanto Ele nos ama e que só Nele encontramos o sentido, o desígnio, o propósito, a essência, a verdade.

A nossa história só ganha sentido e plenitude na História de Deus. Fomos criados por Ele e para Ele, só nos encontramos n’Ele. Ele é o Deus da História e da nossa história individual.

 

Samuel R.Pinheiro

www.samuelpinheiro.com

DUAS LINGUAGENS EM RISCO DE VIDA

Duas Linguagens em Risco de Vida

João Tomaz Parreira

Cruz_ LuisPaçoA linguagem do insulto perante a crucificação de Jesus Cristo, antes de mais revelou a inconsistência, a visão errática e o desespero de grupos definidos da multidão.

Sim, desespero, porque os homens e as mulheres de Jerusalém estavam diante da falta de respostas quer da sua religião, quer da política vigentes. Estavam sob um protectorado, que não alimentava o orgulho exclusivista da Judeia. O seu último morto histórico por causa do judaísmo, dos costumes e da moral, havia sido João o Baptista.

Diria que a linguagem foi a do insulto dos impotentes, que não obstante se assumiram como psêudo “heróis” em matilha – como quase sempre sucede-, em conflito consigo mesmos. O poeta argentino Jorge Luís Borges escreveu, num excelente poema (”Cristo na Cruz”): “Não o alcança a mofa da plebe / que viu a sua agonia tantas vezes”.

 Os Evangelhos narram esses insultos, que no fundo ultrapassaram a própria cordialidade e humanidade com que a ancestral lei mosaica tratava os condenados até pela justiça divina. Perante momento tão solene e profético, as atitudes deveriam conter o espírito de tolerância que presidiu no passado longínquo à edificação das “cidades de refúgio”, deveriam manter-se no registo do “bater com a mão no peito” ou no menear a cabeça. Nunca no verbo injurioso.

Mateus e Marcos têm uma diegese pormenorizada com as falas que não deixam de exibir o histerismo da multidão diante do sangue que iluminava a cruz central. Dialogias de blasfémia e de ironia religiosas, a roçarem o ódio, a ignorância e o absurdo:

“Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas!”

“Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se”,

“Desça da cruz, e creremos nele”,

“Confiou em Deus; pois que venha livrá-lo agora”. (Dos Evangelhos)

Os próprios malfeitores que foram crucificados com Jesus, não resistiram ao impropério generalizado da multidão, não obstante a tragicidade do seu estado, e juntaram as suas vozes para blasfemar também. Os dois primeiros evangelhos sinópticos não branqueiam o facto, referem mesmo que o alegado “ladrão arrependido” também blasfemou.

Os discursos dos malfeitores

Desconhecemos quais foram as palavras pronunciadas pelo chamado “ladrão arrependido” – sintagma usado como título dos versículos de Lucas  -, as mesmas teriam o idêntico registo injurioso dos demais?  Impropérios, segundo Mateus (Bíblia Anotada de Scofield), insultos, diz-nos Marcos. Afinal também era – como o referido poeta argentino lhe chama – “un bandolero que Judea / clava a una cruz”, mas que pôde saber da clemência divina apesar da sua condição (1). Porque soube fazer uma escolha, deixar de lado o “politicamente correcto”, isto é, o facilitismo de seguir a multidão dominante; quis antes fazer uma escolha, voluntariamente.

Uma escolha contextualizada na Fé e no Arrependimento. O seu anti-discurso prova-o: “Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós na verdade com justiça, porque recebemos o que os nossos actos merecem; mas este nenhum mal fez.” (Lc 23, 40-41)

Mas aquele que a tradição apócrifa e a literatura costumam classificar como o “ladrão impenitente” (2) ou  mau ladrão vociferava palavras não tanto de ódio, mas de egoísmo e de comiseração por si próprio e por Cristo: “Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.” (Lc 23,39)

Nestas brevíssimas frases, a dúvida  anulava o que poderia ser entendido como uma pequena fé, e quereriam dizer : “Afinal se fosses o Cristo, como dizem, salvavas-te a ti e a nós”. Gritava o ladrão impenitente, no seu desespero, era o grito da incapacidade humana de se salvar.

 As suas palavras se não fossem trágicas, poderiam pretender uma ironia.

Outro escritor, o francês Henri Michaux ao chamar-lhe num texto poético “o ladrão não arrependido”, traçou-lhe o destino no século XX, o destino da Tragédia a um passo da Salvação, que poderia ter acontecido de uma cruz a outra cruz.

 

                                                                                         © João Tomaz Parreira

  1. Poema “Lucas, XXIII”, Antologia Poética, J.L.Borges, Alianza, Madrid, 1983
  2. Longfellow, Henry Wadsworth; The Golden Legend, que refere ambos

    os ladrões Penitente e o Impenitente. E sugere-lhes nomes.

O Último Verso do Salmo 23

O ÚLTIMO VERSO DO SALMO 23

João Tomaz Parreira

“E habitarei na casa do Senhor por longos dias” , 23,6

Salmo23Este verso, ao contrário do que pode parecer, não remete exclusivamente para a eternidade, ou o post mortem do crente, revela-se e amplifica-se no seu sentido maior, que cada momento da nossa vida será preenchido com  as mais ricas bençãos de Deus.

Os versos da poesia bíblica, designadamente nos Salmos, não têm que ter apenas uma leitura submetida a uma única contextualização e uma aplicação literal fechada, tão pouco uma leitura exclusivamente alegórica, neles existe história ( a história de Israel e a do homem como criatura de Deus) como existe teologia, louvor e adoração; por vezes até o Eu poético, num registo intimista, amargurado e arrependido diante do Senhor ( vd o 51).

Particularmente o último verso do Salmo do Pastor, podemos lê-lo de dois modos e dar-lhe a dimensão da eternidade a partir do tempo. Podemos ler o que está lá e o que não está, numa metalinguagem divina. De um modo ou de outro, lê-lo é também um exercício semântico que não dispensa a leitura contextual do verso anterior (vs 5).

 

O parágrafo que separa ambos os versos 5 e 6, como uma divisão apenas tipográfica que une duas frases num texto, completa todo o sentido de um lugar habitável em que o anfitrião prepara a mesa, proporciona abundância de bens metaforizada no “cálice que transborda”, dá hospitalidade e unge segundo as normas orientais. E nessa habitação não há lugar para os inimigos dos convidados.

Nestes dois versos temos a figura da casa, como habitação onde somos hóspedes de Deus, e sobretudo a narrativa poética da comunhão com Deus na graça e na bondade divinas todos os dias.  A partir deste ponto, podemos ler com uma perspectiva mais alargada, o derradeiro verso com que o salmo termina.

Dividindo assim o verso em elementos, do ponto de vista linguístico observamos o que a frase nos transmite.

“E habitarei” - é em si mesma, literalmente, uma expressão que fala de permanência. No grego da Septuaginta ( a Versão dos 70), no Salmo 23 encontramos o termo katoikein, que significa “lugar onde se vive” e contêm o substantivo “casa” ( oikos).

“na casa do Senhor” - A casa do Senhor poderia ser exclusivamente uma metáfora do Céu, mas parece-nos que o contexto não é isso que nos diz, razão pela qual alguns comentaristas tendem a estender o significado. Mas stricto sensu quer significar quase sempre, como sabemos, o Templo e não o Céu.

A verdade é que tanto no Velho como no Novo Testamento, no grego, quando os autores sagrados  falam do Céu ou Céus, fazem-no de um modo literal para falar de firmamento ou da habitação de Deus.

Os termos usados em dois salmos significativos são comuns e idênticos na tradução grega do Velho Testamento já citado. Salmos 8, 3 e 73,25.

Neles a palavra  “Ouranos”  é também metáfora perceptiva para falar do divino, da divindade do lugar. No grego da literatura clássica tinha também um significado merecedor de nota, era “aquilo que é apropriado para um deus”, isto é, um lugar divino.

Deste modo e seguindo a linguagem poética salmódica, o que o autor sagrado (David ou o autor desconhecido de um dos Cânticos dos Degraus, no Salmo 122 ) quer dizer qundo escreve “casa do Senhor”, é perceptível como sendo o lugar onde Deus está eclesialmente, o templo,  a casa de oração, o lugar onde os crentes se reunem para louvar, adorar e aprender as Escrituras Sagradas, onde estiverem “dois ou três reunidos em meu nome” – disse Jesus Cristo.

Com efeito, na linguagem grega esta figura perceptiva é clara: “oikõ kuriou”.

“para todo o sempre” ou “ao longo dos dias”

A versão da chamada Bíblia dos Capuchinhos exara deste modo o  final do salmo: “A minha morada será a casa do Senhor ao longo dos dias.”

No VT as alianças de Deus com o Seu povo referiam-se ao tempo, aos dias (Ecl 12,1), mas dado o carácter da lógica da aliança divina, que não tinha falhas nem fim, dirigiam-se também para a eternidade.

A expressão na Septuaginta é, deste ponto de vista, clara: makroteta émerõn; indica uma longa distância de dias, o que vai no sentido da conhecida frase coloquial “aquela pessoa teve uma longa vida”.             

A longevidade dos dias neste precioso quanto simples salmo, já chamado “canção da fé” e “de beleza tranquila”, alongam-se para a eternidade. No tempo, porém, vai colocando ao dispôr da ovelha ( metáfora perceptiva) um acervo de bençãos. “A maior das bençãos será uma comunhão íntima com Deus através da continua adoração” (1) na vida e na comunidade do crente.

No decurso de milénios, desde a data em que foi composto, este poema bíblico de várias metáforas extensivas, de fácil percepção, que começa com uma metáfora tomada da vida pastoril e bucólica,  tem dado serenidade e confiança ao crente com a presença divina, mesmo no vale da sombra da morte. Porque além desta está a eternidade.

Finalmente, o sentido prático do derradeiro verso do Salmo 23 foi bem interpretado no livro “Formosa Herança” do saudoso pastor e amigo Alfredo R. Machado: “ Estas palavras além de fazerem referência à eterna habitação de Deus, também se aplicam ao nosso desejo de regularmente estarmos presentes nos cultos da Casa de Oração, juntamente com todos os santos”. (2)

 

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(1)  Comentário Bíblico Moody, Vol 2, Josué a Cantares,  pág. 377, Pfeiffer e Harrison, IBR

(2)  Pág. 67, CPAD e CAPU, 2006

 

©  João Tomaz Parreira

©

HOUSE, O PACIENTE DE DEUS

House, o paciente de Deus 

Ricardo Rosa

House_MD_S06_by_Aleks10Sou um fã confesso de séries de televisão e por vezes de séries opostas em termos de género. Não consigo deixar de me rir com personagens como Niles Crane (Frasier) ou Sheldon Cooper (The Big Bang Theory) onde o pretensiosismo, a cultura e o centralismo dão as mãos.

Talvez por isso, não deixe de simpatizar com o célebre dr. Gregory House (House MD). Não porque me faça rir ou porque tenha tiradas satíricas memoráveis. Na verdade, o que me intriga em relação a este médico que vive nos limites da sensibilidade e do egoísmo, acaba por ser o modo lógico como tende a analisar tudo (tal como Niles Crane) e o sentimento de que ele é o Sol no movimento heliocêntrico da vida de todas as outras pessoas (à imagem e semelhança de Sheldon Cooper).

A lógica e a ciência são as verdadeiras bengalas em que a personagem interpretada por Hugh Laurie se sustenta. O próprio define-se como ateu, na melhor de todas as hipóteses um agnóstico severo (sem sentido de denegrir o quem quer que seja) para quem a hipótese Deus é meramente alucinogénia ou patológica. A sua definição de fé é baseada na ausência lógica e na falta de qualquer experiência[1]. E essa ausência de um elemento teoricamente improvável, leva-o a viver uma vida em que opta por tentar encaixar teorias, leis, probabilidades, métodos e dados de modo satisfatório. Segundo o que aprendemos com este médico, a humanidade é simultaneamente uma doença e uma cura. É o homem pelo Homem, no final de contas, após o último impulso eléctrico ter cessado no corpo humano, tudo o que nos espera é o vazio e o conceito filosófico do nada.

A própria negação da fé de House leva-o a experimentar uma visualização do pós-vida. Numa tentativa de perceber o que existe para além do último fôlego, House electrocuta-se servindo de cientista, cobaia e experiência em simultâneo[2]. O resultado acaba por lhe desagradar e “força-o” a concluir que não existe pós-morte, muito menos o conceito de um deus, seja ele qual for.

É aqui que percebo que esta é uma dúvida que ocorre demasiado, talvez pelo medo do desconhecido, talvez pela falta de uma certeza, talvez porque simplesmente não queiramos aceitar algo que nos recusamos a admitir. House pode ser um médico com resultados clínicos brilhantes (socialmente e humanamente duvidosos no entanto), mas não deixa de ser um paciente para Deus. A sua busca lógica, estruturada e orientada pede não uma prova, mas uma série de evidências inabaláveis que o conduzam a um resultado final.

O mesmo aconteceu aos ouvintes de Paulo no Areópago[3], queriam um raciocínio lógico e irrefutável, algo que Paulo lhes concedeu. Até ao momento em que abrevia pelo atalho falando da ressurreição dos mortos[4]. E mais uma vez, a medicina de Deus proveu pela Graça que a condição do ser humano fosse mudada nas vidas de Dionísio, Dâmaris e outras pessoas[5].

Tudo o que Deus nos dá e faz é por meio da Sua Graça, sendo um pouco como o médico que trata doentes sem seguro. A diferença na medicina de House e de Deus está no facto de que o primeiro é finito e não pode reverter a morte, é-lhe impossível contrariar as leis da natureza em que ele próprio se baseia. Já Deus tem o prazer de baralhar as cartas e tornar a dar, dando vista aos cegos[6], dando voz a mudos[7], restituindo partes do corpo a amputados[8] e anulando a acção da morte ao trazer à vida um amigo[9].

Em tudo isto, o especialista em doenças infecto-contagiosas e nefrologia não consegue deixar de ser um paciente necessitado de uma cura. O vício que mais o transtorna não é o dos analgésicos para uma perna estilhaçada. É o da incerteza sobre quem é o totalitário dono da vida: se o Homem, se Deus… Em comparação com House, todos os efeitos que nega pela lógica, Deus prova-os pela prática e assina o atestado de existência e capacidade. No fundo, o problema de House com Deus não é que não consiga acreditar n’Ele, é o de não querer aceitar que o divino cria as leis e os processos pelos quais nos regemos logicamente e isso dá-lhe sempre uma vantagem, seja em que situação for. E esse é um reflexo do ser humano, não do moderno ou pós-moderno, mas simplesmente do Homem tal e qual como o conhecemos. A ética darwiniana da evolução e adaptação não consegue dar uma resposta a tamanho dilema. Podemos tentar retardar a morte, mas nunca a conseguiremos aniquilar por nós mesmos.

O pecado é uma doença infecto-contagiosa, que acaba por levar a melhor sobre o nosso corpo[10], mas que não deve assenhorar-se da nossa alma. Por essa razão, o anseio furioso de House não é mais do que o Homem à procura da resposta que naturalmente o deveria levar a Deus[11].

Mas porque o pecado continua a sua obra destrutiva em cada um de nós[12], precisamos de perceber que a cura está ao alcance do ser humano e que Yhwh é o nosso médico pessoal…

Ricardo Rosa

 

[1] - http://www.patheos.com/blogs/friendlyatheist/2008/09/16/house-md-and-atheism/

[2] - http://en.wikipedia.org/wiki/Gregory_House#cite_note-58

[3] - Actos 17:16-33

[4] - Actos 17:32

[5] - Actos 17:33

[6] - Mateus 9:27-31; Marcos 8:22-26; João 9:1-12

[7] - Mateus 9:32-34

[8] - Lucas 22:50,51

[9] - João 11:1-45

[10] - Salmo 89:48

[11] - Romanos 1:20

[12] - Eclesiastes 7:20; Romanos 3:23, 5:12; 1ª Coríntios 15:21

OS SETE MOMENTOS DA PÁSCOA

Os Sete Momentos da Páscoa

Jorge Pinheiro

Cruz

Pela fé, Moisés sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado, tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egipto, porque tinha em vista a recompensa.

Pela fé, deixou o Egipto, não temendo a ira do rei; porque ficou firme como vendo o invisível.

Pela fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue para que o destruidor dos primogénitos lhes não tocasse.

Pela fé, passaram o Mar Vermelho como por terra seca, o que intentando os Egípcios pereceram

(Hebreus 11:24-29)

 

Introdução

Estamos na época da Páscoa. Mas, afinal, o que é a Páscoa? Qual a sua história? Qual o seu significado? Qual o seu valor? Qual a sua importância para os nossos dias? Qual a sua relevância para o homem nosso contemporâneo?

A Páscoa que comummente se procura recordar nesta época é a Páscoa ocorrida por altura da morte de Cristo. Ou melhor dizendo, procura-se recordar os acontecimentos ocorridos por altura da morte de Cristo. Porque aquilo que se procura recordar não é a Páscoa mas sim os acontecimentos que envolveram a vida daqueles treze homens. Note-se que insisto no “procura-se recordar” e não no “recorda-se” porque realmente o que acontece de um modo geral nesta altura não é bem o recordar, o reviver desses acontecimentos, mas antes uma tentativa que termina falhada porque o drama então ocorrido, a profundidade espiritual daqueles acontecimentos, o significado e a implicação pessoal das comemorações pascais, enfim, o valor dos valores aí envolvidos escapam-se total e completamente aos peregrinos do nosso tempo porque, afinal, aquilo que é evocado e que é retido não passa de elementos folclóricos de uma herança cultural colectiva.

Mas a Páscoa é mais do que isso. A Páscoa é mais do que folclore. A Páscoa é mais do que uma data comemorativa do calendário.

Para lá das circunstâncias do momento, com a dieta alimentar habitual modificada e melhorada, com os presentes que se trocam e as amêndoas que se oferecem para adoçar o amargor da vida, a Páscoa permanece intacta, esperando que os homens toquem, provem e vivam o seu significado.

A Páscoa que queria relembrar não é apenas a Páscoa vivida por Cristo mas sim a Páscoa, a ideia divina da Páscoa. Porque afinal ― ainda que seja paradoxal e possa parecer estranho a ouvidos desprevenidos ― nós, como Cristãos, não temos de nos preocupar em recriar ou reviver a Páscoa de Cristo, ou seja, a Páscoa vivida por Cristo. E porquê? É que sendo Cristo a nossa Páscoa, então temos de viver pessoal e individualmente a pessoa de Jesus Cristo porque só vivendo-O estaremos a comemorar condignamente a ideia divina da Páscoa.

A Páscoa de Jesus Cristo foi a Páscoa d’Ele, vivida por Ele. É um acontecimento de profundos significados e implicações teológicas mas não deixa de ser um acontecimento histórico. É um marco da nossa vida, é verdade, mas é um facto passado que só revive como todos os factos passados, como todas as datas históricas importantes que são relembradas.

A Páscoa de Jesus Cristo foi d’Ele. Ainda que sejamos participantes das Suas bênçãos e ainda que seremos participantes da Sua glória vindoura, a Páscoa de Jesus foi d’Ele, não é nossa, porque foi vivida por Ele, sofrida por Ele. Nós não estivemos lá.

Então, na nossa Páscoa, não vamos incluir Jesus? Então, que Páscoa nos resta? Que Páscoa vamos recordar?

É que o equívoco está precisamente aqui. Nós não temos de recordar a Páscoa. Nós temos é de viver a Páscoa. Porque a vida cristã não vive de recordações. A vida cristã vive da presença viva e actuante de um Cristo vivo e glorioso. As únicas recordações de que a vida cristã deve viver são as recordações futuras, porque é para lá que caminhamos.

Na nossa Páscoa, não temos de incluir Cristo. Cristo já está na nossa Páscoa. Se ainda temos de incluir Cristo na nossa Páscoa, isso significa que a nossa Páscoa ainda não é a Páscoa divina, isso significa que ainda não entrámos no calendário divino.

Porque se a nossa Páscoa consiste apenas e só em relembrar os acontecimentos ocorridos na Páscoa em que Cristo morreu, então a nossa Páscoa é oca e sem valor.

Mas se na nossa Páscoa contínua e perpétua que é, afinal, a vida cristã, recordarmos não apenas uma vez ao ano, mas sempre, a Páscoa em que Jesus morreu, então essa Páscoa não nos é estranha, deixa de ser um facto histórico, um drama do passado, um acontecimento a nós alheio e estranho e passará a ser não apenas recordada mas vivida na sua plenitude e significado, deixará de ser uma Páscoa onde nós não estivemos para passar a ser uma Páscoa onde todos nós nos encontrámos e nos encontrávamos presentes, crucificando com os nossos pecados o Salvador, aguardando com ansiedade o desfecho da luta entre o Messias e Satanás no Reino do Hades e gritando de alegria a vitória alcançada no Domingo da Ressurreição: CRISTO VIVE! Ressuscitou! É Senhor! Aleluia! A morte foi vencida. Os pecados estão perdoados. O caminho para Deus está aberto. Fomos libertos, Cristo é rei! É Senhor! Aleluia! Aleluia! Aleluia!

Mas em que consiste, afinal, a ideia divina da Páscoa? Fala-se de Páscoa dos Judeus e da Páscoa dos Cristãos. Fala-se dessas Páscoas como se fossem dois acontecimentos estranhos um ao outro. Mas Páscoa só há uma: a Páscoa de Deus! A Páscoa judaica e a Páscoa cristã são, no fundo, uma só. Elas não passam de dois momentos distintos de um mesmo acontecimento. Mas Páscoa é uma só, ainda que com diversos momentos da sua vida: é a Páscoa de Deus!

É que as ideias divinas lutam sempre com uma grande dificuldade: a sua calendarização no tempo humano. Por isso, uma mesma ideia que é una e inseparável e imutável surge repartida aos nossos olhos pelos diversos tempos do nosso viver colectivo histórico.

Nesta Páscoa divina, podemos distinguir sete momentos. Ou dizendo de outra forma, podemos detectar 7 Páscoas no calendário divino. E falamos nós de apenas duas: a de Moisés e a de Cristo!

Quais são esses 7 momentos ou 7 Páscoas?

Antes, convém definirmos o que entendemos por Páscoa. A palavra Páscoa vem do Hebraico Pesah, que significa “passar por cima”, no sentido de “poupar”, como se depreende de Êxodo 12:13:

E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue passarei por cima e não haverá entre vós praga de mortandade quando eu ferir a terra do Egipto.

A Páscoa aponta para a situação e os meios que permitem fazer-nos escapar à ira e ao castigo divino, levando-nos a entrar num estado de beneficiários do favor divino. A Páscoa indica o meio que Deus coloca à nossa disposição, permitindo-nos gozar da Sua protecção, restabelecendo a comunhão perdida com Ele.

Quais são, então, esses 7 momentos de que falávamos?

 

1. A Páscoa da Eternidade Passada

A Páscoa teve a sua origem em Deus e teve o seu início na eternidade antes da fundação do mundo.

Em João 17:24, Jesus reconhece esse facto quando ora ao Pai, lembrando o amor com que Deus O havia amado antes da fundação do mundo: Porque Tu me hás amado antes da fundação do mundo.

E Apocalipse 13:8, referindo-se a Jesus, declara: E adoraram-na (à Besta que subiu do mar) todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.

A ideia da Páscoa não é humana ― é divina. Deus concebeu-a quando o mundo ainda não tinha sido falado à existência. Isto dá-nos a garantia de qualidade e qualidade divina, porque a única forma que nos pode garantir a comunhão e a graça de Deus é através da própria graça de Deus.

 

2. A Páscoa Adâmica

Quando Adão pecou, rompeu-se a comunhão com Deus e a ligação tornou-se impossível. A Humanidade caíra, ficando sujeita à punição do castigo divino. Mas Deus preparou um escape e ali no momento da queda, revelou o meio que Lhe agradava para que o Homem voltasse a obter os Seus favores.

E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles e os vestiu (Génesis 3:21). Para as túnicas de peles, houve necessidade de verter sangue inocente, a fim de que a ira de Deus passasse por cima de Adão e Eva, poupando-lhes a vida. Através daquele sangue vertido, refloria a esperança no coração da Humanidade ― Deus não estava longe e o Homem podia ter a certeza de que o caminho para Deus estava aberto. No início da Humanidade, a presença de Deus na vida dos seres humanos, dizendo-lhes que não estavam sozinhos, abandonados aos caprichos de um destino cego e cruel mas antes que Deus amava a Sua criatura e desejava o melhor para ela.

 

3. A Páscoa de Abel

O terceiro momento da concretização da ideia divina da Páscoa vamos encontrá-lo no sacrifício de Abel.

E Abel também trouxe dos primogénitos das suas ovelhas e da sua gordura e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta (Génesis 4:4).

Abel aprendera bem a lição que seus pais lhe transmitiram. Abel sabia que o único meio de obter os favores de Deus era não só reconhecê-Lo como Senhor e Deus mas também reconhecer e sujeitar-se à vontade de Deus e ao meio que o Senhor instituíra para ter comunhão com a Sua criatura.

É que não basta o reconhecimento de que Deus é Deus ― é necessário estarmos dispostos a sujeitarmo-nos ao Seu querer. E se para tanto se torna necessário render-Lhe o nosso querer e os nossos bens, então façamo-lo. Esta foi a atitude de Abel ― trouxe dos primogénitos das suas ovelhas. E ao avançar esse passo de fé, exemplo de todos os fiéis que se lhe seguiriam, Abel alcançou o favor de Deus ― o Senhor não atentou apenas para a sua oferta: atentou também para ele: e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta.

 

4. A Páscoa Moisaica

O quarto momento é a Páscoa que Deus instituiu através de Moisés.

Uma vez mais, na cerimónia do Pesah, a Páscoa judaica, está presente a ideia central da Páscoa, ideia divina ― Deus ama a Sua criatura e quer ter comunhão com ela. Esta comunhão é possível apenas e só por um único caminho: a obediência ao Senhor, a submissão da nossa vontade ao Seu querer. Esta comunhão só é possível com a receita divina. Nenhum outro meio nos restabelece a ligação perdida.

E tomarão do sangue do cordeiro e pô-lo-ão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem; e aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós e não haverá entre vós praga de mortandade. (Êxodo 12:7, 13).

E uma vez mais, a presença do sangue de uma vítima inocente a pagar o preço do resgate. Uma vez mais, a certeza de que a comunhão com Deus e o favor do Senhor são possíveis. Mas que nos traz de novo esta Páscoa? Muita coisa ― porque momento após momento, Deus vai desenrolando o rolo do plano da Sua ideia…

Agora, a Páscoa não se circunscreve a um punhado de homens e de mulheres que vão transmitindo a lembrança de um sacrifício.

Agora, a Páscoa estende-se a cada família de toda uma nação. A Páscoa judaica tem significado porque ela é o elo comum a todas as famílias que compõem a nação.

Mas ela lembra também a libertação da servidão de uma terra rica de bens materiais e culturais. Ela lembra que a sorte do povo não está naquilo que o mundo pode oferecer mas na entrega incondicional à promessa divina. A Páscoa judaica lembra a caminhada para uma terra prometida por Deus, onde o povo iria ter a oportunidade de ver o que Deus pode fazer quando alguém está disposto a render-se à visão de Deus.

Moisés recusou o título de honra de ser filho da filha de Faraó. Faraó era divino, era filho de Ra, o Deus Sol. Por isso, se chamava Fa-ra-ó. Ou, por outras palavras, Moisés recusou ser filho de um deus, mas de um deus menor e preferiu ser escravo do Deus Altíssimo, o Todo-Poderoso.

E na Páscoa judaica, Deus Jeová nos diz que não basta submeter-nos ao meio estipulado por Deus mas que temos de estar dispostos a voltar as costas às certezas deste mundo para nos entregarmos plenamente às ilusões e aos sonhos divinos. Porque para os Egípcios, Moisés corria atrás de uma miragem, mas a miragem que Moisés perseguia era uma miragem divina ― permaneceu firme como vendo o invisível.

 

5. A Páscoa de Cristo

O quinto momento da realização desta ideia divina da Páscoa encontramo-lo há cerca de dois mil anos, na Páscoa vivida por Cristo.

Sabendo que não foi com coisas corruptíveis como prata ou ouro que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes de vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado. (1 Pedro 1:18-19).

Pedro sabia do que estava a falar. Sabia que a morte de Cristo na cruz introduzia na história humana este quinto momento da ideia divina da Páscoa. Ele sabia que a morte de Cristo tinha um valor expiatório, substitutivo.

E uma vez mais, o sangue está presente. E uma vez mais, uma vítima inocente. E uma vez mais, um sacrifício instituído por Deus e que agradava totalmente ao Senhor Altíssimo. Uma vez mais, a confirmação de que a comunhão com Deus não só é desejável como possível. E possível porque foi ordenada e instituída pelo próprio Deus.

Mas que novidade nos traz esta Páscoa? Agora, a Páscoa não é exclusiva nem limitada a uma só nação. Ela é extensiva a todo o indivíduo que pessoal e individualmente se queira aproximar de Deus.

Agora, esta Páscoa diz-nos que não temos de estar dependentes da nossa provisão, indo buscar um cordeiro ao nosso rebanho, mas estamos antes dependentes da provisão de Deus que forneceu Ele mesmo o cordeiro necessário, suficiente e agradável.

Agora, esta Páscoa diz-nos que não basta estarmos dispostos a voltar as costas às certezas deste mundo para nos entregarmos plenamente às ilusões e sonhos divinos. É necessário agora que essa entrega seja fruto de um acto de amor. Porque é o amor que deve reger a nossa vida: “Um novo mandamento vos dou, que vos ameis uns aos outros”. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos ― se vos amardes uns aos outros”. Porque o amor foi a motivação e a base da entrega pessoal de Jesus.

Agora, esta Páscoa diz-nos que, embora o centro da nossa Páscoa deva ser sempre o Senhor Deus, esse centro estará incompleto se na Páscoa não tivermos presente também o ser humano. Agora, cada ser humano não me é mais estranho ― é meu irmão! Em Cristo, não há judeu, não há gentio, não há rico, não há pobre, mas Cristo é tudo em todos. (Colossenses 3:11).

Agora, esta Páscoa diz-nos que, mais do que nunca, o Homem deixou de estar sozinho, porque Jesus é Emanuel, porque Deus Se identificou connosco na nossa pobreza e no nosso sofrer.

Agora, a Páscoa não tem significado se o amor que dizemos ter a Deus não se revelar um amor convertido em acções práticas, direccionadas para o nosso semelhante.

 

6. A Nossa Páscoa Presente e Individual

O sexto momento da concretização da ideia divina da Páscoa é a nossa Páscoa presente e individual que cada um de nós vive, é a Páscoa do Pacto da Graça, em que vivemos.

Que dizer desta Páscoa? É a Páscoa vivida na base da resposta que cada um de nós deve dar à mais importante de todas as perguntas: quem é Cristo para mim?

Se para mim, Ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo, não apenas numa resposta remota e passada, de circunstância talvez, mas no reconhecimento diário e constante, momento após momento, então poderei dizer que estou a deixar Deus realizar em mim este Seu sexto momento da Sua ideia da Páscoa.

É que a Páscoa que cada um de nós deve viver é aquela em que Cristo e não nós, é o centro dos nossos interesses e motivações, em que procuramos viver a certeza de caminhar em direcção à estatura de varão perfeito em Cristo Jesus.

Se isto se verificar, então podemos dizer que esta Páscoa traz algo de novo. É que ela é uma Páscoa que se realiza momento após momento, dia após dia.

Então, esta Páscoa diz-nos que a Páscoa é extensiva a toda a Humanidade porque em cada esquina, em cada ocasião, estará sempre à mão do desesperado sem Cristo, uma possibilidade de salvação através do sacrifício voluntário de todo e qualquer seguidor de Cristo.

Rogo-vos, pois, irmãos, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional (Romanos 12:1-2).

Então, esta Páscoa diz-nos que não basta que a nossa entrega a Deus seja fruto de um acto de amor. É necessário que cada um de nós esteja disposto a ser um sacrifício vivo, à semelhança do Cristo Cordeiro de Deus dado em resgate de nós.

Páscoa, sem entrega e sacrifício não é Páscoa. Nesta Páscoa da Graça divina, estejamos dispostos a entregar-nos como sacrifício de expiação para salvação do homem, nosso semelhante, ainda que à custa daquilo que mais prezamos. O caminho da cruz não é fácil ― Jesus nunca disse que seria.

Porque só quando entrarmos por esse caminho, podemos ter a certeza de que estaremos também presentes no sétimo momento da ideia divina da Páscoa.

 

7. A Páscoa da Eternidade Futura

E esse sétimo momento é na eternidade vindoura, quando se realizarem as Bodas do Cordeiro e em que estaremos para sempre com o Senhor.

Aí, não haverá dor, nem pranto, nem doença, nem morte. Aí, Deus irá concluir todo este processo iniciado ainda antes da fundação do mundo.

Essa é a nossa meta. É para lá que Deus aponta. Mas enquanto não chegamos, temos de viver a Páscoa que é nossa ― a Páscoa da Graça de Deus.

Que esta estação pascal deste ano (e refiro-me a todo o ano corrente e não apenas à semana pascal) seja vivida, momento após momento, com a manifestação do Cristo vivo e ressurrecto, Páscoa nossa, na nossa vida.

Porque não é apenas hoje, mas em todos os dias que deve soar o nosso grito triunfante: Cristo vive! Cristo vive! O Senhor ressuscitou! Ele ressuscitou no meu coração! Ressuscitou verdadeiramente o Senhor!

 

“Tempos Difíceis”: Um Libelo Contra o Materialismo

“TEMPOS DIFÍCEIS”: UM LIBELO CONTRA O MATERIALISMO

Agora, o que eu quero é, Factosolidariedades. Não ensinar a estes meninos e meninas outra coisa senão Factos.”1 Thomas Gradgrind, a personagem central do romance Hard Times de Charles Dickens definia assim, desde o princípio, o tipo de educação materialista que as crianças iriam ter na Inglaterra do século XIX.

Thomas Gradgrind é um educador que crê somente nos factos que podem ser demonstrados. Leva os seus dois filhos, Thomas e Louisa por uma atmosfera sombria materialista que vai afectar para sempre as suas vidas. Faz mesmo casar a filha com um homem muito mais velho, mas rico.

O romance clássico de Dickens, Tempos Difíceis, é uma acusação contra a falta valores éticos, sociais, que estruturaram também, negativamente, a Revolução Industrial no século XIX. Dickens procurou defender valores cristãos com este romance profundamente preocupado com a infância e a vida familiar, a exploração do trabalho infantil e os baixos salários e a miséria.

No pano de fundo da Inglaterra de então, na era da industrialização, passou também a subversão da religião cristã, limitando-a a uma estrutura dirigida para os ganhos materialistas, como hoje. É o retrato do homem sem escrúpulos que faz do lucro um instrumento cego para destruir o próximo e sobre as ruínas deste erguer impérios financeiros.

O autor inglês fala também de Economia sob o ponto de vista do lucro e da injustiça, do enriquecimento de uns poucos contra a pobreza de milhares.

Embora seja um romance que, segundo a crítica literária, esteja acima de rótulos, escolas e catalogações, diria que é um libelo cristão, com o melhor do cristianismo na área social: o “amai-vos uns aos outros”.

Para fazer prevalecer este dogma necessário, apresenta-nos e enfatiza os efeitos da sociedade dominada pelos deuses da produtividade e dos lucros.

Uma das personagens pergunta, dramaticamente a outra: “Have you a heart?” (Tu tens coração?)

Alguém escreveu, como sinopse deste romance libelo, o seguinte: “Hard Times retrata Coketown, um vermelho-tijolo da cidade industrial típica do norte. Nas suas escolas e fábricas, crianças e adultos estão enjaulados e escravizados, sem liberdade pessoal, até seu espírito está quebrado.”

O empobrecimento colectivo para fazer crescer a economia de poucos, é um dos factos com que construiu (destruiu, afinal) a vida, a família, o personagem- chave do romance, Thomas Gradgrind.

No dia em que está sentado no seu escritório, e o barulho da chuva a bater nos vidros lá fora não conseguia abstraí-lo, Louisa entra e interrompe o fio dos seus pensamentos para o questionar com o que ele lhe fez: “Onde estão os sentimentos do meu coração? O que o senhor me fez, ó pai, o que o senhor me fez, com o jardim que deveria ter florescido no meu coração onde há agora um grande deserto!” 2

O pai estava a escrever sobre o Bom Samaritano que foi um Mau Economista. E esta ideia errada da personagem sobre a parábola bíblica é a justificação para defender que a caridade e o amor ao próximo não conferem lucros nem são boa política económica. A caridade não faz crescer a economia.

A história dos textos económicos enfatiza sempre que todas as facetas da sociedade humana se regem pelo interesse individual, o individualismo do homem e a maximização dos lucros continuam a prevalecer. E os investimentos no que é pertença do interesse próprio de cada um.

Quando Gradgrind está a escrever sobre o bom samaritano ter sido um mau economista, está a propor que, de acordo com as teorias económicas e a sua, sobretudo, o altruísmo é uma anomalia.

É a subversão da Bíblia do senhor Gradgrind com uma leitura enviesada e que faz parte de um fenómeno cultural – como lhe chamaram – do pensamento utilitarista. E a resposta de Charles Dickens é o romance Hard Times referindo a parábola do Bom Samaritano como programa necessário para repôr a fraternidade, o auxílio aos pobres, para a sua época, contra o interesse utilitário e os mercados que já estavam a impor as suas regras. Por exemplo, manter em baixa os preços dos cereais para não se aumentar o salário aos trabalhadores.

“GOOD SAMARITAN WAS A BAD ECONOMIST”3

É um princípio apenas proclamatório, mas gera uma crítica à atitude do bom samaritano e coloca em causa a fraternidade cristã.

O bom samaritano fez um investimento que, segundo o conceito individualista do lucro, não lhe renderia quaisquer dividendos. Pior, era um “desinvestimento” a longo prazo. Era uma perda.

O denário (danarius), moeda romana, pagava um dia de salário. Dois denarii (no texto grego de Lucas: denária) era uma quantia considerável. Há uma referência bíblica para os tempos da fome no livro de Apocalipse (6:6) que lhe marca a importância como um preço exorbitante: “Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário”

Os argumentos arrolados pelos críticos da ação do Bom Samaritano da parábola ética de Jesus, não seriam produto de nenhuma lógica mas do individualismo e falta de caridade. O Bom Samaritano, que ia de viagem, usou primeiro da sua caridade e do seu despojamento pessoal ao não recear tocar com suas mãos no homem moribundo, depois usou dos meios que possuía presentemente – o animal que transportou o ferido, só depois usou bens financeiros: o dinheiro que entregou ao hospedeiro para, nos dias futuros, o homem que salvou da morte certa poder ser bem tratado e recuperar para a vida. E deixou lavrado o que terá feito dele “mau economista”: o que for gasto, “eu pagarei quando voltar”.

Não pensou em custos, não pensou em rendimentos, não impôs juros ao pobre homem encontrado, à beira da morte, no caminho.

As leis do Bom Samaritano4

Tal atitude fez história, não apenas no Evangelho de Lucas, mas universalmente nas legislações em benefício do próximo e no âmbito das organizações não governamentais.

Com efeito, as chamadas leis do Bom Samaritano oferecem não apenas proteção legal aqueles que dão assistência a feridos, doentes, incapacitados, como encorajam as pessoas a oferecer a sua assistência. Enquadrando-se nas leis civis de qualquer Estado de Direito, têm também o efeito legal de exigir o dever do socorro ao próximo.

 

João Tomaz Parreira

Colaborador

Aveiro

 

Publicado na revista “Novas de Alegria”, setembro 2013

 

1 Hard Times, Charles Dickens, Penguin Classics, pág.9; 2 Op.cit, pág. 215; 3 Bom Samaritano que um Mau Economista (tradução livre); 4 Good Samaritan Laws

JUSTIÇA HUMANA versus JUSTIÇA DIVINA

JUSTIÇA HUMANA VERSUS JUSTIÇA DIVINA

Amílcar Ribeiro

MarteloNa segunda carta que o apóstolo Paulo escreve a Timóteo (2:15), recomenda-lhe que se apresente a Deus como trabalhador da palavra da verdade, a fim de a utilizar correctamente para si e para os outros. Daqui resulta a exigência do seu estudo dedicado, que decorre da ideia de obreiro, e a da sua devida interpretação e aplicação, a que não pode, obviamente, ser indiferente a sua revelação pelo Espírito de Deus.

Esta ideia implica a de comunicação com alguém por via da palavra, e que todo aquele que tem por utensilagem de trabalho a comunicação verbal ou escrita, necessita de a transmitir de modo a que seja compreendida pelo seu interlocutor com o mesmo sentido com que foi emitida. A não ser assim, poderá o leitor ou ouvinte entender a mensagem de modo diverso da pretendida pelo seu autor e, assim, perder-se a comunicação. Um dos obstáculos suscitados na comunicação consiste na inevitável utilização de conceitos indeterminados, vocábulos de uso corrente que aparentemente se consideram de apreensão imediata, mas que, na verdade, carecem de preenchimento para que emissor e receptor os entendam do mesmo modo.

O título da presente reflexão é um bom exemplo do que fica dito, pois, parecendo que não necessita de qualquer explicitação prévia, demanda que o seu objecto seja delimitado, para que saibamos do que estamos a tratar.

O que se deve entender por justiça? Parecendo a resposta intuitiva e simples, contudo, muitos pensadores têm empreendido ao longo dos séculos a tarefa de alcançar uma definição que sirva o objectivo de um entendimento comum e pacífico do conceito, mas sem o terem logrado.

Agostinho, bispo de Hipona nos séc. IV e V d.C., escreveu na sua conhecida obra Confissões acerca do tempo: “Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem, quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei.”

O mesmo se pode dizer a respeito do conceito justiça. Todos pretendemos saber o que é, mas se nos perguntarem o que é, já não sabemos explicar. Diremos, de forma simplificada e não rigorosa, apoiando-nos no entendimento de Aristóteles, que justiça consiste em tratar igual o que é igual e diferente o que é diferente, na medida da diferença. Mesmo este conceito não está isento de críticas. A esta ideia poderá adicionar-se a clássica que entende a Justiça como: atribuir a cada um aquilo que é seu (de direito).

Sob o ponto de vista da sociedade humana, a justiça é um ideal absoluto para que tende o direito, mas que não alcançará, porquanto é produto de homens e mulheres limitados e imperfeitos e o sistema jurídico que constroem reflecte essas deficiências.

Justiça humana? Que civilização consideramos? Ora, mesmo os ordenamentos jurídicos das sociedades ocidentais na actualidade contêm diferenças entre si, que podem ser profundas em relação a valores vigentes em nações orientais. E a justiça humana compreende campos de aplicação de direito muito diversificados dentro do mesmo ordenamento.

E quanto ao conceito de justiça divina, constatamos que a ideia de Deus varia consoante os povos e as latitudes. Uma é a ideia de matriz judaico-cristã, outra é a de matriz islâmica.

Assim, para delimitarmos o nosso objecto, consideraremos a justiça no sentido exposto, sociedade humana a actual e ocidental, divina a de matriz judaico-cristã.

A justiça não se confunde com a lei nem com o direito. Aquela é o ideal para que tendem o direito e a lei, sem o alcançarem. O direito é servido por um sistema de normas escritas, mas também por princípios não escritos, que se destinam a ordenar uma certa sociedade segundo um determinado modelo. Este modelo poderá tender para a justiça, como conceito ideal, mas também poderá ser produzido para servir outros fins e, assim, a lei pode não reflectir nem o direito, nem a justiça.

De fins não serventuários da justiça resultam leis injustas. A respeito destas, poderemos recordar, a título de exemplo, as leis nacional-socialistas. Se o fim da justiça é a pacificação da sociedade e a resolução dos litígios, devemos ter sempre como objecto o homem em sociedade para a sua realização. Contudo, frequentemente os mais poderosos conseguem impor os seus interesses particulares em prejuízo dos gerais, por meio de leis produzidas para alcançar os fins que lhes interessam.

Todo o indivíduo tem uma noção empírica e pessoal do que é a justiça, o que tem dado origem à procura da sua fonte última. A noção de justiça confunde-se com a de direito positivo. É este um mero produto da razão humana ou tem uma origem transcendental? Há quem defenda que o direito não é mais do que aquilo que os homens querem que ele seja. Outros, que a justiça é um bem de origem divina, que vem inscrito já no espírito do homem desde o seu nascimento e que este se limita a descobrir, não alcançando, contudo, a sua completude, para depois o positivar.

Do exposto, resulta que a justiça humana é inelutavelmente imperfeita, quer na produção e sistematização das normas que constituem o sistema jurídico a que qualquer cidadão está obrigado a obedecer, quer na sua interpretação e aplicação pelas instâncias jurisdicionais. É recorrente os tribunais proferirem decisões consideradas injustas pelo comum das pessoas por excessivas ou por demasiado benevolentes ou mesmo decisões de primeira instância que são modificadas em sede de recurso. E, no entanto, nada disto deve ser considerado estranho à aplicação e interpretação das normas, porquanto os diferentes julgadores podem ter delas entendimentos diversos na procura da melhor solução jurídica. Continuará de igual modo a acontecer que pessoas sejam condenadas de forma injusta, outras indevidamente absolvidas por insuficiência de prova produzida para a condenação, testemunhas que alteram de modo consciente a verdade dos factos, continuará a haver uma justiça para os mais poderosos ou mais ricos e uma justiça para os socialmente mais débeis.

Em sentido contrário, a justiça de Deus é perfeita, porque é um dos Seus atributos, transmitidos na Sua revelação, a Bíblia. Nela, Deus é “o que faz justiça, o juiz de toda a terra” – Gn. 18:25, “é justo e recto” – Dt. 32:4, “a morada da justiça” – Jr. 50:7, “justiça e juízo são a base do teu trono” – Sl. 89:14.

Concordamos com Calvino, quando declara que a vontade de Deus constitui o padrão da Sua justiça. Este é o seu fundamento, pois não encontraremos outro acima dele. Os homens têm procurado encontrar qual o prius de onde deriva a ideia de justiça, sem o terem encontrado inequivocamente, mas a vontade perfeita de Deus é essa fonte última.

Por natureza, nada lhe pode ser ocultado. Se ao juiz humano não é possível fazer prova de tudo o que está no segredo daquele que está a julgar, porque este nada declara, não o podendo condenar se não existir qualquer prova complementar, do juiz de toda a terra tudo é conhecido. A sua natureza é a perfeição. Como a imperfeição não pode coexistir com a perfeição, todos os membros da comunidade humana são culpados. Se à justiça dos homens está vedado condenar um culpado em substituição de um inocente, na Sua sabedoria infinita Deus estabeleceu uma forma de justiça de substituição, para que houvesse a possibilidade de o culpado arrependido ser perdoado. Esta justiça substitutiva é Jesus Cristo, o inculpável, que leva a condenação daquele que, estando já julgado, espera o cumprimento da pena de separação definitiva da graça de Deus. Uma coisa apenas é necessária: aceitar essa substituição. Ela é eficaz e suficiente perante a perfeita justiça divina.

MAIS QUE TUDO

Jesus2 Jesus é único, singular, exclusivo e superior. Não tem comparação. Não é o maior, é inigualável. Como escreveu Augusto Cury, Ele é inconstrutível pela inteligência humana, ou seja, não poderia ter sido inventado se não existisse. Ele é parte da nossa História – diria mais – Ele é o centro da História e a razão dessa História. Ninguém como Ele foi e continua a ser tão controverso, provocando tanto reboliço e reações tão veementes. Alguns dos principais dos religiosos do Seu tempo acusaram-no de ser o demónio em pessoa, mas, pelo contrário, muitos outros adoraram-nO como Deus, como Senhor e Salvador, muito mais do que um Mestre ou um líder. Mas nunca disse nem poderá dizer mais e melhor sobre Ele do que o que Ele mesmo falou. Jesus apresentou-se como Deus entre nós, tendo colocado o âmago da Sua existência e da Sua presença entre nós, precisamente na evidência da Sua identidade.

A diferença de Jesus começa em quem Ele é, na Sua natureza, na Sua identidade. O resto é apenas decorrente de Quem Ele é. Não é possível em coerência estar disposto a aceitá-lO como um grande Mestre, um exemplo, um modelo, um líder espiritual, e não aceitá-lO como Senhor, como o Filho do Deus Criador – o único Deus verdadeiro.

Jesus distingue-se de todos os restantes porque falou como nenhum outro, porque a exigência moral que nos apresenta é inexcedível, nada mais, nada menos do que a perfeita santidade, sendo que Ele mesmo viveu em conformidade com esse padrão. Numa sociedade religiosa fundamentalista em termos morais e éticos, detentora e portadora dos dez mandamentos, diante do tribunal mais exigente possível entre os homens, desafiou os Seus detratores a apresentarem alguma falha no Seu carácter, nas Suas atitudes, no Seu comportamento.

Mas Jesus não se limitou a viver e a dizer como devemos viver, Ele dispôs-se a morrer por todos os que fracassam, sendo que perante Ele não há um justo nem um sequer. Não morreu para absolver-nos porque isso seria pouco, não deixaríamos de ser quem somos e perante o tribunal divino estaríamos sempre em falta. Ele veio para redimir, para expiar, para salvar, para ser o nosso substituto, para se apresentar em nosso lugar diante de Deus. Mas a Sua morte vicária também significa a possibilidade de uma transformação no íntimo que a religião, a educação, a filosofia ou a política, a ciência ou a tecnologia, nunca poderão alcançar. Jesus chamou-a de novo nascimento, nascermos de Deus e assim sermos feitos Seus filhos – isso é o que somos em Jesus Cristo. De Filho único tornou-se o primeiro, sem nunca perder a Sua singularidade, de uma multidão incontável de filhos do Pai. “Ele veio para seu povo, mas eles não o quiseram. Mas houve os que o quiseram de verdade, que acreditaram que ele era o que afirmava ser e que fez o que disse ter feito. Ele fez seu povo, os filhos de Deus. Filhos nascidos de Deus, não nascidos do sangue, não nascidos da carne, não nascidos do sexo.” (João 1:10-13 – paráfrase “A Mensagem”)

A vida de Jesus entre nós é diferente de todas as demais desde o Seu nascimento, à Sua morte, ressurreição, ascensão aos céus e promessa de segunda vinda em glória para dar início à plenitude do que veio concretizar, em novos céus e nova terra. A Sua existência é um permanente milagre. Jesus viveu na estrita dependência do Pai e no poder do Espírito Santo. Todos os milagres fazem parte da Sua essência e são sinais, evidências da Sua identidade divina e do Seu propósito salvador. Jesus não apenas nos ensinou a viver, mas é a própria vida que somos chamados a viver. Viver por Ele e para Ele. A Sua exigência é absoluta, radical, mas nenhum como Ele nos dá a mão quando fracassamos, quando falhamos. Não há lugar à frustração nem à condescendência.

A crise que vivemos é essencialmente de ordem espiritual. Para sair dela, cada um de nós precisa de ver a vida como Jesus a apresentou, amando, perdoando, servindo, recusando o suborno, a corrução, a mentira, a ganância, o egoísmo, a injustiça. Tudo começa com a salvação, a reconciliação com Deus. Por isso somos chamados a viver como embaixadores da parte de Deus recomendando a todos os homens que se reconciliem com Deus e abandonem os seus pecados. Sem Jesus tudo é nada… Jesus é mais que tudo!

 

Samuel R. Pinheiro
www.facebook.com/SamuelRPinheiro

A Bíblia é a Palavra de Deus?

A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS?

Por Fernando Paiva

 

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INTRODUÇÃO

            Este trabalho tem  por finalidade  abordar  o  tema “ A Bíblia é a Palavra de Deus?”.

Muitos nos dias de hoje, têm considerado as questões relacionadas com a fé, como uma brincadeira, e a Bíblia Sagrada como mais um livro. Talvez daí, a proliferação e multiplicidade de religiões sem qualquer fundamento sólido, levando as pessoas a que  melhor se adapta a si e aos seus interesses, sem considerarem seguir O modelo. Mas, a verdade é que após algum tempo acabam por se sentir sós, vazios e abandonados, sem encontrarem resposta às perguntas fundamentais da vida, pois sem O exemplo o homem se sujeita a criar as suas próprias regras.

O mundo ainda tem a resposta e O exemplo a ser seguido, e esse é de facto o Jesus da Bíblia.

Se há uma Boa Nova, essa deverá surgir dos cristãos que sabem em que crêem e porque crêem. Apenas a fé vigorosa nas Escrituras, trás a verdadeira vitória às mais difíceis perguntas da vida.

 

  1. I.       A Arqueologia Bíblica

Ao dar início ao tema proposto, será importante dar ao algum tempo à questão relacionada com a arqueologia bíblica.

A palavra arqueologia provém de dois termos gregos, archaios e logos, que segundo o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea[1] refere que arqueologia é a ciência que estuda os testemunhos materiais deixados pelo homem no decurso do devir histórico. No que concerne à arqueologia Bíblica, esta poderá ser definida como um exame de artefactos antigos, outrora perdidos e hoje recuperados, os quais se relacionam ao estudo das Escrituras e à caracterização da vida nos tempos bíblicos.

Charles C. Ryrie[2], considera que a arqueologia ajuda-nos a compreender a Bíblia. Ela revela a vida nos tempos bíblicos, o significado real de passagens bíblicas obscuras e também a forma de entender as narrativas históricas assim como os contextos bíblicos.

Certamente, que em algumas áreas nem mesmo a arqueologia conseguiu desmontar questões complexas, mas será certo que com toda a segurança as respostas surgiram com o tempo. Pode afirmar-se que até aos dias de hoje não houve um caso sequer em que a arqueologia tenha chegado á conclusão que a Bíblia estava errada. Charles C. Ryrie[3] refere que os arqueólogos demonstram que o grego do NT não era uma língua inventada pelos seus autores como se pensava. Pelo contrário, era de modo geral a língua usada pelo povo dos primeiros seculos da era cristã. Alude ainda, que menos de cinquenta palavras em todo o NT foram cunhadas pelos apóstolos. Os papiros revelaram que a gramatica do NT era de boa qualidade, julgando-a pelos padrões gramaticais do primeiro século e não pelo período clássico da língua grega. Segundo o autor, até à pouco tempo atrás a passagem hebraica manuscrita mais antiga, era datada aproximadamente do ano 900 da era cristã e o AT completo, era cerca de um século mais recente.

 

  1. II.    O Que a Bíblia diz sobre si mesma?

Sobre esta questão poderíamos começar por citar o versículo bíblico em 2 Timóteo 3:16:

Toda a Escrituraé inspirada por Deuseútilparao ensino,paraa repreensão,paraa correcção,paraa educaçãonajustiça,”, a partir deste ponto pode dizer-se que isto significa que Deus, que é verdadeiro, “soprou” a verdade. Charles C. Ryrie[4] lança a pergunta: mas não teria o homem corrompido a verdade enquanto a registava? Ele responde dizendo que não, pois a Bíblia também testifica que os homens que a escreveram foram “movidos (lit., carregados) pelo Espírito Santo”. O texto de 2 Pedro 1:21 diz: ​“porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.”. O Espírito foi o co-autor de todos os livros da Bíblia.

Charles C. Ryrie[5], diz que sem dúvida a Bíblia afirma ser inerrante. Aponta ainda sobre de que maneira se poderia explicar o facto de Cristo ter reivindicado para as próprias letras que formam as palavras da Escritura um caracter permanente: “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra”(Mt 5:18). Diz que o “ i ” é a letra hebraica yod, a menor do alfabeto hebraico. O “til” era um pequenino traço que servia para distinguir certas letras hebraicas de outras. Este era usado em alguns livros, e seria menor que um milímetro! O autor refere que por outras palavras, o Senhor estava afirmar que cada letra ou palavra é importante, e que o AT seria cumprido exactamente como fora escrito em todos os seus detalhes, ou seja, letra por letra, palavra por palavra.

  1. III.      A Inspiração da Bíblia

A característica mais importante da Bíblia não é a sua estrutura e forma, mas o fato de ter sido inspirada por Deus. Não se deve interpretar de modo erróneo a declaração da própria Bíblia a favor dessa inspiração. Quando falamos de inspiração, não se trata de inspiração poética, mas sim de Autoridade Divina. A Bíblia é singular; ela foi literalmente “soprada por Deus“.

Foi já abordado o texto bíblico de 2 Tm 3:16, mas Erwin Lutzer[6] em seu livro 7 Razões Para Confiar na Bíblia, diz que esta é uma das declarações mais explicitas e mais conhecidas das Escrituras sobre a própria origem. Refere ainda que a palavra inspiração com o prefixo “in”, dá a impressão que depois dos vários livros da Bíblia terem sido escritos, Deus terá soprado neles, tornando-os livros “ inspirados”. A palavra grega significa que Deus “soprou”, e o resultado disso foram as Escrituras. Ou seja, a Bíblia metaforicamente falando, é o sopro de Deus.

Podemos assim, confirmar por Ela mesma, que a Bíblia é a Palavra de Deus divinamente inspirada.

Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” (Jo 17:17)

Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação.” (1 Tm 4:9)

Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas.” (Hb 4:12-13)

Para Norman Geisler[7] em seu livro A Inerrância da Bíblia, diz que os autores humanos não eram autómatos. Eles dependiam de Deus. Os autores da Escritura não agiam no vácuo, eles viviam e se moviam e tinham seu coração em Deus, a exemplo de todas as demais pessoas conforme Atos 17:28 “…porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos;”. Refere que muitas das pessoas expressaram sua percepção da presença de Deus, do chamado Divino, de sua santidade, protecção, e de como ele as instava a falar e a escrever a Sua Palavra. Eles sabiam que dependiam de Deus e que tinham por obrigação conhece-lo, ama-lo e servi-lo. Geisler argumenta que O Deus dos autores bíblicos, embora estivesse activamente envolvido com eles, existia por si próprio, era eterno e imutável. Os autores eram dependentes; Deus era independente. Geisler[8] diz que os autores tinham a supervisão especial do Espirito como portadores que eram da palavra profética e apostólica que lhes foi dada no decorrer da composição e da redacção dos livros da Bíblia. O autor lança a pergunta[9]: “Como poderiam os seres humanos, ao escrever com base em sua experiencia pessoal, dispor de critérios para determinação das influências efectivamente provenientes de Deus?” O autor responde dizendo que os autores humanos das Escrituras estavam equipados para a sua missão extraordinária não somente graças aos ministérios comuns do Espirito, mas também em consequência de seus dons especiais como profetas e apóstolos e pelo milagre da inspiração. Graças a esses meios, Deus capacitou os autores humanos a escrever com autoridade.

 

  1. IV.      A Confiabilidade e Infalibilidade da Bíblia

Sobre a confiabilidade e infalibilidade das Escrituras, poderíamos dizer que uma coisa é afirmar que a Bíblia constitui uma fonte basicamente confiável de história e instrução religiosa; outra é sustentar que a mesma é inspirada, exacta e falível.

R.C.Sproul em seu livro Razão para Crer[10], diz que podemos apresentar alguns argumentos a favor da infalibilidade das Escrituras. Segundo o autor esses argumentos poderão ser os seguintes:

- A Bíblico é um documento basicamente confiável e seguro;

- Apoiados neste documento confiável, temos evidência suficiente para acreditar com segurança que Jesus Cristo é o filho de Deus;

- Por ser o filho de Deus, Jesus Cristo é uma autoridade infalível;

- Jesus Cristo ensina que a Bíblia é mais do que geralmente digna de confiança; ela é a própria Palavra de Deus;

- A Palavra, por ter origem em Deus, é absolutamente confiável, desde que Deus é absolutamente digno de confiança;

Em conclusão aos argumentos, com base na autoridade infalível de Jesus Cristo, a igreja crê que a Bíblia seja digna de toda a confiança e infalível.

 

  1. V.         Autenticidade da Bíblia – Jesus Cristo

Erwin Lutzer[11] refere que Cristo confirmou que o tema da Bíblia era a Sua própria vinda. Na controvérsia com os judeus, disse: “ Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5:39). Frequentemente Jesus se referia às Escrituras apontando para Ele mesmo. O autor refere Lutero quando este disse: “Cristo está contido nas Escrituras como o corpo nas roupas”.

Os apóstolos viam Cristo como o centro das Escrituras. Erwin[12] diz que da primeira expressão do evangelho em Gn 3:15 “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” até ao “Vem, Senhor Jesus!” de Apocalipse 22:20, a Bíblia tem uma sequência histórica integrada.

Erwin[13] lança uma pergunta:”Podemos provar que a Bíblia é a Palavra de Deus?” Diz que certamente é possível apresentar diversas razões para aceitar a Bíblia como a Palavra de Deus. O autor diz que talvez um céptico espere um tipo de “prova” impossível de obter.

É verdade que dúvidas sobre a credibilidade das testemunhas, a exactidão de suas declarações, a veracidade dos copistas e dos manuscritos podem sempre ser levantadas. Erwin[14] diz que no caso da Bíblia, a questão da “prova” se torna ainda mais intrigante. Diz ser um livro que não apenas fala de assuntos de história e moral, mas também revela enfaticamente as sutis decepções do coração humano. Remata dizendo, “por isso, a razão mais complente porque creio que a Bíblia é a Palavra de Deus é aquela que está disponível apenas para os que têm o desejo de se submeter à autoridade dela”. Cita Jo 7:17 “​Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”. Sem esse desejo não pode haver o conhecimento. Diz[15] que ficamos convencidos de que a Bíblia é a Palavra de Deus não por meio de pressentimentos subjectivos, mas pela destruição de nossos pressentimentos subjectivos quando nos humilhamos na presença de Deus revelada nas páginas da Bíblia. Revela que finalmente compreendemos que este Livro conta com a dolorosa verdade a respeito de nós mesmos e de nossos relacionamentos com o mundo. As peças da vida subitamente se juntam e somo levados a dizer: “Eu era cego e agora vejo!”.

Podemos afirmar, que a razão porque cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus é a autoridade de Cristo. Erwin Lutzer[16] reforça ainda que muita gente descarta a narrativa do Diluvio, mas Cristo disse: “ Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho do homem.” (Mt 24:37-39). Diz ser interessante que Jesus tenha proferido essa afirmação sobre Noé e o dilúvio com as palavras: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.” (Mt 24:35). Diante disto estamos perante uma decisão e lança a pergunta:  “Cremos nesses críticos que não conseguem aceitar a confiabilidade dos relatos bíblicos, ou cremos em Cristo?” Erwin menciona o livro Cristo e a Bíblia de John Wenham[17] quando refere: “ O futuro Juiz está enunciando palavras de solene advertência aos que no futuro comparecerão como réus no seu tribunal. […] E ainda assim vamos supor que esteja dizendo que uma pessoa imaginaria em uma pregação imaginária de um profeta imaginário arrependeu-se na imaginação, e que ele [o Juiz] vai-se levantar nesse dia para condenar a impenitência real de seus ouvintes reais”. Cristo cria na história de Noé e do diluvio. Deixa a pergunta: Sabemos mais do que Ele?

O autor John Drane[18] em seu livro A Bíblia Facto ou Ficção?, depois de um explanar de ideias relacionadas com Jesus nos evangelhos, aborda a questão da prova da ressurreição e diz que a ressurreição de Jesus foi o que convenceu os primeiros cristãos da verdade de tudo isto. Paulo afirma em 1 Co 15:17 “ E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados.” A ideia de que Jesus ressuscitou da morte é certamente o aspecto mais extraordinário de todas as histórias a seu respeito, mencionadas na Sua Palavra.

John Drane[19] refere o erudito judeu Gez Vermes, ao escrever em seu livro “ O Judeu Jesus”: “ Quando todo argumento tiver sido considerado e pesado, a única conclusão aceitável para o historiador deve ser…que as mulheres que foram prestar a ultima homenagem a Jesus, para sua consternação, não encontraram um corpo, mas um túmulo vazio.”

Diante de tais factos reais expressos na Sua Palavra, o homem nada é diante de um Deus soberano.

Termino citando o profeta Habacuque: “Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.” (Hc 2:20)

CONCLUSÃO

            Em conclusão, ninguém que defenda a inerrância nega que a Bíblia use figuras de linguagem comuns (ex: “os quatro cantos da terra”, Ap7:1). Também não me oponho a que os autores por vezes pesquisaram os factos sobre os quais escreveram. “Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem. Para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído.” (Lc 1:1-4).

Creio, que o produto foi guardado do erro pelo trabalho e supervisão do Espírito.

Também não nego que haja eventualmente problemas com o texto que usamos hoje, no entanto, problemas são diferentes de erros. Na verdade, considerando as declarações que a Bíblia faz a seu favor em termos de inspiração e inerrância, o mais razoável quando confrontados com os problemas, é colocar nossa fé nas Escrituras que se têm demonstrado confiáveis ao longo dos séculos, em vez de confiarmos em alguma opinião humana e falível. O conhecimento humano de muitos desses problemas é limitado e em algumas ocasiões comprovadamente errado.

Sem dúvida, que o tempo continuará a revelar que só a Palavra de Deus não falha.

 

Deus escreve com uma pena que nunca suja, fala com uma língua que nunca erra, age com uma mão que nunca falha”.

C. H. Spurgeon.

BIBLIOGRAFIA

 

DRANE, John. A Bíblia Facto ou Fantasia? Editora Bom Pastor, SP, Maio 1994, Tradução Neyd Siqueira

ERWIN, Lutzer – 7 Razões Para Confiar na Bíblia, Editora Vida, SP, 2001, Tradução Yolanda Krienvin

GEISLER, Norman – A Inerrância da Bíblia, Editora Vida, 2003, SP, Tradução Antivan Guimarães Mendes

SPROUL, R.C. Razão Para Crer – Editora Mundo Cristão, SP, Maio 1986, Tradução Neyd Siqueira

RYRIE, Charles C. – a Bíblia Anotada Expandida, Editora Mundo Cristão, SP, 2006, Tradução Susana Klassen



[1] Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, p.343

[2] RYRIE, Charles C., A Bíblia Anotada – Expandida, p. 1306

[3] Ibidem, p. 1307

[4] RYRIE, Charles C., A Bíblia Anotada – Expandida, p. 1298

[5] Ibidem, p. 1299

[6] LUTZER, Erwin, p. 33

[7] GEISLER, Norman, p.288

[8] p. 304

[9] p. 308

[10] SPROUL, R. C., p.23

[11] p.42

[12] p.43

[13] p.47

[14] p.49

[15] p.50

[16] p. 107

[17] p. 107

[18] p. 151

[19] p. 153

A Bíblia é a Palavra de Deus?

A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS?

por Cândido Carrusca

                                         I.            Introdução.

BíbliaRios de tinta têm corrido nas gráficas. Milhares de horas têm sido gastas em estudos e pesquisas, nas áreas da ciência mais remotas e desconhecidas. Vidas inteiras têm sido dedicadas, à contradição, à afirmação, à contestação. Inúmeros comentários têm sido proferidos por milhares de pessoas leigas ou estudiosas. Mas qual a razão de tanto alarido e alarmismo desde sempre?

De facto, constata-se que em toda a História da humanidade houve, há e haverá espaço para o contraditório no que diz respeito ao mais sublime dos compêndios literários. A Bíblia.

É acerca dela que este pequeno trabalho incidirá. Apresentarei provas inequívocas da sua autenticidade, expondo ideias dos mais famosos escritores da atualidade e não só. No entanto, no fim a decisão caberá a cada um deixar Deus operar na sua vida, através do Espírito Santo que atua na e pela Palavra de Deus.

 

                                      II.            O que a Bíblia diz de si mesma.

Devemos considerar a amplitude da escrita da Bíblia, para ver a importância que as menções proferidas na própria Bíblia têm. Quero com isto afirmar que os escritores do texto Sagrado fizeram afirmações posteriores, citando o próprio texto escrito muitos anos antes, como sendo inequivocamente sagrado.

Mencionaremos alguns escritores que atestam as características mais enfáticas que a Bíblia diz de si mesma. Porém, a característica maior e mais preponderante, encontra-se na vida dos que a aplicam ao seu viver. Desde Norman Geisler a William Nix, passando por Paul Little e Josh Mcdowell muitos apresentam factos impressionantes que fazem ressaltar a autenticidade da Bíblia, e deixam qualquer leitor sem margem para dúvidas de que a Bíblia só pode ter tido origem numa entidade superior ao ser humano. (A Bíblia afirma que essa entidade é Deus)[1]

A Bíblia faz inúmeras referências a ela mesma. O próprio Jesus, em várias ocasiões, aponta para o que nas Escrituras estava escrito a respeito Dele. Mateus 21:42 é uma alusão a vários textos no Antigo Testamento acerca de Jesus.[2]

Depois da ressurreição, (outro facto inquestionável da autenticidade da mensagem da Bíblia) Jesus faz uma descrição completa na viagem para Emaús acerca Dele mesmo, com referências ao que já estava escrito. Em Lucas 24:25-27 Ele não deixa dúvidas que a autenticidade da Sua proveniência estava bem fundamentada nas Escrituras.[3]

O mestre da Galileia declara, em cerca de 92 ocasiões, que o suporte das afirmações por Ele proferidas estavam assentes “nas Escrituras”.[4] Em todas essas ocasiões, fica bem frisado que o ministério do próprio Cristo, não estava suportado sobre uma qualquer ideologia ou filosofia da época, mas sobre o que sobre Ele já tinha sido escrito á anos atrás.

a.      A Bíblia e os outros livros “sagrados”.

Não existe dúvida da autoridade e procedência do livro Sagrado chamado Bíblia (como comprovaremos no decorrer deste trabalho). Essa autoridade é vista nas declarações proferidas nela e acerca dela. Mas só o facto, que a própria Bíblia afirma ser a palavra de Deus, não significaria por si só que o é. Porém, quando os Seus Escritos são confrontados com outros de índole teísta conhecidos, reconhecemos neles o cunho Divino. Eles manifestam, sem qualquer margem para equívocos, a autoridade e procedência deste maravilhoso livro; que é em si mesmo a Santa e Bendita Palavra de Quem o autorizou e mandou redigir, Deus.

Foram muitos os personagens que na Bíblia e por ela, apoiaram as suas declarações em circunstâncias adversas e obtiveram respostas. Mas o personagem mais expressivo contido no relato sagrado é o próprio Jesus.

A este ponto surge a pergunta. Será que é só na Bíblia que encontramos a resposta para a dúvida da humanidade, ou existem noutros registos “sagrados” a forma de chegar a Deus? (notar que a dúvida da humanidade reside no facto de saber como chegar a Deus)

Por incrível que possa parecer, a Bíblia não é o único livro a apontar na direção de Deus através de Jesus. Livros de índole religiosa, tidos como “sagrados”, tais como o Corão, livro sagrado dos islâmicos, atesta de certa forma a veracidade do que está explícito na Bíblia.

“Ó fiéis, quereis que vos indique uma troca que vos livre de um castigo doloroso?

É que creiais em Deus e em Seu Mensageiro, e que sacrifiqueis os vossos bens e pessoas pela Sua causa. Isso é o melhor, para vós, se quereis saber.”[5]

Devemos, no entanto, compreender que a perceção do que para os islâmicos representa Deus, é completamente diferente da mensagem que a Bíblia nos transmite. Também o destino eterno para os islâmicos, é completamente contrário ao apresentado na Bíblia. Se assim não fosse, poderíamos considerar o Corão como mais um dos livros de inspiração divina, o que não sucede. Todos os escritos de inspiração divina, levam-nos Ao Deus do amor total, Ao Deus da cruz, Ao Deus da restauração humana. Sabemos que nenhum destes factos se consegue perceber no Corão.

Por outro lado o alcorão não apresenta a descrição de nenhum facto milagroso, que tenha sido atestado por testemunhas oculares, e que seja autentificado pela ciência hoje; enquanto no tocante à Bíblia, o avançar da ciência em descobertas, testes e provas factuais, cada vez mais confirma os factos milagrosos descritos na Bíblia.

“Embora os mártires actuais do islamismo sejam certamente sinceros com relação ao islão, não têm provas miraculosas de testemunhas oculares de que o islão seja verdadeiro. Não são testemunhas oculares de qualquer coisa miraculosa.”[6]

A Bíblia, no evangelho, apresenta um único propósito para a vinda de Jesus.[7]Ela afirma sem qualquer sombra de dúvida a inequívoca exclusividade que reserva Jesus como O único meio de chegar a Deus. Outras crenças apontam em várias direções, tornando-se difusas nas suas conceções e tendem em ser “politicamente corretas” para não ferir mentalidades que achem nelas algum ponto discordante.

“O hinduísmo acredita em 300 000 deuses. A maioria dos devotos venera ou adora alguns favoritos, mas respeita todos. (…) O hinduísmo não se preocupa com contradições, por conseguinte há muitos caminhos contraditórios para a mesma realidade suprema. (…) Como as outras religiões orientais, o hinduísmo é melhor descrito como uma árvore com muitos ramos diferentes e contraditórios. Considerando que absorveu muitas ideias pagãs, não tem um corpo de doutrinas claramente definido.”[8]

A Bíblia não se preocupa em provocar uma reação agradável nos seus leitores, nem os que fizeram parte interveniente na história nela relatada, escapam à integridade e frontalidade com que o relato Bíblico é exposto. Se bem que o seu propósito é ser em alguns casos contundente nos assuntos abordados, não tendo em vista salvaguardar os personagens intervenientes; mas passar sempre para o lado do leitor, a vontade de Deus que a mandou redigir.

“A inerrância de autores finitos, decaídos e humanos deve ser entendida no contexto das doutrinas ortodoxas referentes a Deus, (…) a vida, o mover deles estava nas mãos do Senhor de todas as coisas, que tudo sabe. Nele depositavam o seu ser.”[9]

A Bíblia é um livro que transmite certezas. Devido à sua objetividade e clareza, sabemos o futuro do género humano. Assim como a História transmite factos reais e inequivocamente irrefutáveis, devido às inúmeras provas neles contidos; a Bíblia transmite certezas para aqueles que nela confiam a fundamentação da sua vida. É incrível ver como ao longo de toda a Bíblia, Deus inspira o relato que nos leva a saber o futuro que Ele tem reservado para nós, sobre a certeza inabalada que o passado pela História nos transmite.[10]

“No islamismo, a salvação vem pelo fazer a vontade de alá, o que está decifrado em “cinco pilares”. No dia do julgamento alguns serão consignados para o inferno e outros para um paraíso repleto de delícias sensuais. Os adoradores de outros deuses (que não sejam de alá) irão sem dúvida para o inferno; mas ninguém, nem mesmo um muçulmano dedicado, pode saber com certeza qual o seu destino eterno. A pessoa só pode esperar que no dia do julgamento o bem venha a exceder em valor ao mal.”[11]

Pela verdade Bíblica torna-se sabido que a salvação vem pelo crer na boa nova, de que Jesus morreu e ressuscitou.[12]Pela Bíblia, ficamos a saber sem sombra de dúvida como deveremos manter a nossa vida, de modo a preencher os requisitos de Deus, tendo assim a certeza da vida eterna com Ele. Pela Bíblia, já hoje podemos ter a certeza de como será a nossa eternidade.

b.      A afirmação inequívoca da veracidade Bíblica.

A certeza inequívoca da inspiração da Bíblia por Deus é um dado assente em pilares inquebráveis. Muitos foram ao longo da História as tentativas de destruir estes pilares e descredibilizar este compêndio divino.

“No ano de 303 A.D, Dioclécio ordenou que todos os exemplares da Bíblia fossem queimados. (…) Durante os dois séculos em que o papado teve poder absoluto na Europa Ocidental (1073-1294), os líderes nacionais começaram a colocar o credo acima da Bíblia. Essa não foi uma tentativa de destruir a Bíblia, mas apenas de rebaixá-la a uma importância menor, subjugando-a a um poder maior. (…) Um dos últimos grupos que desejam destruir a bíblia são os ateus. Através de Lenine, Stálin, Hitler, Mao Tsé Tung, Pol Pot e tantos outros, o ateísmo continua a perseguir a bíblia e os cristãos em vários países como a China, Vietname, Coreia do Norte, Cuba”[13]

No entanto, todas as tentativas de destruir a Bíblia goraram. De facto estas tentativas que visavam destruir a sua mensagem central, Cristo; foram vaporizadas pelo tempo e a inercia que a temporalidade de quem as proferiu lhes confere. Lembramo-nos por exemplo de Voltaire.

Quando o famoso francês Voltaire morreu, em 1778, predisse que no prazo de 100 anos a partir de sua época, o cristianismo estaria extinto. Ao invés disso, apenas vinte e cinco anos após sua morte, a Sociedade Bíblica Inglesa e Estrangeira foi fundada, e as mesmas impressoras que haviam imprimido a literatura infiel de Voltaire tem sido usadas desde então para imprimir a Bíblia.[14]

Mas a mensagem da Bíblia permanece, não só pela mensagem em si, mas também porque Quem proferiu essa mensagem, vive para a preservar.[15]

“A característica mais importante da Bíblia não é a sua estrutura e a sua forma, mas o facto de ter sido inspirada por Deus. Não se deve interpretar de modo errado a declaração da própria Bíblia a favor dessa inspiração.”[16]

A Bíblia é verdadeira. Não podemos ter receio de a confrontar com o que quer que seja. Toda a afirmação verdadeira é suportável por si mesma, daí quanto mais a Bíblia for confrontada com as dúvidas existentes, mais verdadeira e coerente se apresenta àquele que se debruça sobre ela. Contamos com os nossos sentidos para colocar à prova a veracidade da Bíblia.

“A afirmação verdadeira pode ser verificada empiricamente por meio de um ou mais dos cinco sentidos.”[17]

Com a legitimidade que a minha vida confere, afirmo com toda a força dos meus pulmões, para todos os que quiserem ouvir, que a prova máxima da autenticidade da Bíblia sou eu mesmo. É o testemunho que a minha vida projeta que autentifica o que nela é encontrado da Bíblia. A vida de cada leitor da Bíblia deve tornar-se em si, uma outra Bíblia, a qual todos podem ver e ler.

É por meio dos sentidos que tomamos conhecimento de Deus e da Sua Palavra, e é também por meio dos sentidos que atestamos a experiência pessoal com Ele; e isso nada nem ninguém nos pode tirar.

O cepticismo, à volta da veracidade da Bíblia, reside no facto de que pessoas que não pretendem deixar que a Palavra de Deus, e O Deus da Palavra, interaja com eles; se vejam confrontadas com o que para eles é desconhecido. O Desafio fica em jeito de orientação judicial; provem a Sua inexistência, visto que a existência está por demais provada. No entanto, a Bíblia está cheia de evidências que demonstram a sua autenticidade.

                                   III.            As evidências da Bíblia.

Quando se fala em evidências, seja da Bíblia ou de outra coisa qualquer, existe a necessidade de suportar com provas factuais essas mesmas evidências. Por outras palavras, o que a evidência faz é proclamar, empiricamente, as provas reveladas acerca do assunto sobre as quais as mesmas foram analisadas.

David Hume faz uma declaração inquietante ao concluir a sua obra Inquiry Concerning Human Understanding (inquérito sobre a compreensão humana) acerca da veracidade da Bíblia, que pode demonstrar como a sociedade olha e analisa este compêndio divino.

Se tivermos em nossa mão, qualquer um livro — de divindade ou metafísica, por exemplo, devemos perguntar: “ele contém algum raciocínio abstrato; relativo a quantidade ou números?”. Não. “Ele contém algum raciocínio experimental relativo à matéria e à existência?”. Não. Então, jogue-o no fogo, pois contém apenas sofismas e ilusões.”[18]

Acerca deste comentário do senhor Hume, que muitos têm usado como pretexto para “queimar” a Bíblia, podemos afirmar duas coisas:

1)      Quem afirma que a revelação acerca dos números na Bíblia é abstrata, deverá ter em consideração as imensas afirmações que a mesma faz usando números com firmeza e coerência.[19]

2)      No que diz respeito ao raciocínio experimental, é importante que nos fixemos no alvo primordial que a Bíblia revela para o género humano. A experiência com Deus. Tudo o que Deus quer dar aos que O aceitam como tal, seja nesta vida ou no porvir, é experiência de Quem Ele é.[20]

O que o senhor Hume especula, não deveria produzir nenhum tipo de inquietação na sociedade leiga nem na científica. Sabemos, pela Bíblia e não só, que O autor deste que é o Livro Sagrado por excelência é o criador do universo, e tudo o que ele contém, logo, quem honestamente se debruça sobre os factos verdadeiros, encontrará no fim Deus, visto Ele ser o criador de todas as coisas.

“Se Deus é o autor dos dados científicos e também da revelação comunicada pela Escritura Sagrada, não se pode falar em colocar a ciência verdadeira “acima” da Bíblia.”[21]

As evidências que encontramos, acerca da Bíblia, não estão confinadas a um espaço fechado e hermeticamente intocável, com o risco de se estragar alguma delas, ou de quem as vê não saber interpreta-las. É Deus quem nos manda colocar as Escrituras à prova,[22]e ver que seja dentro ou fora delas, encontramos provas mais que suficientes da Sua veracidade e autenticidade.

a.      Evidência interna.

Devemos, ter em consideração algumas particularidades, que atestam a singularidade da Bíblia, antes de passar às considerações dentro do próprio texto.

“ 1 – Escrito durante um período de mais de 1500 anos.

2 – Escrito durante mais de 40 gerações.

3 – Escrito por mais de 40 autores, envolvidos nas mais diferentes atividades, inclusive reis, camponeses, filósofos, pescadores, poetas, estadistas, estudiosos, etc.:

Moisés, um líder político, que estudou nas universidades do Egipto; Pedro, um pescador; Amós, um boiadeiro; Josué, um general; Neemias, um copeiro; Daniel, um primeiro-ministro; Lucas um médico; Salomão, um rei; Mateus, um coletor de impostos; Paulo, um rabino.

4 – Escrito em diferentes lugares: Moisés, no deserto; Jeremias, numa masmorra; Daniel, numa colina e num palácio; Paulo, dentro de uma prisão; Lucas enquanto viajava; João na ilha de Patmos; Outros nos rigores de uma campanha militar.

5 – Escrito em diferentes condições: Davi, em tempos de guerra; Salomão em tempos de paz.

6 – Escrito sob diferentes circunstâncias: Alguns escreveram enquanto experimentavam o auge da alegria, enquanto outros escreviam numa profunda tristeza e desespero.

7 – Escrito em três continentes: Ásia, Africa e Europa.

8 – Escrito em três idiomas: Hebraico, a língua do Antigo Testamento. Em II Reis 18:26-28 essa língua é chamada “judaica”. Em Isaías 19:18, de “ língua de Canaã”.

Aramaico: a “língua franca” do Oriente próximo até a época de Alexandre o Grande (Séc. VI a.C. – Séc. IV a.C.).

Grego: a língua do Novo Testamento. Foi o idioma de uso internacional à época de Cristo.

9 – A Bíblia trata de centenas de temas controversos. (…) Com harmonia e coerência de Génesis a Apocalipse. Há uma única História que se vai revelando: “A redenção do homem por parte de Deus””[23]

Estes são números que demonstram a realidade incrível como de dentro da própria Bíblia surgem provas estrondosas da sua autenticidade; poderiam servir de resposta ao senhor Hume, mas que aqui são apresentados no intuito de clarificar as evidências internas da autenticidade da Bíblia como relato Sagrado. Nenhum outro compêndio de livros poderia ser tão exatamente comprovado pela história, como a Bíblia.

Uma das evidências internas da veracidade da Bíblia é a falta de uma ciência da atualidade que está muito em voga; a “achologia”. Passo a explicar. Normalmente quando lemos outro tipo de literatura, é frequente encontrarmos a opinião de quem a redige, e palavras como “talvez, penso que, nesse sentido a minha opinião é que …” proliferam no texto, relatando assim pensamentos de quem o escreve com relação a determinado assunto.

No entanto, a Bíblia é isenta dessa “ciência” chamada “achologia”, porque nela não estão as opiniões de quem a escreveu, mas a certeza que o Seu autor é Deus e a verdade que Ele nos transmite através da mesma. A Bíblia faz afirmações com um nível de autoridade, que mais nenhum outro livro faz. A sua autoridade é inquestionável.

“As palavras das Escrituras não precisam ser defendidas; precisam apenas ser ouvidas, para que se saiba que são a palavra de Deus.”[24]

Mas do interior da Bíblia, não quero somente referir a sua autoridade como prova. Daí poderia resultar uma resposta cética, de que a prepotência e o autoritarismo, não poderiam provar, que a Bíblia é a Palavra de Deus. (se bem que na Bíblia não encontramos autoritarismo, nem prepotência, apesar de que alguns poderiam argumentar que sim).

O Espírito de Deus ativo na vida dos que a leem a Bíblia é por si só prova da sua autenticidade. Alguns poderão contestar dizendo que outros livros, de autoajuda ou de carater religioso, também “transformam” vidas. Contudo, a esse respeito observamos duas coisas: primeiro, as mudanças com base nesses meios, nunca são altruístas, ou seja não têm em vista as necessidades alheias; o que é uma grande diferença com o cristianismo verdadeiro promovido com a leitura da Bíblia, que transforma vidas, para que estas sejam usadas para transformar outras vidas. Segundo, as mudanças não aproximam o leitor da entidade alegadamente “divina” que inspira esses escritos. A Bíblia, é o único livro a fazê-lo com genuinidade. Quem lê a Bíblia, aproxima-se definitivamente do seu autor que é Deus.

“A palavra de Deus confirma-se perante os filhos de Deus pelo Espírito de Deus. O testemunho íntimo de Deus no coração do crente, à medida que este vai lendo a Bíblia, é evidência da origem divina da Bíblia. O Espírito Santo não só dá testemunho ao crente de que este é filho de Deus (Rm.8:16), mas também afirma que a Bíblia á a palavra de Deus (IIPd.1:20,21)”[25]

As mudanças que quem lê a Bíblia “sofre”, já eram temidas na antiguidade. Muitas vezes ouvi dizer que quem lê a Bíblia fica louco. O surpreendente desta afirmação é que ela é verdadeira, pois aos olhos da sociedade comum, somos tidos como loucos, tal é o poder transformador desta Bendita palavra.[26]

“A palavra de Deus tem o poder, o dinamismo transformador de Deus”[27]

Sem qualquer margem para dúvida, é por esse poder que Deus trabalha na vida dos que se dispõe a saber acerca de Deus lendo a Bíblia. Esta é a evidência interna mais marcante que o ser humano poderia experimentar. A verdadeira e genuína mudança de vida.

b.      Evidência Externa.

Os céticos poderiam afirmar que o tópico anterior, acerca da evidência da Bíblia ser a Palavra de Deus pela sua prova interna, é definitivamente insuficiente visto que um argumento pode estar logicamente correto, mas mesmo assim não ser verdadeiro em si mesmo, daí precisarmos de provas externas à veracidade da Bíblia.

“Em outras palavras, um argumento pode ser logicamente correto, mas ainda assim ser falso, porque as premissas do argumento não correspondem à realidade.”[28]

Como esta afirmação é verdadeira, a Bíblia “precisa” de estar assente em evidências externas a Ela mesma. De facto, o que não faltam são provas evidenciadas pela ciência de que a Bíblia é a Palavra de Deus.

Uma das evidências externas acerca da confiabilidade da Bíblia pode-se encontrar na arqueologia. Através da qual podemos ter a certeza de que o que a Bíblia afirma de si mesma, e não só (relatos de civilizações, culturas, pessoas acontecimentos, calamidades etc.) é verdade e está provado. Não estamos a apelar à fé para credibilizar a Bíblia, mas ao raciocínio.

“O Dr. W. F. Albrigth, um dos grandes arqueólogos do mundo disse: “Não restam dúvidas de que a arqueologia tem confirmado a substancial historicidade da tradição do velho testamento””[29]

Tida pela maioria como “a descoberta do Séc. XX” os achados do mar morto são uma das provas da arqueologia moderna sobre a autenticidade das Escrituras. Ali, naquelas cavernas nas encostas de Qumran perto do mar morto, Deus preservou intacta a sua palavra, para que hoje, em pleno “reinado” do ceticismo, pudessem haver provas palpáveis de que a Bíblia é de facto a Palavra Dele.

“Os Manuscritos e fragmentos de Manuscritos recuperados nos arredores de Qumran representam um corpo volumoso de documentos judeus, uma verdadeira ” biblioteca “, datando do terceiro século Antes de Cristo para 68 d.C. Sem questionamento, a ” biblioteca” que é o maior achado arqueológico do século vinte demonstra a atividade literária rica do período depois de Cristo.”[30]

Hoje a arqueologia pode satisfazer as mentes dos mais ceticos perguntadores acerca da veracidade da Bíblia. Esta ciência tem estado “ao serviço” da fundamentação lógica e provada da Bíblia.

A transmissão do texto bíblico pode ser rastreada com certa clareza a partir de fins do século II e início do III até os tempos modernos por meio dos grandes manuscritos.[31]

Os arqueólogos não só vieram confirmar a palavra escrita na Bíblia, como vieram trazer uma “nova luz” para que possamos compreender com fundamentos, muitas coisas que tínhamos como dados adquiridos e aceitávamos somente pela fé, mas que agora a ciência mostra que de facto existem provas que tal assim é.

“Graças à pá dos arqueólogos estamos começando a entender o pano de fundo de muita coisa que lemos na Bíblia.”[32]

Poderia encher este trabalho com trechos do que tenho encontrado de provas arqueológicas das evidências dos relatos Bíblicos, no entanto não é esse o meu objectivo, sendo que não nos podemos esquecer que o facto da arqueologia ainda não ter provado tudo o que na Bíblia se descreve como verdadeiro, não significa que de facto não o seja. Posso inferir, que as provas existentes chegam e sobram para fundamentar com firmeza o que a Palavra de Deus afirma.[33]

Também não nos podemos esquecer que todos os dias aparecem novos achados, e que em várias partes se fazem esforços para que esses mesmos achados venham à luz do dia. O que hoje é desconhecido, amanhã poderá sair debaixo do manto da ignorância humana, revelando um pouco mais da credibilidade Bíblica.

“… seria uma tolice congelar os pontos de conflito e concluir que a Bíblia está errada. A Bíblia não mudou em 2000 anos, enquanto que, somos somo obrigados a admitir, a ciência é um comboio em movimento. Se se tivesse reconciliado a Bíblia com os pontos de vista científicos em voga há um século, ela ter-se-ia tornado completamente obsoleta nos nossos dias! É muito melhor admitir um aparente conflito e aguardar que apareçam mais evidências.”[34]

É exatamente isto que o crente faz. Delicia-se com as provas existentes, e aplica a sua fé e confiança no que ainda falta aparecer, sabendo que se todas as provas da confiabilidade da Bíblia fossem conhecidas, não haveria lugar para a descrença ou para a fé.

                                   IV.            A objetividade da Bíblia

A Bíblia não tem como objetivo demonstrar a sua própria veracidade. Podemos até afirmar que, nós os que a lemos, é que temos necessidade de fazer a apologia da mesma, visto que, apesar nela se encontrar como vimos provas irrefutáveis da sua veracidade, a mesma não tem como objetivo, afirmar ou comprovar a sua veracidade.

Mas qual o objetivo da Bíblia?

Afinal, um compêndio sobre o qual se tem escrito tanto e que tem movido ao longo dos tempos tantas mentalidades e feito correr tanta tinta, deverá ter em si mesmo um objetivo bastante claro e forte.

A resposta para a pergunta acima formulada dá-se com uma única palavra. VIDAS. A Bíblia foi-nos entregue por Deus para mudarmos a nossa vida e sermos instrumentos nas mãos Dele para que com Ela e por Ela mudemos outras vidas.

Uma mudança de vida, sempre começa, seja em que circunstância for, com uma decisão. É isso que a Bíblia faz, leva o seu leitor a um ponto em que, com a revelação que o leitor alcança com a leitura da mesma, tenha que tomar uma decisão. Crer[35] ou não crer, é a grande questão.[36]

“Se a Bíblia é verdadeira, então Deus concedeu a cada um de nós a oportunidade de fazer uma escolha eterna no sentido de aceitá-lo ou rejeitá-lo. Com o objetivo de assegurar que a nossa escolha é totalmente livre, ele nos colocou num ambiente repleto de provas de sua existência, mas sem a sua presença direta.”[37]

a.      Jesus a evidência máxima da Bíblia.

Desde o livro de Génesis até ao enigmático livro de Apocalipse, a Bíblia apresenta uma figura central e preponderante a toda a Escritura. Jesus Cristo.

Polémico nas suas declarações,[38]Jesus colocou-se acima da lei,[39]Deu novos mandamentos,[40]no entanto, é em torno Dele que todo o texto foi escrito.

As incertezas que muitos querem ver no relato Sagrado, não clarificam, nem dignificam a fiabilidade da Bíblia. Esquecendo-se de todo o rol de evidências, (já mencionadas neste trabalho) colocam as questões meramente racionais e lógicas, sobre a autenticidade de todo o texto Bíblico, e da firmeza que o mesmo transmite ao colocar Jesus como centro de toda a declaração Sagrada.

“Muitos dizem que aceitariam de bom grado o que Jesus ensina sobre a Bíblia, se ao menos soubessem o que Ele de facto ensinou. Contudo, dizem que o acúmulo de erros de tradução, de distorções introduzidas pela tradição oral e pelos escribas não lhes permite saber com certeza o que Jesus realmente disse. Refugiando-se nessa crença, deixam de lidar com as provas oferecidas pelos evangelhos e sentem-se livres para construir a sua teologia dando um tratamento diferente às Escrituras daquele que a investigação Histórica tradicional acredita e ensina. No entanto, por mais que desprezem os detalhes dos registos evangélicos, recorrendo à crítica, só poderão distorcer tudo o que lhes foi apresentado, se rejeitarem praticamente todas as provas.”[41]

Não distorcendo as provas, Manuel Rainho afirma categoricamente a autoridade de Jesus ao colocar-se ao mesmo nível da lei, com o Seu novo discurso. No início do Seu ministério terreno, Jesus não deixa dúvidas acerca do que o movia, nem do que O fundamentava. Não se trata somente de a Bíblia apresentar Jesus que cumpre a própria Bíblia; mas o facto de que Ele contraria a tendência do mundo de então, apresentando uma lei superior aquela que já estava escrita. Notamos nesta “ousadia” de Jesus, a exposição da intenção pela qual a lei (Bíblia) foi dada aos que a leem. O próprio autor explica, revela melhor dizendo, a Sua intenção clarificada para que não possa haver, depois Dele, equívocos acerca da lei já escrita.

“O sermão vai assim mais longe e apresenta-nos uma ética nova, radical no seu pacifismo e contraria à forma natural do ser humano reagir. A lógica do mais forte, típica do mundo clássico, é invertida e os valores mais elevados passam a ser precisamente aqueles que os romanos mais desprezavam. (…) Jesus comete a ousadia de colocar a Sua palavra ao nível da Torah.”[42]

O que não foi compreendido na altura de Jesus, corre o risco de também não o ser nos dias de hoje. Devemos olhar para a lei do Antigo Testamento como a “maquete” que apresenta a “construção” final, com a sua plenitude nos evangelhos que expõe inequivocamente Quem é Jesus. Para acharmos a beleza de todo o compêndio a que chamamos Bíblia; devemos analisar com rigor a vida e mensagem do Seu Autor descrita nos evangelhos.

Jesus que não precisava das escrituras para fundamentar a Sua mensagem, visto que Ele é a mensagem em si mesmo. Não desvirtuando nenhuma característica contida na mesma; Ele coloca-se a si mesmo como “Aquele que é a Palavra”[43]

“… percebemos que o reino de Deus estava fundamentado acima de tudo, na mensagem de Jesus, mensagem que não carecia de qualquer suporte a não ser a autoridade do mensageiro…”[44]

Podemos afirmar com a autoridade que as evidências Históricas conferem, que O Jesus “problemático, controverso, enigmático, etc…”que mudou o rumo e a contagem da História; é em Si mesmo o que hoje é conhecido como a Bíblia. É Nele, que compreendemos a totalidade da essência do texto Sagrado. Podemos afirmar que a Bíblia é Jesus e Este é a Palavra revelada na sua plenitude.

b.      Reação humana à evidência chamada Bíblia.

Este trabalho poderia ter a amplitude e a dimensão de todas as obras literárias de qualquer biblioteca nacional, ou internacional; que diante do ceticismo do descrente, nunca passaria de uma montagem literária, ou especulação filosófica no tocante a este livro magnífico que chamamos Bíblia. Porém, a conclusão é por demais evidente para quem a quer ver. É ensurdecedoramente gritante, para quem a quer ouvir.

Algumas vezes, considerando acerca da defesa da Bíblia e mesmo da fé em Jesus Cristo, afirmo que Deus não se revela de tal forma à humanidade, que seja óbvio demais o facto da Sua existência e consequentemente da Sua aceitação. Mas por outro lado, também não se afasta de forma que não possamos razoavelmente saber que Ele existe, e que interage no nosso viver. Daí o equilíbrio resultante entre Deus e cada ser humano deste planeta, ao qual Deus se revela de forma a deixar “espaço” para uma fé verdadeira e pessoal Nele, e no Seu meio de revelação ao homem (Bíblia).

Para aqueles que olham para as Escrituras deixando esse “espaço”, a conclusão a que todos chegam é óbvia. A Bíblia de facto é a Palavra de Deus. Esta conclusão só é atingida, quando nesse “espaço”, concedido na vida de cada um, o Espírito Santo de Deus trabalha pelas Escrituras.

“Com base em tantas evidências, só se pode chegar a uma conclusão: a Escritura na sua totalidade, o que compreende tanto o Antigo, como o Novo Testamento, é produto divino, embora tenha contado com a mediação humana. É a palavra de Deus e, portanto, dispõe de autoridade total e amplamente funcional para todos os seus propósitos”[45]

Quando o trabalhar do Espírito de Deus começa a produzir os seus resultados na vida de quem lhe concedeu permissão para agir; gera-se, cada vez mais, uma vontade e um testemunho de tal forma evidente e inequívoco, que deixam de ser necessárias as evidências “externas” iniciais que começaram todo o processo.

Podemos assim concluir que o trabalho de qualquer fundamentação apologética, é como o motor de arranque de qualquer carro; uma vez a andar, não faz mais falta no mesmo. A não ser que este pare, e seja necessário, com o tal motor de arranque (apologética), fazê-lo colocar em movimento novamente.

“O testemunho interior não propõe nenhum argumento ou conteúdo novo à evidência encontrada objetivamente na escritura; contudo, opera de tal forma em nosso coração que nos impele a nos submeter àquilo que já se encontra lá”[46]

Este mesmo carro, até poderia fazer uns bons quilómetros só pela força do movimento provocado por esse pequeno motor de arranque. No entanto, o movimentar do carro só existiria enquanto houvesse bateria para alimentar o dito motor de arranque.

Vemos nas evidências, a energia exterior à Bíblia capaz de colocar em movimento, qualquer vida que se chegue a Deus. Contudo torna-se imperativo que o Espírito Santo inflame a Palavra de Deus (Bíblia) e que através Dela, a pessoa se chegue mais a Deus, com uma “energia” produzida dentro de si, através dessa mesma Palavra inflamada Pelo Espírito Santo.

“Há, pois, muitos fragmentos de evidência sobre os quais a pessoa pode basear razoavelmente a sua crença de que a bíblia é a Palavra de Deus. Embora estas evidências sejam úteis, o testemunho do Espírito Santo é que, em última análise, leva a pessoa a crer que a Bíblia é a Palavra de Deus.”[47]

Deus não nos deixou a Bíblia com um conjunto de pistas muito bem esclarecidas, para que não houvesse possibilidade de negação da mesma. Se assim fosse, estaria colocada em causa a capacidade que todo o ser humano tem de escolher Deus, ou não. Mesmo o próprio Deus tornar-se-ia num manipulador que não respeitaria a vontade individual de O aceitar ou não.

A Bíblia é a palavra de Deus. Não importa a forma como a veem, as criticas que fazem Dela, ou a subjetividade a que a mesma possa ser relegada. Antes de qualquer forma de vida neste planeta, já existia a Palavra.[48]

“A Bíblia é a Palavra de Deus, independentemente do que a pessoa pense acerca dela,”[49]

O que se torna importante, não é saber se a Bíblia em si é verdadeira, mas a forma como se reage a Ela, mediante a revelação que a mesma nos faz de Deus.

Conclusão.

Este é o fim que se expunha no princípio deste trabalho. E aqui, na conclusão como na introdução; as palavras são as mesmas. A decisão de aceitar a Bíblia como a inequívoca Palavra de Deus cabe a cada um que a lê. As evidências, internas ou externas; só o serão, se da parte do interlocutor, que se presta a saber o que está escrito na Santa e Bendita Palavra de Deus; se deixar trabalhar pela mesma. De outra forma este livro não terá virtude alguma.

Conheço pessoas que dormem com a Bíblia na mesa-de-cabeceira, para terem um bom sono, outras andam com Ela no carro, enquanto viajam, para não terem acidentes; no entanto desconhecem que este livro não é de forma alguma um amuleto, mas sim a Palavra de Deus. Não é somente para ser lido, mas acima de tudo é para ser vivido.

Na Bíblia está o poder de Deus que transforma vidas. Se houver predisposição a deixar Deus transformar a vida pelo poder contido na Sua Bendita Palavra; haverá sem Dúvidas ou incertezas a convicção de que este maravilhoso livro é a Palavra de Deus.

 

Bibliografia e Web-grafia

Alcorão. fonte, em pdf sem registo de editora nem autor.

Bíblia, Sagrada. Edição   Difusora Freis, Capuchinhos E-Sword. Rick Meyers. 2009.

Bíblia, Sagrada. Edição   João Ferreira D’Almeida Nova Tradução Linguagem de Hoje E-Sword. Rick   Meyers. 2009.

Bíblia, Sagrada. Nova   Versão Internacional E-Sword. 2009.

E.Lutzer, Erwin.   Cristo Entre Outros deuses. São Paulo: Casa Publicadora das   Assembleias de Deus, 2000.

Eduard, Reese & Frank Klassen. Bíblia em ordem   cronológica. São Paulo: Editora Vida, 2003.

Geiseler,   Norman (organizador). A Inerrância da Bíblia. Traduzido por Antivan   Mendes. São Paulo: Editora Vida, 2007.

Little, Paul. Explicando   e Expondo a Fé Saiba porque crê & Saiba no que crê. Traduzido por   Eunice Machado. Wheaton Illinois, U.S.A.: Nucleo, 1980.

Macdowell,   Josh. Evidências que exigem um veredito. Traduzido por João MArques   Bentes. Vol. II. II vols. São Paulo: Editora Candeia, 1997.

Noman, Geiseler & Frank Turek. Não Tenho Fé   Sufuciente Para Ser Ateu. Traduzido por Emirson Justino. São Paulo:   Editora vida, 2010.

Norman, Geiseler & William Nix. Introdução Bíblica   Como a Bíblia chegou até nós. São Paulo: Editora Vida, 1997.

Rainho, Manuel. O   Misterioso Jesus. Lisboa: Grupo Bíblico Universitário (GBU), 2010.

http://blog.invsc.org.br/?p=205.   Acedido em 19-04-2012 ás 17:25

http://www.nbz.com.br/igrejavirtual/qumran/Site1/index.html

http://www.arqueologia.criacionismo.com.br/

http://www.christiananswers.net/portuguese/q-abr/abr-a008.html

http://pt.shvoong.com/humanities/487338-b%C3%ADblia-descobertas-arqueol%C3%B3gicas/



[1] João 1:1 Bíblia, Sagrada. Edição   João Ferreira D’Almeida Nova Tradução Linguagem de Hoje E-Sword. Rick   Meyers. 2009. “Antes de ser criado o   mundo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus.”

Idem   João 14:23 “Jesus afirma ser a mensagem   que quando aceite e obedecida, levará o amor de Deus até aquele que assim   faz”

[2] Jesus cita: O Salmo 118:22 e Isaías 28:16

[3] Jesus cita: Génesis 3:15; Génesis 22:18; Génesis   26:4; Génesis 49:10; Deuteronómio 18:15; Salmo 132:11; Isaías 7:14; Isaías 40:10;   Jeremias 23:5; Jeremias 33:14; Ezequiel 24:33; Ezequiel   37:25; Miqueias 7:20 entre   muitas outras referências que poderiam ser citadas, estas de facto revelam   que Jesus citou a Escritura para falar de si mesmo. Atestando assim a   veracidade da mesma

[4]   Geisler, Noman, & Frank Turek. Não Tenho Fé   Sufuciente Para Ser Ateu. Traduzido por Emirson Justino. São Paulo:   Editora vida, 2010. P.366

[5] Alcorão. Surata 61   – 5156. P.267 (fonte em pdf)

[6] Geisler, Noman & Frank Turek. Não Tenho Fé   Sufuciente Para Ser Ateu. Traduzido por Emirson Justino. São Paulo:   Editora vida, 2010. P.302

[7] João 20:31 Bíblia, Sagrada. Edição   Difusora Freis, Capuchinhos E-Sword. Rick Meyers. 2009. “Muitos outros sinais miraculosos realizou   ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste   livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias,   o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele.”

[8]   E.   Lutzer, Erwin. Cristo Entre   Outros deuses. São Paulo: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2000.   P.52

[9] Geisler, Norman (organizador). A Inerrância da Bíblia. Traduzido   por Antivan Mendes. São Paulo: Editora Vida, 2007. P.271

[10] Mateus 24:37 Bíblia,   Sagrada. Edição Difusora Freis, Capuchinhos E-Sword. Rick Meyers. 2009.

Idem   Lucas 17:26; II Pedro 2:5

[11]   E. Lutzer, Erwin. Cristo   Entre Outros deuses. São Paulo: Casa Publicadora das Assembleias de Deus,   2000. P.54

[12] Romanos 1:16 Bíblia, Sagrada. Edição   João Ferreira D’Almeida Nova Tradução Linguagem de Hoje E-Sword. Rick   Meyers. 2009.Eu não me envergonho do evangelho, pois ele é o poder de Deus   para salvar todos os que crêem, primeiro os judeus e também os não-judeus.

[13] http://blog.invsc.org.br/?p=205. Acedido em 19-04-2012 ás   17:25

[14]   http://blog.invsc.org.br/?p=205. Acedido em 19-04-2012 ás   17:25

[15] Marcos 13:31 Bíblia, Sagrada. Edição   João Ferreira D’Almeida Nova Tradução Linguagem de Hoje E-Sword. Rick   Meyers. 2009.”O céu e a terra   desaparecerão, mas as minhas palavras ficarão para sempre.”

[16] Geisler, Norman &   William Nix. Introdução Bíblica Como a Bíblia chegou até nós. São   Paulo: Editora Vida, 1997. P.9

[17] Geisler, Noman & Frank, Turek. Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu. Traduzido por Emirson   Justino. São Paulo: Editora vida, 2010. P.57

[18]   Geisler,   Noman & Frank, Turek, Não Tenho Fé Suficiente   Para Ser Ateu. Traduzido por Emirson Justino. São Paulo: Editora vida,   2010.

[19] Este espaço seria pequeno para   colocar só no livro de Números as cerca de 31 referências diretas à aplicação   de números, ou contagem direta de pessoas bens ou animais. No entanto ficam   aqui alguns exemplos.

Números   1:32, 34, 36, 38, 40, 42; 3:22, 28, 34, 40, 43; 14:34; 15:12; 23:10; 26:53;   29:18, 21, 24, 27, 30, 33, 37; 31:36 Bíblia, Sagrada. Edição Difusora Freis, Capuchinhos E-Sword. Rick Meyers. 2009.   (Foi somente mencionado o livro que a Bíblia dedica aos números e contagens,   o que revela a importância que a mesma dá ao assunto)

[20] Romanos 12:2 Bíblia, Sagrada. Edição   Difusora Freis, Capuchinhos E-Sword. Rick Meyers. 2009.

[21] Geisler, Norman (organizador). A Inerrância da Bíblia.   Traduzido por Antivan Mendes. São Paulo: Editora Vida, 2007. P.88

[22] Salmo 34:8 Bíblia, Sagrada. Edição   Difusora Freis, Capuchinhos E-Sword. Rick Meyers. 2009. “Provai, e vede que o SENHOR é bom;   bem-aventurado o homem que nele confia”

[23] Macdowell, Josh. Evidências   que exigem um veredito. Traduzido por João Marques Bentes. Vol. II. II   vols. São Paulo: Editora Candeia, 1997. PP. 20,21 (foi tomada a liberdade de   organização do texto)

[24] Geisler, Norman & Nix,
William. Introdução Bíblica Como a Bíblia chegou até nós. São   Paulo: Editora Vida, 1997. P.54

[25] Romanos 8:16 e II Pedro 1:20,21Bíblia, Sagrada. Edição João Ferreira D’Almeida Nova   Tradução Linguagem de Hoje E-Sword.   Rick Meyers. 2009.

[26] ICo.1:18-25 Bíblia,   Sagrada. Edição Difusora Freis,   Capuchinhos “A linguagem da cruz é certamente loucura para os que se perdem   mas, para os que se salvam, para nós, é força de Deus. (…)Portanto, o que é   tido como loucura de Deus, é mais sábio que os homens, e o que é tido como   fraqueza de Deus, é mais forte que os homens.”

[27] Geisler, Norman & Nix,   William. Introdução Bíblica Como a Bíblia chegou até nós. São   Paulo: Editora Vida, 1997. P.54,55

[28] Geisler, Noman & Frank Turek. Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu. Traduzido por Emirson   Justino. São Paulo: Editora vida, 2010. P.63

[29] Little, Paul. Explicando e Expondo a Fé Saiba porque crê   & Saiba no que crê. Traduzido por Eunice Machado. Wheaton Illinois,   U.S.A.: Nucleo, 1980. P.180 (citado por Paul Little do livro de A. Rendle Short, Modern Discovery   and the Bíble (London: Inter-Varsity Chirstian Fellowship, 1949), P 39)

[31] Little, Paul. Explicando e Expondo a Fé Saiba porque crê   & Saiba no que crê. Traduzido por Eunice Machado. Wheaton Illinois,   U.S.A.: Nucleo, 1980. P.147

[32] Macdowell, Josh. Evidências que exigem um veredito.   Traduzido por João MArques Bentes. Vol. II. II vols. São Paulo: Editora   Candeia, 1997. P.455

[33] http://www.arqueologia.criacionismo.com.br/. “A descoberta do Palácio de Davi é fato. O jornal Folha de S. Paulo,   em sua edição de 06/08/05, traz a seguinte notícia: Uma arqueóloga israelense   diz ter descoberto em Jerusalém Oriental o lendário palácio do rei bíblico   Davi.” (acedido a 19-04-2012 ás 23:23)

http://www.christiananswers.net/portuguese/q-abr/abr-a008.html. “A descoberta do arquivo de Ebla no norte da Síria nos anos 70 tem   mostrado que os escritos bíblicos concernentes aos Patriarcas são de todo   viáveis.” (acedido a 19-04-2012 ás 23:23)

http://pt.shvoong.com/humanities/487338-b%C3%ADblia-descobertas-arqueol%C3%B3gicas/.“Várias foram as descobertas arqueológicas que proporcionaram o   melhor entendimento das Escrituras Sagradas.” (acedido a 19-04-2012 ás   23:23)

[34] Little, Paul. Explicando e Expondo a Fé Saiba porque crê   & Saiba no que crê. Traduzido por Eunice Machado. Wheaton Illinois,   U.S.A.: Nucleo, 1980. P.179

[35] João 21:30,31 Bíblia,   Sagrada. Edição Difusora Freis,   Capuchinhos. E-Sword. Rick Meyers. 2009. “Muitos outros sinais miraculosos realizou   ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste   livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias,   o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele.

[36] Slide Nrº92 da disciplina de   Apologética Ano 2011/2012

[37] Noman, Geiseler & Frank   Turek. Não Tenho Fé Suficiente Para   Ser Ateu. Traduzido por Emirson Justino. São Paulo: Editora vida, 2010.   P.31

[38] Mateus 12:6 Bíblia, Sagrada. Edição   João Ferreira D’Almeida Nova Tradução Linguagem de Hoje E-Sword. Rick Meyers.   2009. “Eu afirmo a vocês que o que está   aqui é mais importante do que o Templo.”

[39] Mateus 5:28-44 Bíblia, Sagrada. Edição Difusora Freis, Capuchinhos E-Sword. Rick Meyers. 2009. “Eu, porém, digo-vos” (expressão   repetida 5 vezes nestes versículos)

[40] João 13:34 Bíblia, Sagrada. Edição   João Ferreira D’Almeida Nova Tradução Linguagem de Hoje E-Sword. Rick   Meyers. 2009. “Eu lhes dou este novo   mandamento: amem uns aos outros. Assim como eu os amei,…”

[41] Geisler, Norman (organizador). A Inerrância da Bíblia. Traduzido por Antivan Mendes. São Paulo:   Editora Vida, 2007. P.43

[42] Rainho, Manuel. O   Misterioso Jesus. Lisboa: Grupo Bíblico Universitário (GBU), 2010. P.165

[43] João 1:1 Bíblia, Sagrada. Nova Versão Internacional E-Sword.   2009.

[44] Rainho, Manuel. O Misterioso   Jesus. Lisboa: Grupo Bíblico Universitário (GBU), 2010. P.171

[45] Geisler, Norman (organizador). A Inerrância da Bíblia. Traduzido por Antivan Mendes. São Paulo:   Editora Vida, 2007. PP.509,510

[46] Idem. P. 408

[47] Little, Paul. Explicando e   Expondo a Fé Saiba porque crê & Saiba no que crê. Traduzido por   Eunice Machado. Wheaton Illinois, U.S.A.: Núcleo, 1980. P.89

[48] Eduard, Reese & Frank   Klassen. Bíblia em ordem   cronológica. São Paulo: Editora Vida, 2003. A referência a João 1:1   aparece antes do livro de Génesis, indicando assim a atemporalidade do que é   designado como a “A Palavra” que existia no princípio.

[49] Little, Paul. Explicando e   Expondo a Fé Saiba porque crê & Saiba no que crê. Traduzido por   Eunice Machado. Wheaton Illinois, U.S.A.: Núcleo, 1980. P.81